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História O Plano Perfeito - (James e Richard) - Gêmeas


Escrita por: RebelD

Notas do Autor


Gostaria de informar que postarei os próximos capítulos no tempo de mais ou menos uma semana, pq agora acabaram os capítulos prontos e esse é o tempo que eu geralmente demoro para escrever.

Boa Leitura a Todos!

Capítulo 38 - Gêmeas


Monster - Imagine Dragons

Mistye voltou ao seu dormitório. Lyne olhou para ela e sorriu minimamente enquanto pintava as unhas. Charlie estava dentro do quarto com a luz apagada e apenas uma pequena luminosidade saia da tela do computador dele. A maratona de jogo online parecia boa. Foi tomar um banho frio, pois seu corpo pedia por uma baixa na temperatura. Lavou o cabelo mesmo estando tarde para isso e nem se importou em secá-lo. Uma vez na vida não a mataria. Saiu do banheiro e sentou no sofá para conferir os e-mails pelo computador. A esperança é a ultima a morrer, no entanto, estava quase. A única coisa que encontrou foi a data da prova de Antropologia, que ocorreria na próxima semana, terça-feira.

- Temos prova semana que vem. Está sabendo? – comentou com Lyne.

 - Não. Obrigada por avisar. – sorriu novamente do mesmo jeito de antes.

- Novidades? – puxou assunto.

- Não muito. – falou sem ânimo. – Eu progredi com Valentin, mas ele mal falou comigo hoje. Ficou do meu lado na aula, mas o tempo todo no celular. – contou.

- Espera. É o cara de cabelo rosa raspado? – perguntou.

Lyne suspirou e afirmou com a cabeça e os lábios comprimidos.

- Precisa escolher melhor os homens, Lyne. Francamente. – disse sem medir as palavras. – Me desculpe, eu só não sabia que era ele.

- Eu sei. – ela concordou. – Sei muito bem o que quer dizer. Rodeado de garotas e adora se exibir para todas. Foi assim que rolou com a gente. Um dia eu e Jared ficamos até tarde fazendo relatório e o colega de quarto dele estiloso e charmoso apareceu o chamando para beber e eu acabei indo com os dois. Foi fácil falar com Valentin, ele soube me valorizar e mostrar o quando me achava atraente e interessante.

- Então foi assim. – concluiu com o olhar na ruiva. – Você gosta dele? Ou só fica com ele, porque o cara te faz sentir mais segura?

- Eu gosto de ficar com ele. É bom e me divirto. Ele me cansa um pouco, mas vale a pena. Sei lá, estou bem com isso por enquanto. – foi franca.

- Que bom. E caso não esteja mais se divertindo, não tem problema em acabar com isso. Vai aparecer outro. Você é bonita, comunicativa e engraçada. Não há motivos para ser insegura. – falou seriamente para a colega.

- Obrigada, Mistye. Me desculpe pela forma como eu ajo com você. Me desculpe pelo que eu fiz. – sentiu culpa pela relação das duas ser daquela forma por conta de ciúmes e obsessão.

Mistye sorriu. Talvez a situação melhorasse para elas a partir daquele momento. Foi dormir para no próximo dia começar cheia de energia. O sono foi leve, acordou algumas vezes antes da hora e teve dificuldade para dormir novamente. Era frio durante a noite, mas não era a temperatura que a incomodava. De alguma forma, a tensão das provas e de suas preocupações estava acumulada, refletindo no relógio biológico dela. Levantou antes da hora e preparou um belo café da manhã, com maçãs, misto quente e café fresquinho. Foi bom, parecia que o café já fazia efeito em seu organismo lhe trazendo disposição.

Vestiu uma saia origami jeans, regata de cava baixa ocre com franzido na gola e sandália de solado grosso. Passou pouca maquiagem carregando no protetor solar e penteou o cabelo calmamente, mas ele estava marcado por não ter secado na noite anterior após lavá-lo. Jogou os fios para um lado da cabeça e deixou bagunçado do jeito que estava dando um ar despojado.

“Não do jeito que eu queria, mas vai assim mesmo.”

Prestes a sair do dormitório, Charlie saiu do quarto vestido, pegou sua garrafa na geladeira, a encheu com café e se juntou a Mistye.

- Vamos? – perguntou bocejando.

- Quer que eu te espere? Ainda temos tempo sobrando. – aconselhou.

- Não. Estou pronto, virei a noite jogando só preciso de café para ficar acordado.

Ele fechou a porta e partiu com Mistye para a aula do dia. Bebeu gradativamente fazendo careta nas pausas.

- Não tem açúcar. – avisou tarde demais.

- Amargo, mas bom. – respondeu com um sorriso amarelo e fez careta novamente.

