História O que será de nós? - Me espera porra!

-Amor, me espera! –Bruno dizia enquanto eu dava passos largos até o meu quarto. Que era separado do dele para podermos nos arrumar separadamente, no grande dia.

         -Anne Scopelli, me espera porra! – Costumamos perceber a gravidade da situação quando alguém nos chama pelo nome e sobrenome, agora imaginem quando vem acompanhado de um palavrão... Virei pra ele aos prantos, e ele simplesmente me abraçou, e levou-me ao meu quarto para conversarmos.

         -Toma. –Ele me alcançou um copo de agua que ele pegou no frigobar. –Quer falar agora o que está acontecendo?

         -Obrigada! Eu te amo! –Eu disse devolvendo o copo vazio para ele. –Eu sinceramente não sei o porquê dele ter tentado mexer em uma ferida que demorou tanto para cicatrizar. – Fiz uma pausa enquanto Bruno secava as lagrimas grossa no meu rosto. –Matheus foi meu namorado durante o colégio, ele era um dos melhores amigos do Alexandro. Fora o meu primo, todos os caras do colégio queriam ser o meu primeiro... –Respirei. –Você sabe...

         -Ele te forçou a fazer isso? –Ele olhou no fundo dos meus olhos em busca de respostas. –Que vontade de matar esse desgraçado! –Ele esbravejou.

         -Não. – Eu coloquei minha mão em sua perna, tentando acalma-lo. –Quando ele percebeu que iria demorar um pouco para acontecer, ele terminou comigo. –Ele soltou um suspiro preso em seus pulmões. –Mas, antes de tudo ele forjou provas de que eu havia realmente... – Eu pausei. – Como consequência, ele ganhou o dinheiro da aposta, e eu a fama de putinha do colégio. –Respirei antes de continuar. - Como todos sabiam que eu e o Leco éramos próximos, perguntaram a ele sobre a veracidade dos fatos relatados pelo Matheus, e sim, ele confirmou tudo!

         Bruno tirou a minha mão de sua perna e levantou, ele coçou a nuca, antes de ir em direção à porta, me deixando assustada quando ele disse:

         -Eu vou matar esse desgraçado!

Eu corri até ele para impedi-lo, depois de muito tentar consegui fazer com que ele retornasse e sentasse ao meu lado, e então eu pude terminar de contar a história.

         -A pior coisa do mundo, quando se é adolescente, é andar na rua e sentir o olhar julgador das pessoas, e por muito tempo isso aconteceu comigo. A faculdade de medicina foi a forma que eu encontrei para mostrar que eu era superior aquilo, hoje eu me orgulho em dizer que “a putinha venceu na vida”! – Eu continuei a explicar toda a história para o meu noivo.

         -Se metade dessas pessoas soubessem a pessoa maravilhosa que você é, com toda certeza elas não teriam feito isso. –Bruno comentou, e eu respondi:

         -Eles eram todos adolescentes, quem nunca fez uma burrada na adolescência? Os atos me fizeram sofrer muito, de vez em quando lembrar algumas palavras de ódio de alguns, me dói... Mas de certa forma eu superei! Tenho certeza de que farei de tudo para minha filha jamais passar por isso.

-Eu jamais deixarei isso acontecer á nossa filha, eu te juro! –Ele disse olhando no fundo dos meus olhos, me passando a confiança que só ele é capaz. - E por que, você e o Alexandro ainda se falam, se a maior parte do sofrimento foi causada por ele, que ainda por cima é da sua família?

         -Como você disse, ele é da família! –Eu dei enfoque em “Família”. - Ficamos um tempo sem nos falar, mas depois de muito tempo e muitas súplicas, resolvi perdoa-lo, antes de eu embarcar de vez para São Paulo, mas ele conseguiu estragar tudo! –Eu expliquei.

         -Por que nunca me contou isso? –Ele perguntou ao me envolver em seus braços, tentando passar força para mim, e o mais impressionante é que sim, ele tinha esse poder.

         -Porque essa era uma parte da minha vida em que eu não queria lembrar. –Suspirei fundo. –E de certa forma, tive medo de você não entender...

         -Anne, você só pode estar de brincadeira! Você acha mesmo que um boato mudaria o que eu sinto por você? –Ele perguntou e sem esperar respostas continuou. - Que se foda o que todos falam, ou falaram, o que realmente importa, é o quão bem você faz eu me sentir! Eu te amo e ninguém é capaz de mudar isso!

         Eu estava com os olhos cheios d’agua, ultimamente com a aproximação do casamento eu estava me tornando cada vez mais emotiva. Aos poucos o sono foi chagando e eu fui adormecendo aos poucos nos braços do Bruno, antes de eu apagar completamente eu disse baixinho:

         -Obrigada por estar aqui! – A ultima coisa de que eu me lembro é dele responder:

-Sempre vou estar!

BRUNO POV

         Larguei todos que estavam á mesa conosco para ir atrás da Anne, e após tudo o que ela me contou, a única coisa que eu realmente queria era quebrar a cara do primo dela.

         - Como ela está? –Alexandro me perguntou assim que eu sai do quarto da Anne, após a mesma dormir.

         Minha resposta foi apenas um soco na boca dele, que cambaleou, mas logo ele revidou. Começamos a trocar socos, aproveitei para descontar toda minha raiva, como ele foi capaz de fazer isso com a própria prima, ainda mais ela sendo a ANNE!?

         -O que está acontecendo aqui? –Não reconheci a voz, até quando eu olhei para o fim do corredor e eu vi meu futuro sogro. –Alexandro, você não cansa de me trazer desgosto? Você sabe muito bem que esta aqui contra a minha vontade, e agora batendo no noivo?

         -Só bati nele porque ele começou! –Ele respondeu ao tio.

         -Eu até imagino o porquê ele estava te batendo, só fez o que eu ha anos morro de vontade de fazer! Só não fiz por causa da sua tia... Mas eu estou muito agradecido por meu futuro genro ter feito! Vá embora daqui! – Meu sogro desabafou tudo o que tinha entalado na garganta por anos. –Está tudo bem Bruno? Me desculpe por isso! –Ele voltou à atenção á mim.

         -Está tudo sim! Não á com o que se preocupar... –Eu o tranquilizei.

         -O que você está esperando? Eu mandei você sumir daqui! –Meu sogro falou para Alexandro que nos observava.

         -Só vou sair daqui quando eu me despedir da Anne! Afinal eu estou aqui por ela, não por vocês... Se depender de mim esse casamento nem irá acontecer... –Ele respondeu arrogante, e a minha vontade era socar a cara dele novamente. Mas fui impedido pela voz da Anne:

         -Bruno? O que está acontecendo? –Ela perguntou sonolenta da porta do quarto.

         -O Alexandro está indo embora, e quer se despedir... –Eu disse encarando o mesmo.

         -Na verdade prima, eu queria te dizer uma coisa. –Ele fez uma pausa e a Anne olhou curiosa para ele, e então ele continuou: - Eu sei que demorei em perceber, mas eu te amo! Não é como minha prima, e sei que poderia te fazer a mulher mais feliz desse mundo, se é claro, você me der uma chance.

         Eu não estava acreditando que estava escutando aquelas palavras da boca dele, um frio me correu a espinha esperando uma resposta da Anne. Quando olhei para a mesma, ela estava com um sorriso bobo em seu rosto, e eu nunca senti tanto medo na minha vida, eu não posso perdê-la mais uma vez.