1. Spirit Fanfics >
  2. O quê? Super Poderosas, nós? >
  3. Lindo Tormento, Ensina-me a Matar

História O quê? Super Poderosas, nós? - Lindo Tormento, Ensina-me a Matar


Escrita por: Aly_Lyu

Notas do Autor


EU NUNCA IREI ABANDONAR ESSA FIC!! Que isso esteja claro.
É que aconteceu altas coisas comigo e eu tive certos bloqueios de criatividade sobre como escrever. Enfim, eu tive muitas dificuldades, mas acredito que a maior foi pq eu mudei de computador e não tava muito acostumada com ele e fui escrevendo sem prestar atenção no número de palavras.
EU SINTO MUITO! DE CORAÇÃO! Doí em mim também, se vocês não sabem.
Caprichei nesse aqui, ok? Espero que gostem, de verdade. Quero me perdoar com os leitores de forma justa, então suei escrevendo este capítulo, mas vai depender de vocês. Então... vou parar de enrolar e deixá-los com a leitura!!!
Me desculpem~~~

Capítulo 33 - Lindo Tormento, Ensina-me a Matar


Fanfic / Fanfiction O quê? Super Poderosas, nós? - Lindo Tormento, Ensina-me a Matar

Capítulo 33_ Lindo Tormento, Ensina-me a Matar

 

E então continuou assim mesmo. Descontraída, passeando os olhos pelo cenário calmo que antes não passava de uma típica avenida em uma típica cidade americana. Não se contaram quantos suspiros aliviados ela deu antes de pousar a chave na fechadura e dar de cara com a casa vazia apenas a esperando. 

Mais alguns passos e lançou as compras à mesa, tomou-lhe o celular do bolso e verificou as horas, visto que se atrasar nos próprios planos não era uma opção. Uma pequena movimentação chamou-lhe a atenção, mas era apenas os dois azulados folgados no sofá depois das horas de caminhada. Blossom os fitou com vontade, pensando no que poderia fazer para não levantar suspeitas do seu comportamento estranho. 

-Estou acabado... - lamentou-se Boomer.

-Somos dois.- Bubbles ajeita suas almofadas—E eu nem comi nada a tarde toda.

Esta, a pouco tempo, se permitiu ser raptada pelo desordeiro antes que se encontrasse com outros. Ele, ciumento, ela, preocupada com a irmã. Assim acompanharam a rosada decididos a não lhe causar mais atrasos ou problemas. Cody, por outro lado, se sentia roubado, mas nada fez a respeito. 

De repente, um ente se joga na poltrona carregando um pacote de marshmallows. Não demorou muito pra loira se debruçar nas doçuras junto com a rosada, que até agora não havia sequer encostado numa besteira. Só pararam quando o desordeiro veio com a ideia de voltar para o Prédio nos limites de Tonwsville e Blossom engasgar com a guloseima. 

-Verdade, eu tinha que entregar uma coisa pro Butch - disse, se levantando depois de recomposta - Querem ficar aqui? Vocês parecem mortos.

-É mesmo, eu ainda tenho um quarto aqui - Boomer exclamou contente, mas aos poucos foi se esvaindo com os olhares tenebrosos das irmãs. Ele aponta pras mesmas com uma cara intrigada - O que isso devia significar?

Ambas se entreolham com uma cara perdida, a ruiva deu de ombros e girou os tornozelos pro outro lado enquanto a azulada revira os olhos com um meio sorriso.

-Ah, o loirinho de sempre - Bubbles cede, rindo e bagunçando o cabelo de Boomer.

Blossom observa a cena por cima do ombro em silêncio enquanto andava. Viu que estavam bem entretidos e aproveitou dos segundos que tinha para entrar na sala a sua frente e fechar cautelosamente a porta. Já do outro lado, suspirou na madeira silenciosamente e começou a dar passos para trás, descendo cada degrau.

No entanto, passou a correr assim que tocou o piso. A pressa foi intensa: agarrava as amostras que tinha sobre a bancada e metia-as numa bolsa, e assim foi com seus cadernos de anotações, um Pen drive do computador, notebook, livros e algumas pequenas ferramentas, mas ao chegar perto da gaveta dos óculos especiais, vacilou os olhos sobre o lençol branco na sua frente. Era óbvio que havia algo debaixo dele que ela não queria ver.

Mas ela forçou-se a puxá-lo mesmo assim.

Elevou as mãos a altura dos olhos e fitou sua palma faiscando em leves tons de rosa; foi as encostando na cadeira da máquina vagarosamente até pairar sobre a grande lacuna que uns dos raios se tornou responsável. E foi aí que percebeu. Não importava o que fizesse, as suas mãos sempre a trariam ao mesmo ponto: ao definhamento, a queima, ao estrago.

-Vai ser sempre assim, não é? - Pergunta a si mesma com um ar de desgosto. Fecha os punhos e balança a cabeça com força para os lados, afinal ela não ia se permitir perder em pensamentos de novo como fizera na maior parte do dia. 

Com o semblante quase choroso, levantou a visão para topo da máquina, de onde rapidamente tomou o losango de cristal, fechou a bolsa e partiu. 

* * *

[Narradora]

-Nós já estamos aqui a horas… É quase noite! - reclama, sentada de cabeça pra baixo entre o chão e a parede com ar de tédio—E você nem pra me deixar tocar nos carros, tsc.

O moreno para com o que estava fazendo e vira-se para ela. Indignado, aponta uma chave de fenda no rosto da garota e diz:

-Eu sequer te convidei!!

-Precisava? - bufou - Bem, isso não importa mais. Vai me deixar fazer alguma coisa ou não? 

-Não. - abraça o capô do carro - Eu já tive que ligar o alarme de segurança com você aqui!

-Fala sério…que bebezão. - revirou os olhos e deu uma cambalhota pra frente, sentando corretamente. 

