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História O piano e o mousse de maracujá - Lar


Escrita por: tali-ta

Notas do Autor


Boa noite, meus amigos, boa noite vizinhança!
Cheguei com mais um capítulo de MOUSSE! Para a felicidade da Let, mais uma vez.
Beijo pra Catarina que, como sempre, tem participação em mais esse capítulo.

Espero que vocês gostem

Capítulo 3 - Lar


— Eugênio, eu ainda não entendi o motivo dessa viagem repentina ao Rio de Janeiro. - disse Violeta saindo do carro de aluguel.

— Já lhe disse, minha flor, tinha alguns assuntos para resolver aqui e achei que poderia ser uma oportunidade de visitarmos a cidade. - ela o observou, enquanto o marido lhe explicava o motivo. 

— Acontece que você inventou de fazer o sarau, que está cada vez mais próximo, e ainda temos muita coisa para fazer.

— Pois trate de se acalmar que tudo dará certo. Está tudo sob controle. 

— Ô meu amor, quando um homem diz que tudo está sob controle, algo sempre dá errado. 

— Violeta! - ela solta uma gostosa gargalhada. 

 

Ele beija a mão da esposa, antes de colocá-la em seu braço e se dirigirem a entrada do hotel, que já estavam acostumados a se hospedar quando visitam a cidade. 

Sempre que podiam, os dois fugiam para o Rio de Janeiro, que continuava sendo o refúgio do casal. Ficavam sempre hospedados no mesmo hotel, quase sempre na mesma suíte. Já conheciam o local e já eram conhecidos pelos funcionários. Eugênio sempre muito generoso com as gorjetas, Violeta sempre conversando com os hóspedes, com os funcionários, sempre muito elogiada por sua educação, inteligência e por sua beleza. O casal era sempre motivo de atenção entre os outros hóspedes e funcionários. Sempre ouviam elogios ditos em voz baixa, com receio de que os dois ouvissem (e quase sempre eles ouviam). Geralmente, elogiavam a elegância do casal, o bom humor, o amor estampado no rosto de ambos e que era visível a todos os olhos ao redor. 

Violeta gostava bastante de passar algum tempo na piscina do hotel, gostava de ler livros à beira da piscina, adorava observar as crianças brincando na água, conversar com outras pessoas. Por muitas vezes, em momentos simples como os que vive ao lado do Eugênio, ela se pega pensando como demorou tanto tempo para, enfim, viver o melhor da vida. Se pegava observando Eugênio se aproximando dela com bebidas, enquanto ela estava deitada na cadeira de sol, lendo Agatha Christie. Não conseguia conter o sorriso frouxo que brotava em seu rosto, assim que olhava para o marido caminhando em sua direção. Eram coisas simples, bobas, mas que para ela tinham um significado imenso. Eram sinais de uma felicidade simples.  

Eugênio adorava observá-la, belíssima, passando tempo à beira da piscina, lendo livros que, ela irá dizer, assim que terminar, com os olhos brilhando e uma expressão emocionada:  “Meu amor, você precisa ler esse novo romance!”. Ele tinha gosto em observar a esposa fazendo coisas simples ou não fazendo absolutamente nada, apenas vivendo a vida que eles estavam construindo juntos. Violeta, por muitas vezes, não fazia nem ideia dos olhos do marido sobre ela, estava tão distraída nas palavras dos livros ou nos modelos das revistas ou ainda das notícias do jornal, que não notava os olhos apaixonados de Eugênio a observando, mas mesmo sem notar, de algum modo, ela sabia que ele estava olhando para ela. Eles se sentiam no ambiente, como se os dois não precisassem olhar um para o outro, eles sentiam a presença um do outro e essa habilidade foi construída no passar dos anos.

