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História O Príncipe e o Grood (Imagine Kim Taehyung e Jeon JungKook) - A Casa dos Espelhos


Escrita por: awake_s2

Capítulo 58 - A Casa dos Espelhos


Fanfic / Fanfiction O Príncipe e o Grood (Imagine Kim Taehyung e Jeon JungKook) - A Casa dos Espelhos

Taehyung

Desde pequeno eu me considerava um ser corajoso.

Não só porque enfrentava inimigos de frente ou me aventurava na caçando animais de noite, nem mesmo por ter aceitado me casar com Alexa (E pra fazer isso bota coragem!), eu me considerava corajoso porque sabia muito bem camuflar meu medo.

Eu poderia estar nervoso, cheio de receios e até mesmo indeciso em recuar ou partir pra guerra, mas, como eu já disse, sei lidar com a pressão, sei mostrar o que eu quero que as pessoas vejam.

Mas desde o primeiro momento que coloquei meus pés nessa floresta me senti um completo covarde. Eu poderia não estar tremendo ou gaguejando como S/n, mas tinha certeza que eu não estava camuflando nada bem o meu espanto por ter conhecido as três garotas que acompanharam minha infância inteira.

Meu pai sempre contava essa lenda pra mim, “As três robalheiras, prontas para pegarem sua alma se você não aprender a lidar com o medo e defender sua alma da morte eterna”, era o que ele dizia, me fazendo passar horas acordado de madrugada treinando para que quando as robalheiras chegassem eu estivesse pronto, uma criança iludida e completamente manipulada por um pai que queria que ele se esforçasse mais que os outros garotos na arte da guerra.

Era como se somente isso importasse pra ele, como se eu não fosse capaz de demonstrar algo mais que força bruta, talvez fosse por isso que nunca disse pra ele que eu desenhava, um lápis não me ajudaria a vencer batalhas.

Eu tinha certeza que aquele lugar ia me deixar maluco bem antes de chegarmos ao tal “Vortur”, tão querido por S/n, ainda não fazia ideia de quem ele era mas dar um nome a face nebulosa que eu imaginava ser o homem de sua vida já era mais um motivo para que eu ajudasse meu cérebro a se controlar perto dela. Temos pessoas nos esperando em casa.

Não temos mapa nem a mínima noção de onde temos que ir além de uma vaga informação de que deveríamos seguir ao “norte”, mas distinguir entre norte e sul estava cada vez mais difícil com essas pequenas mãozinhas por baixo da terra me seguindo por onde quer que eu fosse, o cheiro de enxofre já estava começando a me incomodar e eu me recusava a sentar em uma árvore já que parecia que elas tinha vida própria e estavam somente esperando que eu sentasse meu traseiro nelas pra me enrolar em seus galhos mortos e nunca mais me deixar sair.

A neblina e as pedras negras que ficavam entrando no meu sapato não ajudavam nada no quesito “localização” ali, estava quase impossível distinguir pra que lado ir se a floresta inteira parecia algo único e uniforme, acho que eu já vi a mesma pedra grande umas três vezes seguidas, era como andar em círculos sem avançar em nada...e aposto que era só questão de tempo até que outro ser místico dessa floresta aparecesse e nos oferecesse carne humana pro jantar.

Claro que eu estava com medo, eu tremia por dentro e com certeza pensei umas mil vezes que foi uma completa loucura minha ter vindo aqui. Mas aí eu olhava pra ela...e me lembrava do porquê eu tinha decidido ficar, pra protegê-la, ajudá-la...estar com ela.

S/n estava muito mais assustada do que eu, e mesmo que ela nunca admitisse em voz alta não ia conseguir sobreviver a isso sozinha, ver que eu podia ser a pessoa que a ajudaria nessa jornada, ver que eu era útil pra ela, fez com que eu ordenasse meu corpo que continuasse forte e administrasse o medo, o camuflasse enquanto eu estivesse perto dela...para que eu fosse seu escudo, a única coisa estável em que ela pudesse se apoiar.