Na realidade, esta dupla esverdeada simplesmente deixou o campo de futebol após Buttercup ter pego um cochilo no gramado depois de chocar sua canela. Ela foi encontrada beijando a grama falsa e não quis mais treinar por enquanto. Butch não discordou e seguiu para seu passatempo de fingir ser mecânico e a morena não deixou de acompanhar, afinal, já tinham gastado toda a raiva que tinham um do outro. 

Ou assim pensaram. 

Buttercup ficou no cangote de Butch pra ver o que ele fazia ali de tão importante e divertido, mas apenas o encontrou limpando o motor e a mangueira de óleo, até o perfumava. Zangada por ter gastado o seu tempo naquele lugar para uma tarefa tão trivial, agarrou a cabeça de Butch e a chocou contra a peça principal. Sem mais ligar, deu meia volta.

-Sua louca!! - irritou-se, erguendo a testa vermelha - Que ideia foi essa?

-Argh, eu devia ter ido no McDonald's… - Abriu uma porta do fundo da garagem, que levava a um corredor—Como você passa esse tempo todo só esfregando um paninho?! 

O desordeiro estala a língua e revira os olhos para o interior do carro de novo, agora realmente mexendo no mesmo. Ignorou a crítica da morena para que pudesse finalmente dizer:

-Parece que você está implorando pra jantar. - sorriu de canto - Já que insiste tanto, eu te levo pra comer. - deu uma piscadela. 

-Até parece - zombou, fechando a porta com força. 

-Te pego às 8:00!! - diz, rindo.

Subitamente, a morena abre de novo a porta. 

-Eu estarei morta de fome até lá!

-7:30 então, Manteiga. - definiu, a olhando com firmeza e sensualidade—Pode ser?

-Uuuugh!! - bateu a porta novamente, fazendo o interpretar como um  “sim”. 

Butter havia entrado na parte domiciliar do Prédio, onde tinha uma maravilhosa cozinha com um maravilhoso conjunto de pão com geleia de uva e pasta de amendoim. “Se não tem cão, caça com gato”, em outras palavras, se só tem isso que seja!

O cômodo em si estava escuro, apenas com a luz da geladeira, pois como ficava no térreo, era impossível ter janelas – e Buttercup tinha preguiça o bastante pra não acender a luz. Apenas a luz da garagem do outro lado iluminava um pouco a cozinha pela pequena vidraça da porta e deixa o resto em penumbras solitárias e aconchegantes aos olhos. Ela podia ficar lá mesmo, naquele banquinho de balconista apreciando a refeição, mas sempre há algo inquieto com Buttercup. 

Um mero rangido sonoro chamou a atenção da adolescente e a fez virar a cabeça imediatamente para trás. Desconfiada, ela o seguiu devagar pelo corredor e no meio da penumbra sente algo movendo-se atrás de si, mas olhar por trás do ombro foi em vão. Involuntariamente, bloqueou os diversos sons do ambiente inclusive a voz de Butch a chamando e pôs-se a focar em pequenos sonidos vindos de dentro do Prédio: Não sabia quando aprendera esta técnica, mas, surpreendentemente, sabia exatamente o que fazer. 

Se apoiava com pés de ninja, cautelosos e mudos, enquanto faziam-se presentes os sons de uma ferramenta tilintando no chão, as diversas máquinas tecnológicas escondidas naquele edifício funcionando, as patas dos ratos imundos trespassando de um lado pro outro no último andar – uma surpresa pra própria morena poder captá-los – e, finalmente, estranhos passos e respirações. Estes, dispersos em dois lados diferentes, contudo um deles permanecia parado.

Localizou-o devidamente antes de despertar os olhos esverdeados e disparar pelo largo corredor. Butch, que tinha acabado de entrar na cozinha, estranhou e logo foi atrás, mas ela ainda bloqueava seus chamados.

Deslisou os pés numa curva e parou de frente a uma porta já amassada e não esperou nem mais um segundo sequer para escancará-la com os ombros. Butch chegou logo depois e se posicionou atrás da morena, que – deveras confusa – encara o ruivo caído no chão coberto de papéis e cabos elétricos. 

-Mas não deviam ser outras pessoas? – diz apenas para si.

-Buttercup! - pronuncia-se uma garota de dentro do quarto, nervosa - Você está pegando uma mania muito feia de estragar qualquer porta que tem pela frente, sabia?

A morena ainda estava quieta e com o olhar parado, pois  lutava para recobrar a audição geral de antes e poder escutá-los com clareza. Um estalo perto de seus ouvidos conseguiu acordá-la do transe um tempinho depois. Piscou os olhos diversas vezes e deslisou os olhos sobre Butch, Boomer, Bubbles e Brick.

-Bub… - falou baixo e vagarosa - Você estava aqui? - perguntou serena e leve.

-Hey! O que há com você? - Butch balança a mão à sua frente - Tá drogada?

-Parece… - comenta Boomer, sentado numa cadeira no canto com cara de mal humorado, afinal ele não queria estar de volta áquela sala de Brick.

-Tomou um susto tão grande assim?  -  pergunta a morena, analisando o estado de Brick.

-Um furacão entrou na minha sala de repente, qual a primeira coisa que eu poderia fazer? - defende-se enquanto levanta.

-Explicar o que é tudo isso. - adentra mais o quarto, olhando em volta. Assim que percebeu a pressa de Brick para tirá-los dali, apressou-se também até um dos computadores.

-Isso é... - espantou-se - A rua do colégio, a cantina, o Grêmio Estudantil, os corredores, a sala da diretora...- clicava veloz em cada tela que lhe aparecia - E a nossa casa!! - exasperou-se.

Antes que visse algo a mais, Brick a segurou rápido pela cintura e a carregou até o batente, enquanto Butch acalmava a loira, que não estava diferente. Ambas se debatiam, o ruivo já começava a se preocupar e culpar a Boomer: se este não tivesse batido a porta tão forte da última vez talvez a sua trava de segurança ainda funcionasse. 

