História O Melhor Maknae - In your eyes

“Seus olhos esperaram pelo resultado. Ele não aguentava mais esperar. Ele precisava saber. E quando as luzes se acenderam mostrando o seu tempo ele sequer soube o que sentir”.

            22 minutos e 03 segundos.

            Luizy ganhou o jogo.

            Foi uma comemoração e tanto. Mesmo Yibo tendo perdido ainda era uma festa entre o pessoal do UNIQ. Afinal de qualquer forma o prêmio ficou entre eles mesmos.

            No entanto Seungyeon estava impaciente. Ele não via a hora de tudo aquilo terminar e ele poder voltar pra casa.

            A festa ainda se arrastou por mais algumas horas e então a van finalmente chegou para leva-los para a agência.

            Wenhan volte e meia encarava os dois maknaes. Parece que Yibo ainda tinha certa marra em relação a Taemin, estava quase escrito na testa dele. Mas, ao mesmo tempo, Wen podia notar que Yibo queria que seu amado fosse feliz. Mesmo que aquilo significasse a sua própria infelicidade.

            Amar exige sacrifícios. E se não é recíproco deixar ir é o que nos resta.

***

Luizy

            A verdade é que eu sequer sabia com que olhos eu ia encarar Taemin. Eu me sentia muito distante dele no momento. Ele havia me dito que nada o deixaria mais feliz do que eu ganhar aquela competição. Mas, eu não tenho certeza se ele estava falando sério sobre isso.

            Talvez ele só quisesse que eu o perdoasse dessa forma.

            Eu sei que o que ele fez foi muito errado. Mas, ele consertou o que fez e pagou um preço caro por causa disso.

            Foi estranha a forma como eu descobri que estava apaixonado por ele.

            Uma longa semana se arrastou desde então. Até que em certo dia, nós marcamos de nos encontrar com os garotos do SHINee. Eu mal conseguia olhar por debaixo do meu cabelo para Taemin. Meus olhos não se fixavam nos dele. Algo me impedia. Era doloroso. Eu fingia que não sabia por quê.

            Mas, como que de modo planejado todos combinaram de ir ao parque juntos, inclusive Taemin. Então eu não sei o que deu em mim, mas eu apenas me neguei a ir com eles. Eu me sentia solitário naquele momento.

            Fui até o meu quarto e me deitei na cama abraçando meu travesseiro deprimido. Olhei pela janela e o dia tão bonito parecia não combinar com o meu estado de espírito naquele instante.

            Talvez eu e Taemin nunca pudéssemos ficar juntos. Talvez ele não se sentisse da mesma forma em relação a mim. Podia ser que as coisas entre nós sequer pudessem voltar a ser como eram antes e agora fosse tarde demais até mesmo para sermos amigos.

            E ele seria apenas alguém que eu conheci e que agora se tornaria alguém indiferente. Um completo estranho em relação a mim.

            Pensar naquele tipo de possibilidade doía, mas o amor era exatamente isso. Por isso fiquei tanto tempo longe dessa tempestade estranha de sentimentos.

            Amar era criar expectativas e muitas vezes se decepcionar quando elas caíam por terra. Amar podia representar alguns vazios deixados pela outra parte. Podia sobrar apenas uma saudade infinita que nada podia preencher.

           E era disso que eu estava com medo. Eu estava cansado demais para continuar me machucando.

            Eu apenas queria encontrar algum sossego.

            Mas, era difícil quando o simples fato de continuar ali com aqueles pensamentos depressivos estava me consumindo todas as energias.

            Nem lágrimas eu pude derramar.

            Acho que esqueci como se chora.

            Acho que isso faz parte de sobreviver.

Taemin

            Meu coração estava apertado. Demorei tempo demais pra conseguir algum espaço na agenda pra sair com os garotos do UNIQ. Mas, o meu plano, minhas verdadeiras intenções eram diferentes da que as que eu demostrava.

            Eu só queria uma oportunidade de verdade. Eu precisava falar com Seung.

            Mas, era uma conversa para dois.

