P.o.v Sophia
Tinha passado algum tempo desde a saída de Evans da mesa. E Chloe ainda não tinha regressado. Estava a começar a ficar preocupada. Sentia que se passava algo. Anna estava demasiado nervosa e nunca me olhava nos olhos quando eu o fazia.
- A Chloe está a demorar um bocado, é melhor ir ver dela. - Avisei antes de me levantar.
- Não é preciso minha querida, aposto que a tua irmã precisa de estar sozinha neste momento. Talvez por isso esteja a demorar tanto. - Não me perguntem como, mas eu consegui sentir o nervosismo na voz dela.
"Sophia, eu sei que te disse para ouvires o alfa, mas eu também estou desconfiada. Peço-te que ignores as palavras de Anna e vás buscar imediatamente Chloe."
A minha pequena voz interior foi o suficiente para eu não me arrepender de desobedecer às ordens de Evans. Mesmo com Anna a tentar impedir, saí da mansão em direção à grande floresta.
Quando me aproximei mais consegui ouvir gritos, e o ambiente estava tenso.
"Estamos próximas, eu sinto-a, ela precisa de nós! Corre!"
Eu ouvia tudo o que ela me dizia. E confiava nas suas palavras.
Corri o mais rápido que pude, sempre em frente. Era o único caminho possível, visto que também era o que apresentava a trilha melhor delineada. Cada vez mais me aproximava dos gritos. Até que, passado uns segundos, eles simplesmente pararam. Sem aviso.
Nesse momento o meu coração quase para. Confusão inundou a minha mente. Não sabia o que fazer a seguir. Estava a começar a sentir a ansiedade controlar o meu corpo. Se deixasse que o medo tomasse controlo do meu corpo nunca conseguiria encontrar a minha irmã. Além do mais, tive um pressentimento de estar a ser observada.
Fechei os olhos e tentei acalmar os meus pensamentos. Eu tenho que lhe pedir ajuda. Respirei três vezes antes de falar. Era a única opção.
- Tu guiaste-me até aqui. E eu confiei em ti. Por isso te peço ajuda. Não sei quem és nem o que fazes dentro de mim, mas eu sinto que estás aqui para me ajudar. Ajuda-me!
"Sophia não precisas de implorar por mim, eu faço parte de ti e tu de mim. Sou o teu espírito Lobo, sou aquele que nasceu para te guiar no caminho certo e para te ajudar em tudo o que puder. Nós somos um.
Fecha os olhos. Concentra-te nos sons. O que ouves? É nessa direção que deves prosseguir."
Fiz como me foi indicado. Concentrei-me nos sons à minha volta.
Passado segundos, ouvi mais à frente um ruído de passos apressados, mas sempre no mesmo lugar, não se aproximavam nem afastavam. Era esse o meu caminho.
Corri o mais rápido que pude, e quando cheguei fiquei em choque total. Chloe estava deitada sobre a terra seca da floresta e à sua volta estava um total de sete homens. Era difícil de dizer, e eu também não me encontrava em estado de o fazer. A minha visão estava centrada na Chloe e Evans, que por sinal me olhava espantado.
- O que aconteceu com a minha irmã? - Estava irada e não conseguia controlar a enorme vontade de matar todos estranhos presentes.
- Sophia, a tua irmã não está bem! E tu não estás a melhorar as coisas, acalma-te por favor!
Não lhe dei ouvidos. Continuei a caminhar em direção onde Chloe estava, mas fui impedida por dois homens. Um pôs-se à minha frente e o outro a trás de mim, na intenção de me agarrar.
Fui mais rápida e desviei-me para a direita. Em seguida outro meteu-se à frente. Estava a ficar irritada e não me apetecia jogar este tipo de jogo.
- Fazem-me o favor de sair da frente para eu poder ver a minha irmã? - Disse olhando para todos à minha volta.
Um deles deu um passo a trás. O resto continuou imóvel, mas com ar de espanto. Continuei a avançar na direção de Chloe. Mas desta vez foi Evans quem me impediu. Assim que se pôs entre mim e Chloe avancei na sua direção com toda a velocidade e com o intuito de o atacar. Infelizmente, fui agarrada por dois dos homens dele antes que o pudesse fazer.
- Larguem-me! Eu quero ver a minha irmã! - Gritei irritada. Ninguém me queria dar ouvidos.
Fiquei pior ao ouvir as ordens de Evans para que me prendesse numa casa pequena e isolada. Ao mesmo tempo que ordenava a outros que carregasse Chloe para a casa. O meu peito doía porque a cada passo que davam com ela no colo, era como um quilómetro de distância entre nós as duas. Estava apavorada e chateada. O meu espírito não deu sinal de vida.
Comecei a espernear de forma a dificultar o trabalho dos homens em me carregavam.
Chegando ao local, meteram-me numa espécie de jaula. Como se eu fosse um animal selvagem sem controlo. Apenas um deles se deixou ficar, sentado numa cadeira a vigiar. O seu olhar era penetrante. Tinha olhos azul marinho demasiado claros, ao ponto de brilharem naquele espaço imerso pela escuridão. Tinha cabelos ruivos escuros e pele pálida mas rosada na zona das bochechas e olhos. Seria facilmente confundido com um jovem rapaz. Não fosse pelo facto de ter um corpo bem desenvolvido. Continuei a pressionar o meu olhar sobre aquela pessoa, mas algo distraia os meus pensamentos. Era ele, o meu espírito.
"Sophia...estás melhor?"
Eu não respondi, estava demasiado chateada com ela. No momento em que mais precisei da sua ajuda, não obtive resposta, e isso magoou-me.
"Desculpa...."
Antes que pudesse responder, Evan chega com mais um homem. Ele podia não estar muito satisfeito, mas não era o único. Eu estava pior. Estava zangada com ele e triste. Ele impediu-me de ajudar a minha irmã. Meteu-se entre nós. Nunca ninguém o tinha feito, nem mesmo os nossos pais. E Evans não era ninguém para o fazer.
- Precisamos ter uma conversa bem séria Sophia Fields.
Foi o suficiente para me arrepiar os pêlos da nuca.
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