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História O Pacto - Perdendo alguns amigos


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 7 - Perdendo alguns amigos


- O que está acontecendo, garoto? Você anda muito distraído hoje.

- Sabe o que é, Moreira... Eu discuti com meus amigos mais cedo na escola.

- Discutiu por quê?

 

Xaveco respirou fundo, tomou um gole da sua água mineral com gás e contou para seu empresário sobre a discussão desagradável que tivera com Mônica e Cebola mais cedo, na escola.

 

- Então ele não deixou? Puxa... – Os olhos da Mônica, que até então estavam brilhando de expectativa, pareceram se apagar como duas lanternas quando descarregam as pilhas.

- Pois é... Ele falou que já tem contratos firmados com os organizadores do show e se cancelasse esses contratos, ia ter uma multa bem pesada.

- Que pena.

 

Cebola olhou bem para a cara dele e sua intuição lhe dizia que o outro estava mentindo. Se tinha uma coisa que ele entendia era sobre mentir e por isso podia detectar um mentiroso com grande precisão.

 

- Aqui, você falou mesmo com o seu empresário?

- Falei, ué! É o que eu estou tentando explicar pra vocês. Ele disse que...

 

Embora a desculpa fosse boa, ele percebeu insegurança na voz do Xaveco, que parecia tremer um pouco e também viu uma pequena gota de suor escorrer da sua testa. Suas pupilas estavam dilatadas e ele evitava contato visual com ele e com a Mônica.

 

- Na boa, Xaveco, se você não quer que a gente toque no seu show, é só falar.

- Cebola! Você não tá vendo que é o empresário dele que não deixa?

 

Ele ignorou a reprimenda da moça e continuou olhando direto para o rosto do Xaveco, que continuava evitando olhar em seus olhos. Mônica olhou ora para um, ora para outro e também começou a achar que havia alguma coisa estranha ali.

 

- É verdade, Xaveco? Você não quer mesmo que a gente toque no seu show? Que coisa, achei que a gente era amigo!

- Humpt! Depois que ficou famoso, agora deu pra ficar fominha também!

 

Ao erguer os olhos, ele viu os olhares recriminadores dos dois e após ouvir aquilo, o sangue subiu a sua cabeça e ele acabou perdendo o medo.

 

- E vocês estão achando ruim do quê? Quando eu pedi uma chance pra tocar no show de vocês, todo mundo riu da minha cara. Por que eu tenho que dar alguma chance pra vocês agora?

- Então é isso? – ela falou vermelha de indignação e colocando as mãos na cintura. – É só uma vingancinha?

- Fala sério! Só porque tá por cima acha que pode tripudiar a gente? – Cebola perguntou também indignado.

- Não era o que vocês faziam comigo? Agora estão vendo como dói, né?

 

Ela mal acreditou no que tinha ouvido. Aquele não parecia o doce e sensível Xaveco que todos conheciam desde criança.

 

- Nossa, desde quando você deu pra ficar mesquinho desse jeito? Olha, a gente nunca quis fazer pouco caso de você, ouviu?

- Então porque não me deram uma chance pra tocar na banda quando o Cebola machucou a mão? Por que nunca me levaram a sério? Por que durante a vida inteira me trataram como se eu fosse invisível?

 

Aos poucos ele foi levantando cada vez mais a voz enquanto os dois ouviam com os olhos arregalados e sem conseguir articular uma resposta.

 

- Lembram da última vez que vocês tiveram a noite da turma clássica? Eu só fui chamado porque o Ângelo faltou e um ingresso ficou sobrando, senão quem teria sobrado era eu!

 

Cebola tentou argumentar.

 

- Olha, você sabe como são as noites da turma clássica. Geralmente vamos só nós quatro e...

- Então por que diabos você chamou a Irene? E por que chamou o Ângelo? 

- É... O Ângelo é um personagem antigo e...

- Por acaso eu entrei na turma ontem? – ele disparou fuzilando os dois com o olhar. – E se é assim, por que a Irene? Você chamou uma garota que nem era da turma, que a Mônica não gostava e me deixaram de fora. Agora acham que eu tenho que ser bonzinho com vocês?

- Xaveco, foi mal.. – Mônica tentou se desculpar.

- Agora vocês pedem desculpas, não é? Porque eu fiquei famoso, porque posso ajudar a promover a banda de vocês. Aí fica todo mundo pianinho!

- Ai, também não é assim! Você sempre foi nosso amigo e...

- Sempre? Não era o que me parecia.

 

Ao ver que não tinha como argumentar, Cebola ficou irritado e resolveu acabar com aquela discussão. Estava claro que Xaveco tinha deixado a fama subir a sua cabeça e não aceitava argumentos de ninguém.

 

- Ó, quer saber de uma coisa? Pega esse show e enfia naquele lugar, tá legal?

- Cebola, não precisa falar assim!

- Precisa, Mô! Esse cara tá achando que é o rei da cocada preta e que pode pisar na gente, mas eu não vou aceitar esse tipo de coisa de jeito nenhum!

- E você vai fazer o que, carequinha? Pedir pra Mônica me bater? Eu não tenho mais medo da dentuça?

- Como é que é? Olha que eu te dou uns tapas mesmo, ouviu?

- Blé! Quero ver você tentar.

- Olha lá como fala com ela, seu manezão!

- Eu falo do jeito que eu quero!

 

Mônica balançou a cabeça e falou.

 

- Quer saber de uma coisa, Xaveco? Você pode ter ficado famoso, mas não passa de um mané perdedor.