- Passamos na cafeteria para pegar açúcar, o que acha?

Charlie balançou a cabeça com a boca cheia de líquido e mudou a direção para ir à cafeteria.

Eles pegaram saquinhos de açúcar no balcão e sentaram-se por alguns minutos. Charlie não sentia necessidade de falar, muito quieto e concentrado no café agora adoçado. Mistye balançava os pés querendo saber se realmente o amigo estava bem.

- Falando sério. – começou. – O que tá havendo?

Ele olhou-a, desviou o olhar e levantou para sair do local.

- Vamos, a aula vai começar.

 - Vamos. – concordou o alcançando, mas assim que parou ao lado dele voltou ao assunto. – Agora fala!

Charlie demorou para dizer, lançou olhares breves para ela durante o percurso, mas resistia fortemente em tocar no assunto.

- Fazemos as provas e trabalhos finais, passamos no semestre e entramos de férias. – listou em ordem os próximos acontecimentos. – E se um deles não acontecer? – questionou. – Altera o produto final?

- Acha que não vai passar? – ficou preocupada. – Mas você é um dos alunos avançados. Não tem como acontecer.

- Não quero fazer os trabalhos, estou sem vontade. Se eu tirar nota suficiente nas provas para passar vou adiantar minhas férias. – contou. – Não sei se você percebeu, mas eu não tenho muitos amigos aqui e estou sentindo falta dos antigos.

- É, eu percebi. – bufou. – Mas não é verdade. Você tem amigos, só se afastou deles. Achei que se desse bem com Richard. O Jared e você também saiam se eu me lembro bem. E o Oscar?

- Richard é idiota, não gosto dele. Já disse isso. – falou irritado. – Jared é um filhinho de papai apesar de ser gente boa, mas chega num ponto em que os interesses divergem e agora não estou a fim de ficar perto dele. Oscar tem muitos problemas, não é uma boa hora para contar com ele.

- Ele te contou sobre a situação familiar?

- Sim. Você e Oscar são meus amigos mais próximos aqui. Os outros são só para as horas boas, ninguém com quem eu possa contar.

- Brigou com a Lyne, não foi? – sugeriu temerosa. – Eu sei que algo aconteceu.

- Ela me contava muitas coisas, coisas demais. – desabafou. – Coisas que eu não queria saber. E é outra com quem não posso contar. Já falamos sobre isso.

Ele apertava a garrafa para conter o nervosismo. Falar sobre Lyne o deixava nervoso e ele se recusava a contar o porquê. Os dois entraram na sala, sentaram um ao lado do outro e ficaram alheios ao que o professor dizia, ato nada recomendável para a semana antecedente às provas.  Charlie poderia estar chateado pelo relacionamento entre Lyne e Valentin, mas se fosse apenas isso ele não estaria tão alterado. Tinha mais motivos nessa história. Um barulho no fundo da sala de algo batendo no vidro chamou a atenção dela, virou-se para trás e viu Richard com a mão na cabeça. Ele acordou. O tempo demorou para passar, já estava cansada de tentar prestar atenção e sempre ser desconcentrada por qualquer som mínimo. Levantou-se da cadeira e saiu. Mouret estava no meio de uma explicação, mas nem se importou com o ato dela. Mistye carregou apenas o celular e a carteira. Do lado de fora pediu para Charlie pegar as coisas dela quando fosse almoçar, por mensagem. O sinal estava bom e o Wi-Fi do Campus funcionando plenamente.

 Sentou na grama próxima aos limites dos muros e de longe avistou James falando com um homem de terno. O homem parecia sério e James alterado. Ele segurava uma arma na mão e passava repetidas vezes um pano sobre ela. Entregou de forma bruta a arma para o homem, sua expressão facial dava a entender que estava repreendendo o provável segurança.

“O tiro!”

Não sabia se era melhor ir falar com ele e persuadi-lo a dizer algo ou ficar onde estava e espera-lo se acalmar. Não teve a oportunidade de escolher, pois James a viu na grama observando-o e seguiu na direção dela. Lá vinha bomba. Percebeu a medida em que ele se aproximava que a mão direita com a qual ele segurou a arma estava extremamente vermelha e pulsando como se tivesse feito esforço com ela, como se tivesse disparado o tiro. Tremeu com esse pensamento. Se encolheu um pouco quando ele sentou ao lado dela passando a mão pelo cabelo para arrumá-lo para trás.

- Não tem aula agora? – soou impaciente.

Apenas continuou analisando o estado em que o rapaz se encontrava, listando várias razões pelas quais ele poderia ter atirado. Mas nada possuía embasamento convincente e ela realmente não sabia como prosseguir.

