História O outro lado do mundo - Outra parte do Mundo - Um ano depois.

Amy.

Parecia que uma vida inteira havia se passado. Tudo mudou depois daquela noite. A noite em que eu havia recebido oficialmente o título de vencedora do The Big Challenge e a noite em que o Suho havia me dado um fora. Não foi um fora, fora, mas foi um fora. Isso fez sentindo?

De todo jeito...

Nenhum dos peixes grandes deixou a popularidade do programa passar em branco. Logo a turnê de promoção do mini álbum que o EXO iria lançar, e do meu lançamento como cantora, se transformou em uma enorme turnê de sete meses por toda a Ásia, onde todas as bandas do programa participavam dos shows. Os meninos do Super Junior foram os únicos a não aparecer em todos os shows, porque eles estavam no meio de uma turnê mundial.

Pouco tempo depois que a turnê começou foi divulgado que as meninas que representavam o B.A.P, SNSD e Super Junior, iriam se juntar a uma outra garota e assim lançar uma nova girl band. Não consegui conter a minha alegria ao receber essa notícia, a não ser é claro depois de descobrir quem seria a ‘outra garota’. Naime, Sunyun e Silver se juntariam a ninguém menos que Xin, a bonequinha do inferno e loba em pele de cordeiro, para formar a 2LOVU.

Durante a turnê elas fizeram algumas apresentações especiais para promover a banda e é claro que toda a mídia insistia em saber como era o nosso relacionamento, afinal nós já tínhamos sido rivais.

“Eu nunca imaginei que a Amy fosse chegar onde chegou. Não posso expressar em palavras o que eu sinto por ver que ela conseguiu chegar tão longe.”

Essa foi a resposta dela. A minha?

“Nunca duvidei do talento dela. Ela é linda, fofa e canta divinamente bem. Quem não a amaria?”

Óbvio que logo começaram rumores de que nós nos detestávamos, o que resultou apenas em nós sermos forçadas em fazer apresentações juntas. Aos poucos os rumores foram morrendo quando fofocas mais interessantes começaram a surgir. Como o fato de que o Kris e aquela garota haviam terminado publicamente o namoro nunca tinha sido assumido.

Ponto importante, segundo as fofocas ela quem tinha terminado, isso o colocou em um papel de vítima e todos ficaram ao seu lado na separação.

Mas a turnê não se resumiu a fofocas e intrigas, na verdade muitas coisas legais aconteceram. Eu tive a oportunidade de conhecer os outros membros das bandas um pouco melhor e isso foi realmente incrível. Recebi dicas incríveis de muitos deles, como aulas de rap do Zelo e da Amber e aulas de canto com a Taeyeon. Conheci muitas pessoas realmente incríveis e participei de um número enorme de programas de variedade, quase morro de rir nesses.

Os meninos do EXO e eu estávamos quase sempre juntos. Além shows, ensaios e participações em programas eu tinha me tornado vizinha deles, a SM havia tentado me ‘dar’ uma casa, mas o Dong foi mais rápido e comprou a casa em questão e eu acabei realmente ganhando a casa.

Dong foi outro grande responsável pela mudança drástica na minha vida, já que agora ele tinha realmente assumido o papel de ‘apenas administrador’ de todo o patrimônio que ele possuía. Uma vez assumido esse papel ele tornou público o fato de que eu era responsável pelo ‘investimento’ inicial na empresa dele e por isso eu era a verdadeira dona.

Uma vez que a mídia soube da história foi impossível negar, porque logo começaram a associar o meu nome ao da empresa e a vasculhar o meu passado de tornas as formas possíveis. Não consegui conter a minha alegria ao saber o Dong havia se certificado de que ninguém nunca encontraria nada de interessante no que dizia respeito ao meu passado. Tudo o que a mídia encontrou foram alguns detalhes sobre a herança deixada para mim pelos meus avós paternos e mais nada.

Logo todos perceberam que eu estava usando todo esforço que eu podia para que o meu passado continuasse no passado. Isso apenas fez com que todos ficassem ainda mais curiosos e as muitas perguntas começaram a surgir.

“Então você nasceu na Coreia?” Uma das entrevistadoras perguntou em mandarim. “Em Seoul certo?”

“Isso. Morei lá até os meus seis anos, então eu fui para o Brasil morar com a minha avó.” Respondi também em mandarim.

Eu tinha aprendido mandarim muito recentemente com uma ajuda especial do Luhan, Tao, Lay e Kris. Tinha sido uma das exigências do meu novo trabalho, aprender mandarim e japonês.

“Mas por que você se mudou?” O outro entrevistador perguntou interessado.

Respirei fundo, eu tinha treinado muito com o Dong, para perguntas como essa. Como eu podia responder de uma forma que eles se dessem por satisfeitos e que outros que decidissem procurar mais a fundo não encontrassem nada que os guiasse até o meu passado?

