1. Spirit Fanfics >
  2. O Preço da Felicidade >
  3. O Preconceito

História O Preço da Felicidade - O Preconceito


Escrita por: Dhnolis

Notas do Autor


Oi gente !

Ainda estão me xingando por causa de dona Mikoto ?
<3
Amo todos vocês, beijinhos !

Capítulo 9 - O Preconceito


O PRECONCEITO

 

Estava vendo o loiro pela janela da sala, ele conversava com um de seus vizinhos, provavelmente perguntando se a família Uchiha era trambiqueira ou não.

Sua aluna da parte da tarde tinha faltado e estava ali: sem nada para fazer.

Saiu de casa e continuou a observar o loiro da varanda, o clima estava frio naquele tarde e a brisa balançava as pontas de seus cabelos negros.

Quando o loiro terminou a conversa com a casa vizinha, girou o corpo e avistou Sasuke lhe fitando com muito interesse, acenou para o moreno que retribuiu com um meneio de cabeça. Foi se aproximando da casa do moreno, não tinha conseguido coisa alguma com os vizinhos e seus superiores estavam lhe perturbando por respostas.

A empresa acreditava que Uchiha Fugaku tinha armado tudo aquilo.

Que sua morte foi causada por ele mesmo.

- Oi.

- Oi, os vizinhos andam falando mal de nós ? - Quis saber.

Antes fosse aquilo.

- Na verdade, seus vizinhos só sabem falar bem de vocês, dizem que são trabalhadores e honestos.

- Deve ser porque é a verdade.

- Talvez seja. - Disse, quase vencido. Eles trocaram um sorriso.

A verdade era que a língua de Sasuke estava coçando por uma conversa que não envolvesse explicar multiplicação para algum adolescente.

- Tem bolo de frutas, quer entrar ?

- Ah - Não deveria. - Claro.

Naruto subiu pela rampa, encontrou Sasuke na varanda, eles deveriam ter a mesma idade. Passaram o restante da tarde comendo o tal bolo e rindo, acomodados na mesa da cozinha.

Estavam dialogando sobre os filmes em cartas do cinema quando Mikoto desceu as escadas, pela cara amassada e os cabelos desgrenhados, ela tinha acabado de acordar, além daquilo, o pijama com florzinhas estampadas comprovava a teoria sobre ela estar dormindo.

- Está se sentindo dor ?

- Estou bem. - Ela respondeu. Fixou os olhos no loiro. - Quem é esse ?

- Sou Naruto, muito prazer.

- É o cara do seguro. - Explicou o filho, apontando para Naruto com o indicador. - O peguei fofocando com os vizinhos e perguntei se ele não queria comer esse delicioso bolo que eu fiz.

- Hm, que interessante. - Ela riu, sabia que o filho não era capacitado mentalmente para cozinhar um bolo, era mais provável que ele colocasse fogo na casa inteira. Mikoto passou a mão pelos cabelos loiros, arrumando alguns fios muito rebeldes.

Buscou um copo de água, uma nova leva de comprimidos e encarou os rapazes novamente. Apontou com o queixo os pratos e talheres sujos.

- Você vai lavar essa louça ? Posso lavar mais tarde.

- Nem a pau. Vá descansar.

- Certo. Tchau, Naruto.

- Tchau, senhora Uchiha.

E voltou para cima.

- Sua mãe está bem ?

Foi a primeira coisa que Naruto perguntou quando a mulher sumiu escada acima. Sasuke deu de ombros.

- ...Ela está tentando.

O loiro aguardou por mais informações, não estava atrás daquilo para seu relatório.

- Ela esta com câncer. - Sasuke disse por fim e Naruto soltou uma respiração muito alta. - É, uma merda.

- Mas ela está fazendo algum tratamento ? Quimioterapia ou sei lá o nome do outro.

- Só remédios para dor.

- Eu não sabia disso.

- Não está no seu relatório ? - Provocou arrancando uma risada encabulada do outro.

- Existem muitos tratamentos novos, com o dinheiro que receberam do seguro, poderiam tentar algo. Li em algum lugar que estão usando células tronco para...

Ele parou de falar ao perceber que o outro esmorecia com cada palavra. Aquela mulher que arrumou seus cabelos estava com os dias contados ?

- Você me chamou aqui porque quer conversar sobre isso ?