-Por que você tem câmeras na nossa casa?! - gritou - Estava nos espionando!!?? O que tem ali que eu não posso ver?! BRICK, ME LARGA!

-CALEM A BOCA!!! - berrou, instaurando o silêncio perpétuo por parte deles - Eu explico até onde puder desde que não toquem em nada--

-Quantas câmeras você tem? - Butter estava muito impaciente, tanto que sua respiração a acompanhava nisso. Ela parecia querer estourar a qualquer hora, pois ainda mantinha raiva do desordeiro pelo que fez com sua irmã.

-Umas...- suspirou pesadamente, sentindo-se obrigado a responder - 25, talvez.

-Isso tudo?! - espanta Bubbles - Quando foi que... melhor ainda, pra que isso?!

-Eu sei por quê! - a morena deu passos a frente - Pra poder nos manipular com mais facilidade, saber por onde andamos, com quem estamos, o que fazemos! - Fica cara a cara com o ruivo, aplicando um golpe de nervos no moreno mais ao fundo. 

-O tempo inteiro... - Bubbles entra por completo na sala, olhando abismada para as diversas telas que alternavam o cenário constantemente. Na parede a esquerda, um quadro com informações cruciais que observaram durante os árduos meses de treinos que tiveram. Uma ficha de cada, minuciosamente detalhada e bem organizada pregada na parede—Isso é um tanto assustador...

-Você tem um segundo pra se explicar! - ergueu o punho, mas foi parada pela vítima. 

Brick pressionou um botão de um controle remoto discreto de bolso, fazendo um alto bip pela sala, que automaticamente arrastou suas paredes de ferro para trás, dando mais espaço no centro .Boomer deu um grito, assustado. Uma maquete de Tonwsville surge no centro de uma mesa; as luzes apagaram-se na medida certa de forma que ainda enxergavam uns aos outros. 

-Minha vez? - ele pergunta normalmente, enquanto Buttercup vacila alguns passinhos ainda irritada.

* * *

-Acho que está pronto... - sorri, erguendo as mãos bem á sua frente. Nelas haviam duas luvas grossas e fortificadas na cor preta. - São meio pesadinhas, mas não vou conseguir melhor!

A rosada estava sentada num banquinho da garagem de Butch, onde ela podia manusear peças feitas de ferro casualmente, desde que arranja-se para o moreno um óleo para carros turbinados no mercado. Procurando pelo mesmo, seguiu corredor adentro, onde pensou ter ouvido vozes ecoando.

Devo ter ficado louca. Não tem nada aqui._ Pensou, bufando. Até que escuta uma espécie de grito e semicerra os olhos róseos enquanto parada_ Um grito masculino? Isso não é meio raro de se ver?

Seguiu normalmente para o salão da Ala Norte, para dar tempo de pensar em mil e uma hipóteses antes da revelação. Empacou assim que notou as pessoas num cômodo bem próximo.

-Seu Stalker! - gritaram em uníssono.

O-O quê... Todo o pessoal está aqui?! Quando foi que Boomer e Bubbles chegaram?... Calma, isso quer dizer que...

-Dá pra esquecer essa história de stalker!? - o ruivo escarlate marcou sua presença, a assustando. Blossom arregalou os olhos e escondeu-se o mais rápido possível atrás da parede, movida por impulso.

Eu pensei que já tinha decidido minha opinião sobre o Brick, mas por quê agora..._pensava, cobrindo parte do rosto com a luva, enquanto corava fortemente_  Você sabe como agir, Blossom! Não esqueça do que aprendeu... Lembre do que ele te fez ontem e todos os outros dias atrás, não há perdão! Não há perdão!

Ela respirou fundo e ergueu a cabeça, ficando ali mesmo com os ouvidos atentos e colados na parede, pois seus amigos haviam fechado a porta. Até que teve uma brilhante ideia: se ajoelhou e tirou uma das luvas, encostou a ponta de um dos dedos - ainda instáveis - e, muito silenciosa, fez uma pequena brecha!  Calçou a luva o mais rápido possível.

Daquele buraco de minhoca mesmo ela podia ouvi-los. O assunto parecia um tanto sigiloso e exigente no quesito de ser discutido em grupo, mas se perguntava o porquê de ter ficado fora disso. Ela fazia parte do grupo, não é?

-O que eu tenho que fazer pra vocês entenderem? - suspira o ruivo, apoiando nas bordas da mesa. Nesta havia uma maquete, que Blossom reconheceu ser de Tonwsville quase inteira. - Quem sabe isso aqui ajude vocês…

Brick estende a mão e a escorrega para o lado; a maquete obedece o comando e se torna escura, com grades brancas. Boomer grita assustado assim que ela ocupa toda a sala de computadores do irmão, aquela parece ter sido a segunda vez que ele gritava. 

Dois toques no holograma e diversos pontos vermelhos surgiram como ícones num GPS, eram poucos e distantes entre si, além de imóveis. Antes que uma das duas questionasse, deu-se outro toque e então algumas áreas foram dominadas pela cor amarela. Seja por coincidência ou não, as duas cores estavam sempre próximas.

Ao puxar os dedos, Brick permitiu a todos uma visão total da cidade, e parou ali. Suas mãos pairavam sobre o holograma, mas nada faziam; o ruivo parecia estar imerso em pensamentos por um momento: os olhos, por mais que parecessem perdidos, estavam focados em uma coisa só, e isto o entregou. Bubbles reconheceu isto como uma semelhança entre ele e sua irmã no ramo. 

-Toda Tonwsville…? - balbucia Butch, sentindo-se traído – Você nunca me mostrou nada disso! - indignado se dirige a Brick.

-Pois é! - Boomer se pronuncia.

-Não tinha o porquê mostrar antes da hora. Bem, na verdade, nem está pronto, mas...fazer o quê? 

