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História O Príncipe Vermelho (Imagine Jeon Jungkook) - Capítulo XXXVIII


Escrita por: Sinkyhu

Capítulo 40 - Capítulo XXXVIII


Fanfic / Fanfiction O Príncipe Vermelho (Imagine Jeon Jungkook) - Capítulo XXXVIII

O cheiro de mofo intoxicante invadiu minhas narinas e comecei a espirrar. Eu estava em um quarto num estado deplorável, bagunçado, apesar de cheio de objetos valiosos.

Eu estava completamente nua sobre aquela cama. Me ergui com dificuldade, pois meu corpo doía e a cama não tinha conforto algum. Olhei ao meu redor, mas não havia nenhuma forma de sair daquele lugar. Drácula fez aquilo, me amarrou e me jogou para dentro de sua carruagem e foi até este maldito castelo, me jogou nesse maldito quarto e mandou os criados arrancarem minhas roupas sem cuidado algum.

Eu estava com muito frio e meu pescoço ardia. Me levantei e caminhei até um espelho, e a minha imagem quase espectral se refletia e revelava de forma ofuscada o que havia atrás de mim. Não era necessário saber tudo sobre vampiros para saber que aquilo era o sinal de que faltava muito pouco para que eu por fim me tornasse uma vampira.

Ouvi a porta bater, e uma criada entrou. Vestes sujas e bem magra, cabelos quebradiços e pálida como a morte. Não era uma vampira, mas estava entre a vida e a morte.

- Seu senhor solicita por tua presença na sala de jantar.

- Eu não vou, e ele não é meu senhor. - respondi prontamente me deitando novamente na cama e me virando de costas para a mulher.

- Sua mãe deseja lhe ver.

Congelei com as palavras. Nunca pensei sobre como seria ver minha mãe, conhecê-la e conversar com ela, tirar minhas dúvidas. Eu nunca tive uma figura maternal, nunca senti uma abraço maternal.

Lembro-me que quando eu era criança, eu chorava contra meu travesseiro, já que minhas amas me batiam falando que eu não tinha motivos para choras pois minha vida era perfeita e cheia de luxos. Mas eu sentia saudade de algo que eu nunca havia tudo, saudade de simplesmente dizer a palavra mãe, poder ter alguém para tratar meus joelhos quando eu os feria, que me rodasse no ar quando eu fizesse algo de interessante, que se sentisse orgulhosa de mim.

Quando me dei conta, eu já estava de pé, deixando a criada me vestir como bem entendesse, ou como Dracul houvesse mandado. Um vestido azul céu e um espartilho cinza, nada muito exótico ou luxuoso, mas de bom gosto com certeza. A criada me guiou entre o castelo até que chegamos num quarto, pois exigi ver minha mãe, e não aquele velho asqueroso.

Abriu a porta, revelando um lugar escuro, com todas as janelas cobertas por cortinas grossas aveludadas. Estava gelado como nas noites de inverno, e meu vestido era relativamente exposto demais para uma temperatura tão baixa. Cruzei os braços sobre o peito e caminhei até ficar diante da cama que vi graças a uma pequena vela que a criada havia ascendido em algum momento que devo ter me distraído. Quem estava embaixo do cobertor se ergueu, e assim que revelou o rosto, quase caí para trás.

Por um momento pensei que Margarida estava diante de mim (era realmente muito parecida com minha mãe), mas os cabelos com mais cachos e com toques loiros revelaram que não se tratava de Margarida. Aliás, a camisola da mulher era azul, e Margarida detestava azul e dizia frequentemente que azul era com para garotos, mas eu e meus irmão não perdíamos nosso tempo tentando explicar que azul era apenas uma cor, e que as moças mais nobres usavam azul para revelar o quanto eram importantes. Mas com o tempo ela não melhorava, era irredutível com suas opiniões, era quase impossível tirar alguma ideia ou objetivo da cabeça da jovem.

Por fim acabei a olhar a mulher ao lado dela, numa cadeira próxima a cama. Era Carmilla, os cabelos longos e a postura revelavam claramente que era ela, aquela mulher que pensei que existisse apenas dentro do meu subconsciente, aquela que me expôs para o próprio êxtase e que testou a atração que meu marido possuía por mim. Ela se levantou e caminhou até mim. Por mais que ela estivesse me transmitindo uma sensação de medo e alerta, não tentei me afastar dela, deixei que a morena chegasse até mim e me abraçasse. Ela pressionou os seios contra os meus, causando uma sensação dolorosa para mim e agradável para ela, mas não me deixei resmungar, eu queria parecer forte diante dela, para que a mais velha desistisse da ideia de me ter para ela também.

- Princesa, há quanto tempo não nos vemos, não é mesmo? - sorriu maliciosamente - Nosso último encontro foi bem agradável, pena que o chato de teu noivo nos interrompeu! - bufou jogando a franja escura para fora de seu rosto de porcelana.

- Não gostei quando arrancou tudo o que cobria meu busto. - falei com franqueza.