“Meu pai faleceu e a minha mãe não teve condições de cuidar de mim.” Falei dando um minúsculo sorriso. Aquilo não era completamente mentira, mas não era a verdade completa. “Então a minha avó se ofereceu para me criar.”

Ambos os entrevistadores fizeram caras surpresas e levaram a mão até a boca assustados. Aquela era a primeira vez que eu falava sobre a morte do meu pai, sempre que esse tipo de pergunta surgia eu respondia algo como ‘não gosto de lembrar do passado’ ou ‘eu achava que o meu tempo na Coreia tinha chegado ao fim.’. Agora aqui estava eu ao vivo na frente das câmeras e pela primeira vez falando ‘abertamente’ sobre o meu passado.

Isso não era à toa é claro.

Dong, Jae e eu havíamos conversado longamente sobre isso. Jae agora era o meu manager e por isso sabia de todos os aspectos da minha vida. Juntos nós três havíamos escolhido esse programa de TV na China, um dos mais respeitados da televisão chinesa, como o programa para falar sobre o meu passado, ou pelo menos parte dele. Um dos motivos desse programa ter sido escolhido era por que ele sempre foi visto como um programa sério e não apenas um programa feito para dar audiência.

“Eu sinto muito pelo seu pai.” A mulher falou se recuperando do susto. “Então é por isso que você sempre evita falar do seu passado? É uma memória dolorosa?”

 “Eu era muito apegada ao meu pai, cresci tendo ele como um herói.” Admiti, omitindo a parte em que depois eu descobri que ele era na verdade um monstro. “Então sim, a perda dele sempre foi um assunto muito doloroso para mim. Toda essa parte da minha vida na verdade.” Suspirei e sorri um pouco sem graça. “Dói no coração ter que falar de coisas como essa, principalmente se você sabe que vai acabar lendo sobre isso em algum site ou revista.”

“A vida de um ídolo não é fácil.” O homem disse sorrindo, mas logo voltando a me encarar sério. Ele tinha entendido que eu estava disposta a falar e não ia perder a oportunidade. “Então você foi morar com a sua avó porque sua mãe não pôde te sustentar sozinha?”

“Meus avós paternos sempre tiveram dinheiro, mas meus pais nunca aceitaram ajuda deles para nada. Depois que o meu pai faleceu não foi diferente, minha mãe se recusou a aceitar ajuda da minha avó, mas pediu que ela me criasse por que não queria que eu passasse dificuldade.”

Na verdade minha mãe havia recusado a ajuda da minha avó por que ela não queria que o que o meu pai havia feito comigo fosse revelado, então ela aceitou a condenação e a minha avó me levou para o Brasil depois disso.

Mais uma vez eu tinha pego os dois apresentadores de surpresa e eu sorri sem graça.

“Minha mãe é um verdadeiro exemplo de vida para mim.” Admiti vendo que nenhum dos dois tinha se recuperado do choque das minhas revelações. “Principalmente por ela ter me dado a chance de ter tido a vida maravilhosa que eu tive no Brasil ao lado da minha avó. Graças a atitude da minha mãe eu tive oportunidade de me descobrir quem eu realmente era.”

“Você realmente a admira não é? Podemos sentir o amor que você tem por ela apenas nas suas palavras.” O homem falou me olhando com carinho e admiração nos olhos. “Você a encontra com frequência agora que está morando em Seoul?”

Engoli seco e dessa vez não consegui mostrar nenhum sorriso, mas consegui fazer com que as lágrimas não caíssem.

“Ela faleceu há alguns meses, durante a gravação do The Big Challenge. Foi um momento muito emocional para mim então eu insisti que o programa respeitasse a minha privacidade e não divulgassem nada.” Enchi o peito de ar e o esvaziei completamente controlando os meus batimentos cardíacos. “Mas sim, eu a admiro e amo demais.”

“Nossa!” A mulher falou se esforçando para não começar a chorar. “Sua história é realmente triste, não é para menos que você a manteve tanto tempo em segredo...”

Finalmente eu sorri e balancei a cabeça negativamente.

“Minha história não é triste. Pelo contrário ela é incrível!” Os dois me olharam confusos. “Eu sofri no passado, mas todos sofrem, eu não fui uma exceção. Na verdade eu fui privilegiada, minhas perdas de alguma forma foram compensadas por acontecimentos que me tornaram uma pessoa muito feliz.” Agora eles pareciam encantados pela minha voz e eu continuei.