-O que é tudo isso? - Buttercup estava desconfiada e já prevendo um ataque surpresa de qualquer lado. 

-Aqui – o ruivo traça uma linha verde com os dedos, ela se despedaça e forma pontos em toda a cidade - São todas as câmeras que Butch instalou pra mim.

-Qu-Quando foi isso?! - Elas o olham.

-Aaah – ele suspira, bagunçando o cabelo—Faz tempo, mas ainda lembro da canseira. Um mordomo realmente não faria mal, Brick. 

-E onde que eu ia contratar um, gênio?!

-Faz um robô, gênio!

-Mas... - Bubbles respira fundo e fecha os olhos antes de falar—Brick, explica tudo logo para que possa deixar de desconfiar de você, sim? - ele assente com a cabeça, enquanto Buttercup batia na própria testa com a 

-Os ícones vermelhos são os lugares onde vi aqueles esquisitões mais vezes e as áreas amarelas é onde nós seis ao todo já andamos.

-Nossa! Eles estão mesmo nos seguindo. - Boomer se debruça no holograma - Uau! Bubbles, olha só o quanto a gente andou...

-Isso não é novidade, ô cabelo de cenoura. 

-Só não é porque eu instalei as câmeras e vez ou outra contava pra vocês – responde, tirando Buttercup de tempo - Elas captaram boa parte dos movimentos deles no início, mas muitas delas têm sido desconectadas ou destruídas de uns dias pra cá.

-Mas é claro, né, idiota? - Butch finge ser intelectual — Robôs descobrem esse tipo de coisa rapidinho.

-Peraí... - ele demora um tempo pra engolir o fato -… são máquinas??!!

-Descobri isso quando arranquei parte de um deles numa luta, lá onde a gente viu a Pantera Cor-de-Rosa gorda.

-O Fuzzy? - a loira quase ri.

-Esse daí.

-DEVIA ter me dito isso antes! Aaaah, agora muita coisa se encaixa… - tira o boné e passa a esfregar o cabelo—Se fossem humanos seriam terroristas, e é claro que ninguém seria maluco de  criar um grupo desse num lugar tão insignificante dos EUA...Robôs podem se autodestruir e terem habilidades compatíveis com as nossas! Butch, eu quero te estraçalhar agora...! - range os dentes, mas se controla logo depois – Mas mesmo assim, foi um humano que os programou e construiu.

-Hum... - Bubbles encara a maquete segurando o  queixo e tenta analisar - Se desse pra saber, pelo menos, o objetivo deles ficaria mais fácil. Tá óbvio que querem algo com a gente.

-Sobre isso... 

O ruivo ativa um pequeno painel abaixo da palma e aparece o desenho padrão das zonas amarelas. Ele seleciona mais cinco cores e bota no lugar dessas zonas, logo as relaciona com os ícones dos nossos perseguidores e aperta OK. Tais cores se separam pra diversos lados, quase preenchendo todo o mapa.

-Agora, esses são os lugares onde cada um de nós mais frequenta. Uma cor pra cada. 

-A minha é o azul-claro? - pergunta Bubbles, ele assente—Ué, estranho… Eu fui atacada por um deles sozinha bem aqui, mas não tem ícone nenhum. Tá desatualizado? 

-Não exatamente. Dê uma boa olhada no mapa inteiro antes.

E assim ela o fez, acabou percebendo que os ícones vermelhos pareciam quase todos numa mesma cor, tirando algumas exceções. Buttercup também arregalou os olhos: quem seria tão estúpido de não reconhecer aquela cor? Blossom fez o mesmo, extremamente curiosa.

-Nas primeiras semanas que nos conhecemos, todos pareciam ser o alvo deles, até nós! Mas depois de muito pouco tempo, as coisas começaram a mudar e eles tinham um alvo específico. Os lugares que mais frequentam, que já apareceram, de quem eles estavam atrás… quase todos os ícones estão numa única zona colorida.

-Rosa… - sussurra Buttercup, pasma. Blossom empalidece ao ouvir e fica cada vez mais atenta e aflita—Não, não! - olha para Brick, preocupada - Eles estão atrás dela?! I-Isso quer dizer que, querem ela mor-- 

-É aí que a coisa complica, na verdade. Vejam isso.

O ruivo configura o computador de maior tela e nela aparece Bubbles caindo no chão próxima a uma parede, á noite, e duas figuras travando uma batalha de golpes. Um é lançado numa cerca e então aparece outro.

-Esse sou eu, aparecendo pra ajudar - Fala Brick - Lembra desse dia, Bubbles? - ela assente com a cabeça. Foi a noite que voltava tarde para casa e, por azar, fora sequestrada na porta da sala de estar.

A filmagem continuou, até que as figuras ainda desconhecidas rolam no chão até pararem debaixo de uma lâmpada. O capuz de um deles caiu, revelando Blossom por debaixo do mesmo; o outro, que tinha todas as vantagens para acabar com a raça da garota, ficou parado por um momento longo, hesitante, e fugiu logo depois. A ruiva nem se dera o trabalho de persegui-lo: quis aproveitar o alívio para engolir os golpes que recebeu e respirar.

-Ele fugiu! Logo depois que viu que era a Blossom ele fugiu! Se for realmente um robô, como diz, suas ordens foram mudadas naquele exato momento para não atacar. Significa que…

-Na verdade queriam nos matar, mas não a... - começa Butch, mas não termina, apenas tem Brick confirmando seu pensamento.

-E a partir daí eu já não sei mais o que pensar. - suspira pesadamente - O que iam querer da Piolhenta? Qual a diferença entre matar a nós, mas não a ela, sendo que no começo de tudo, Blossom quase foi morta no centro da cidade?

Isso é bem verdade…_ pensa ela, tão confusa e assustada quanto.

