I ain't never gonna shut you out
Everywhere I'm looking
now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving grace
You're everything I need and more
It's written all over your face
• Beyoncé - Halo
Atrás do palco:
Antes que eu pudesse ter qualquer reação, o Luka me empurrou para longe do akuma. Cai no chão e olhei pra frente desesperada, o azulado ia ser akumatizado por minha causa.
— Luka, não! - gritei. Mas já era tarde demais, ele havia se transformado.
Estranhamente o outro akumatizado - que parecia ser a Laila -, chegou pra perto do Luka e ambos se conectaram, se tornando um só. Meu queixo caiu, eu nunca tinha visto nada parecido com aquilo. O akumatizado tinha uma roupa muito esquisita, ele estava todo de preto, tinha uma longa capa e nuvens nos pés (o que dava a impressão dele está flutuando).
Eu estava assustada demais, nem o murmuro do Adrien me fez quebrar o contato visual com o akumatizado. De repente os olhos dele se abriram, pareciam estar cheios de raiva e se direcionaram especialmente para mim.
— Marinette Dupain-Cheng, você será a primeira a ter seu maior segredo revelado. - o akumatizado riu. - vamos ver se você vai ser forte o bastante depois dele saber a verdade. - ele apontou para o Adrien. - vai ser ótimo.
Isso foi golpe baixo. Mas no momento o meu maior segredo não tinha nada a ver com o loiro e sim com a Ladybug, por isso eu não poderia ser acertada pelo akumatizado de forma alguma. O vilão começou a jogar várias bolas de luz preta na minha direção, uma delas passou raspando, mas felizmente consegui esquivar. Mesmo sem dor, eu ainda não estava na minha melhor forma e isso poderia ter grandes consequências nessas lutas, então a primeira coisa que se passou pela minha cabeça foi tirar o loiro dali.
— Adrien, corre. - gritei ainda encarando o akumatizado. - logo o Chatnoir deve estar chegando.
— Ai que linda querendo salvar o seu namoradinho. - a voz do vilão saiu como deboche. - ninguém merece.
O akumatizado foi andando lentamente na minha direção, sua mão estava apontada para o meu rosto e eu estava ficando cada vez mais encurralada.
— Vamos ver se ele vai continuar te dando bola depois de saber seus segredos.
Antes que a bola de luz pudesse me encostar, senti uma mão agarrando a minha e me puxando pra longe dali.
— Corre! - o loiro gritou pra mim.
No corredor:
Enquanto corríamos pelo corredor, eu e o Adrien trocamos uns olhares. Do nada fui atingida por um daqueles flash novamente, só que agora não era nenhuma memória minha e sim de outra pessoa. Havia uma mulher loira (parecida com a mãe do Adrien), ela estava deitada dentro de um caixão transparente que ficava na frente de uns arbustos cheios de flores. O dono dessa memória botou uma das mãos no que parecia ser um vidro e comecei a senti meus olhos arderem muito, como se a pessoa tivesse passado a noite chorando.
Fiquei atordoada enquanto observava a cena, estava tudo muito claro e a dor da perda - mesmo que não fosse minha - era difícil de suportar. A minha visão deu uma escurecida, cheguei a pensar que eu fosse desmaiar, mas despertei com um grito do akumatizado.
— Volte aqui! - ele jogou uma bola de luz que quase atingiu a minha cabeça.
— Precisamos nos esconder. - falei tensa. - o corredor está quase acabando e vamos ficar encurralados.
— Acho que sei onde podemos ir, mas vamos ter que ser muito rápidos. - o loiro falou sem me olhar. - a cabine de limpeza é logo ali.
— Vamos rápido então.
Apertamos os passos e em segundos chegamos no quartinho.
No quarto de limpeza:
Eu e o Adrien tivemos que ficar completamente colados um no outro, o quartinho era muito apertado e qualquer movimentação errada poderia derrubar alguma coisa, e assim, nos entregar pro akumatizado. Eu estava muito nervosa, não só pela situação, mas por estar tão perto do loiro.
— Aonde vocês estão? - ouvi o akumatizado falar perto da porta. - vou achar vocês.
Sem nem perceber, abracei o Adrien. Eu estava assustada e com receio de me transformar, quem garante que as coisas vão melhorar quando eu for a Ladybug? E as dores? As visões? O que poderia acontecer dessa vez? A minha vida como heroína virou uma verdadeira incógnita. Quando eu consegui raciocinar o que estava acontecendo, quis sair correndo de tanta vergonha, mas apenas me soltei do abraço.