- Perdedor? Eu? Se enxerga, garota! Eu tô mais famoso que você e sua bandinha fuleira, tenho milhões de fãs pelo mundo todo e...

- Grande coisa. Ainda assim você não passa de um personagem secundário!

 

Aquilo foi para ele pior do que levar uma coelhada na cabeça. Ela não deixava de ter razão. Ao ver que o rapaz tinha fraquejado, Cebola resolveu alfinetar ainda mais.

 

- A fama vem e vai, seu idiota! Pensa que isso vai durar a vida toda? Você não passa de uma modinha, nada mais. Todo mundo puxa o seu saco porque você é famoso. Quando tudo acabar, vão te deixar de lado outra vez. Até a Denise vai sentar o pé na sua bunda.

- Bah, vão pro inferno vocês, bando de invejosos!

 

Ele saiu dali bufando de raiva e pisando duro. De que adiantava tentar argumentar com aqueles dois? Embora parte dele reconhecesse que eles tinham razão em algumas coisas, seu ego frágil achou mais fácil atribuir tudo aquilo a pura e simples inveja. Devia ser muito difícil para eles aceitar que estavam sendo superados justamente por um personagem secundário como ele.

 

- Então foi isso o que aconteceu.

- Foi sim. Eles estão é com inveja do meu sucesso e agora querem se aproveitar de mim.

- Humpt! Pois vá se acostumando, garoto. Quando a gente está no topo, sempre aparecem uns vampiros sanguessugas tentando se aproveitar. E de qualquer forma, eu não ia deixar uma bandinha de garagem tocar no seu show.

- Só que agora eu perdi meus amigos...

- Pelo que você falou, eles nunca foram seus amigos. Talvez você devesse selecionar melhor as amizades e procurar pessoas fora da sua escola.

- Acha mesmo?

- Claro, garoto. Você está em outro nível agora, precisa se relacionar com gente a sua altura. Agora termina sua água aí, descansa mais um pouco que a gente precisa continuar a gravação.

 

Moreira saiu da sala, deixando-o sozinho com seus pensamentos. Um sentimento desagradável ainda pesava em seu peito sem que ele conseguisse afastar aquelas sensações ruins.

 

- Melina.

 

Ela se materializou na sua frente.

 

- Sim?

- Acha mesmo que eu fiz o certo? Sei lá, agora que tudo passou tá batendo uma dúvida...

- Seu empresário tem razão. Você precisa arrumar novos amigos. Assim não sentirá mais nenhuma falta daqueles aproveitadores.

- Vai ser difícil. A gente se conhece desde criança.

- É apenas costume. Você se acostumou tanto com aquele circulo de amizades que agora tem dificuldade em se imaginar com novos amigos. Acredite, isso irá passar.

 

Ele balançou a cabeça concordando e voltou a mergulhar em seus pensamentos. Mesmo concordando com ela e seu empresário, ele ainda se sentia triste por ter perdido seus amigos de muitos anos. As coisas não precisavam ter acontecido daquela maneira.

 

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- Puxa, então ele falou mesmo isso? – Magali mal podia acreditar no que estava ouvindo. Cascão e DC também ficaram indignados.

(Cascão) - Fala sério, o que deu no Xaveco pra ficar assim?

(DC) – É como diz o ditado: pobre quando come bananada se lambuza todo.

(Mônica) – É marmelada!

(DC) – Eu não gosto de marmelada.

(Mônica) – Afe! Enfim! Parece que agora o Xaveco acha que a gente não é bom o suficiente pra ser amigo dele. Puxa... eu até esperava isso da Denise, mas dele?

(Cebola) – Pra você ver que a gente não conhece realmente as pessoas. Deixa prá lá. Ele que fique com a fama dele, mas de hoje em diante, eu não vou mais querer saber de papo com aquele mané.

(Magali) – Ah, gente, também não precisa ser assim! Todo mundo ficou nervoso, falou o que não devia... não é melhor a gente esperar a poeira assentar pra depois tentar falar com ele numa boa?

 

Mônica balançou a cabeça.

 

- Ele maltratou a gente, Magá. Fez pouco caso de nós, achou mais importante vir com umas vingancinhas bestas do que a nossa amizade. Ele fala que a gente nunca foi amigo dele, mas parece que o contrário também é verdadeiro, né?

 

Do Contra fez as contas para saber quem era maioria: os que estavam contra ou a favor do Xaveco. Ao ver que a torcida contra era maior, ele resolveu tomar partido da Magali que era minoria.

 

- Pois eu acho que a gente deveria conversar com o Xaveco depois. Ah, qualé, estão fazendo essa cara por quê? Acham mesmo que ele vai largar da gente assim tão fácil? Que nada, ele sempre foi nosso amigo de infância. Eu até aposto que amanhã mesmo ele vai vir todo arrependido pra pedir desculpas.

(Cebola) – Sei não. Ele tá famoso, tem um monte de baba ovo em cima dele... acha mesmo que isso vai rolar?

- Pois eu acho! – no fundo, ele não achava nada mas o habito de contrariar como sempre acabava sendo mais forte.

 

Como não havia mais clima para ensaio, eles continuaram conversando, falando mal do Xaveco, fazendo planos para o futuro da banda que parecia meio comprometido e depois cada um tomou o rumo de casa.

 

Ainda assim doía no peito deles imaginar que uma amizade tinha sido desfeita de um jeito tão idiota.

 



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