  

Os dois já eram tão conhecidos no hotel que, certa vez, lhes foi dada a sugestão, pela administração, para que fizessem um desfile da Tecelagem no amplo e luxuoso salão de festas do estabelecimento. O casal gostou da ideia e ainda estavam conversando para fazer o evento acontecer, mas Violeta já tinha milhares de ideias fervilhando em sua cabeça sobre como seria o evento. 

Ela estava observando o salão vazio, quando duas mãos lhe agarraram pela cintura, a colocando perto do peito forte e que ela conhecia bem. 

 

— Quais suas ideias agora? - ele perguntou com a cabeça apoiada no ombro da esposa

— Ah, várias. Imagine só uma grande passarela ali - ela aponta para o espaço onde visualizou tudo pronto 

— Você deveria desfilar. - Violeta olha de lado para o marido - Não entendi esse olhar. Por que não?

— Porque eu não sei fazer isso. 

— Pois eu acho que você sabe.

— Mas lá vem você de novo com as suas ideias mirabolantes. - ela se afasta do marido, de frente pra ele, começa a falar empolgada sobre suas ideias -  Me deixa organizar tudo como eu estou imaginando. Podemos fazer um evento e tanto aqui, aproveitar a ótima maré dos negócios, a nova filial. 

 

Eugênio adora observar Violeta empolgada com algo. Ela sempre demonstra empolgação com todo seu corpo. Os olhos brilham, as mãos gesticulam, um sorriso deslumbrante estampado nos lábios, os passos rápidos misturados com leves pulinhos, enquanto anda por todo o local, sem falar na fala acelerada. 

 

— Eu estava pensando que podíamos escolher um tema para o desfile, podíamos também colocar uma banda, aquela banda que tocou na nossa festa. Aquela banda é ótima! - Eugênio sorri enquanto assiste a empolgação da esposa, que andava por todo o espaço - Isadora pode nos ajudar, claro, ela vai adorar. Heloísa vai amar a ideia também. Meu amor, quando eles nos sugeriram que fizéssemos o desfile, não achei que estavam falando sério.

— Por que não?

— Não sei. Existem tantas outras fábricas como a nossa aqui na capital. 

— Mas nenhum deles tem o que nós temos, algo visível aos olhos que chama atenção.

— Convencido. - ela dá um leve tapa no peito dele e nesse momento ele segura a mão da esposa, a puxando para perto dele, colocando as costas dela contra seu peito e a abraçando novamente 

— Sabe do que me lembrei? 

— Acho que sim, mas me diga. 

— Da nossa festa de casamento. - Violeta sorri, acariciando a mão do marido, que repousava em seu abdômen. - Como você estava linda naquele dia, eu me lembro sempre do que eu senti quando te vi.  

— Eu pensei que talvez estivesse em um sonho, daqueles que eu sempre tentava não acordar e eles sempre eram tão reais que eu podia acordar sentindo seu cheiro, seu toque, seus beijos. Lembro que naquele dia eu pedi para Dorinha me beliscar e ela ficou me olhando sem entender, mas atendeu ao meu pedido. Era tolo, mas eu precisava ter certeza. Precisava saber que eu não seria acordada por algum motivo, muitas vezes, alheio a minha vontade, descobrindo que tudo não havia passado de um sonho. 

— E aí você percebeu que não era sonho, que finalmente, você iria dormir e acordar nos meus braços - Eugênio a abraça forte em seus braços, ela deita a cabeça para o lado, sorrindo, e ele aproveita para dar um beijo delicado no pescoço da esposa 

— No momento que eu me dei conta disso, quando eu acordei no dia seguinte, com você ao meu lado, dormindo e eu me lembrei que não precisaria sair correndo, não precisaríamos nos esconder de ninguém, aquela era a nossa realidade, o nosso presente. Lembro que naquele dia eu fiquei alguns minutos parada, só te observando, desenhando a linha do seu rosto, como você sempre faz comigo, fazendo de tudo pra não te acordar antes da hora e aproveitando cada segundo que eu podia ter te observando dormir. Você se mexeu devagar e quando eu olhei pra sua mão, eu vi a aliança….em seguida olhei pra minha própria mão e também vi a aliança. Iguais. - ela fala com um sorriso largo no rosto e os olhos marejados - Era real. Olhei no nome gravado na minha aliança, fiquei uns bons minutos contemplando seu nome escrito naquele pedaço de ouro. O seu nome. 