— Desculpa. - sussurrei, sem graça.
— Não tem problema. - o loiro respondeu.
O tempo estava passando e a única coisa que eu conseguia pensar - além do perfume com cheiro de baunilha do Adrien -, era no akumatizado que deveria estar fazendo a maior festa em Paris. Mesmo com medo era meu dever proteger essa cidade, eu tinha que arrumar um jeito de sair daqui e o mais rápido possível. Comecei a bolar um plano, pensei em dizer que estava passando mal, mas depois desisti, isso não ia fazer o Adrien me deixar sair do quarto sozinha.
— Acho que um de nós deve ir lá fora ver se está tudo bem. - o loiro falou de repente. - fica ai, ok?
Eu me senti culpada por estar aliviada, o Adrien ir sozinho lá fora poderia ser perigoso e no momento eu nem sabia se o Chatnoir havia aparecido.
— Adrien. - o chamei. - cuidado, por favor. - infelizmente isso era o máximo que eu poderia fazer.
— Pode deixar.
Foi só o loiro fechar a porta que eu me transformei em Ladybug. Aproveitei que tinha uma janela de ventilação no teto e sai por ali.
No telhado:
Cheguei no telhado já sentindo a dor de cabeça - ela era rápida, infelizmente -, mas a minha preocupação não era essa. Fiquei olhando o horizonte na expectativa de ver um pequeno gatinho lutando com alguém. Olhei, olhei e nada dele. Fiquei um pouco brava, o akumatizado estava solto a quase meia hora e nada do Chatnoir.
— Vou ter que enviar mensagem. - murmurei.
Eu estava mandando uma mensagem super grosseira para o meu parceiro, quando alguém grita atrás de mim:
— Bugboo!
Quem me dera ter visto que era o Chatnoir antes, como eu estava distraída acabei o confundindo com akumatizado e o joguei longe. Só me toquei que era o meu parceiro quando escutei ele reclamar de dor.
— Ai.
— Desculpa, gatinho. - a minha voz deu uma falhada.
O Chat se levantou olhando pra mim, pela sua expressão eu já percebi do que se tratava.
— Uau. - ele andou até mim. - my lady, você está incrível.
— Obrigado, Chat. Seu uniforme também está incrível. - sorri observando sua roupa.
— Você não parece bem. Aconteceu alguma coisa?
— Na ronda conversamos melhor. - suspirei.
Tentei parecer normal mas depois do susto que o Chat me deu, a dor piorou muito. Eu estava me sentindo completamente fraca, até pensar deixava a minha dor pior. Esse era o meu maior medo, como eu vou lutar assim? Enquanto eu encarava o meu parceiro, lembrei de uma coisa muito importante que eu li no diário do sr. Fu. "Aparentemente a única pessoa que sofrerá as sérias consequências, é a pessoa que evoluiu a caixa - o que é bom de certa forma -, a Ladybug precisará de ajuda e não é somente do Chatnoir que estou falando."
"Perfeito." - pensei.
— Chat, eu vou ter que te pedir um favor extremamente grande. - falei.
— Faço tudo por você, my lady. - o meu parceiro sorriu.
Comecei a contar pro Chat que eu não estava me sentindo bem pra participar da luta hoje e por isso eu ia entregar a missão pra ele. Falei também na importância dele chamar mais dois heróis para enfrentar o akumatizado junto com ele.
— Como os uniformes mudaram não tem perigo de escolher as mesmas pessoas. Deixo essa escolha nas suas mãos, Chat. - botei a mão no seu ombro. - a minha dor de cabeça não me deixa nem pensar direito.
— Você quer que eu escolha dois novos portadores? - ele parecia surpreso. - e se eu não souber escolher? E se eu falhar?
— Chatnoir, você é a única pessoa que eu confio... Se um dia eu não estiver mais aqui é você que vai tomar conta disso tudo. - abri o ioiô. - pegue dois miraculous e mostre que você pode liderar tanto quanto eu.
Observei seu rosto, o meu parceiro parecia estar prestes a chorar, mas fez o que eu pedi a ele e tirou dois miraculous do ioiô.
— Pronto. - o meu parceiro me mostrou o miraculous da raposa e o da tartaruga. - e agora o que eu faço?
