Capítulo 4
• Planeta KSJ326_Que caia então meu chapéu •
Logo que cheguei ao segundo planeta, fui recepcionado por um homem alto de ombros largos, vestia um terno amarelo com uma flor cor-de-rosa no bolso do paletó, uma cartola também amarela.
Sua pele era alva, clara, enquanto seus olhos escuros como a noite. Ele deveria ser vaidoso... e com muita razão, pois sua beleza era estonteante.
— Ah! Um admirador vem visitar-me! — diz aproximando-se.
— Bom dia — digo, meio intimidado admito.
Observei sua aparência por um tempo, e acabei rindo um pouco, ele era engraçado!
— Tu tens um chapéu engraçado! — acaba por me escapar — Afinal, pra quê serve?
— É para agradecer quando me aclamam. Infelizmente não passa ninguém por aqui.
Ele parecia solitário... Fazer-lhe companhia não seria ruim...
— Bate tuas mãos uma na outra — solta, de repente.
— Como?
Ora não me culpe! Eu era confuso!
— Bate tuas mãos uma na outra, vai.
E fiz.
E ele curvou-se um tanto, levantando o chapéu.
Será esse um jogo?
Devo bater palmas até seu chapéu parar no chão?
Que divertido! Isso é melhor que a visita ao rei.
E continuei a chocar as palmas, por um tempo que não contei, mas nada do chapéu cair. Que difícil.
— E para o chapéu cair? O que devo fazer?
Ele pareceu não me ouvir, quase que repetindo a pergunta, ele me interrompe.
— Não é verdade que me admiras muito?
Admirar?
— Afinal o que significa admirar?
— É reconhecer que sou o homem mais belo, rico e mais bem-vestido de todo o planeta.
Fiquei confuso.
E devem estar pensando " Estamos surpresos com isso ". Sim, sim, eu sou surpreendente.
— Mas és o único homem de seu planeta.
— Me admiras mesmo assim!
— Então eu te admiro, mas de que te serves isso?
Ele logo responde, de prontidão.
— Faz eu me sentir bem comigo mesmo. Portanto, me admire.
— Precisas que os outros te admirem para que se sintas bem contigo?
— É assim que funciona, nós vivemos para nos tornar belos, padronizados, estando no padrão belo, seremos adorados, para que assim possamos nos sentir bem. Me admire!
— Parece errado para mim. Também não achas? Fazes mesmo tudo o que impõem somente para ganhar admiração? Por mera aparência? Sem ninguém conhecer-te verdadeiramente?
— Não posso evitar. Me admire!
— Mas e as pessoas que não estão no padrão belo?
— Não sei o que acontece, estou ocupado sendo belo. Me admire!
Acabei deixando o assunto para lá, eu não entendia muita coisa, ele era uma pessoa grande, não entendo pessoas grandes.
— Queria mesmo ver seu chapéu cair.
Ele olhou-me intensamente, pensou um pouco e disse-me:
— Se o meu chapéu cair, me admirás mais?
Se aquilo o faria...
— Sim, senhor.
Então, bati palmas mais uma vez, porém, diferente das antigas, o chapéu foi ao céu, depois, ao chão, cumprindo seu percurso.
E com um dos braços nas costas, um ao alto, a cabeça erguida e o nariz empinado, o vaidoso disse em alto e bom som.
— Que caia então o meu chapéu.
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