O outro evitou os olhos azuis. Estava guardando tanta coisa para si nas ultimas duas semanas que era como se algo estivesse entalado em sua garganta.

- Talvez eu só quisesse me distrair. Todos me olham com pena por causa da cadeira de rodas, agora andam me olhando com pena por ter a mãe doente. Está com pena de mim, Naruto ?

Naruto negou.

- Vai colocar isso no seu relatório ?

Outra negação.

- Ta, isso significa que somos amigos.

- Legal. Então que tal essa: Vamos sair e ir ao cinema, se quiser chamar alguém para ir junto, fique a vontade. Conheço o dono e consigo entradas de graça.

- Qualquer filme ?

- Aham.

- Estou gostando cada vez mais de você, Naruto.

O celular do moreno vibrou em seu bolso, puxou e leu a mensagem que havia recebido de Sakura.

"Estou respeitando o seu silencio, mas quero saber se está tudo bem."

Não pode deixar de sorrir com aquilo. Desde que recebera a noticia sobre a mãe, cerca de quinze dias antes, tinha escolhido que era melhor enterrar bem fundo aquele recente interesse pela médica. Ia acabar dando merda mesmo. Percebeu que Naruto o analisava, ele era o tipo de cara que sorria com os olhos e descontraia qualquer ambiente mais pesado.

- Não vai responder ?

- O que ?

- A mensagem... Se eu recebo alguma da minha namorada e não respondo, ela fica puta.

- Ah, não é minha namorada.

Ele guardou o aparelho.

- ...É complicado.

Naruto soltou um risinho.

- Qual o nome dela ?

- Sakura, era minha médica.

- E não é mais ?

- Quando descobrimos sobre mamãe, decidi desistir da minha cirurgia para podermos pagar um tratamento paliativo para ela.

- Entendo.

O dinheiro fazia o mundo girar.

- Cirurgia de que ?

Sasuke se serviu de uma outra fatia de bolo, estava delicioso. Comprara aquilo um quarteirão abaixo de sua casa e estava mentindo para a mãe que havia ele mesmo preparado.

- Da coluna, para voltar a andar, sabe ?

Estava aderindo as informações: Mãe doente, cirurgia, remédios.

- ...Não vou mais fazer então achei melhor me afastar antes que ela me rejeite de vez.

- Porque ela faria isso ?

Era complicado. Naruto andava, como ele poderia entender ?

Uma coisa era estar com alguém que em breve poderia caminhar. Outra, muito diferente, era se relacionar com um inválido que estaria sempre preso em uma cadeira. Que tipo de mulher se sujeitaria aquilo ? Uma hora o encanto de Sakura iria passar e ela ia ver que aquilo era muito peso para suas costas.

- Acho que esse é um caso clássico de preconceito. - Naruto murmurou.

Preconceito ?

É era exatamente aquilo.

- Por isso me afastei dela.

- Ah, não, você entendeu errado.

Curioso Sasuke comeu uma boa garfada de bolo de frutas, esperando para ver o que Naruto ia dizer.

- Eu não estava falando dela, estava falando de você.

- Eu ?

- Sim.

- Mas eu sou o deficiente.

- Tem preconceito com o seu próprio estado físico. Não esta com medo de que ela não seja o suficiente, tem medo de que você não seja capaz. Posso comer outro pedaço de bolo ?

O moreno confirmou com a cabeça. O outro se serviu e comeu metade do pedaço antes de terminar o que havia começado.

- Tem que se aceitar primeiro, cara.

Sasuke passou o restante da tarde com a pulga atrás da orelha, policiando seus pensamentos, Naruto estava lá com a razão e aquilo era realmente uma merda.

Tinha tomado um banho depois que Naruto se despediu e foi embora, o cheiro de sabonete estava impregnado em sua pele e o amaciante de lavanda em suas roupas. Era novato naquela coisa de ajudar na casa. Tinha inventado de ajudar a mãe com algumas tarefas domésticas e começou com as roupas, logo na primeira lavagem entendeu que a quantidade de amaciante deveria ser muito inferior ao que ele usara. Agora por mais que lavasse a roupa sem nem usar o dito cujo, as roupas da primeira lavagem continuavam impregnadas com aquele aroma forte.

Se aceitar.

Foi o conselho que Naruto tinha lhe dado.