— Eu não posso te dizer o que fazer agora, Chat. - sorri pra ele. - mas fica tranquilo, tenho certeza que você vai se sair bem. Lembre-se que agora nossos poderes estão evoluídos.
— Você é incrível, my lady. - o Chat me abraçou e olhou nos meus olhos. Por um momento tive a impressão de ver o Adrien ali, o que foi muito estranho. - Hã... Quando eu encontrar a Rena Rouge te mando mensagem, estou pensando num plano.
O Chat desceu do telhado e me deixou ali sozinha.
— Espero que eu esteja fazendo a coisa certa. - falei pra mim mesma.
No pátio:
Mesmo fraca resolvi que iria dar uma olhada pelo colégio pra ver como tudo estava, joguei o meu ioiô até uma das grades do segundo andar e depois saltei no chão do pátio. Incrível como a uns dias atrás isso era uma coisa tão simples e agora eu precisava tirar forças de onde não tinha só pra me movimentar.
— Maldita hora que eu fui evoluir essa caixa. - murmurei.
Levantei o olhar e dei de cara com um aluno com uma expressão de terror - meu coração deu uma leve apertada. Isso não parecia normal, além da cara de pavor, o menino estava imóvel e gelado.
— Que tipo de segredo essa pessoa tinha? - passei a mão pela bochecha dele. - espero que ele esteja respirando.
Olhei ao redor e vi que isso não tinha acontecido só com aquele menino, e sim, com todos que estavam ali no pátio.
— Isso não é nada bom. - falei.
De repente um barulho muito alto começou a tocar dentro da minha cabeça, eu não conseguia identificar que som era aquele, mas doía tanto que eu nem fazia questão de descobrir.
— "Ah, minha querida Ladybug... Eu estou tão perto de descobrir a sua identidade, isso que você está vendo não é nem o início do que estou preparando para você." - a voz do meu maior inimigo falava na minha cabeça. - "espero que saiba que essa evolução só me adiantou o processo. Sem você saber, acabou consertando o miraculous do pavão e agora eu não sou mais o Hawk Moth, meu nome agora é Shadow Moth."
— Ah, não... Chat. - sussurrei.
Fui pegar o meu celular-ioiô para mandar uma mensagem pra ele, mas o meu parceiro acabou sendo mais rápido e me mandou uma mensagem contando sobre os portadores e a sua localização.
Na sala de música:
Passei pela janela da sala e escutei o Chat falar o meu nome.
— Falando de mim, gatinho? - tentei sorrir. Não sabia se essa era a hora certa pra contar tudo o que descobri. - Uau, que traje bonito. - falei pra nova Rena. Eu tinha que arrumar tempo pra pensar no que fazer.
— Ladybug, sua roupa. - a menina falou empolgada. - você está incrivelmente linda.
Sorri e olhei pro meu parceiro, queria demonstrar pra ele que precisávamos conversar, mas ele estava sério e pareceu não notar nada. Como eu sabia que o Chat deveria estar preocupado com a sua missão de líder, resolvi que não ia interferir nisso. Esse era o momento dele de liderar, eu devia isso a ele.
— Obrigada. Mas agora precisamos muito de vocês. - expliquei aos novos portadores sobre as dores e disse que precisávamos criar um plano pra vencermos o akumatizado. - eu não vou poder ser muito útil dessa vez, mas darei meu jeito de ajudar.
— Tenho uma ideia. - o Chat falou.
A ideia do Chatnoir era muito boa e prática. Fiquei feliz, assim poderia ser até fácil derrotar esse akumatizado bizarro do Shadow Moth.
— Eu e a Rena vamos ficar escondidas no pátio. - dei um beijo na bochecha do Chat. - cuidado vocês dois. - tive a impressão de ter um déjà vu.
— Pode deixar, Ladybug. - o portador do miraculous da tartaruga falou.
— Ainda temos muito que conversar. - o Chat piscou pra mim.
Observei ele o outro herói saírem correndo da sala. Apertei os olhos segurando a vontade de chorar, eu estava morrendo de medo do que podia acontecer com eles, mas o Chat parecia tão alegre por finalmente conseguir ser o líder... Eu não tinha o direito de estragar essa felicidade.
— Bem, agora somos só nós duas. - a nova portadora falou animada. - estou tão feliz por fazer parte da equipe de novo!