Não que eu queira que ela se apoie em mim literalmente...que ideia! Quem pensaria que eu iria gostar de abraçá-la quando ela sentisse medo? Puff...vocês sonham demais! Olha só pra mim! Eu sou o macho Alfa do bando, o Taehyung lobo!

Tenho tudo sob controle.

“Eu não sei você, mas pra mim a gente já foi pro sul, sudeste, noroeste até pro aléste! Menos pro norte, não dá pra se localizar nesse lugar” dizia S/n, me fazendo rir.

Era incrível como ela podia manter seu senso de humor mesmo estando em uma floresta perigosa onde havia uma grande porcentagem de chance dela morrer.

“Bom, enquanto a gente tenta achar o norte porque você não me conta um pouco mais sobre esse tal...” minha frase foi interrompida, bati minha cara com tudo em alguma espécie de parede ou vidro bem na hora em que eu ia fazer a pergunta pela qual eu estava mais esperando! Não sei se fiquei mais desapontado pelo fato de potencialmente ter quebrado meu nariz ou pelo fato de que não consegui saber ainda quem era aquele tal Vortur.

S/n tentou segurar seu riso atrás de mim mas era algo quase impossível, os sons da risada dela estariam mais hilários se eu não estivesse segurando um nariz quebrado com as mãos.

“Caramba, você tá legal?” ela perguntava, vindo até mim, tentando analisar meu nariz,n ão deixei que ela visse meu estrago.

“Eu tô ótimo!” obviamente não estava, ainda mais quando percebi que não havia absolutamente nada na minha frente, nada. Era pra ter alguma coisa ali, eu bati onde então?

“Como você bateu o nariz se...” e ela encenou o que eu havia feito, indo pra frente, sendo impedida por uma espécie de barreira invisível, S/n bateu no lugar, maciço como pedra e invisível como o ar.

Deixei o nariz após me certificar que ele não estava realmente quebrado e peguei minha espada, batendo contra aquela espécie de redoma...minha tentativa não deu em nada...parecia inquebrável. Segui com a ponta da espada percorrendo o circuito de lado para ver sua extensão, era estranho, como se eu estivesse desenhando no inexistente. Era larga, mas tinha um fim.

“O que é isso?” S/n perguntava, como se questionar em voz alta fosse ajudar em alguma coisa, eu era tão leigo quanto ela dentro dessa floresta, não conheço nada por aqui.

“Não faço ideia” afirmei, continuando a passar minhas mãos pela parede invisível, assistindo-a parar no ar em uma superfície que eu não podia ver.

“É doido né?” disse uma voz irritantemente conhecida atrás de nós, nos fazendo virar rapidamente em um susto.

Os olhos grandes e corpo peludo em conjunto com os quatro braços ágeis, logo me fizeram ter certeza de que não era mais uma das criaturas assustadoras das negras florestas, por mais que ele fosse quase um pequeno ser infernal fadado a estragar meus planos...Slash.

“Achei que a gente não ia mais te ver” dizia S/n, enquanto eu tentava controlar minha vontade de matar aquele grêmni.

“Ah, essa era a ideia inicial sabe? Mas a mami Flora decidiu mudar todo o plano” ele dizia, deitado em um galho das árvores mortas balançando o pezinho, não aparentando nenhum medo de ser exterminado por algum bicho que vivia camuflado nas cascas fúnebres delas.

 “Mami Flora?” perguntava S/n, apoiada na parede invisível, acho que ela estava confortável demais com aquela coisa, não podíamos nos descuidar.

Peguei em seu braço a retirando da parede desconhecida, a desequilibrando e olhando para Slash.

“Mãe floresta, minha chefinha” ele sorriu, com seus dentinhos de cerras afiados assim como sua língua inconsequente. “Era pro grêmni aqui só tentar impedir a viagem louca de vocês” ele dizia, apontando pra si mesmo. “Mas aí eu levei o maior sermão do tipo “Slash seu doido incompetente, eu disse que não era pra você deixar eles entrarem na floresta da escuridão, agora você vai pagar seu danado, segue eles!”” fazia sua imitação barata com a vozinha fina e irritante.