- Por hora, eu apenas fiz teu noivo lhe desejar ainda mais, deveria ficar grata por meu ato. - gargalhou - E seus seios são lindos, sabia?

Ignorei seu elogio e direcionei meu olhar até a mulher na cama. Parecia mais minha irmã do que minha mãe, não envelheceu um dia sequer, levando em conta uma pintura que vi dela antes de papai decidir queimar a peça. Ela observava Carmilla dar investidas em mim como se fosse uma cena normal, talvez as duas já eram íntimas, talvez até em sentidos que eu preferi não pensar muito á respeito.

- Olá, minha filha. - falou morbidamente, porém sorrindo. Sua voz tinha uma leve rouquidão, com a sensualidade que ouvi falar que as meretrizes tinham ao dizer algo - Pelo visto, o último filho que temos sempre é uma perfeita obra de arte, você é tão bela que atraiu a atenção de um dos homens mais gelados que já conheci.

- Dracul? - falei baixo, ainda tentando compreender que eu realmente estava falando com minha mãe.

- Não, Jungkook. - falou - Aquele garoto é jovem em fator corporal, sempre vai agir como uma adolescente á flor da idade e a mercê de desejos carnais. Mas apesar de tudo ele é tão reservado, tão controlado, tão... Frio. Você pode ser considerada uma bruxa por ter obtido o interesse dele.

- Ele está apenas querendo cuidar de mim, nada mais que isso.

Bufei e olhei para o vento batendo suavemente contra as cortinas pesadas. Não sei ao certo se eu havia exagerado ao não com Jungkook, talvez eu devesse tê-lo deixado dizer o que ele queria, mas eu estava tão insegura que não pensei direito.

- Ele não sabe se expressar bem. - Carmilla entrou na conversa brincando com meu anel de ouro - Eu o conheci desde quando ele era uma criança. Tinha uma carinha séria e raramente falava alguma coisa, não pedia nada, era a encarnação da timidez e do...

- Ciúme? - completei.

 Ela me olhou surpresa.

- Como sabe?

- Ele me disse. - respondi - Então você foi a Ama dele?

Ela deixou um suspiro escapar e soltou meu anel, voltando a se sentar na poltrona, mas sem tirar seus olhos de mim.

- Foi muito agradável cuidar dele, mas quando Drácula pegou a cozinheira, estava perigoso ficar no castelo e no reino, então ele se ofereceu a cuidar de Jungkook e continuar lhe ensinando tudo num reino vizinho, e assim foi até as coisas se arrumarem e Jungkook se tornar um perfeito cavalheiro e assassino.

- Ele disse que nunca mais lhe viu. 

- Dracul disse que se eu ficasse com ele, ele se tornaria fraco.

Nós três ficamos em silêncio por alguns momentos, apenas uma olhando para a outra, como se estivéssemos procurando por uma análise concreta de nós três, julgando nossos corpos, nossas histórias, e nossos pecados.

- Helena, - eu realmente queria chamá-lo de mãe, mas não consegui - qual é o meu nome?

- Você não tem nome.

A olhei chocada, e eu me senti sem chão. Como ela não tinha sequer pensado em qual nome me dar?! Como ela teve tanto desleixo com a própria filha?!

Me virei de costas e segurei o grito de raiva e frustração. Tudo o que eu precisava de saber era o meu nome, e ele sequer existia!

- Não que eu não queria lhe dar um nome, na verdade eu queria muito. Mas meus pensamentos não se afastavam de Dracul, eu só pensava no corpo dele junto ao meu, minha mente parecia bloqueada!

Eu não quis ouvir. Me virei e saí do quarto, com muita raiva. Segurei as lágrimas e respirei fundo. Eu sobrevivi 17 anos sendo chamada apenas por meu título real, eu poderia sobreviver assim, era algo importante para os outros, mas trivial para mim. O que me ofendia era que Helena não havia sequer pensado como todas as mães fazem, escolhendo com tanto carinho, com mesmo carinho que ela escolheu o nome de meus irmãos.

Respirei fundo. Como eu queria meu noivo aqui, eu parecia estar morrendo há cada segundo que se passava, eu queria finalmente encontrar um sentido em tudo, mas eu caí num novo quebra-cabeça repleto de circunstâncias e mistérios novos.

- Princesa. - ouvi a voz de Carmilla me chamando.

Me virei para ela secando uma lágrima teimosa.

- Sim?

- Não se importe com Helena, os anos a deixaram amarga. - sussurrou - Ela tem inveja de você, pois agora muitos lhe desejam, inclusive eu. - segurou minha mão - Mas respeito sua escolha, então podemos ser apenas amigas, o que acha?

A olhei e sorri um pouquinho:

- Acho perfeito, Carmilla.

Um relógio badalou alto, anunciando o início da noite. Carmilla me olhou e me puxou até estar os descendo pelas escadas.

- Onde estamos indo? - perguntei.












- Para a sala de jantar, princesa.



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