"De novo?" - pensei. Me virei para heroína.
— Alya, é você? - perguntei.
— Ah, sim!! - meu queixo caiu. - eu e o Nino, voltamos a fazer parte da equipe. Graças a você e essa estranha mudança nos uniformes, claro.
— Caramba, Rena...
— Rena Furtive. - ela sorriu. - ah, e o Nino é Casca Verde agora.
Eu não sei o que me deu, mas eu precisava tanto dela que corri pro seu colo.
— Hã... Uau, eu não sabia que você tinha ficado tão feliz com a nossa volta. - ela disse me abraçando mais forte. - seu abraço é tão gostoso, está me lembrando o da minha amiga...
A morena olhou bem nos meus olhos.
— Da minha amiga, Marinette...
— Ah, é? - me soltei rapidamente e andei até o outro lado da sala. - que legal.
— Só um minuto... Recebi um e-mail esses dias com uma teoria que a Ladybug estuda no mesmo colégio que eu. - ela parou na minha frente. - óbvio, que de início eu não acreditei muito, mas não pude deixar de me questionar...
— Alya, olha. - a morena me interrompeu.
— Tudo bem, eu sei, as identidades tem que ser segredo. - ela me abraçou novamente. - mas fique sabendo que eu nunca, jamais, contaria isso pra alguém.
Soltei do abraço dela e respirei fundo.
— Você não tem ideia do que pode acontecer se você descobrir a verdade, nem o Chatnoir pode saber... - olhei pra ela. - e ele é o meu parceiro.
— Estaremos juntas nessa, Ladybug. - ela falou. - sempre. Confia em mim.
— Acho melhor a gente se esconder logo. - falei olhando pra baixo. - esse não é o momento pra gente conversar sobre isso.
— Entendo.
No pátio:
Eu estava com a cabeça na lua. Se não me bastava saber sobre o Shadow Moth, ter essas visões malucas, as dores de cabeça e as dores no corpo, agora arrumei mais um problema. A Alya descobrir a minha identidade nem era uma coisa tão ruim assim, eu confiava nela, só não sabia se confiava a ponto de contar o meu maior segredo.
— Que tipo de poder esse akumatizado tem? - a morena perguntou assim que viu a primeira pessoa paralisada.
— Eu acreditava que era revelar os segredos das pessoas, mas olhando pra isso, não faço a menor ideia. - falei tocando no braço de um aluno qualquer. - parece pedra.
A morena me fitou seria, ela parecia querer falar alguma coisa, mas apenas pegou o seu celular-bastão e digitou alguma coisa.
— Vou me esconder pra fazer a ilusão. - ela passou por mim e apertou a minha mão. - qualquer coisa pode falar comigo.
Dei um sorriso tímido pra ela e a observei ir pra trás da escada. A morena já foi fazer a parte dela, agora só faltava a minha.
— Talismã! - um tubo de cola caiu na minha mão.
Fitei o objeto sem saber o que fazer. Como um tubo de cola tão pequeno ia ser útil pra derrotar um akumatizado tão grande?
— Eai, grandão, veio pra pegar nossos miraculous? - escutei a morena gritar.
Quando olhei pra ela novamente, a minha visão mudou e consegui descobrir o que eu deveria fazer com a cola. Corri até a escada e comecei a passar cola pelo chão, o tubo era pequeno, mas parecia servir bem pra cobrir o pedaço que eu precisava. Depois que terminei a "armadilha", fui me esconder do lado da morena.
— Ladybug, eles estão aqui do lado. - ela falou virando pra mim. - está tudo pronto?
Foi só ela terminar de fazer a pergunta que a porta do colégio se abriu e três pessoas - mais a ilusão - entraram no pátio. A bolha de proteção que envolvia o Casca Verde, O Chat e uma falsa eu, estourou assim que eles pisaram no pátio.
— Rena, temos que mostrar a cola pro Chatnoir. - sussurrei.
— Beleza.
O meu parceiro não demorou achar o nosso esconderijo, seu olhar era de desespero - o que me fez sentir culpa. Como eu não podia deixar isso transparecer, fiz um sinal de positivo com as mãos e a Rena apontou pro Chão.
"Bom, vamos torcer pra que ele tenha entendido o recado". - pensei.
— Agora vocês não tem saída. - falou o akumatizado para o Chat e para ilusão.