“Pra falar a verdade a mami quis dizer tudo isso através de uma tempestade e ventania, sou bom nisso, em traduzir ash vontadesh dela pelosh fenômenosh naturaish” Eu tinha quase certeza que aquele bicho fumava alguma erva todo dia antes de começar seu “trabalho”, era óbvio que ele era doido de pedra.

“Então você veio pra ajudar dessa vez?” perguntou S/n, desconfiada, com os braços cruzados.

Slash sorriu, se transportando rapidamente envolto por sua fumaça roxa até o lado dela. “É claro rapazeada! Essa foi a melhor punição que eu já recebi, ajudar dois idiotas a sobreviverem em uma floresta homicida?!” riu, sarcástico. “Ui, tamo todo mundo ferradão! MAS!!!” exclamou, em uma grande pausa. “Ainda bem que eu, o grêmni bonitão e completamente sábio, veio aqui pra dar uma mãozinha pra vocês” sorriu. “Ou melhor, quatro” falou, levantando suas mãos bizarras.

“E se você não ajudar?” perguntei, com uma sobrancelha arqueada, queria saber se era uma obrigação dele...poderia usar essa afirmação ao meu favor.

“Eu tô no barco até vocês saírem daqui...e com vida! Se não, papai aqui vai ter que brilhar em outra vida” sorri, maliciosamente.

Então quer dizer que a floresta brigou com ele, o puniu por não ter conseguido me impedir de entrar nas negras florestas o obrigando a me ajudar dentro delas. Ele estava preso à mim até que saíssemos de lá, e com vida! Para que ele pudesse manter a sua.

BUARRÁRRÁRRÁ!

Ele era meu agora.

“Ótimo saber que teremos um bom amigo pra viagem completamente segura não é S/n?!” e ela deu um sorriso de canto cúmplice, entendendo minha mensagem.

“É claro Slash, você finalmente vai servir pra alguma coisa” aquele pequeno ser ia pagar por cada coisinha que tinha feito a gente passar.

“Bem, vamos começar com isso aqui” falei, batendo no vidro invisível. “O que é?” perguntei, na esperança de que ele servisse ao menos pra ser o guia na viagem enquanto eu tentava encontrar um jeito de explodi-lo no meio do caminho.

Slash colocou as quatro mãos na cintura, logo após dando um toque com as duas direitas no lugar que eu mostrei, fazendo um som de vidro. “É a casa dos espelhos” revelou, indiferente. “Ela pode revelar tudo...de um reflexo até seu pior pesadelo” seu tom aterrorizante pretendia me fazer correr de medo por uma história de terror, mas eu não estava a fim de brincar no momento.

“Ótimo, então podemos simplesmente ultrapassar e seguir” falei, indo até a parte que percebi que a casa acabava.

“Você não entendeu pequeno grood” advertiu Slash, sempre inconveniente. “Se vocês puderam tocar na casa quer dizer que ela apareceu pra vocês, que ela quer que entrem...”

Ri, irônico, grande merda Slash! “Ah, com certeza! Vamos obedecer as vontades da casa!” eu dizia, olhando para S/n, esperando que ela me apoiasse. Mas não foi isso que constatei nos olhos dela, ela parecia cogitar aquela possibilidade, parecia já ter lido e ouvido falar de muitas histórias parecidas com a que estávamos vivendo e que era bem provável que Slash estivesse certo desta vez. “O que? Você acha que...”

“Taehyung, acabamos de conversar com três mulheres fantasmas que trabalham pra morte e roubam almas...não acha que uma casa com vontades é possível num lugar como esse?” Droga...ela tinha razão.

Olhei de volta para o nada, pensando no quão aquilo era irritantemente provável. “E se não entrarmos?” perguntei a Slash, que parecia se divertir com a situação.

“Ela tem seus meios de fazer vocês entrarem...ou é por bem, ou...”