— “Violeta, minha flor” - ela vira o corpo, ficando de frente para ele e ele acaricia o rosto da esposa, ajeitando seu cabelo.

— “Eugênio, meu amor.” É impressionante como você me faz ser um tanto quanto cafona e ainda assim, eu adoro.

 

Violeta sorri antes de aproximar os lábios dos lábios do marido para um beijo calmo e apaixonado. 

 

******

 

Eles estavam entrando no quarto de hotel, haviam acabado de chegar de mais um passeio. Violeta colocou os óculos de sol em cima do móvel e Eugênio colocou as inúmeras sacolas que carregava sobre o sofá. Violeta estava mexendo nos cabelos, quando Eugênio dá início a um assunto. 

 

— Está muito cansada?

— Não muito, por que? 

— Estava pensando que poderíamos almoçar fora do hotel hoje. 

— Algum problema com o restaurante do hotel?

— Não, nenhum, gosto muito daqui, mas estava pensando que podíamos passear.

— Nós acabamos de voltar de um passeio. Fizemos compras, andamos por aí.

— Não é disso que eu estou falando, meu bem. 

— Eu aceito, podemos ir onde você quiser. Acho justo até, já que você aceitou visitar todas aquelas lojas comigo e nem ao menos reclamou das sacolas ou de cansaço.

— Viu só? Mais uma prova de amor. - Violeta sorri

— Restaurante? Só restaurante? Mais nada?

— Está achando que eu tenho outros planos com você, por acaso, minha esposa? - Eugênio caminha na direção da esposa, a encarando

— Você ama falar “minha esposa”, eu sinto isso, eu sinto como você saboreia cada palavra. - Eugênio sorri, enlaça a esposa pela cintura e vai andando com ela até a cama. 

— Como você desconfiou, meu amor? - os dois caem na cama, Eugênio cai por cima de Violeta, que solta mais uma de suas gargalhadas. 

— Não sei, meu cabeça de bagre. - Violeta fala, mexendo no cabelo do marido, que sorri para ela.

— Ah não, Violeta….

— O que? - ela pergunta fingindo inocência - Sacripanta? Achei que você gostasse mais de cabeça de bagre. 

— Gosto mais, acho mais carinhoso. Na verdade, eu sempre gostei do jeito que você fala "cabeça de bagre". - ela sorri - Sempre achei bem bonitinho. 

— Ah é? 

— Uhum. 

 

Eugênio beija a ponta do nariz dela, antes de beijar os lábios de maneira suave e calma. Quando os lábios se encontram, de maneira natural, um beijo calmo acontece. 

 

******

 

— Que lugar é esse? 

 

Violeta pergunta assim que o carro para em frente a uma casa imponente, com portões brancos, um enorme jardim ao redor da casa de dois andares, de pintura branca e janelas grandes. 

Eugenio escuta a pergunta da esposa, mas não responde com palavras, apenas com um aceno de cabeça, enquanto abre o portão e sorri para Violeta.

 

— Quem mora aqui, Eugênio? 

— Um amigo que eu vim encontrar. 

— Que amigo é esse? 

 

Antes que ele pudesse responder, a porta se abriu e um homem os recepcionou com um sorriso simpático no rosto. 

 

— Eugênio! 

—Como vai, Augusto? - os dois se abraçam e Violeta observa - Essa é Violeta, minha esposa. Esse é Augusto, um grande amigo. - os dois se cumprimentam 

— Por favor, entrem e fiquem à vontade.

 

O casal adentrou a casa, que tinha mobília  sofisticada e de muito bom gosto, vasos com flores e  tapetes grandes. 