“Não que seja possível se compensar a perda de alguém tão querido como uma mãe, mas é possível que algo aconteça para que aquele buraco que se abriu no seu peito fique um pouquinho menor. Foi isso que aconteceu comigo.” Eu tinha os olhos longe e meio desfocados agora, minha mente vagando pelas minhas próprias memorias. “Depois que eu perdi o meu pai e fui morar com a minha avó, eu vivi alguns dos melhores anos da minha vida depois disso.” Não tinham sido ao lado dela, mas ela tinha contribuído.

“E depois que eu perdi a minha mãe, bom... Eu fui reconfortada por pessoas maravilhosas e aprendi como o amor pode ser incondicional e poderoso.” Voltei a olhar para os dois entrevistadores e dei um sorriso. “Então não, minha história não é triste. Tive momentos de tristeza ao longo da minha vida, mas todos nós temos e isso não define as nossas vidas, a não ser que nós deixemos.”

Ambos os entrevistadores deram enormes sorrisos e eu retribui.

“Suas palavras foram muito bonitas e realmente fizeram meu coração bater mais rápido.” A mulher falou olhando nos meus olhos. “Você é uma pessoa muito especial Amy.”

Fiz uma reverencia agradecendo e sorri.

“Amy uma última pergunta para encerrar a nossa conversa.” O homem pediu me olhando com atenção. “Por muito tempo você evitou falar do seu passado e hoje você nos falou dele tão abertamente. Você dividiu um pouco de você conosco e com o público, e todos estamos honrados por escutar algo tão bonito.” Ele fez uma pausa e eu esperei, eu sabia que pergunta seria e tinha me preparado para ela. “Mas eu tenho certeza que muitas pessoas estão se perguntado, por que agora? O que a fez decidir finalmente dividir um pouco do seu passado com a gente?”

Sorri para ele e olhei para a pequena plateia que eles tinham no estúdio e para as câmeras. Então voltei a olhar para ele, agora com o sorriso um pouquinho menor.

“Meu passado por algum motivo sempre pareceu interessar muito as pessoas, talvez por que eu me preocupasse tanto em deixa-lo no passado.” Ri. “No começo eu não me importava muito com o que os outros falavam, mas eu comecei a perceber que alguns dos meus fãs estavam começando a não apenas acreditar em rumores mentirosos que correm pela internet, como também a ficarem magoados com a minha renúncia de falar sobre o assunto.” Parei de rir. “Então eu decidi que estava na hora de deixar o egoísmo de lado e dividir com os meus fãs mais um pouquinho de mim. Eu quero que todos entendam que o motivo de eu ter evitado o assunto tantas vezes, era medo da forma como todos iam me ver.” Agora sim eu sorri. “Mas uma pessoa que eu admiro muito me puxou e olhou fundo nos meus olhos quando falou. ‘Você é um ídolo agora Amy, não pode ficar com medo, nós temos que ser como heróis. Você acha que o Super Homem tem medo de alguma coisa?’ Eu estava prestes a responder ‘Kriptonita’. Quando eu percebi que ele tinha razão. Eu não podia ter medo, então eu resolvi contar para vocês o que vocês tanto queriam saber.” Falei realmente rindo ao lembrar daquilo e sentindo meu rosto ficar realmente quente, se eles ao menos imaginassem o verdadeiro sentido daquela palavra...

Os dois apresentadores deram risadas com a história do Super Homem e a mulher se aproximou de mim com um sorriso malicioso no rosto.

“Quem foi o ídolo que te deu esse conselho? Você disse que admira muito ele. Quem é?”

Dei uma risadinha nervosa e balancei a cabeça.

“Eu faço apenas uma revelação bombástica por programa...” Brinquei e eles riram. “Aquela foi a última pergunta da noite lembra?”

“Mal posso esperar pelo nosso próximo encontro então!” A mulher disse rindo.

“Tenho certeza que todos nós estamos animados para o nosso próximo encontro com a Amy.” O homem falou para mim e virou para a câmera. “Esse foi mais um ‘Cara a Cara.’. Essa noite com ela que teve uma vida feliz apesar das tristezas e assim como o super homem não tem medo de nada. Amy Park.” A plateia bateu palmas, eu me levantei e fiz uma reverencia para todos e sorri.

Jae me parabenizou pela entrevista e contou que como nós esperávamos a audiência tinha sido bem acima da média do programa. Todos estavam interessados em saber sobre o passado da garota mistério, sim esse era o nome pelo qual eu vinha sendo chamada. Sorri ao pensar pelo que eles iam me chamar agora que eu não era mais tão misteriosa assim. Nós paramos na parte de trás da enorme arena lotada e passamos por incontáveis fotógrafos e fãs, eles gritaram mesmo não sendo capazes de ver quem estava no carro.

Sai do carro correndo e fui levada até os camarins onde eu fui atacada pelos vários homens ali dentro. Ryeowook foi o primeiro a pular e cima de mim com o rosto vermelho e os olhos inchados.