-Não, Brick... Foi você que quase a matou jogando ela pra cima, lembra? - o ruivo desvia o olhar e encolhe os ombros quando a morena começa a falar - Depois Bubbles a encontrou e mais um apareceu e tentou atacá-la, então veio o Boomer e ela fugiu, aí outro a persegue. - só então ela percebe o que falou - Mas isso...

-No final de tudo, fica parecendo que... - começa Bubbles.

-Queriam nos acertar, mas por estarmos sempre próximos acabamos machucando os outros e, consequentemente, a Blossom que eles não querem matar - completa Butch- AAAH! É muita coisa pra minha cabeça! - se bagunça todo.

-Pois é... - afirma o ruivo - O engraçado é que isso parece ter acontecido a partir dessa data.

-Mas, Brick, eu ainda não entendi uma coisa...

-O que, Buttercup? - arrasta a voz.

-Se as câmeras foram feitas pra isso, então por que tem tantas no colégio, onde não houve ataque algum?

-Ai, ai - suspira cansado - Eu já te falei: Só coloquei as câmeras depois dos ataques, porque assim eu teria uma ideia de onde eles passariam na próxima vez. São lugares que ou precisavam ser mais vigiados ou eram pontos estratégicos…Além disso, serviu pra ficar de olho em vocês.

-Na gente? - perguntam elas.

-Claro, vocês se metem em cada confusão… - lembra Boomer - E é o melhor jeito de saber se vocês estão voltando a ser o que eram antes.

-Aquelas fichas falam disso? - Bubbles aponta pra parede que viu antes.

-Basicamente. -responde o ruivo.

A loira encara o desordeiro vermelho com um ar surpreso de admiração, nunca vira alguém que se focasse tanto numa coisa até o fim além de sua irmã. O garoto conseguiu unir peças tão irregulares em um quadrado perfeito, e este se transforma em um cubo, preso numa cadeia de fatos e teorias logicamente planejadas. Cadeia esta que prendia a sua irmã no centro, por que ela sabia, sabia que, no fundo de tudo, Blossom tinha um espaço especial nos planos de Brick. 

-Calma lá! Bubbles, a Blossom!! - exclama o desordeiro azul, fazendo a ruiva se esconder mais.

-AH! Verdade!

-O que foi? - perguntam.

-Nós estávamos em casa com a Blossom um tempo atrás, mas ela tinha sumido de repente. Então…viemos pra cá porque ela disse que tinha que entregar algo e-e...

-E entramos aqui procurando ela.

-Sumida…? Ai caramba. - Butch, arrasta a mão na cara.

-É melhor acharmos ela antes que tentem alguma coisa. - exclamou a morena.

-Ela disse que vinha pra cá, então ainda deve estar no caminho. - falou o ruivo.

A porta foi aberta e eles partiram o mais rápido possível, ou melhor, voaram para fora do Prédio. Mesmo que Bubbles e Boomer estivessem exaustos, estavam dispostos a procurá-la também, entretanto não perceberam a garota escondida bem embaixo de seus narizes. Esta, demorando para raciocinar, ficou imóvel até não escutar som algum ao seu redor. Saiu de onde estava com o peito medroso e entrou no quarto repleto de computadores, hesitante. 

Ligou novamente o holograma - imitando os movimentos do desordeiro - e assustou-se com o número de flechas amarelas que tinham sob sua cor de tal forma que sua mão pousou sobre o peito enquanto a outra ousava no painel, quase desesperada. Ela tinha que conseguir o maior número de informações possível, mas não havia nada que a ajudasse a saber mais sobre seus perseguidores.

Desistiu daquilo e se virou para algumas fichas pregadas num mural da parede. Havia um gráfico ao lado das fotos sem legenda alguma, porém o mais estranho foi o de Buttercup: Uma hora estava alto, na outra tinham quedas bruscas que assustariam qualquer um; a oscilação era surpreendente.

-Oh, então resolveu aparecer? - pergunta a voz irônica do batente da porta.

-Ah, então resolveu parar de falar da minha vida? - diz no mesmo tom, inclinando a cabeça lentamente na direção do rapaz. 

-Não é como se eu tivesse algo melhor pra fazer. - num tom entediado, gira o boné na sua mão enquanto fita os movimentos da garota - Você... já ouviu tudo, né? E então?

-Eu não tenho muito o que dizer. - anda para o outro lado, analisando as telas. Brick começou a se sentir incomodado; parou com o seu boné e semicerrou os olhos.

Blossom já cerrava os punhos, tentando se acalmar. A respiração se mantinha descompassada, como um touro de frente para o pano vermelho – por enquanto ela evitava qualquer contato visual com algo escarlate. 

-As pessoas estão começando a suspeitar de um conluio entre você e esses caras - começou a andar com as mão no bolso - Ou de que talvez você saiba de algo beeem interessante - continuaria provocando até ter uma resposta - Vamos, Blossy--

Parou, chocado. Como se fosse assombrado, tocou hesitante naqueles fios de sua cor, pois ver já não era o bastante para acreditar. A rosada ficou imóvel, com a cabeça cada vez mais quente com os toques do rapaz. 

-Dá pra parar de mexer no meu cabelo?! -perguntou, mas nada obteve de resposta além da mão afundando ainda mais nas madeixas curtas.

"-Você se orgulha muito desse seu cabelo, não é? Talvez seja isso que tenha chamado a atenção dele, no fim das contas. Coitada."

-EU DISSE PRA PARAR!! - deu um brusco tapa na mão de Brick e se afastou o máximo possível em direção a saída.

Só então, com aquele tapa,  que o desordeiro percebeu a luva grossa que ela usava e sem perder tempo agarrou o pulso da ruiva antes que saísse da sala, mas ao puxar o acessório, reconheceu uma espécie de trava como uma pulseira.