 

— Augusto está morando fora do Brasil, meu bem. Retornou apenas para acertar alguns assuntos e voltará para França. 

— Tenho alguns dias para resolver tudo e voltar para França. 

— Você não vive aqui? 

— Vivemos aqui por muito tempo, mas venha, me deixe mostrar algo para vocês. 

 

Violeta olhou para Eugênio, sem entender o que estava acontecendo, mas, ainda assim, seguiu pelo tour pela residência. 

Minutos depois, chegaram ao quintal e Eugênio viu os olhos de Violeta brilharem assim que viu o belo jardim repleto de flores e árvores. Eugênio olhou para o amigo.

 

— É lindo aqui. - ela disse, sem tirar os olhos do jardim 

— Gostou? 

— Sim, lindo. A casa toda é muito bonita, mas esse jardim é maravilhoso. Todas essas plantas, as flores, as árvores. É uma pena realmente que vocês não possam morar aqui. 

— Eu vendi a casa. - Violeta olhou para os dois que estavam alguns passos atrás dela 

— Que bom que alguém poderá usufruir de um lugar tão bonito. 

 

Sem dizer nada, Eugênio olha para o amigo, que acena com a cabeça e deixa o casal sozinho. Ele se aproxima de Violeta e quando está parado atrás dela, coloca a mão fechada a sua frente e quando abre, ela vê um molho de chaves. 

 

— O que é isso? 

— É nossa. 

 

Ela arregala os olhos para Eugênio e tenta processar o que ele acaba de dizer. 

 

— Essa casa? Nossa? Como assim, Eugênio?

— Eu queria saber se você iria gostar do imóvel antes de fechar negócio. - ela vira o corpo para ele, ainda olhando para ele sem acreditar 

— Você está me dizendo que essa casa, essa casa é nossa? - ela fala gesticulando 

— Nossa. Esse jardim que você tanto amou é seu. 

— Meu Deus! - ela fala, colocando a mão na boca, fazendo Eugênio sorrir. - Meu amor…..

— Queria te fazer uma surpresa. - nesse momento, ela já está em seus braços

— Mais uma?

— Eu amo te ver sorrindo assim.

— Você me mima demais. 

— Queríamos uma casa aqui, já havíamos mencionado isso. Gostamos do hotel, mas nada como ter o nosso canto. Estava conversando com Augusto e ele me disse que havia colocado a casa à venda, mas queria vender para alguém de confiança porque foi muito feliz aqui, não queria vender para qualquer pessoa. Achei que era a oportunidade perfeita, mas precisava saber se você iria gostar da casa. Quando te vi olhando tudo, todos os detalhes e sorrindo, sabia que poderia dar certo e quando vi a sua felicidade ao ver esse jardim….tive certeza. 

— Você não existe. - Violeta dá vários beijos no marido antes de abraçá-lo forte. - Você é maluco demais, Eugênio. - ela fala, olhando para o jardim, enquanto ele beija o rosto dela. 

 

*****

 

Dias depois…..

 

Violeta acordou sozinha na cama, a luz do sol invadia o quarto, junto de uma leve brisa que fazia com que as cortinas brancas de seda dançassem perto da janela de vidro. Ela abriu os olhos devagar e, como sempre faz toda manhã, procurou por ele na cama e encontrou um espaço vazio.  Olhou o relógio sobre o móvel ao lado da cama e viu que já passava das 10 da manhã. Eles haviam combinado que não acordariam cedo enquanto estivessem no Rio e, por isso, Violeta estranhou não encontrar o marido ao seu lado na cama. 

Violeta desceu as escadas da casa, ajeitando o robe de seda branco, enquanto procurava o marido pela casa. Passou pela sala de estar, de jantar, escritório, chegou a cozinha e foi aí que ouviu um som vindo do quintal. 