            Uma conversa que apenas nós dois deveríamos ter, pra que nada pudesse interferir nas nossas decisões.

            Havia coisas demais em jogo.

            Coisas como o coração de Seungyeon.

            E eu jamais me perdoaria se eu lhe provocasse mais alguma ferida. Se de alguma forma eu voltasse a o magoar.

            Quanto mais sentimentos mais ansiosos nós nos tornamos. Estamos cheios. Estamos transbordando.

            E eu não quero me esvaziar assim. Eu quero ser preenchido de volta.

            Não quero minhas esperanças arrancadas. Não quero nada além daquele garoto.

            Eu desejo apenas uma pessoa. Se eu não puder o ter meu mundo vai desabar. Meu mundo já está desabando lentamente agora... enquanto eu o observo se afastar aos poucos.

            Por isso antes que eu me perca aos pedaços. Eu vou pro tudo ou nada de uma vez por todas.

            Te encontrar ou me perder.

            Tudo na vida é uma escolha, e eu escolhi você.

            Bato na porta de seu quarto. Mas, não encontro resposta. Tento girar a maçaneta, mas ele deve ter trancado a porta.

            Sem um som, sem reação.

            Eu cato a chave debaixo do tapete. Eu não tenho certeza, mas é o que eu mais quero. Eu quero vê-lo.

            As palavras que eu nem tenho. As declarações que eu nem fiz. O momento que é agora, mas eu não planejei nada.

            Meus impulsos são fortes. Eu quero ir, eu quero ficar.

            Eu estou confuso.

            Luizy está deitado de lado. Sua cabeça afundada sobre um travesseiro. Eu observo seu cabelo todo desalinhado. Marcas de outra cor e eu posso sentir que aquele é um sabor amargo. Na minha garganta um nó. As marcas mais escuras no tecido da fronha, elas são de lágrimas.

            Meus pulsos se fecham, eu quero me mexer, mas eu não consigo. Uma paralisia do topo da cabeça passa por todo meu corpo. Olho a sua silhueta assim tão vulnerável e me pergunto se eu seria o culpado.

            Todas as cicatrizes, todas aquelas histórias eu não tinha o direito, eu sei foi um defeito. Mas eu senti na pele, o feitiço lançado recair novamente sobre esse otário feiticeiro.

            Eu quero cobrir aquele corpo magro e desprotegido do frio daquela brisa que não vinha da janela e sim de dentro de nós mesmos.

            Meus joelhos fraquejam, mas eu tenho que aguentar. Eu não posso deixar essa dor me derrubar, não ao menos sem falar sobre minha tormenta.

            Eu não sou uma criança, mas quero ter esperança.

            Eu quero o confortar, quero lhe proteger e lhe acolher. Mas, por que não consigo dizer?

            Ele está ali só a uns passos de distância. Ele não percebe a minha presença, envolto em sua mágoa quase crônica. Isso não é ganância, apenas quero alguém pra ocupar algum lugar aqui dentro deste coração vulgar.

            Um suspiro escapa e assim eu percebo que eu apenas estava segurando o ar todo esse tempo. Meu pensamento não volta pro lugar, porque meu sentimento não se deixa sarar.

            Não tem mais jeito.

            Seja meu amor, seja meu sacrifício. Seja meu vício.

            Não importa o que seja eu apenas imploro que você fique. Que não complique mais.

            E eu prometo também simplificar.

            Dou alguns passos pra trás. O mais silencioso possível.

            Eu não sei como iniciar essa conversa. Sinceramente eu não tenho a menor ideia. Mas, eu não posso simplesmente ser fraco e o deixar assim nesse estado sozinho.

- Seung – eu chamo pelo seu nome com a voz meio falhada

            Ele vira a cabeça no travesseiro para o lado em que estou procurando pela minha voz. Vejo seu rosto se contorcer em uma careta estranha e me pergunto o quão ruim isso seja. Ele mantém seus olhos fixos em mim, mas não responde nada de volta.