“Por que você não nos contou?”

Olhei em volta confusa e vi que a televisão do camarim estava ligada no canal do programa. Senti meu rosto ficar vermelho quando meus olhos encontraram os do Leeteuk, que deu um enorme sorriso e veio tomar o lugar do Ryeowook.

“Estou feliz por você ter aceitado o meu conselho.” Ele sussurrou no meu ouvido e eu tremi ao sentir o hálito dele tocar minha orelha. “E por ter lembrado da nossa conversa.”

“Larga a minha garota, você pode até ser o líder, mas a Amy ainda é minha.” Kangin falou puxando minha mão e me tirando dos braços do Leeteuk.

Eu não sabia se eu estava realmente agradecida e devia beijar o Kangin por ter me salvado ou se eu estava com raiva e devia bater nele por ter nos interrompido. Mas acabei não fazendo nenhum dos dois por que eu fui mais uma vez puxada em uma direção diferente e agarrada por um par de mãos, dessa vez mais decididos que os outros.

“Desde que quando a Amy é sua? Perdeu o juízo?” Siwon falou me segurando por trás e apontando para o Kangin com uma cara feia. “Ela é...”

Antes que mais um deles falasse aquela frase eu me esquivei dos braços dele e o encarei com uma cara feia. Não era apenas para ele, mas para todos eles.

“Eu não sou de ninguém.” Lembrei a todos eles. “Então por que a gente não supera isso e muda de assunto?”

Leeteuk deu um enorme sorriso e o Kangin e o Siwon se olharam com caretas, mas logo estavam dando sorrisos um para o outro.

“Sua entrevista foi incrível.” Yesung falou e deu um sorriso triste. “Fiquei impressionado com as suas palavras.”

“Foi muito legal te ver falando sobre o seu passado.” Eunhyuk pegou minha mão. “Você é uma pessoa realmente incrível.”

Olhei nos olhos dele e sorri realmente tocada pelas palavras dele. De todos eles na verdade, só o fato deles terem assistido a entrevista já era o suficiente para me deixar nas nuvens.

“Uma pessoa incrível que precisa se arrumar.” Leeteuk interrompeu o meu pequeno momento com o Eunhyuk, o que o fez sorrir e revirar os olhos. “Nós vamos entrar no palco em alguns minutos e você ainda vai fazer maquiagem e cabelo.” Ele disse me olhando.

“E você ficou com ciúmes por que ela estava trocando olhares intensos com o Eunhyuk.” Yesung sussurrou para o Leeteuk, que olhou feio para ele.

Terminei de cumprimentar os meninos presentes e então fui para o camarim ao lado para me arrumar. Eu estava prestes a fazer uma participação especial em um show da turnê mundial do Super Junior e isso era uma responsabilidade enorme. Escutei os gritos alucinados quando a música começou a tocar indicando que os garotos haviam entrado no palco. As estilistas terminaram de me arrumar e eu fui levada até o palco. Eu ia apresentar três músicas, uma com todos os garotos, uma sozinha e por último um dueto com o Henry.

Fui apresentada para a plateia e o Leeteuk me levou para o palco pela mão e com um sorriso no rosto. Ele deu as costas para as câmera e sorriu maliciosamente para mim. ‘Kriptonita!’ Ele falou sem nenhum som e piscou um olho. Meu coração foi a mil por hora e eu não consegui deixar de sorrir. A música começou e eu me posicionei.

Hora do Show.

Muitas coisas aconteceram na turnê, uma delas foi a minha aproximação com muitos dos outros ídolos. Entre eles o Taemin, que havia me aceitado como uma agregada do Kai que não me largava, a Yoona que tinha se provado uma verdadeira comediante e o Leeteuk que havia se tornado...

Bom...

Um herói.

“Sabe qual o problema com os heróis?” Leeteuk me perguntou depois de beber o último gole da sua cerveja.

“Não.” Falei rindo como uma boba por conta do álcool nas minhas veias. “Até agora eu não encontrei defeitos neles.”

“Todos têm um ponto fraco.” Ele disse se aproximando vagarosamente e parando apenas alguns centímetros de distância de mim. “Você disse que eu sou o seu herói.” Ele sussurrou e passou a mão no meu rosto. “Então eu acho que você está se tornando a minha kriptonita.”

Barulho de copo quebrando e risadas altas. Key estava realmente bêbado assim como metade dos outros garotos ali. Silver estava atualmente em pé em cima da mesa cantando spice girls e a Sulli estava rindo sozinha enquanto contava os próprios dedos.

“Eu deveria tomar cuidado ao me aproximar de você.” Ele falou balançando a cabeça e se afastando de mim. “Nunca pensei que eu fosse me sentir tão atraído por algo que eu sei que vai acabar me machucando.”