Devagar ela se encaminhou a porta que dava acesso ao enorme jardim, se aproximou dos dois degraus e encostou no pilar, sorrindo, enquanto observava Eugênio mexendo na terra. Chacoalhou a cabeça quando viu o marido de camisa social, com as mangas enroladas, o cabelo grisalho impecável com as mãos sujas de terra. Violeta mordeu o lábio inferior, cruzou os braços e não conseguia tirar os olhos dele, que ainda não havia percebido os olhos da esposa sobre ele. 

Violeta estava sem jeito de atrapalhar Eugênio, não queria tirá-lo daquela bolha onde ele se encontrava tão entretido com a terra, mas ele levantou a cabeça e os olhos dele se cruzaram com o da amada e ele sorriu. 

 

— Há quanto tempo a Sra. está aí a me observar? - ela dá alguns passos na direção dele, se encaminhando ao caminho de pedras que corta o jardim. 

— Alguns minutos. Não encontrei você na cama e saí procurando pela casa. 

— Acordei cedo e não quis acordar você.

— Mas se eu não estou enganada, havíamos combinado de não acordar cedo. 

— Eu sei, mas acabei acordando e resolvi aproveitar para ir para rua fazer algumas coisas. Fui até uma feira aqui perto, comprei algumas frutas, legumes e comprei também algumas mudas de plantas, flores e algumas sementes. 

— Você indo a feira? 

— Duvida que eu saiba como escolher frutas? - Violeta sorri, levantando as mãos em sua defesa 

— Você está tão adorável aí, mexendo na terra, mas usando suas roupas engomadas, seu cabelo impecável. Nunca imaginei presenciar uma cena como essa. 

— Comprei mudas de gerânios, azaléias, rosas, margaridas, girassóis e, claro, violetas. - ela sorri - Comprei de todas as cores que encontrei. - Eugênio se levanta, ficando apenas alguns passos longe da esposa - Vi também algumas folhagens, mas eu não sabia escolher, não entendo de folhagens, entendo de flores. - ele diz sorrindo e ela se aproxima dele. - O que foi? - ela limpa o rosto dele sujo de terra e, em seguida, lhe dá um beijo delicado - Bom dia.

— Bom dia, meu amor. 

 

Eugênio tirou as luvas e pôde ter Violeta em seus braços, a enlaçando pela cintura, colocando mais perto e sentindo os braços dela em volta de seu pescoço, enquanto aproximam os lábios para um beijo delicado. Após o beijo, Violeta repousou a testa na testa de Eugênio e ficaram assim por alguns segundos. 

 

— É o nosso jardim. - ela fala, enquanto eles observam o jardim e Violeta repousa a cabeça no ombro do marido.

— É sim, minha flor. - Eugênio fala, pegando a mão de Violeta e dando um delicado beijo. - Nosso jardim, na nossa casa, a nossa vida. - Violeta solta um suspiro tranquilo 

— Você vai ter que acabar me ensinando a mexer no jardim. Está se saindo melhor do que eu.

— Quer que eu seja seu professor de jardinagem, é isso? - Violeta levanta a cabeça, olhando para o marido 

— Meu Deus, lá vem você de novo, mas sim, é isso mesmo. 

— Posso ensinar meus dotes de jardinagem, sim. - Violeta começa a rir

 

Os dois entram na casa abraçados e rindo. 

 

******

 

Violeta havia mudado alguns móveis da casa, mesmo gostando da mobília, alguns itens não tinham muito a cara dela e de Eugênio e tudo que ela queria era que a casa deles tivesse a cara deles. Eugênio disse que por ele, ela poderia fazer o que quisesse na casa, mas ela pediu a opinião dele em cada detalhe e Eugênio, prontamente respondia todas, mesmo que Violeta decidisse fazer algo contrário ao que ele disse. 

Fato é que a casa estava com a cara dos dois. Violeta conseguiu colocar a personalidade do casal em cada cômodo, cada móvel da casa. 