“Tá! Tá!” exclamava S/n com as mãos pra cima, interrompendo Slash, ela estava realmente assustada. “E como a gente entra então?” perguntava, passando as mãos nos braços, tremendo.

“A porta está aqui...vocês só não conseguem vê-la...” dizia Slash, percorrendo o sólido invisível com as mãos até parar em uma parte que se sobrepunha as outras, não plana, diferente, uma pequena bolinha...uma maçaneta.

“É só puxar...” confiar naquele trapaceiro não era o melhor a se fazer, mas dadas as circunstâncias era nossa única opção. Esperar pra ver o jeito ruim da casa nos obrigar a entrar não era tão bom quanto entrar de uma vez.

Peguei na mão de S/n como que dizendo que eu estava lá, que eu ia sempre estar, até o fim de tudo aquilo, e ela assentiu levemente, me jogando aquele olhar paradisíaco.

Deus...talvez eu não estivesse com tudo sob controle...FOCO!

Coloquei minha mão onde Slash tinha indicado sentindo a maçaneta tocar minha pele, a virei em sentido horário e abri a porta da casa dos espelhos.

Uma pequena entrada escura se formou diante daquele grande nada da floresta, nos convidando a entrar. Virei para trás antes de continuar com um frio na barriga começando a se tornar mais forte.

“Você não vem?” perguntei à Slash, vendo-o nos observar com uma fresta de sorriso indecente.

“Ah, acho que não é muito a minha praia, e além do mais a casa só chamou vocês dois, seria um completo desrespeito entrar sem ser convidado...mas vocês vão ficar bem sem mim, quando saírem estarei esperando...” é claro que ele não ia arriscar sua vida pra ajudar, revirei os olhos e tornei a olhar pra frente.

Apertei a mão de S/n mais uma vez e a puxei entrando para dentro da casa. Assim que colocamos nossos pés lá dentro a porta se fechou.

Já era de se esperar que dentro do lugar só havia espelhos, o chão era composto por vários pedaços minúsculos de vidro quebrado, assim como as paredes e o teto, decorados com grandes espelhos de diversos formas e tamanhos, grandes pequenos, redondos, quadrados, retangulares, disformes, todos refletindo eu e S/n em todos os lugares.

Estava até ficando difícil discernir quem eram os verdadeiros Taehyung e S/n ali dentro, estávamos por toda a casa. Fitei S/n, sorrindo na tentativa de aliviar seu medo enquanto andávamos pela casa, ela tentou fazer o mesmo, mas foi tão fraco que quase nem apareceu.

Soltei sua mão somente por alguns segundos para olhar mais de perto um dos espelhos da casa, ele era diferente, adornado em ouro e salpicado por diversas cores de vidro diferente, um arco íris divertido, se eu não soubesse que estávamos em uma casa no meio da floresta dos horrores a criança dentro de mim teria se encantado com a beleza do espelho a minha frente.

“Olha só...esse é muito boni...” tentei indicar meu achado a S/n, mas quando olhei pra trás ela não estava mais lá. “S/n?!” Gritei, preocupado, minha voz ecoando pelo lugar agora vazio. “S/n?! Onde você está?!” comecei a andar mais rápido, percorrendo o percurso inteiro da casa, mas era como se eu tivesse passado através de uma parede e enjaulado em uma prisão de vidro só pra mim.

Tentei estraçalhar o lugar com as mãos mas a única coisa que consegui foi uma mão machucada e nenhum risco sequer em onde eu tinha batido.

“Droga...” reclamei baixinho, voltando ao mesmo lugar onde eu tinha a perdido, a casa queria brincar com agente e não parecia que ia ser divertido.

“Ei! Você!” ouvi uma voz familiar me chamando, de primeiro instante achei que fosse S/n mas assim que olhei para todos os lados e não vi ninguém, percebi que quem me chamava estava dentro de um dos espelhos.

O mesmo espelho no qual eu tinha me surpreendido, o colorido e adornado, de repente o adorno dourado foi substituído por trepadeiras que se entrelaçavam ao redor do espelho e o colorido chamativo passou a ser um simples espelho que refletia a mim.

