História O noivo da minha irmã - Adeus!

Coloquei a mão na maçaneta do carro e abaixei a fazendo a porta se abrir, tudo parecia tão surreal que era como se eu estivesse tendo um pesadelo do qual eu queria muito acordar. Armin me segurou pelo braço antes que eu saísse do carro, olhei pra ele e ele estava com aquele olhar de como se perguntasse se eu realmente ia seguir em frente com isso, eu podia ver que ele tentava a todo custo me impedir, mas no fundo ele também sabia que eu não tinha outra opção, apenas balancei a cabeça afirmando como se respondesse a pergunta que ele não fez e saí do carro. Andei praticamente contando os meus passos, eu estava no piloto automático, minhas pernas funcionavam sozinhas, minha mente estava quase em branco e eu só conseguia ouvir o barulho alto e claro do meu coração batendo lentamente e bem forte, eu estava tentando me manter calma e afastar o desespero. Parei na frente da porta repensando rapidamente sobre a minha decisão, suspirei bem fundo antes de tocar a campainha que soou pela casa fazendo o Dragon começar a latir lá dentro e em questão de poucos segundos a porta foi aberta apressadamente mostrando um Castiel preocupado com uma aparência cansada, diferente de como eu estava acostumada a vê-lo, com toda a certeza do mundo, isso não seria nada fácil. Ao me ver parada na frente dele, ele abriu um sorriso e me deu um abraço apertado, isso ia ser mais difícil do que eu pensei, fechei os olhos e prendi a respiração no intuito de afastar qualquer lágrima que ameaçassem descer agora, fiquei com as duas mãos em seu peito enquanto ele ainda me apertava mais contra seu corpo, eu não poderia retribuir aquele abraço, não levando em conta o que estava prestes a acontecer, juntei forçar de não sei aonde para poder pará-lo e o empurrei de leve fazendo com que ele se afastasse e olhasse pra mim sem entender, me contive mantendo a expressão de não me importar misturada com todo o cansaço que eu estava sentindo.

Cast – Ali? O que foi? (Ele me perguntou sem entender o porque de eu ter o afastado.)

O tempo parecia passar devagar, tudo estava como se fosse em câmera lenta, eu estava parecendo que estava em um funeral, evitava olhar pra ele a todo o custo. Eu sentia que se o encarasse eu não ia conseguir prosseguir com isso até o fim e eu precisava, eu tinha, eu não poderia deixar a Debrah machucar ninguém, incluindo as duas pessoas que eu mais amo no mundo, meu filho... E o pai dele... Castiel me olhava ainda sem entender e esperando uma resposta pra pergunta que havia acabado de me fazer. “O que foi?” Tudo, tudo aconteceu. Me matava não poder dizer a verdade, me matava ter que mentir, mentir olhando pra ele ainda.

Ali – Eu disse que íamos conversar, vamos conversar. (Soei tão fria que nem eu mesma consegui reconhecer a minha própria voz.)

Ele piscou algumas vezes tentando absorver o impacto que as minhas palavras causaram, mais da maneira como elas foram ditas e não o que eu disse em si. Tudo parecia ser muito cruel, mas imaginei que assim fosse o melhor, se ele me odiasse provavelmente não iria atrás de mim, não ia correr nenhum perigo. Ele respirou fundo ainda meio aéreo pelo meu aparente estado e empurrou a porta com as costas me dando espaço pra poder entrar na casa. Seria a ultima vez que eu entraria ali, os segundos pareciam estar em contagem regressiva. Meu coração doía tanto que parecia que ele estava sendo comprimido, diminuindo de tamanho dentro do meu peito. Parecia que ele ia sumir, ou de se desfazer em pedaços. Fui andando lentamente até a sala e me sentei na poltrona de apenas um lugar, eu não queria que ele estivesse tão perto, porque assim tudo seria mais difícil. Ele veio atrás de mim e se sentou no sofá a minha frente me encarando e esperando que eu começasse a falar pra ele poder entender o que estava acontecendo, ou pelo menos pra entender o que eu queria que ele entendesse.