Em cima do móvel na sala de estar haviam fotos do casal, fotos do casamento, fotos de viagens que eles fizeram, fotos em família. Na verdade, as fotos estavam espalhadas por várias partes da casa, algo que Eugênio adorava. Violeta não se lembrava mais quantas vezes Eugênio mencionou adorar ver as fotos dos dois espalhadas pela casa e por muitas vezes ela o pegava sorrindo, enquanto observava uma das fotos. 

Havia uma foto em especial que Eugênio adorava. Ela estava sobre uma mesa, perto do piano, na sala de estar. Estavam abraçados e Violeta estava com a cabeça deitada no ombro de Eugênio, foi durante uma festa de aniversário de Isadora na fazenda. Violeta estava linda em um vestido bordô, os cabelos levemente ondulados, no rosto tinha um sorriso calmo e sincero, que combinavam com a serenidade que tinha no olhar. 

Violeta estava observando a foto há alguns minutos, tinha um sorriso bobo nos lábios, enquanto observava sua própria feição na foto, sabendo que sempre fazia aquela mesma cara quando estava com Eugênio, sabia que aquele mesmo sorriso calmo e sincero estava estampado em seu rosto na maioria das fotos que tinham espalhadas por toda a casa. 

De repente, dois braços fortes a surpreenderam por trás, a enlaçando pela cintura e lhe dando um beijo no pé da nuca , que faz o corpo todo de Violeta se arrepiar. Aos poucos, Eugênio começa a cheirar o pescoço da esposa e deposita beijos carinhosos pela pele macia dela. 

 

— Eu amo essa foto. - ele fala, apoiando o queixo no ombro de Violeta. 

— Eu sei disso. - Violeta fala, acariciando as mãos do marido - Gosto dela também, gosto de como somos nós dois, de como ficamos bem juntos assim, apenas sendo nós dois. 

— Eu amo seu sorriso nessa foto, acho que por isso ela é minha preferida. Você está sorrindo por completo. Seus olhos, suas mãos, seu corpo, tudo está sorrindo. 

— Sabe que eu estava arrumando algumas coisas aqui, hoje cedo e me peguei observando essa casa e de repente, eu me peguei repetindo que essa casa é nossa. Que são as nossas fotos espalhadas pela casa, que tudo aqui tem um pouquinho de nós dois, que o cheiro de comida que estava vindo da cozinha, nós dois cozinhamos, que quando eu entro no nosso quarto, são as nossas roupas lá, o nosso cheiro naquele quarto. - Violeta suspira aliviada e pega a foto - Somos nós. - ela fala olhando para a fotografia e Eugênio lhe dá um beijo na têmpora. 

— Devíamos sair para jantar hoje. 

— Eu tenho outros planos, meu marido. 

 

******

 

Mais à noite, o céu estava estrelado, uma brisa calma passava por eles e o aroma das flores se espalhava por todo ambiente. A mesa do jantar estava posta ali, no jardim, no quintal da casa, em uma área de chão de pedras. A cortina de estrelas havia feito companhia para os dois durante todo o jantar, que os dois prepararam juntos. 

Após o jantar, os dois estavam sentados no banco, Violeta estava nos braços de Eugênio, estavam observando o céu estrelado e aproveitando o silêncio. A mão de Eugênio subia e descia pelas costas e pelo braço de Violeta, que cada vez mais se aninha no peito do marido. Ele, por sua vez, roça os lábios nos cabelos dela, sentindo a doce fragrância dos cabelos de Violeta e dando um beijo no topo da cabeça dela. 

 

— Está com frio? 

— Não, estou bem. Está tudo bem. 

 

Violeta acabou adormecendo nos braços de Eugênio, que ficou relutante em acordá-la, mas sabia que eles não poderiam dormir ali a noite toda. Ficou ali por mais alguns minutos, alternando os olhos entre Violeta dormindo em seus braços e o céu estrelado. 