A Rena sentou no chão de novo e começou a fazer com que a Ladybug andasse de costas, não sei dizer quem teve essa ideia primeiro, mas o Chatnoir foi recuando junto com ela. Eles conseguiram dar uns três passos antes do akumatizado se cansar e apontar a mão para eles, eu cheguei a pensar que esse fosse o fim, mas de repente um vulto surgiu atrás do vilão. Quando eu vi que era o Casca Verde faltei pular de alegria, mas me contive e dei um cutucão na morena. Assim que ela viu o namorado, sorriu e falou como a ilusão:
— Bom, eu não falaria isso se fosse você.
O Casca Verde empurrou o akumatizado fortemente até a cola. Eu não sabia se isso seria o bastante pra segura-lo, mas logo o Chat entrou em ação. Ele pegou um spray que estava no seu cinto e apontou pro vilão.
— HAHAHA. - o akumatizado ria. - ainda posso atingir vocês.
— Vamos ver o que isso faz. - o meu parceiro apertou o spray bem no rosto do akumatizado, que se transformou em uma pedra. - bom, acho que acabamos de descobrir.
— Você foi brilhante, Chat. - falei saindo de trás da escada. - agora é só quebrar o objeto onde está os akumas.
— Cataclismo!
Não sei como o Chat descobriu, mas ele acertou o objeto de primeira. Os dois akumas que estavam dentro da pulseira saíram voando.
— Chega de maldade akuma. - abri o ioiô e os neutralizei. - tchau, tchau, borboletinhas. - peguei o tubo de cola e joguei pra cima. - miraculous Ladybug.
Enquanto a magia do miraculous fazia tudo voltar ao normal, eu e os meus três parceiros batemos punhos.
— Zerou.
Olhei pra baixo e vi o Luka sentado do lado da Laila, ambos se olhavam confusos.
— Cadê a Marinette? - o azulado perguntou de primeira.
Não pude evitar sorrir.
— Ela deve estar bem, Luka. - respondi. - bom, já está na hora de ir. Vocês estão bem?
— Sim, estou. - a Laila falou sem paciência.
— Eu também, obrigada. - o azulado sorriu. - vou procurar a Marinette.
Olhei pro Chatnoir.
— Gatinho, fica tranquilo que eu levo os nossos parceiros para um lugar seguro. - falei. - até mais tarde.
Na sala de música:
Entrei com os heróis na sala. Ambos se transformaram em civil, me devolveram os miraculous e se abraçaram.
— Não briga com o Chatnoir por ele nos dar os miraculous ao mesmo tempo. - o Nino falou.
Sorri pra ele.
— Como posso brigar com ele sendo que eu fiz a mesma coisa? Sem falar, que ele fez um ótimo trabalho escolhendo vocês de novo.
— Foi um prazer estar ao seu lado mais uma vez, Ladybug. - a morena falou. - ah, e toma esse remédio aqui. - ela me entregou uma cartela de remédio pra dor. - eu comprei pra dar pra Marinette, mas pode ficar pra você, depois eu compro outro.
Olhei pra ela sem graça.
— Muito obrigada, devo muito a vocês. - meu brinco apitou. - enfim, está na minha hora de ir. Até algum dia.
No corredor:
Depois que me transformei em civil, corri desesperadamente até o quartinho que o Adrien havia me deixado, pensei que ele poderia achar estranho não me encontrar ali. E eu estava certa, quando cheguei de frente pro local ele já estava lá e olhava com uma expressão seria para dentro do quarto.
— Adrien? - o chamei.
— Marinette. - ele se virou e veio até mim. - precisamos conversar.
— Sim, precisamos.
De repente o loiro me abraçou.
— Me desculpa pelo bilhete, não quis deixar você desconfortável. - ele passou a mão pelo meu cabelo. - vamos esquecer isso tudo, por favor?
O loiro olhou em meus olhos.
— Adrien, você não sabe o quanto eu fiquei chateada com o que você escreveu no bilhete. - olhei pro lado. - isso não se faz.
Como uma pessoa que escreve coisas tão ruins pra mim se transforma numa pessoa tão doce? Tem alguma coisa errada...
— Isso nunca mais vai se repetir. - sua voz era chateada. - prometo.
— Vamos esquecer isso tudo. - olhei em seus olhos. - sua amizade é muito importante pra mim, não quero perde-la.
