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História O preto é poético. - A jaqueta preta.


Escrita por: ErrorDufe

Notas do Autor


vou aproveitar que estou c/ tempo e inspiração pra escrever pq semana de TCC tá chegando

Capítulo 11 - A jaqueta preta.


Me lembro da minha infância – mesmo que de uma forma meio cruel –, dos bolos que minha mãe fazia e das broncas que meu pai me dava. Eu sempre me considerei um inútil, um perdedor, um fracassado. Agora finalmente descobri porque eu sempre pensei tudo isso. Eu não nasci para moldar uma vida minha, ou seja, não consigo construir uma ponte que eu mesmo vá atravessar, mas descobri que minha principal função é conseguir amenizar a dor e o sofrimento dos outros, construir a ponte e o caminho pelo qual essa pessoa vai passar, ou seja, de uma forma mais simples: eu sou o responsável por dar uma chance para aqueles que nunca tiveram oportunidade.

O alarme estava tocando, acordei assustado só por causa disso. Era normal o Carlos nos acordar aos gritos e berros – mesmo nas segundas – e, ele estava desmaiado com uma cara de ressaca no sofá. Se eu não soubesse que a família dele trabalha na faculdade e vive de olho nisso, eu até iria me preocupar, mas ele é jovem, então vou deixar ele viver perigosamente esses riscos. 

Levanto e vou de imediato me arrumar, as segundas são conhecidas por serem as chatas aulas teóricas, onde os alunos se juntam em uma sala, em frente ao quadro, com um caderno, anotando, todo aquele esquema de escola. Luccas não dava nem sinal de vida, ele deve ter poderes de sumir e brotar nos lugares porque eu nunca escuto ele fazer nenhum barulho pra se arrumar. 

— Véi...... tô bem não, nussa. - Carlos acorda. — Nunca mais eu vou beber na minha vida, sério, puts. 

— Você vai falar isso mais umas três vezes só essa semana mano. - respondo. 

— Que nada véi, quero saber de bebida nunca mais, credo, puts, tô muito mal. - ele vai ao banheiro. — Avisa lá que hoje eu passei mal belê?

— Pode deixar, se cuida. - pego o trabalho.

Esses jovens de hoje me surpreendem, eu não vejo qual o sentido em fazer o que eles fazem, talvez eles estejam buscando atenção ou algum objetivo, não sei. Cada um deve ter seus motivos pra fazer essa bagunça toda. 

— O cara bebeu todas. - Lee disse do nada me assustando.

— Que susto porra! - olho ele. — Pô, verdade, nem beber ele pode ainda, vai dar ruim isso aí.

— Foi mal, não queria te assustar. Pegou o trabalho? - ele perguntou.

— Tá aqui. - coloco na mochila dele. — Você pegou minha jaqueta? Essa parece a minha, tá até meio grande pra você.

— É, é. Devo ter pegado por engano, tô com pressa, olha o horário. - ele pega a mochila e vai saindo. — Bora? 

— É.. verdade, bora. - saio seguindo ele. 

Todo o caminho do dormitório até as salas de treino prático já era complicado, a faculdade era enorme, como se fosse realmente um bairro – deveriam usar linhas de ônibus mesmo – então imagine o caminho dos dormitórios até as salas de aulas teóricas, era bem mais complicado. Fora que a faculdade não era apenas de dança e música – o nosso curso – mas sim de vários outros cursos, além de ter ensino médio e ensino superior, que no caso, é o que a gente está fazendo agora. 

— Você conhece alguém da sala? - pergunto enquanto caminhamos. 

— Não e nem quero, vou passar longe. - ele me responde. — Só sei que do nosso curso só tem a gente com mais de dezoito, então só vai ter a gente na nossa sala mesmo.

— Isso não é tão ruim assim, pelo menos não teremos que aguentar aquelas crianças. - eu reclamo. 

— Não seja hipócrita, você é tão infantil quanto eles. 

— Eu?? Eu não sou infantil Luccas. De onde você tirou isso? - o questiono.

— Não sei, mas na minha cabeça você é. Nada vai mudar isso. - ele liga música no celular pra não ter que me ouvir.

— Tá certo.. - continuo andando. 

Ao entrar na sala me sento na fileira da parede, em minha opinião é a mais confortável de todas porque você pode se apoiar na parede, mudar de posição durante a aula, descansar, etc. Lee decide se sentar no mesmo rumo que eu, mas na fileira do lado, estamos no terceiro lugar de cada fileira.

— Pela sua cara, você acabou de ter um pensamento filosófico sobre os posicionamentos das carteiras onde a gente sentou. - ele me fala. 

— Foi exatamente isso. - sorrio. — E a melhor parte é que eu não cheguei a nenhuma conclusão racional. 

— Eu sei, você não é um ser racional, esqueceu? - ele arruma sua jaqueta. 

Eu tenho certeza de que aquela era a minha jaqueta preta, ele a pegou de propósito para me irritar, provavelmente. Mas isso não me incomoda, é bom ver que ele tenta chamar minha atenção, que ele pelo menos se importa. Por causa disso, eu não conseguia nem sequer parar de sorrir ao vê-lo vestido com uma roupa minha.

— Ficou boa, a jaqueta. Nem parece que você assaltou minha gaveta. - falo implicando com ele. 

— Não é sua, era. - ele responde. 

Definitivamente, ele ainda é meu rival, desde que começamos o ano nos desafiando no curso até agora, não deixaremos de ser rivais tão cedo. A diferença é que ele era impiedoso com as palavras. 

— Gente desculpa interromper a conversa mas tipo assim eu queria ter uns amigos novos e eu não sei se tipo assim vocês topam ser meus amigos então a gente podia ser amigo que tal?? - disse um garoto nerd que sentava na carteira em frente ao Lee.

— Que? - disse Lee. — Ué, tudo bem, de boas. 

— Aí que bom porque ninguém costuma gostar muito de mim eles dizem que falo muito mas eu não sei na verdade sabe - o garoto continuava falando. — Meu nome é João Paulo, mas tipo podem me chamar de JP não ligo não de boas! - ele arrumou o óculos quebrado.

— Beleza JP, mas tipo, o professor já entrou na sala, depois a gente conversa. - Lee respondeu. 

O tal do JP finalmente se virou para frente, eu não fui muito com a cara dele. Não sei por que, apenas não gostei dele ter interrompido a conversa mesmo, mas ele parecia ser um garoto muito sofrido, então acho que ia ser um bom amigo pra se ter por perto.





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