-Destrave, Blossom. - ela sacode o braço com força - Blossom!!! - a mesma relutava ao mesmo tempo que estressava o rapaz e ele, já com a paciência perdida, segurou o seu braço bem alto a ponto de desprendê-la do chão e revelou de uma vez: - Eu sei que foi você que causou o incêndio, tá bom?! Eu sei!! Agora me deixe ver isso!

Surpreende-se. “Malditas câmeras! Até no colégio!”. Contudo, parou de se debater periodicamente e Brick afrouxou suas mãos para que cancelasse a tranca - era de suma importância para o desordeiro estar ciente do nível que Blossom podia ter chegado.

Sem esperar mais um segundo, e numa velocidade estupenda, Brick é lançado no meio dos computadores por um único e simples soco definitivo de Blossom! No meio dos equipamentos destroçados, Brick fita confuso a feição sinistra da rosada. Os olhos eram tão penetrantes e de um brilho tão flamejante que ele não conseguia olhar em outra direção a não ser aquela.

-VOCÊ VIU TUDO O QUE ACONTECEU, SEU DESGRAÇADO!!! E MESMO ASSIM NÃO FEZ NADA!! ANTES QUE EU EXPLODISSE AQUELE MALDITO BANHEIRO!

-Espera! E-eu  n--

-CALA A BOCA OU EU ATIRO!!! - ela estendeu a mão sem luva, com a mira perfeita para a testa do desordeiro. Estava trêmula, suando frio, e tudo isso fazia as faíscas ficarem ainda mais instáveis na sua palma. Contudo, o seu olhar e o ranger de dentes massivo diziam outra coisa.

-Fi-Fica calma... - tentou se levantar com as mãos acima da cabeça - Você não está pensando, Blos--

-Ah, agora eu não penso também?! Vamos lá, Brick, solta a língua de uma vez! - riu sarcástica - Que eu já anoto logo tudo num dia só;  - ele se mostra mais do que perdido e confuso - Uma hora sou uma nerd chata, outra sou apenas uma esfomeada que só pensa em comida, e agora sequer sou racional?!! 

As faíscas começam a crescer demais e ela teve de usar a outra mão para segurar seu pulso e permanecê-lo fixo. Brick não imaginava e nunca teve a ousadia errônea de imaginar qualquer coisa parecia com a situação em que estava, onde em seus pensamentos Blossom o ameaçaria de morte?!! Ou pior, desde quando não conseguia imaginar sua arqui-inimiga em tal posição?! 

Estava abismado o bastante para se tornar incapaz de reagir, aquela não era a Blossom Utonium a qual aprendeu a se apegar. E daquelas falas... de algumas ele mal se lembrava ter dito, mas aos poucos a mente ia clareando e a razão ia novamente voltando para a ruiva.

-Mas que porra é essa?! - gritou Buttercup,  no batente da porta, igualmente assustada - Blossom!!??

A jovem se sobressalta com a chegada da morena, mas pretendia ignorar e atirar em Brick se não fosse os outros que chegaram logo atrás. Ela começa a se apavorar com os semblantes aterrorizados de suas irmãs e os olhares fielmente confusos dos rapazes, encarou Brick mais uma vez e esse ainda tinha as mãos elevadas. Quase a ponto de chorar de fúria, disparou de uma vez para o primeiro lugar que viu; e por esse grande buraco ela fugiu.

Bubbles e Buttercup foram atrás dela num escape imediato, já os meninos foram verificar se o irmão tinha sinais de vida, mas o jeito que ele respirou extremamente pesado e abafado já deu toda a certeza a eles.

-Ei, cara. - Butch pôs a mão nas costas de Brick - O que aconteceu aqui? Por que você não avançou? Nós já tivemos ameaças bem piores do que essa!

-Pera, ela tava mesmo indo atirar nele? Eu pensei que era só uma briga de novo.

-Credo, eu não sei até quando você vai continuar sendo lesado assim.

-Eu tenho... - murmurou o ruivo, cabisbaixo ainda e cercado pelos irmãos confusos que escutaram-no - Eu tenho que ir atrás dela agora!

-O-oe! Espera aí! - estranhou Butch, enquanto Brick sumia em um rastro vermelho. Abaixou a cabeça e bagunçou o cabelo, suspirando folgadamente - Nossa, que povo mais problemático.

-Butch.

-Oi?

-Todos eles foram na direção da saída... - o esverdeado continuou sem entender - Não é lá onde fica sua garagem? - sorriu maleficamente.

-Minha. Ga-ra...gem... UAAAAAAHH!!  - levantou-se e disparou a rajada verde.

-Ahahaha! Eu não sou tão lesado assim, no fim das contas… - sorriu orgulhoso.

* * * 

[Narradora]

E então, no meio daquela autoestrada deserta, em pleno nascer da noite fazia-se presente aquele som marcante da velocidade dos ventos, dos pneus cantantes sobre o asfalto liso e do acelerador da moto, os quais, em conjunto, realizaram aquela fuga esplendidamente.

O cabelo balançava bastante, embora curto, e a posição era inclinada para frente com as luvas reforçadas pesando sobre o acelerador. Capacete prateado e visor escuro, não podendo cobrir muito do brilho róseo das íris furiosas, que faziam com que até suas lágrimas parecessem brilhar. 

-Uooo-Uooou! - exclamou ao buscar equilíbrio sobre a moto, afinal: “Eu nunca dirigi uma moto antes! Não tenho ideia de como se pilota essa coisa!! Eu devia ter pego um carro, mas todos tinham um sistema de segurança diferente...”

Estava sendo perseguida e sabia disso. Uma Suzuki Hayabusa branca em uma autoestrada deserta como aquela: que dificuldade alguém teria de encontrá-la? E embora suas mãos ainda estivessem tremendo, ela tinha certeza que continuaria manuseando a moto com êxito desde que esta não passasse dos 100km/h. 

-Maldição! - praguejou Buttercup, estalando a língua. Olhou rápido em volta e correu na direção do primeiro carro que viu, mas antes que pudesse abrir a porta fora bruscamente interrompida com uma mão batendo no capô. 