— E você não vai.
Sorri sem graça.
— E-eu te... A-amo, Adrien. - falei no impulso. - como amigo, claro.
— Eu também te amo, Marinette. - o loiro estava sério. - hã... Como amigo.
Ficamos ali abraçados sem falar nada por uns minutos. Por mim teríamos ficado assim por muito mais tempo, mas o Luka e a Laila apareceram.
— Finalmente achamos vocês. - o azulado falou.
— O diretor está nos chamando, a peça já vai começar. - a italiana me olhou furiosa.
No palco:
Depois de tudo o que eu tinha passado nessa tarde, a peça e o beijo não me deixava mais nervosa, parecia uma coisa tão simples. As cortinas se levantaram e tudo foi feito com muita perfeição do mesmo jeito que já tínhamos feito antes, mas a única diferença é que essa seria a última vez. Quando o momento mais esperado chegou, o auditório ficou no maior silêncio, todos pareciam querer ver o desenrolar daquele casal de heróis - inclusive eu.
"É agora". - pensei.
Me envolvi nos braços do Adrien e falamos nossas falas, não sei se era por causa do momento ou se pelo o que estava acontecendo, mas eu senti tanta vontade de chorar. A minha sorte foi que o loiro nem deu tempo disso acontecer, ele terminou de falar sua fala e me beijou. Esse foi de longe o melhor beijo que tivemos até agora - não foram muitos, infelizmente - mas uau. Ele foi tão intenso, tão cheio de emoção, que eu cheguei a sentir que isso tudo era recíproco. Uma pena ter terminado.
— E essa foi a nossa apresentação sobre as akumatizações. - o diretor falou para platéia. - uma salva de palmas para os nossos atores.
Enquanto a platéia nos aplaudia de pé, a italiana chegou perto de mim e botou um papel na minha mão. Tentei jogar o negócio fora, mas ela apertou a minha mão e sussurrou no meu ouvido sem ninguém perceber.
— Acho que você vai gostar de saber o que é. - sua voz era num tom debochado. - é sobre o bilhete.
Puxei a minha mão de volta e guardei o papel discretamente na fantasia.
— Bom, agora vamos dar tempo para os nossos atores se arrumarem. - o diretor continuou. - enquanto isso vamos para o pátio olhar os cartazes que os alunos do 6° ano fizeram sobre as akumatizações.
No corredor:
Sai do palco e me escondi atrás das cortinas, eu não queria que a Laila visse que eu tinha ficado curiosa pra ler o que tinha naquele papel. Abri o bilhete me preparando para o pior, até porque foi a Laila que me entregou e isso estava muito suspeito.
"Querida Marinette,
'Quando pouso meu olhar
Sobre ti
Contemplo a mais linda imagem
Que já vi
Quando ouço a voz
Que vem de ti
Penso que um anjo ouvi
Quando meus braços
Abraçam a ti
Sinto as melhores sensações
Que já senti
Quando meus lábios
Encontram-se com os de ti
Já não consigo descrever
O que vi, ouvi ou senti,...'
Se tudo o que eu estou sentindo for recíproco, por favor, me encontre no final do corredor antes da peça começar.
Ass: Adrien".
Precisei ler o bilhete umas cinco vezes para a minha ficha cair que esse era o verdadeiro bilhete, agora tudo o que o loiro falou pra mim fazia sentido. Ele estava achando que eu tinha recusado seus sentimentos e por isso não fui ao seu encontro.
— Eu não acredito... - falei.
— O que está escrito ai? - a kwamii perguntou saindo do bolso da calça.
— A melhor notícia que eu poderia receber, Tikki. - senti a lágrima descer pela minha bochecha. - o Adrien também gosta de mim.
Sem nem pensar duas vezes, decidi correr até o Adrien e contar toda a verdade pra ele. Mas quando eu cheguei perto do seu camarim, vi que ele estava conversando com a Kagami do lado de fora. Como eu não queria que eles me vissem, me escondi atrás de uma pilastra.
— Então...? - ouvi ela dizer. - você aceita ser meu namorado?
Meu coração disparou.
— Kagami... - o Adrien fez uma pausa. - eu aceito namorar com você.
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Créditos: O POEMA.
O nome do poema que o Adrien escreveu pra Marinette é "paixão" e foi escrito pelo Manoel. A DE ALMEIDA.
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