História O Pecado do Amor - Os pecadores se encontram.

      Gritos podiam ser ouvidos a distância enquanto uma jovem loira corria entre as árvores de uma floresta, suas pequenas pernas já cansadas do esforço. Se escondendo dentro de um buraco em uma das árvores, a garota respirava pesadamente, tentando a todo custo acalmar o coração que parecia querer pular para fora. Não se arrependia do que fizera. Nunca se arrependeria daquilo.

      Se encolhendo mais fundo em seu esconderijo, a menina olhava o estado dos próprios pés: estavam totalmente machucados. A loira soltou um suspiro, passando a mão pelos machucados em uma tentativa de diminuir a dor; sem sucesso. Ela tentava desesperadamente se acalmar enquanto repetia as palavras tranquilizantes de um certo rapaz.

      Passado um tempo, a garota colocou uma parte da cabeça para fora do esconderijo checando o lugar em volta. Não achando sinais de pessoas ali ela suspirou feliz, talvez tivessem desistido de procur-

       — Te achamos, peste! – a menina foi brutalmente arrancada de seu esconderijo. O homem, que ela conhecia como um dos capangas de Miguel, a segurava pelo pescoço em um aperto sufocante. Ela não tinha como escapar.

      Ouvindo passos se aproximando a loira logo se viu cercada por seus perseguidores, o medo lentamente começando a crescer. Um dos perseguidores deu um passo a frente, falando com um sorriso:

      — Ora... Ora, olha o que temos aqui, Angel-chan tentando fugir?! – o homem que falou a tirou do aperto que mantinham sobre o pescoço dela, mandou um olhar de morte ao homem que antes sufocava a menina. O olhar parecia dizer: ‘’Nunca toque no que me pertence. ‘’ — Não precisava fugir querida.

      Ela conhecia bem esse homem. Miguel Sallazar era um dos Cavaleiros Sagrados mais fortes de Ravenna, terra natal de ambos. Ele possuía um par de olhos vermelhos e cabelo loiros que caíam perfeitamente em seu rosto bonito; Era uma beleza rara de se ver. Mas quem imaginaria que aquele sorriso bonito que sempre levava consigo escondia um coração tão feio? A própria garota tinha descoberto do sadismo obsessivo de Sallazar da pior forma.

      — Vamos matá-la logo chefe! – ela podia ouvir os subordinados gritarem. A menina assustada, subitamente, teve o pescoço apertado novamente, só que agora, por Miguel.

      — Não, ainda não. – aproximou o rosto da loira do próprio, afloxando o aperto no pescoço quando viu que a garota perdia a consciência lentamente. Ele não queria que ela perdesse a melhor parte do show.

     Ele a olhou nos olhos, sua próxima frase a fazendo engolir em seco.

       — Primeiro a faremos pagar pelo seu pecado.

      Ela estava tão assustada.

      //10 anos depois//

      De certa distância podia se ver uma jovem ruiva caminhando em direção a um bar, o dia tinha sido difícil para a pobre moça. Seu trabalho de caçadora de recompensas não estava lhe rendendo muito dinheiro. Ultimamente, a menina vinha trabalhando para pessoas mais pobres, aqueles que a justiça parecia nunca ajudar. Mesmo muito deles não conseguindo pagar por seus serviços, ela ajudava, na maioria das vezes fazia os trabalhos de graça. Mas não se engane; ela não era tão santa assim, a garota muitas vezes exigia alguma coisa das pessoas também.

      Afinal, Lia podia ser tudo, menos santa.

      //      //

      Chegando à porta do bar Lia o encarou. Era um bar bem simples, mas diferente dos outros que ela frequentava nas viagens, esse lhe trouxe um entranho sentimento de conforto. Ela logo tratou de abrir a porta calmamente.

      Dentro do bar varias pessoas a encararam, não era muito normal encontrarem mulheres nos bares. Bem, Lia não era o exemplo perfeito de normalidade. Ela se sentou em uma das cadeiras do balcão e pediu uma cerveja, o barman, um loiro de olhos verdes que parecia uma criança, abriu um sorriso antes de ir buscar o pedido.