-Nem pensar! - disse Butch determinado.

-Ela vai escapar de vista!! Libera. Logo. O carro!!! 

Sem mais delongas, o desordeiro agarrou a garota de uma vez e a pôs ligeiro em suas costas. Partiu logo em seguida, não dando espaço para reclamações. Encontraram Brick distâncias à frente voando e Bubbles correndo na estrada, mas a mesma logo é raptada por um borrão azul, que deu breves giros no ar logo depois.

-Mas o quê… - Blossom olha o retrovisor e se espanta com Brick, o vulto vermelho que avançava sem hesitação - Q-que rápido!! - começou a suar frio debaixo do capacete enquanto pensava em uma maneira de afastá-lo.

O ruivo vinha na mesma altura da moto, mas não passando de um borrão escarlate brilhante no meio da noite. Num movimento preciso, Blossom estica forte seu braço esquerdo, lançando uma grossa linha rosa na direção do seu perseguidor. Entretanto, este a desvia facilmente. 

Não parou por aí: lançava-lhe projéteis constantemente da sua mão esquerda – enquanto que punha a luva presa na roupa –, mas ele desviava sem esforços. O desespero bateu realmente quando os olhos rubros se encontraram com os seus, um ao lado do outro. 

Arregalou-os.

Brick passou na sua frente e rachou a estrada com o pouso. Blossom desviou do mesmo contornando-o em uma velocidade bem maior do que estava antes. Assim que o fez, ele voltou a segui-la, contudo ela acelerava mais e mais, como uma competição.

Deu uma olhada no marcador da moto: 300km/h. Seu coração estava prestes a sair pela boca e, nesse pânico, disparou um canhão de luz em Brick, que se deu por pego de surpreso. Tal disparo serviu também como impulso para a moto e, dessa forma , a ruiva chegou na metrópole mais rápido do que havia imaginado. 

Brick foi lançado para trás um tanto queimado e suas costas abriram uma fenda profunda na estrada, lançando para os lados os destroços de brita, terra e cimento. Rolou o corpo, desacelerando, e assim parou de bruços. Ergueu o tronco com as mãos e apoiou-se em um dos joelhos; fitou a cidade de Tonwsville antes de se levantar por completo e deixou os flashes de verde e azul o ultrapassarem enquanto cerrava os olhos. 

-Ai, meu Deus!! - gritou, contornando os veículos comuns na estrada. Ultrapassou inúmeros semáforos e tornou-se o motivo de acidentes graves nas rodovias. Subiu na calçada até uma praça, onde agarrou-se num poste firmemente, desceu um pé e deu voltas com os pneus , estes de tão quentes emanavam fumaça em contato com o chão. Não demorou muito e pessoas começaram a gravá-la e tirar foto de seu veículo enquanto girava, entretanto safou-se sagazmente pelos becos de Tonwsville logo depois que tomou um novo rumo.

-Foi tenso… e assustador - falou depois de tirar o capacete. Respirou bem fundo e um burburinho chamou a sua atenção e, assim que ergueu sua cabeça, ouviu-se o som dos flashes dos celulares e os murmúrios. Aquilo foi realmente muito irritante. Com raiva, pôs seu capacete de volta e subiu na moto mais uma vez - Vão encher o saco de outro! - disse pra si. Acelerou de uma vez e deu uma bela cantada fumegante de pneus, derrubando boa parte daquelas pessoas. 

-EI! VOCÊ! Encoste o veículo!! - de uma viatura policial, um homem dizia pelo megafone.

"Não posso ir pra casa. A polícia e minhas irmãs estão me procurando. Tenho que encontrar um lugar pra ficar onde eu não chame tanta atenção e não tenha câmeras!"

Empinou-se sobre uma roda apenas e aumentou a velocidade. Mais à frente jogou todo o seu corpo pro lado, fazendo uma curva ariscada em diversas esquinas e estradas interditadas. E assim fugiu mais uma vez com sucesso. 

* * * 

[Narradora]

Prato do dia pra quatro pessoas. A água escorre pelo copo gelado. Põe o fone de ouvido: dia do rock internacional. Bate boca sem fim, mãos e gestos. Luz branca. Janela de vidro gelado. Cheiro de óleo, quente, borbulhante, num papelão. Aroma de carne, macia, frita, num pão. Olhada tediosa, arfada sem graça. Senta. Olha. Toca. Fim da música. Hora de comer.

-Butch... está tudo bem? - perguntou a loira com um tom preocupado, pegando as batatas pra si - Parece meio depressivo.

-Suzuki Hayabusa… - respondeu, num tom baixo, mas audível - Como ela pôde pegar logo essa?

-Pelo amor de deus, desencana, seu Espinafre amargo! Essa sua paranoia é o pior de tudo aqui - reclamou a morena - Além do mais, veja o lado bom da coisa: finalmente estamos jantando. 

-Não era bem isso que eu imaginava o nosso jantar... - encarou o hambúrguer, frustrado, e logo olhou para os loiros. Cerrou os olhos e disse - Se eu te convidei, não era pra vir só você? 

-Já deu, Butch! - Buttercup pega uma batata sua e mergulha no ketchup e depois a põe de frente para o garoto - Experimenta. - ele arqueia a sobrancelha, estranhando - Vamos lá! É pra você parar de reclamar. 

O moreno encara o petisco e, não querendo perder a oportunidade, toma das mãos da garota  com a boca e a deixa atordoada com o ato, gaga, corada. Sorriu com a expressão da mesma e pensou ter ganho sua noite.

-É bom - saboreia, rindo nasalmente. Contudo, seu clima fora cortado tão rápido quanto viera. Bubbles e Boomer olhavam com muita atenção para a cena e chegavam a trocar olhares entre si que eram capazes de substituir frases, mas o que os entregou mesmo foram as risadinhas e as bochechas coradas da loira - O que é?! - pergunta, mal humorado.