E se ela aceitasse aquela cadeira, quando aceitasse estar com ele ? Nunca iria saber se não tentasse.

Girou para fora de seu quarto no primeiro andar, rodando até a sala, sua mãe estava deitada no sofá, enrolada em uma coberta, assistindo a um filme.

- Oi. Você está bem ?

- Uhum. - A mulher resmungou.

- É sério, mãe, está bem ou não ?

Estaria bem se pudesse voltar ao trabalho, ficar naquela casa sem fazer nada a deixava louca. Sem falar nos remédios de dor que faziam a Uchiha estar atordoada a maior parte do tempo.

- Estou bem, filho.

- Eu vou sair, mas estarei como celular, qualquer coisa você vai me ligar, promete ?

Ela se sentou no sofá, metade dos longos cabelos em um emaranhado alto.

- Vai onde ?

- Encontrar uma pessoa.

- Eu espero que seja uma mulher. – Ela apontou para o filho. - E que seja formada em medicina.

Sasuke riu.

- Talvez seja ela.

Ela sabia ! No fundo Mikoto tinha visto aquela troca de olhares... Queria tanto o filho feliz !

E puxa, agora que o mais velho estava solteiro, ela necessitava que Sasuke encontrasse alguém para estar com ele, em tempos bons e ruins. Assim que Itachi estivesse melhor da desilusão amorosa, pretendia garantir o mesmo ao outro filho.

Ele foi de ônibus até o centro da cidade.

Era um local pacato de boas pessoas e casas antiquadas, típico daquele lugar dos Estados Unidos. A modernidade estava chegando aos poucos e muitas vezes aderia ao visual rústico preexistente.

A moça queria saber o que estava acontecendo, de modo que quando recebeu a mensagem, pedindo uma conversa cara a cara, ela aceitou de imediato. Antes ele parecia tão interessado e nos últimos tempos estava obtuso quanto á ela.

Viu-o vir rodando as rodas da cadeira no final da rua, respirou fundo, jogando algumas madeixas de cabelo tingido para atrás da orelha. Afinal de contas o que ele poderia querer ? Mexeu em seu aparelho de audição, aumentando o volume no máximo.

- Oi. Acho que precisamos conversar.

Ela deu de ombros como quem não estava preocupada, mas no fundo, estava. Começou a caminhar pela calçada, o moreno a seguiu. Já era noite, e estava frio, o céu estrelado e iluminado pela lua cheia. O Uchiha estava bem arrependido de ter saído de casa apenas com a blusa cinza que usava. A moça parecia bem mais preparada, em roupas quentes de aparência confortável.

Sasuke a seguiu por um longo percurso, ela dobrou uma esquina, dois quarteirões à frente, e deram de cara com uma esquina gramada, brinquedos metálicos e bancos de madeira dispostos entre arvores robustas.

Ela sentou-se no único banco vazio, os outros estavam ocupados por casais de namorados ou grupo de adolescentes, algumas pessoas passeavam com seus cães pela grama. Ele estacionou de frente para ela, encarando o par de olhos verdes. Travou as rodas e cruzou os braços diante do corpo.

- Pode começar.

Sakura o estimulou a falar e gesticulou com ambas as mãos.

- O quanto você gosta de mim ?

- O que ?

- Se pudesse colocar em um numero, qual seria ?

- Você é muito estranho. Por que estava me ignorando ? - Quis saber a rosada.

- Eu estava com medo do que você faria quando descobrisse que não vou mais fazer a cirurgia.

Falar aquilo em voz alta só dava mais razão ao que seu novo amigo tinha dito.

Estava realmente com medo.

- Estava com medo de te encarar e ver você me dizer que eu não valho a pena.

O vento uivou por seus ouvidos e ele se encolheu ainda mais.

- Eu gosto de você, Uchiha. E não me importo com sua cadeira.

Ele corou.

 - Eu não vou andar. - Reforçou.

Ela esboçou um sorriso, deu um pulinho para a beirada do banco da praça, afim de ficar mais próximo a ele. Roçou seus lábios aos dele com delicadeza, o ato não passou de um selinho tímido.

- Eu já disse: gosto de você e não me importo.

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, ela encerrou aquela conversa com a afirmação que o moreno precisava ouvir:

- Você vale a pena.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...