      Quando ele voltou e colocou a cerveja em cima do balcão, Lia foi logo pegar o copo, fazendo suas mãos se encontrarem. Ela pode sentir seus olhos se arregalarem surpresos, ele era incrivelmente forte, a magia dele era muito parecida com a dela. Lia abriu um sorriso determinado, queria muito lutar com aquele menino, não, menino não, homem! Ela queria muito lutar com aquele homem.

     Ela pagou pela cerveja e saiu, esperaria até a noite antes de voltar.

      //      //

      Quando a noite chegou, ela retornou ao bar. Entrando no lugar logo avistou seu alvo, ele estava limpando alguns copos, mas com o barulho da porta abrindo olhou para cima com um sorriso.

      — Estamos fechados – disse o garoto, inocentemente.

      — Eu sei, mas você – Lia apontou para o garoto com uma mão na cintura, abrindo um imenso sorriso orgulhoso. – Lutará com a Grande Lia.

       — Ok... Agora? – o menino largou os copos, agora limpos, para baixo no balcão.

     — S-Sim, mas se eu ganhar você me diz por que sua magia é tão parecida com a minha – ela amaldiçoou-se por ter gaguejado no começo, não esperava que ele aceitasse tão facilmente.

      — Mas se eu ganhar você trabalha para mim no bar. – o garoto deu sua proposta com uma cara de quem não quer nada.

      — No bar? Por qual motivo você quer que eu trabalhe para você? – a ruiva não queria saber o motivo, mas perguntou de qualquer maneira.

      Em o que parecia ser um segundo, ela sentiu uma respiração no pescoço e um par de mãos agarrando seus seios. Lia soltou um mini grito e se virou para a pessoa que a tinha agarrado com um olhar furioso. Avistou o menino sorrindo de uma maneira pervertida, ainda segurando os peitos.

      — Obviamente, é porque você é muito bonita, olha essa flexibilidade. – respondeu dando outro aperto nos seios. Lia sentiu-se ficar vermelha  e, se era de vergonha ou raiva ninguém sabe. Antes que o garoto processasse o que acontecia, lhe deu um soco na barriga, o enviando longe em direção a uma parede.

      — Eu aceito pervertido. Você nunca ganhará de mim.

      Ele levantou limpando a sujeira da roupa, não possuía nenhum arranhão no corpo. Lia o olhou nos olhos antes de cobrar em sua direção com o punho. O garoto desviou habilmente dos socos e tentava desferir alguns, errando totalmente.

      Se você estivesse olhando a luta de longe, poderia se igualar a um duelo de titãs, mas é só chegar perto para ver que nenhum dos dois estava levando a luta muito a sério. Estavam apenas trocando socos e chutes que, para uma pessoa normal seriam muito rápidos para acompanhar.

      Em um passo em falso, Lia achou uma abertura e, como estava tentando desviar dos socos do loiro, não cogitou a ideia de ser uma armadinha. Balançou o punho em direção ao rosto do loiro, preparando a perna direita para derrubá-lo. O que ela não esperava foi o garoto parar o soco e lhe dar um chute nas pernas, a fazendo perder o equilíbrio. A ruiva iria cair para trás se não fosse o menino a puxando na própria direção. O resultado? Ele com a cabeça em um par de peitos. Lia ficou vermelha com isso, estava constrangida e com raiva.

      — Seu pervertido! Tire a cabeça daí! – o loiro a ignorou por alguns segundos antes de levantar a cabeça, tirando-a dos seios da menina e oferecendo um sorriso brilhante a mesma.—  Bem vinda ao Chapéu de Porco. Eu sou Meliodas.

      A menina sentiu a raiva diminuir com o sorriso do outro. Com um suspiro e um resmungo por ter perdido, ela se apresentou com um beicinho:

      — Meu nome é Lia, prazer em conhecê-lo.