Eu, Taehyung, com 7 luas.

Arregalei meus olhos e abri minha boca vendo o menino Taehyung refletido em minha frente fazer exatamente o que eu fazia.

Até que ele tomou vontade própria.

“Então é nisso que me tornei?” o meu eu criança dizia, me relembrando de meu passado antes distante. O menino frágil e magro em seus olhos pouco brilhantes e tristes falava comigo naquela casa, seu cabelo curtíssimo mal aparentava ser loiro, sujo pela terra em que sempre caía nos treinos incansáveis dia após dia.

“Não é à toa que nos rejeitaram! Olha só pra nós !” a criança começava a se enfurecer, olhando para mim de dentro do espelho.

Calma Taehyung, nada disso é real, a casa está querendo mexer com seus sentimentos, com sua mente...se acalme, camufle as emoções...

“Até quando você vai fingir que está tudo bem?!” meu eu pequenino continuava a brigar comigo como se fosse um homem feito, eu não ia ficar pra ser manipulado por esse lugar, comecei a andar para tentar me afastar dele mas onde quer que eu ia havia um espelho, e agora ele estava em todos eles.

“Até quando viver sob o comando das outras pessoas vai ser suficiente pra nós ?! Vivemos das migalhas que alguém quis dar a um menino rejeitado! Olhe pra nós! Veja no que você nos tornou!” minha respiração começava a se tornar ofegante, minha cabeça estava doendo, eu não queria mais ouvir!

“Chega!” gritei, em uma tentativa falha de pará-lo.

“Somos fracos! Perdemos tudo o que tocamos...” aquela criança não era eu...não era...não era!

“Tudo aquilo que amamos vai embora! A cicatriz está aí pra nos lembrar...Que todos que a gente ama vão embora...” Coloquei as mãos nos ouvidos, não queria mais ouvir.

“Sai daqui!” gritei, correndo, tentando me esconder em qualquer lugar onde o que eu era não pudesse me machucar.

“Nossos pais se foram! A mulher que amávamos se foi! E logo todos aqueles que ainda estão por perto também vão ir...” sua voz era afiada, firme, intensa, não conseguia parar de ouvi-lo.

 “A garota...uma hora ela também vai embora...e iremos ficar aqui, só você e eu, sozinhos...como os rejeitados que sempre fomos...” a criança desapareceu, minha cabeça estava confusa e eu não sabia mais pra onde olhar, mas a casa fez com que eu soubesse exatamente onde precisava fitar em segundos.

“Você é uma decepção pra mim!” meu pai se formava em um dos espelhos, em seus olhos pretos ferozes e voz rígida. “Queria que nunca tivesse te salvado, você não é meu filho! Nunca foi!” gritava, meus olhos começaram a marejar, dessa vez eu não estava aguentando a pressão.

“Que tipo de amigo você pensa que é?!” a voz de Jimin ecoava em outro espelho, me fazendo cair no chão com as mãos nos ouvidos tentando fazer as vozes pararem. “Até mesmo aquilo que você chama de amizade foi conquistado pela sua força, ou você não se lembra Taehyung? É a única coisa que você sabe usar...é o único lugar onde você realmente pertence”

“Covarde! Não lutou pelo nosso amor, e agora eu estou feliz com outra pessoa, porque você não foi homem suficiente pra mim!” gritava Thalia em outro espelho.

As vozes iam e vinham em uma inconstância perturbadora, e de alguma forma louca eu entendia todo o ódio que elas emanavam mesmo sendo propagadas em uníssono, as imagens tomavam forma e iam embora, tudo acontecia ao mesmo tempo.

“Parem! Saiam daqui!” eu exclamava, sem forças, atirado no chão.

“Fracassado”

“Covarde”

“Fraco” as palavras deles me atingiam de uma só vez. “Fraco...fraco...você é fraco Taehyung...” as pessoas que eu amava diziam em uníssono pra mim, me reprimindo, me fazendo cair, tentando me fazer aceitar que eu realmente era um fraco...um nada.