- Tudo bem? – ele perguntou dessa vez encarando-a.

- É, já estive melhor. – respondeu encarando de volta, sem expressão.

- Podemos conversar civilizadamente dessa vez.

Ele demonstrava um pouco de nervosismo. Ainda estava perturbado pela discussão com Mistye na festa do fim de semana. De um forma inesperada vê-la chorando no corredor mexeu com ele e o fez sentir culpa por dizer a verdade de um jeito tão cruel. Poderia ter dito de outro jeito.

- Não sou eu a inconveniente. – defendeu-se erguendo as barreiras.

- Quer ir a um museu com joias preciosas? São peças importantes na história do Egito. – propôs.

- Por quê? Precisa de uma nova manchete com sua linda namorada? – questionou fervendo. – Estou cansando desse papel.

- Na verdade não. Se eu quisesse uma manchete te levaria para um lugar mais movimentado. Tenho que conferir se todas as peças estão em perfeito estado, só achei que gostaria de ir ao museu. – contou sem olhar diretamente para ela. – Se não quiser, saímos outro dia e eu dou sinal para a imprensa.

- Não vai ter nenhum repórter? – perguntou ponderando a proposta.

- Não.

- Que horas? – aceitou receosa.

“Será muita burrice aceitar o convite de um possível criminoso de elite que atirou dentro do Campus?”

Ok. Ela não sabia se ele havia feito o disparo e nem o motivo para isso. Mas era bem provável. Só que ela não desperdiçaria a chance de ficar perto dele, pois isso significava ouvir o que ele tinha a dizer e o que as pessoas falavam com ele.

- Quando quiser. – respondeu atencioso. – Podemos almoçar e ir.

- Ok. Vou comer em casa. Nos encontramos depois. – falou pronta para partir.

Virou para Palentir uma última vez prevendo o que ele faria.

  - Coma também, não fique só esperando. – disse para se sentir melhor.

Foi até o quarto, montou um sanduíche simples e comeu sem querer demorar. Charlie chegou cerca de dez minutos depois com o material dela. Depositou em cima do sofá e olhou-a com peculiaridade.

- Fazendo lanche no almoço? – duvidou puxando uma cadeira. – Você gosta de comer, tratar o almoço como lanche da tarde não faz seu estilo.

- Estou com pressa. – esclareceu tomando um gole de suco.

- Algum motivo em especial?

- James esta me esperando. Eu disse para ele almoçar, mas tenho certeza de que não vai. – contou com peso na consciência. – Qual é o problema dele. Vir até aqui e ficar me esperando quando tem mais o que fazer.

- Ele é um idiota riquinho metido que não entende a nossa vida, meros plebeus.  Mas de sua forma estranha demonstra o que sente por você.

- Não. Ele precisa ter algum motivo oculto. Algo que o favoreça. – deu voz ao raciocínio.

- Não precisa, não. É seu namorado! Ele quer ficar com você e vai esperar se for preciso.

- Você não entende. Ele não é como as outras pessoas...

Mistye terminou o lanche, pegou uma bolsa para colocar o celular e a carteira, deu uma ajeitada no cabelo que estava pior do que de manhã e foi encontrar com James. O viu sentado no banco em frente a entrada do edifício. Escrevia no celular. Olhava poucas vezes para cima sem paciência e voltava a digitar. Ele tinha deveres e estava ocupado, mas mesmo assim a convidava para ir junto.

“Por quê?”

Andou rapidamente até ele e o cutucou. Acenou com a cabeça, virou de costas e foi para a entrada sem espera-lo. James a seguiu, não reclamou nem achou estranha a falta de diálogo, estava começando a se acostumar com os comportamentos esquisitos de Mistye. Ele tomou a dianteira indicando qual carro os dois usariam, pois cada vez ele aparecia com um diferente. Dessa vez era uma BMW i8 preta, completamente esportiva e chamativa, para a "felicidade" de Mistye. Ela se assustou quando a porta abriu, parecia que ia sair voando do carro. Entrou desconfortável e encarou feio o herdeiro assim que ele sentou no banco do motorista e as portas se fecharam.