- Está tudo bem Seungyeon? Eu sinto muito por entrar assim... É que eu precisava falar com você, e não sabia mais como, sabe, porque precisava ser assim pessoalmente...

            Ele limpou as lágrimas em seu rosto com as mangas da blusa listrada fina de manga comprida que usava. Seung se sentou em sua cama, as suas costas apoiadas na cabeceira e então fez um sinal para que eu me sentasse ao seu lado.

            Hesitando eu dei passos curtos e me sentei na beirada. Fui recepcionado por seus olhos curiosos.

- O que você quer me falar? – ele perguntou com os olhinhos inchados e vermelhos por chorar

- Eu... – digo mordendo os lábios engolindo as lágrimas antes de se formarem, sentindo um pequeno aperto no peito – eu vim te parabenizar antes de tudo, fico feliz por ter ganhado o reality.

- Está? – ele disse tentando esconder um sorriso mínimo – que bom

- Seung?

- Fala

            Nós dois estávamos sentados um ao lado do outro na cama, eu mantive meus pés pra fora, mas assim como ele encarava o branco do teto acima de nós.

- Você ainda está muito bravo comigo? – perguntei

- Posso ser sincero?

- Deve

- Sim, um pouco.

- Eu gostaria que houvesse um jeito de te compensar, de fazer algo por você pra que me odiasse menos ou sei lá

- Eu não disse que odeio você Taemin

- Olha só estamos tendo um progresso aqui – disse pra deixar o clima menos pesado

            Ele sorriu, pude ver pelo canto dos olhos.

- Por que você estava chorando? – perguntei mesmo sem saber se devia

- É que... Bem – ele disse suspirando – é complicado

- O que é complicado? Você pode me falar?

            Então ele olhou pra mim. E eu olhei pra ele de volta.

- Sabe... – ele começou e depois fez uma pausa, acho que sem saber como continuar, depois voltou a falar – nós somos complicados.

- E eu posso ajudar você com isso?

- Eu não tenho certeza – ele disse desviando o olhar

- Há algo que eu possa fazer por você?

Luizy

            Se havia algo que ele podia fazer por mim?

            Ah sim, na verdade havia várias coisas. Ele podia ser menos complicado, como era antes. Antes de toda aquela confusão da fita acontecer.

            Ele podia ir direto ao ponto, me deixar menos nervoso, me fazer parar de chorar.

            Mas, eu não podia dizer essas coisas em voz alta. Eu não podia ser a pessoa a dar o primeiro passo, não quando meu orgulho ainda continuava ferido.

- Apenas fique um pouco – disse meio sem graça, com um sorriso confuso

- Ok, eu estou aqui pra você – ele disse encostando seu ombro no meu

            Não me movi, apenas deixei nossos ombros ali.

- Você me deixa ficar por mais que um pouco? – perguntou Taemin depois de uns minutos em que ficamos em silêncio

- Depende quanto seria isso?

            Pela primeira vez desde que chegou vi Tae sorrir.

- Depende de você – ele disse abrindo um pouco mais seu sorriso

            Havia me esquecido de como ele podia ser sedutor. Havia esquecido que ele chega como uma tempestade e bagunça todos os sentimentos dentro de mim.

- Como assim? – perguntei incerto

- Eu pretendo ficar pra sempre, você aceita?

            E então nos seus olhos eu podia ver o meu reflexo. Minha expressão de surpresa sendo refletida de volta.

            Olhei bem fundo em seus olhos castanhos, indescritivelmente bonitos. Eu queria ter certeza, queria apenas ter certeza de que podia confiar naquele homem sentado ao meu lado.

            Aquele homem que eu amava e que esperava pela minha resposta aparentemente de forma paciente.

- Tudo bem se não quiser responder agora – ele disse por fim desviando seus olhos para a cortina que balançava com o vento

            O vento que chegou até nós dois no momento seguinte bagunçando os seus cabelos escuros.

- Está tudo bem – disse olhando para minhas mãos um pouco sem jeito – A verdade é que eu já tenho uma resposta pra você