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História O Olho de Jade - Eve


Escrita por: xPrimrose

Notas do Autor


Esse capítulo ainda é uma parte da introdução da história, a história mesmo começa no próximo capítulo que sai no fim dessa semana ou semana que vem.

Capítulo 2 - Eve


 

12  anos depois

O coração de Eve estava disparado, ela estava dividida sobre o que faria com sua vida: escolheria o que tinha vontade ou o que deveria? Se submeteria aos seus desejos ou aos de sua mãe?

Quando ainda estava na barriga de Lady Charlotte alguma vidente havia dito à sua mãe que ela estava destinada a ser uma das videntes da deusa Cercey e desde então ela acreditara cegamente nisso. Desde que respirara pela primeira vez o ar deste mundo fora preparada para esse destino, sem que ninguém nunca tivesse realmente perguntado o que ela mesma achava de tudo isso.

Ainda com cinco anos era atormentada por visões perturbadoras do futuro, as quais ela não fazia a menor ideia de como interpretar. Nesses momentos tudo o que ela queria era correr para os braços da mãe e chorar.

— Você é o oráculo, suas visões fazem parte de você e deve aceita-las. Não lhe atormentarão mais se parar de agir feito criança. — Por vezes eram as únicas palavras de consolo que recebia, quando a mãe não se limitava a apenas lançar um olhar frio.

Tivera uma guia que tentara ensinar a controlar o que ela chamava de “dom”, mas a verdade é que Eve nunca fora muito boa com aquilo, sempre estava aterrorizada demais para prestar atenção ao que via e jamais tinha forças para relembrar a fim de chegar a uma conclusão.

Agora tinha doze anos e, numa cerimônia aberta a todos do Segundo Reino que quisessem observar, ela teria que decidir se serviria a Cersey pelo resto de sua vida ou não.

A vida como oráculo lhe garantiria aposentos nos palácios e nos templos e respeito até mesmo dos reis. Para isso, no entanto, teria que desistir de sua família e do amor de qualquer homem, já que Cersey exigia a virgindade de seus oráculos. Além disso, jamais poderia provar novamente carne ou álcool. Para Eve, mesmo com apenas doze anos, parecia um destino solitário e cruel.

Ela não teria que desistir de nada disso se optasse por não seguir o caminho da deusa. Poderia voltar para casa agora mesmo, casar-se daqui a alguns anos, talvez ter filhos. Mas contavam histórias terríveis de mulheres que rejeitaram Cersey, elas viviam amaldiçoadas, alguns diziam. Outros contavam que não passavam dos dezoito anos e que seus filhos morriam antes mesmo de saírem da barriga. Além disso, Eve temia que a mãe nunca mais olhasse em sua cara se fizesse isso.

As portas do templo se abriram e Eve se deparou com uma multidão encarando-a. Havia rostos conhecidos, como os de seus vizinhos e amigos, e outros que ela nunca imaginara. Pessoas com vestes ricas se aperfilhavam no fim do grande salão enquanto outras mais maltrapilhas se apinhavam próximas a porta. O próprio rei do Segundo Reino estava sentado numa cadeira rodeado por seus quatro cavaleiros de honra.

Eve começou a andar pelo tapete dourado que cobria o chão criando um caminho até as estatuas. Eram três: Cersey e suas duas irmãs.

A da direita era da deusa Cerlys, sentada num trono de mármore com uma águia pousada em seus ombros. Usava uma armadura e seu rosto tinha uma expressão determinada. O cabelo curto muitos diziam que era escuro, mas na estátua estava amarelado como tudo o mais. Seu elmo de guerra em formato de águia repousava em seu colo assim como sua espada. Ela representava a sabedoria, a guerra, a justiça, o comércio, a caça, os estudos e o passado.

Do lado esquerdo estava Circe, majestosa em seu trono, um cajado na mão direita e flores na esquerda. Os cabelos compridos desciam em cascata embaixo de uma tiara. Sua expressão era mais suave, seu vestido era todo ornamentado com flores. Uma víbora enrolava-se afetuosamente em seu pescoço. Era ela quem representava a magia, a natureza, os sentimentos, as emoções, os sonhos, a música e o presente.

E no meio das duas, de pé, estava Cersey. A irmã mais velha, ainda que as três fossem trigêmeas, a rainha dos deuses. Sua coroa não deixava dúvidas disso, seus cabelos desciam em uma trança e estavam jogados por cima do ombro. Usava um manto e carregava sementes de romã em uma das mãos, uma corça estava deitada aos seus pés. Cersey representava a cura, a paz, as escolhas, a simplicidade, as estações e, acima de tudo, o futuro.

Era a esta última que Eve deveria se curvar, era a ela que deveria oferecer toda sua vida. Mas ela não parecia certa de querer isso, não tinha a mínima vontade.

Olhou para baixo, estava descalça, usava um vestido branco tão fino que tinha a impressão de estar nua e por vezes teve o ímpeto de cruzar os braços sobre si, mas sabia que isso seria tido por todos como uma falta de respeito para com as deusas. Seus cabelos, assim como os da estátua, estavam trançados. E todos haviam dito que ela estava muito bonita. Eve não se sentia bonita.

Enquanto adentrava cada vez mais o templo, uma harpa fazia a trilha sonora do momento mais importante de sua vida. Ela tentou não encarar a mãe, não suportaria ver a ansiedade nos seus olhos, tampouco olhou para o pai, sabia que ele estava frustrado por estar perdendo sua garotinha. Os irmãos olhavam para o chão, sem saber como agir, não queriam perder sua irmãzinha.