Eugênio se descobriu um romântico desde que Violeta entrou em sua vida, sem pedir licença, ele costumava dizer que ela arrombou a porta e entrou sem qualquer cerimônia, como se já fosse dona da casa, mas até mesmo ele se surpreendia com os próprios pensamentos quando se tratava dela. Olhando para o céu e tendo Violeta em seus braços, era como se até mesmo o céu repleto de estrelas passasse a ser mais bonito desde que eles encontraram a felicidade nos braços um do outro. 

Quando era mais jovem, Eugênio custava acreditar quando ouvia uma pessoa apaixonada dizer que o mundo ganhou mais cor por conta do amor, mas com Violeta ele passou a ser a pessoa que diz tais palavras.

 

— Violeta, meu amor, precisamos entrar em casa, não podemos dormir aqui. - ele diz calmamente para não assustá-la e ela levanta a cabeça, sonolenta, olhando para o marido, que toca seu rosto. - Precisa que eu te carregue? 

— Está com saudades da nossa noite de núpcias? 

— Sempre. - ele sorri e os dois se levantam do banco

— Acho que podíamos providenciar uma cama ou um sofá para colocar aqui fora. - ela fala, segurando na mão do marido 

— Você quer mesmo?

— Você não precisa providenciar isso amanhã, ouviu? Estou apenas brincando. Fato é que se nos deitarmos na grama, eu me deitar no seu peito, eu adormeço em 5 minutos.

— Você está, praticamente, dizendo que meu peito é o seu calmante?

— Não, eu estou dizendo que no seu peito, eu me sinto segura para adormecer, independente de onde estivermos. - Violeta fala isso naturalmente, enquanto eles caminham até a porta, mas Eugênio para e ela olha para trás, ainda segurando sua mão - O que foi? 

— Seu dom de se declarar das maneiras mais lindas, mas com uma naturalidade de quem está dizendo algo corriqueiro. 

— Você acha que só você tem o dom de me deixar sem palavras, pois aí está. 

 

Eugênio se aproxima da esposa, tocando seu rosto e lhe dando um beijo delicado nos lábios. 

Os dois, de mãos dadas, seguem para dentro da casa e lá vão direto para o quarto. Violeta está, ainda, sonolenta, mas um pouco mais desperta, 

No quarto, Eugênio estava vindo do banheiro e ela estava na cama, encostada na cabeceira, olhando para o marido. 

 

— O que foi? 

— Nada. Estava te esperando. - ela mal termina a frase e solta um bocejo 

— Alguém ainda está com muito sono. Já entendi, está à minha espera. 

— Pois veja só você.

 

Eugênio, finalmente, deita ao lado de Violeta na cama. Ele olha para ela, a chamando e ela, rapidamente, se aninha novamente em seu lugar favorito no mundo. Onde ela se sente segura de tudo e todos, do que se pode ver ou é invisível aos olhos. Eugênio a envolveu em seus braços, lhe deu um beijo delicado na cabeça.

 

— Boa noite, meu amor. 

— Boa noite, meu querido. 

 

Estava tudo bem, tudo em seu devido lugar fosse em Campos ou no Rio de Janeiro. Fato é que eles precisavam um do outro para que tudo estivesse perfeitamente bem, para que tudo fizesse sentido, para que a sensação de que tudo está em seu lugar, tomasse conta dos dois. Eles continuavam sendo a casa um do outro, seguiam sendo o porto seguro, o ninho, a casa, o refúgio e o lar para onde sempre pode voltar e estar. Lar é morada, é aconchego e segurança. Eugênio se sente seguro quando está com sua flor, quando pode olhar para o lado e encontrar o sorriso dela iluminando o caminho que ele nem, ao menos, encontrou ainda. Violeta se sente protegida quando sente os braços de Eugênio a envolver com a segurança e a delicadeza de que tudo ficará bem, a sensação de que são um do outro e que se encontraram é  cada vez mais nítida em cada toque, gesto, palavra, olhar ou sorriso.

 

É, tudo está bem. 



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