Não fui forte suficiente para ficar com as pessoas que eu amava...eu perdi todas elas...vou perder todas.

“NÃO!” gritei, rasgando minhas cordas vocais, levantando e atacando minhas mãos contra um dos espelhos com toda força grood que eu tinha, deixando que eu extravasasse toda minha fúria lutando com alguma coisa, qualquer uma, mesmo que fosse um simples pedaço de vidro, vi sangue cair nos pequenos espelhos que compunham o  chão, refletindo minha mão cortada e dolorida. Mas estava tudo bem...nada doía mais do que as vozes na minha cabeça.

Elas desapareceram, me deixando a sós com meus fracassos e o espelho em minha frente estraçalhado.

Mas pareceu que a casa não gostou de ter um de seus espelhos quebrados. Logo ouvi outro estrondo, um barulho de vidro se quebrando, e dessa vez não tinha sido eu. O barulho se repetiu em um ritmo sequenciado, um por um os espelhos da parede se quebravam, e logo os do teto também iam seguindo o fluxo de sons intermináveis e perturbadores.

Forcei meu corpo a se recompor, eu não podia demonstrar fraqueza agora, não aqui, não nesse lugar, S/n estava em algum lugar dentro dessa casa e iria se machucar se eu não tentasse encontrá-la, se eu não parasse de me afogar em palavras vazias de pessoas que não existiam ali.

Corri, tentando evitar os espelhos que se quebravam para que seus cacos não entrassem em meu corpo, eles pareciam me perseguir levando as pontas afiadas dos vidros soltos consigo, querendo me atacar, me machucar.

E então foi como mágica, como se um portal pra outra dimensão tivesse se aberto pra mim, como se sempre tivesse estado ali e eu não pudesse ver por estar muito cego para as coisas sobrenaturais, de repente S/n aparecia na minha frente, caída no chão com as mãos nos ouvidos, gritando em sua voz chorosa distorcida.

“NÃO!” suas lágrimas deixavam seu rosto vermelho, seus gritos pediam por ajuda, socorro, assim como eu estava precisando minutos atrás, ela iria morrer se não saísse de lá, os cacos de vidro iam machucá-la de uma forma muito grande e parecia que era isso que a casa queria.

“SAIAM DAQUI!” era quase como ter um pesadelo acordado, o desespero dela, a profundidade de suas exclamações eram tão grandes que me fizeram pensar que ela estivesse sendo torturada, se balançando como uma criança perdida, encolhida entre as pernas.

Corri com mais intensidade ao vê-la daquela maneira, eu precisava ajudá-la urgentemente. Cheguei ao seu lado e não esperei que perguntasse alguma coisa ou que se levantasse e corresse comigo, a peguei em meus braços como uma boneca e continuei a correr ao som de seu choro incontrolado. Era como se ela não estivesse ali, nem ao menos parecia ter percebido que tinha saído do lugar.

Eu a cobria com meu corpo tentando evitar que se machucasse, sentindo a casa desmoronar atrás de mim e os vidros cantarem sua canção gritante.

Achei que tudo estaria perdido, que eu não seria capaz de levá-la até a porta da casa, que eu era fraco...assim como todos me disseram, assim como eu achava que era...fraco por aceitar viver sob ordens para minha própria vida...porque eu tinha um destino selado.

Mas assim que avistei a pequena porta pela qual havíamos passado minutos atrás e ao olhar para S/n escondida em meus braços como se eu fosse seu porto seguro, como alguém de quem ela realmente precisava, não me senti fraco e nem alguém com destino selado e falta de opinião, não me senti um escravo da própria vida.

Me senti livre.

Senti que queria protegê-la assim sempre, em meus braços, como o refúgio que sempre desejei ser pra alguém.


Notas Finais


É isso por hoje anjinhos, tomara que estejam curtindo a história, prometo que o próximo beijo está próximo HUEHEUEHUEHEUHEU


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