Eve preferiu observar o prédio. Era alto, mais alto do que qualquer prédio que ela já entrara, o teto era quase inteiramente feito de vidro e a luz do Sol banhava toda a cena num dourado hipnotizador. Grossas colunas brancas apareciam aqui e ali, enfeitadas com os animais sagrados das três deusas: a águia, a cobra e a corça. Principalmente com a corça, o que não era estranho já que esse era um templo dedicado a Cersey e não a suas irmãs. Mas elas nunca estavam sozinhas, o passado, o presente e o futuro não podiam ser separados, não completamente. 

Uma sacerdotisa de cabelos dourados estava parada à sua frente. Seus olhos azuis encararam os de Eve e por um momento ela se sentiu segura, mas só por um momento. Quando a garota falou, não havia um sorriso em seus lábios.

—  Eve Castleroy, você foi escolhida no nascimento para servir à deusa Cersey, a senhora do futuro, e dela recebeu o dom de espia-lo. Agora você deve decidir: irá se juntar a nós, aceitará seu lugar como oráculo ou irá virar as costas a todas as oportunidades oferecidas a ti? Você aceita tornar-se o oráculo de Cersey?

Sua visão ficou turva, sua garganta se fechou e as lágrimas quase escaparam. Não, ela não queria. Era a última coisa que desejava no mundo. Mas apesar do que a sacerdotisa a sua frente dizia, Eve não tinha escolha, bastou uma leve olhada de relance para a mãe para ter certeza disso.Passara a infância toda ouvindo seu pai dizer que deveria ser corajosa para enfrentar seus medos e suas visões. Agora ela seria.

— Eu, Eve Castleroy me liberto das correntes de minha família, renego a companhia romântica dos homens, dou adeus aos prazeres da carne e do álcool e me junto a Cersey. Eu aceito suas visões e suas profecias tornando-me seus olhos, tornando-me seu oráculo – ela repetiu a fala que ensaiou mil vezes antes tentando, sem sucesso, fazer com que sua voz não denunciasse o nervosismo.

Contornou a jovem sacerdotisa e se colocou de joelhos perante a estátua, de frente para a corça. Repetiu alto a oração que haviam lhe ensinado para a ocasião. Mas ao mesmo tempo em que dizia as palavras sagradas fazia um pedido silencioso.

“Renegue-me. Diga que não sou digna de suas visões.”.

  Mas quando as palavras chegaram ao fim, ela sabia que tinha sido escolhida e que agora escolhera essa vida. Não havia volta.

“Então me de coragem, você e suas irmãs. Eu suplico. Ajudem-me ou não aguentarei muitos anos sendo atormentada por essas visões.”, pediu, já se levantando e percebendo que a outra garota estava ao seu lado, provavelmente para receber da deusa o nome de Eve.

— Eu sou Ellie. Seja bem-vinda às seguidoras de Cerseya — a sacerdotisa se apresentou, num sussurro. Ela aproximou-se mais de uma pequena mesa de vidro que havia sido colocada ao seu lado enquanto Eve orava. Dela, pegou um manto. E voltou a falar de forma que todos no templo fossem capazes de escutar. — Este manto é para proteger-te da estação mais cruel de Cersey, como prova de que com ela você estará a salvo de todo e qualquer perigo.

Quando o manto branco foi colocado, Eve sentiu-se bem por ter algo mais do que aquele vestido para cobrir sua pele.

— A tiara de prata, para que todos a reconheçam independente de onde estiver. — A tiara era feita de dois fios cruzados com um pequeno olho desenhado sobre um delicado topázio azul no centro.

Azul, Eve sempre odiara essa cor, mas era a cor de Cersey. O vermelho e o roxo representavam Cerlys e Circe, respectivamente.

— E por último, o anel de prata para selar a aliança com a deusa. — O anel foi colocado em seu dedo indicador, por ser considerado, para alguns, o mais importante. — Pela voz de Cersey eu lhe nomeio, Eve Castleroy, como O Olho de Jade.

Eve levou o anel aos lábios e o beijou, como tinha sido instruída a fazer.

E era isso, agora ela pertencia à uma divindade da qual se não fossem suas visões ela mesma duvidaria da existência. Virou-se para encarar a família e se deparou com todos ajoelhados e a encarando, olhou para o outro lado, até o rei tinha se abaixado.

— Vida longa ao Olho de Jade. — Proclamaram em uníssono.

Foi então que Eve caiu.

A princípio ela viu as estrelas, brilhantes e por um momento não entendeu o que estava acontecendo. Então sua visão foi puxada para baixo, uma cidade enorme acolhida pela escuridão da noite, no meio havia uma pequena montanha, com um castelo no topo. Assim que o viu, a visão mudou.

Eve observava uma grande cadeira cravejada de rubis que saia do chão de mármore:um trono, ela estava dentro de um castelo. Sentada sobre o imenso assento estava uma garota, a pele morena, os olhos amendoados, o cabelo liso e castanho. Ela sorriu, por um instante olhando diretamente para Eve. E então uma espada surgiu em seu campo de visão, ela não conseguiu ver quem a manuseava, sombras atrapalhavam sua visão. Um corte rápido e a cabeça da menina rolou pelo trono. O sangue se espalhando pelo chão.

Eve tinha lágrimas nos olhos quando acordou, em algum quarto do templo.


Notas Finais


E ai? E ai? Eu agradeço quem quiser deixar a opinião aqui nos comentários, pra eu saber o que estão achando.
Beijos ;)


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