-Nem parecem os mesmos que eu vi se matando num campo de futebol hoje. - comenta ela.

-Hehe... - riem sem graça, lembrando de quase destroçarem suas canelas.

-Aliás, como acabou só vocês lá? - Boomer indaga. Os dois começaram a contar de forma resumida, pois ambos não tinham lá muita vontade - Incêndio?? Teve um incêndio no colégio?

-Tá de brincadeira...Vocês não ouviram o alarme? - os azulados negam com a cabeça, descrentes. Buttercup bate na própria testa - Como vocês sobreviveram tanto tempo no mundo?

-Explica isso direito! - disseram juntos.

-Mas eu não sei muito... só acho que a Blossom pode estar envolvida. Ouvi sem querer enquanto eles brigavam. - virou a cara logo depois, afinal nem ela tinha certeza de como conseguiu escutar parte daquela conversa mesmo estando tão longe.

-De novo isso. - Bubbles dá um gole no suco, preocupada e pensativa. A mesa ficou silenciosa por um tempo.

-Eu não sei vocês, mas eu estou realmente cansado de deixar tudo pro Brick - Boomer se pronuncia, batendo o punho na mesa - Nós devemos ser capazes de fazer algo pela Blossom!

-Claro… Aí ela agradece com um tiro bem no meio das nossas cabeças - Butch põe o dedo indicador no meio da testa de Boomer. O seu semblante indiferente irritava o azulado, que estava a ponto de enraivecer - Bang!

-SEU--

-Boomer! - repreendeu a loira, levantando subitamente da cadeira.

O rapaz foi capaz de se controlar e sentar novamente. Entretanto, fechou-se a uma conversa por longos minutos enquanto os três falavam.

-De toda forma, eu concordo com ele! - disse Butter, a irmã a acompanhou acenando com a cabeça - Brick é um panaca, mal consegue cuidar da própria vida! Se a gente quer saber o que tá havendo com a Blossy, vamos por nossa conta.

-Huh. - Butch voltou a colocar o fone de ouvido e passou a fitar as ruas do outro lado da janela, fingindo desinteresse.

-Hey, Butch... - chamou Bubbles, mansa. Ele deslisa os olhos na sua direção, pois todos se rendem ao tom de voz meigo que ela tinha - Vamos, eu sei que você se importa com ela também... - abriu um pequeno sorriso fraternal enquanto falava.

O moreno suspira derrotado e termina com o hambúrguer. Ergueu a cabeça para frente e folgou-se na cadeira da lanchonete, vendo que todos esperavam sua resposta, adiantou-se:

-E então? Alguém tem algum plano, pelo menos? 

Os rostos das irmãs se iluminaram e abriram um grande sorriso na cara, enquanto que Boomer deu um soco  no braço do moreno, como breve sinal de "Tá desculpado". Ele revidou do mesmo jeito, rindo e roubando o refrigerante do irmão.

* * *

[Blossom]

Eu conseguia ver todo tipo de luz de lá de cima. Ao meu redor havia apenas o som do vento forte e frio de uma noite limpa, mas eu não estava em paz: muito abaixo de mim, buzinas e sirenes ruíam meus ouvidos. Eram bombeiros e policiais. No entanto, a luz de seus carros combinavam com o resto da cidade, com a ponte, os prédios, os postes, o porto. 

Sentada como estava, enxergava mais do que de pé – afinal, se desse jeito eu ficasse, sairia de lá o mais rápido possível. O terraço do shopping onde sento é arrepiante. As torres de sinal, a altura, o jeito que fica exposto aos ventos e à insegurança não reconfortam. Esse é o lugar perfeito pra pensar em algo que me deixa ainda mais desconfortável. 

Pânico. Deve ser isso. Ou é misturado ao desespero de sair da zona de conforto. Me expus, me superei, me perdi e reencontrei, me temo e desconfio, me prendo quieta. Se dependesse de outra pessoa eu não saía de onde estava, mas dependendo de mim eu me levanto e encaro firme a noite e minha inútil Tonwsville.

Há sempre algo a se aprender com os outros humanos, eles sempre te mostrarão uma lição que deve se levar pela vida inteira porque sem elas você não vive e apodrece como um desgraçado. Aprendi o quanto se é fácil iludir e abandonar, aprendi a verdadeira face de se ter amigos - dolorosa -, aprendi o quanto que vale minha própria alma, minha vida e o quanto elas estão apenas sob um único cuidado, o meu.

Me aproximei da borda do terraço e inspirei o aroma. Estava decidida. Virei-me de costas.

Meu coração estava tão apertado, minha garganta tinha secado e meus pés e mãos trêmulas começaram a suar junto com minhas lágrimas escorrendo. Um salto, apenas um mísero salto e eu podia acabar com tudo de uma vez! Toda essa confusão, com essa dúvida que me martela, com meu desespero. Estou atormentada em mente e espírito. E isso tudo vai acabar. 

O vento forte bateu de novo e fechei meus olhos. Dessa forma, mergulhei de costas no meio das luzes tão aconchegantes. Do topo, onde eu estava, eu via toda essa luminosidade enquanto estava imersa naquela escuridão. Agora, no meio delas, com minhas lágrimas também brilhando no meio do vento, eu espero que as coisas clareiem pra mim, que eu finalmente me reconforte e que possa brilhar sem medo. 

 

É tão lindo…


Notas Finais


;-; er... Então! Ontem foi meu aniversário! E este capítulo foi lançado exatamente no meu primeiro dia com 15 anos! Sintam-se felizes porque é pra sentir!!
Enfim,vou matar todas as suas dúvidas(isso é uma coisa a se dizer agora?) e etc. Sempre estou por aqui, só dou umas sumidinha, povo! Desculpem-me de novo!! Bye^^~ Obrigada por não me esquecerem.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...