James riu, não esperou receber uma bronca pela escolha do veiculo, acelerou o carro e voltou a atenção para o caminho sem se distrair pela expressão desagradável da garota. Ela notou nos detalhes internos do carro, era bonito, mas exagerado como qualquer assunto relacionado à Palentir. Por volta de vinte minutos, estacionaram em frente ao museu onde a exposição cedida por Howard estava exposta. O lugar era bonito, com arquitetura rústica de madeira, mas tecnologia avançada. Notou que ainda estavam montando as peças e colocando cada uma em seu devido lugar. Por essa razão James precisava estar lá, para supervisionar pessoalmente a montagem e se certificar de que não faltaria nada. Distanciou-se dele para fazer um tour e ver as instalações sem ser incomodada. As joias eram lindas, possuíam suas características particulares, mas seguiam um padrão de série. Haviam sido feitas há muitos e muitos anos, não se tinha conhecimento exato da idade de todas elas, principalmente as mais antigas que eram as mais importantes. Do lado de cada joia tinha uma explicação sobre o significado e a atribuição. Olhou de longe dois homens sendo orientados por James enquanto carregavam uma caixa estritamente protegida. Era a peça principal. Chegou perto sem se direcionar à James, ficou observando os homens desempacotarem e um outro pegar a joia cuidadosamente utilizando luvas e deixando-a no pedestal.

“O que é isso?”

Pensou assim que conseguiu ver a joia por completo. Era idêntica à que havia ganho de Richard no início do ano durante o passeio pelo mercado popular. Na verdade, pareciam irmãs gêmeas. Ficou analisando por um bom tempo, procurando alguma diferença. Rodeou o pedestal, se aproximou, distanciou, grudou o nariz no vidro, e nada, não havia nenhuma diferença. As duas pareciam exatamente a mesma. Por um momento pensou que era o colar dela ali, mas seria impossível.

James percebeu o interesse dela naquele colar.

- Pensei que não gostasse de bens de consumo caros. – provocou parando ao lado dela.

Mistye o mirou confusa, presa nos próprios pensamentos para se deixar provocar.

- É a mais antiga, a mais valiosa da coleção. – contou sorrindo. – Gosta dela?

- É, se parece com um colar meu. – falou sem alteração de humor. – Muito na verdade.

- Vazem muitas réplicas como lembrança do Egito e joias de marcas famosas também se inspiram nelas.

- Fazem réplicas muito boas atualmente. – confirmou fixada no colar.

            - Nunca fariam algo tão parecido. – ele contrariou. – Essas peças são feitas de pedras raras que brilham incrivelmente mais do que qualquer imitação, e o ouro é autêntico perfeitamente polido. Se olhar bem, não tem como confundir. – explicou.

- Talvez... – não se convenceu.

“São exatamente iguais.”

Olhou para James e o avisou que iria ver o resto, para ele não se preocupar em ficar atrás dela e se concentrar no que tinha ido fazer lá. Não precisava de uma sombra durante a visita no museu. Seu pensamento estava longe e ao mesmo tempo bem ali, a cada peça que via constatava que era tão deslumbrante quanto seu próprio colar. Provavelmente uma boa réplica, provavelmente...

“E se não for?”

Por qual razão haveria uma importante joia das antigas escavações em um mercado de especiarias no centro onde o povo trabalhava arduamente. E se houvesse, qual a razão de vendê-la por um preço de bijuteria. Eles poderiam não saber... Poderiam nem ter noção do que tinham, mas como não saberiam quando o colar era tão destacável entre os outros? Parou em frente a janela para refletir. Não tinha informações suficientes. Precisava voltar ao centro e falar com Abdel e a senhora da tenda que vendeu o colar. Ele trabalhava lá, saberia informar a procedência das mercadorias.

- Preciso ir ao centro procurar vasos decorativos. Cansei da decoração do meu quarto. – relatou ao Palentir quando os dois entraram no carro para voltar ao centro universitário.

- Não prefere que eu te leve em uma loja de decoração apropriada? – fez expressão desentendida.

- Claro que não! Estou no Egito, quero artesanato popular. – contou parecendo o mais convicta possível.

- Agora eu pretendia te levar à outro lugar. – ele falou baixo. – Não pode ser amanhã? Eu posso te acompanhar se quiser. – continuou estranhamente gentil.

- Está brincando comigo? – perguntou o encarando descrente. – Eu não quero passar mais nenhum segundo com você. Obrigada pelo convite, mas já foi o suficiente por hoje.

James ficou de algum modo aparentemente abalado. Não esperava que ela dissesse aquilo tão diretamente, apesar de saber que não era a pessoa que Mistye mais gostava.

- Bom, podemos mudar a programação. Eu vou com você no mercado agora e amanhã fazemos outra coisa. – negociou em um tom que dizia: Não vou ser deixado de lado, minha cara.

Isso não era conveniente. Ele não deveria saber o que Mistye faria no mercado, portanto não poderia ir junto. As opções eram brigar com ele e fazê-lo leva-la de volta ao centro, mas isso significava que ele a procuraria no outro dia, ou concordar em ir dar uma volta em algum lugar e se livrar de James no próximo dia.

- Aonde quer ir? – perguntou cedendo às vontades do mimadinho. 



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