Ali – Castiel... (Eu não tinha a mínima ideia do que eu ia falar, mas ele me interrompeu antes que eu pensasse em alguma coisa, não tenho certeza se isso foi uma boa coisa ou não.)

Cast – Ali eu sei que eu errei e eu sei que eu não deveria ficar acompanhando a Debrah nas consultas depois de tudo o que aconteceu, mas você sabe que eu preciso. Eu não quis falar aquilo eu juro, eu apenas não pensei direito na hora, eu acabei perdendo a paciência. Eu sei que você está passando por uma gravidez difícil e que talvez eu não esteja fazendo o máximo que eu posso pra te ajudar, mas eu juro que eu estou tentando, eu juro. (Ele estava falando tão rápido que eu quase não entendi o que ele falava, havia desespero ali e eu podia ver isso com clareza.) Por favor me perdoa. (As palavras dele estavam sendo como facadas pra mim, mas mesmo assim me mantive da mesma forma, encarando o chão sem demonstrar nenhum tipo de sentimento, como se nada daquilo me afetasse.)

Ele não tinha pelo que se desculpar, sim eu entendia, era filho dele, ele tinha que acompanhá-la e no momento eu não estou ligando pra isso, isso não era nem um por cento dos meus problemas e infelizmente eu não poderia contar o real motivo de tudo isso, acho que no fundo o meu jeito no momento já estava entregando o que eu tinha ido fazer ali afinal, por isso ele me interrompeu. No fundo ele já tinha percebido que eu tinha ido até ali conversar com ele pra terminar tudo isso.

Ali – Isso não está dando certo Castiel. (Ele ficou alguns momentos em silêncio me encarando enquanto eu olhava o chão ainda.)

Cast – O que? (Ele perguntou incrédulo ainda pelo que eu havia falado, mas aparentemente eu só tinha confirmado o que ele estava pensando.)

Ali – Acho que nós nos precipitamos demais. Isso não está dando certo. (Isso dói.)

Cast – Ali não faz isso. (Isso dói muito.)

Ali – Não deveríamos nem ter começado com isso, foi um erro. (Eu não sei como eu estava me mantendo sem chorar ali mesmo. Vê-lo daquele jeito, o modo como eu falava as coisas, não parecia real, eu não queria que fosse.)

Cast – Ali e o nosso filho? (Fechei os olhos com força e respirei fundo. Eu te odeio Debrah.)

Ali - Não importa mais Castiel. (Eu não acredito que eu vou mesmo fazer isso. Eu te odeio com todas as forças do meu ser Debrah.)

Cast – O que você quer dizer com isso? (Abri os olhos assim que escutei ele se levantar do sofá e vir em minha direção. Deus me dê forças, eu não posso fraquejar agora. Respirei fundo antes de responder, era mais difícil do que eu poderia imaginar. Balancei a cabeça negativamente.)

Ali – Não... Não tem mais nosso filho Castiel. (Ele parou na minha frente e ficou praticamente em choque, eu podia jurar que ele não estava nem respirando. Levantei o olhar e o encarei parado na minha frente piscando algumas vezes tentando digerir a informação.)

Cast – Ali... (Ele não sabia nem o que falar, ele parecia pasmo, triste, confuso e perdido. Ele se agachou na minha frente e pegou as minhas mãos fazendo com que eu olhasse pra ele e desviasse o olhar rapidamente logo em seguida.) Ali por favor me perdoa. (Ele disse isso com a voz tão carregada de dor que eu pude sentir o que ele estava sentindo. Ele acreditou que eu perdi o nosso filho e ainda se sentia culpado por isso.) Ali por favor, eu te amo. (Eu já podia sentir um nós se formando em minha garganta.)

Ali – Desculpe Castiel, mas eu não. (Puxei minhas mãos e ameacei me levantar. Isso foi mais doloroso pra mim do que pra ele, ou talvez na mesma intensidade.)

Cast – Eu não acredito em você. (Ele me impediu de levantar dali olhando decidido pra mim.) Se quiser que eu acredite em você de que você não me ama mais e de que você quer mesmo ir embora vai ter que falar isso olhando nos meus olhos. (Droga! Senti o meu coração parar por alguns segundos. Engoli seco e passei a língua sobre os lábios os pressionando e os soltando logo em seguida, levantei a cabeça e olhei pra ele parado agachado na minha frente me encarando ainda. Olhei bem no fundo daqueles olhos cinza dele, seria a última vez que os veria. Eu só preciso mentir mais uma vez, só mais uma.)

