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História O Peso Etéreo da Nossa Quimera - Quimeras ao Éter


Escrita por: Cidiey

Notas do Autor


Se você é como eu, que ficou deprê pelo sacrifício da Ymir, sinta-se à vontade. Tome um chá e faça companhia a Historia no luto.

Capítulo 1 - Quimeras ao Éter


Há um arrependimento em meu coração. Eu não consegui casar com você.

 

Por que me abandonou, Ymir? Poderíamos ter ficado juntas até o fim. Você teria sido minha conselheira, quem diria que sou flexível demais em relação às minhas decisões como rainha e repreenderia-me. Quem me apoiaria até quando soubesse que tudo culminaria em um desastre, e foi o que fez, de certa forma. 

Desculpe por fazer essa pergunta retórica. Você não era uma pessoa crente no mítico por causa de sua experiência caótica com a igreja. Entretanto, seria ingenuidade da minha parte acreditar que há algo além da morte que faça com que ambas nos reencontramos em uma espécie de paraíso ou em uma próxima reencarnação? Fiz isso novamente, questionei-te como se estivesse viva diante de mim, roçando seu nariz no meu pescoço e, ostentando um sorriso zombeteiro, dizer como eu tenho aroma de hortelã e mel. Logo, eu responderia sarcasticamente em como você somente exala a cidra. Exalava a cidra.

Quando estou cumprindo meus ofícios no castelo, observo pela janela o céu índigo, às vezes com mais nuvens, outras com menos. Não gosto de me sentir nostálgica, pensar que já apreciei essa mesma paisagem anos atrás, quando era somente uma recruta com poucas preocupações. Costumávamos nos escorar em uma árvore de um campo parecido com esse; minha cabeça repousando em seu colo e suas mãos atadas ao meu cabelo emaranhado. Em seguida, faria comentários em tom jocoso sobre todos os recrutas se apaixonarem facilmente por mim, sem nem cogitar que ambas estivéssemos juntas. Não fazíamos questão de nos esconder. Como o tempo passa, não é? 

 Há tantas lembranças que tive ao seu lado que me marcaram. Permaneço absorta até nos momentos mais ordinários ou cômicos que já vivenciamos, como naquela vez em que estávamos no refeitório — você abraçou o corpo e asoprou o ouvido de uma certa garota baixinha e loira que não havia prendido o cabelo em um coque ainda. Então, levou uma surra por ter cometido o erro de ter confundindo a Annie, quando estava de costas, comigo. Se ela saísse daquele cristal, ficaria desapontada ao saber que não poderia terminar a briga que travaram e afundar o punho em seu rosto porque você morreu de forma tão medíocre, querida, devorada por um titã sem ao menos relutar.

Sei que sacrificara-se para proteger meu futuro como monarca, o que também não anula o fato de haver perdido o zelo pela vida e sentir que seus pecados foram absolvidos por mim no nosso curto relacionamento de mais do que uma mera amizade mesclada à tensão sexual. Sinto tantas saudades de ficar com a pele rubra em consequência de seus flertes sórdidos, Ymir.

Sabe, como fui piegas em achar que eu casaria contigo em um exuberante vestido branco e subiria os degraus do altar sob a luz do sol, projetando nos vitrais da igreja cores sortidas que pintariam nosso entorno em um visão digna a uma pintura a óleo, como se estivesse abençoando nossa união. Você estaria me esperando serenamente por saber que eu diria "sim" diante da proposta sem nem exitar. E eu diria "sim" tantas vezes quanto fossem precisas. Seu olhar terno centrado apenas em mim, fascinada pelo futuro cuja guerra nos privou — apesar de ter a certeza que nossa relação nunca seria aprovada pelo povo e pelos conselheiros do reino. Claro, esse foi apenas um de meus devaneios de tempos como membro pertencente à Tropa de Exploração.

Era cômico como ambas escondíamos segredos uma da outra: você por poder se transformar em titã, uma marlyana exilada, e eu por ser a descendente direta da coroa. Possivelmente, fora por isso que nos entrosamos tão bem, sabíamos que éramos imperfeitas, cada uma ocultava algo do passado e, o mais importante, não questionávamos o que era. Mentiras e  segredos são escolhas; portanto, denotam um significado de liberdade. Respeitávamos isso em nossa convivência.

Quando entrgaram sua carta, não fora apenas uma despedida a mim, mas também às vidas que tivera — primeiramente, como a antiga deusa cultuada, posteriormente, ao titã irracional condenado a vagar a esmo; e, por último, à soldada infiltrada na Tropa de Exploração que se apaixonara pela sua suposta inimiga.

Finalmente pôde repousar em paz, alheia a toda essa disputa política sobre a colonização e exploração de povos e recursos naturais do nosso e demais países — sim, também estou farta disso, nada que eu faça os deterá, dependo inteiramente da equipe de exploração. Espero que os esforços de Levi, Hanji e os outros soldados sejam o suficiente.

 

"Christa, eu não tenho o direito de dizer a você como viver. Então isto é apenas… um desejo meu. Viva a sua vida com orgulho."

 

Você foi a primeira a enxergar-me como realmente era — por trás da farsa da ingênua e altruísta Christa, até eu sentia asco dessa parte de mim —, alguém melancólica e solitária. A sensação de escutar meu verdadeiro nome ser pronunciado por ti foi libertadora, arrebatadora, como se tudo estivesse finalmente encaixando-se. Era o que eu precisava para aceitar e ascender ao trono, você me encorajou, agradeço-lhe imensamente. O impacto que tivera na minha vida, na construção de quem sou agora, é imensurável.

Consigo imaginar sua reação consternada ao saber que eu fora aconselhada a engravidar de algum homem da elite, que pertencesse a uma família abastada e exercesse grande influência, apenas para prolongar minha vida. Eu não seria morta se estivesse carregando minha prole. Você diria para eu me impor diante dos anciãos do reino, que não era obrigada a carregar filhos cujos quais eu não queria e, provavelmente, não amaria. Talvez, com o tempo, acostumaria-me aos seus berros ensurdecedores. Essa é uma parte de mim que tenho de sacrificar para garantir que meus ideais sejam mantidos e postos em prática. Mesmo que eu esteja sendo tratada como gado prestes a ser abatido e condenando minhas próximas gerações ao mesmo desfecho, preservo minha esperança e integridade. Quem escolhi para ser o pai dos meus filhos fora um rapaz de origem humilde, ajudava nas tarefas diárias da nossa fazenda que abriga as crianças. É uma boa pessoa, e isso basta para mim.

 

Portanto, agora retorno uma resposta com esta carta que nunca será entregue a você. 

Hoje, uma parte de mim aceita o fato de ter partido acreditando que eu teria a decência que nenhum outro teria de tratar a população com a dignidade que merece. Graças a você, todas as crianças que foram negligenciadas pelo sistema — desprovidas de afeto e oportunidade, como nós fomos — vivem no orfanato  ao qual administro.

Não tenho mais a coragem de dizer em voz alta a pronúncia corrosiva imbuída ao seu nome. Sinto como se toda vez que lhe chamasse, realmente estivesse aqui e fosse aparecer. Então, somente em meu pensamento: até a próxima, querida.

 

Com amor, Historia Reiss.

 


Notas Finais


Espero que a leitura chegue a quem gosta desse casal tanto quanto eu :)


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