Ali – Eu... (Eu te amo, mas eu não posso ficar aqui. Isso é para o bem de todo mundo, inclusive o seu.) Eu não te amo mais, isso tudo foi um grande erro que nós cometemos e acabamos agindo por impulso, não deveríamos nem ter começado com isso. Eu preciso ir embora agora. (Falei de maneira firme e fria, decidida, apesar de estar morrendo por dentro. Soltei minhas mãos novamente e me levantei agora conseguindo.)

Ele não me impediu de me levantar dessa vez, talvez pelo choque. Andei até a porta o vendo apenas se levantar de onde estava agachado e olhar pra mim sem entender ou sem acreditar. Se eu pudesse apenas contar tudo a ele, mas não, eu sei e tenho certeza de que isso seria muito pior. Caminhei até a porta pra poder ir embora e assim que coloquei a mão na maçaneta da porta ele já estava ao meu lado.

Cast – Ali, por favor... (Eu podia ver as lágrimas ameaçando a aparecer nos olhos dele e isso estava acabando comigo.)

Ali – Adeus Castiel.

Abri a porta e saí, assim que a fechei eu comecei a andar rápido pra fora dali. Eu estava praticamente correndo, avistei o carro do Armin e entrei logo, sentei no banco e já senti as lágrimas descerem descontroladamente pelo meu rosto, eu soluçava e tremia, me pergunto como consegui me segurar por tanto tempo. Armin olhou pra mim e me abraçou apertado, me deixei desabar em seus braços, como eu queria acordar agora e perceber que tudo isso não passou apenas de um sonho.

Ali – Vamos embora por favor. (Minha voz saiu falhada e baixa, abafada por eu estar com a cabeça em seu peito, ele apenas assentiu.)

O caminho foi bem silencioso, eu encarava a janela, mas não estava prestando atenção em nada que se passava lá fora realmente, se tivesse acontecendo alguma coisa importante eu nem iria perceber. Minha mente estava em branco, eu já tinha parado de chorar, mas não estava nada bem e como poderia depois de tudo isso? Senti o meu celular vibrando em cima do meu colo, o que fez com que eu virasse a cabeça lentamente e sem ânimo algum para olhá-lo. Era uma mensagem.

“E então?”

Claro que ela ia querer saber se eu já tinha feito o que ela tinha me mandado fazer, Debrah gosta de ter certeza das coisas. Ainda mais das coisas que ela quer que sejam feitas. Peguei o celular e comecei a digitar uma mensagem pra responder a ela.

“Já fiz o que você queria. Agora me deixe em paz e também não faça nada a ele.”

O tempo de resposta foi bem curto, em questão de segundos a resposta dela chegou. Apesar de tudo ela era uma pessoa de palavra, não importa o que ela prometesse, ela ia cumprir, sendo pro bem ou pro mal. Eu sabia que ela estava feliz com tudo isso, mesmo não a vendo eu sabia que o sorriso enorme de satisfação no rosto dela estava escancarado. Não tenho palavras pra expressar o meu ódio por ela.

“Boa menina Ali, você fez muito bem. Aproveite a sua vida e pode ficar despreocupada que nada de ruim vai acontecer com ele. Boa sorte com o seu filhotinho, fique feliz que eu ainda te deixei ficar com ele. – XOXO, irmãzinha.”

E então era isso. Acabou. Ela ia me deixar em paz e não machucaria mais ninguém que eu amo. Foi um preço muito alto para se pagar, mas no fim das contas tudo ficaria bem. Tudo ficaria bem. Tudo vai ficar bem. Se eu repetir isso a mim mesma várias vezes, talvez seja verdade, eu não me importava que eu não estivesse bem, desde que todos estejam eu também vou ficar. Passei a mão no rosto enxugando as lágrimas que saíram sem a minha autorização. Seria assim então de agora em diante, eu não o veria mais. Eu te amo Cast, mas eu precisei fazer isso.