História O Raio - Fale sobre você

Matt (Elizabeth)

Geralmente quando as pessoas terminam de transar, elas querem dormir. Só que comigo não funciona. Ainda mais se eu estiver preocupada.

Depois do sexo selvagem com a Valary, eu praticamente fiquei sem sono. O que passava pela minha cabeça era como eu ia sair dessa, como eu ia voltar para o meu corpo.

Olhei para o lado e a loira dormia tranquilamente. Tão tranquilamente que estava até roncando. Dei um riso baixo e me levantei da cama. Saí do quarto e comecei a andar pela casa. Se eu ia ficar no corpo do Matt, pelo menos eu tinha que saber o que era cada cômodo.

Andei pela cozinha, fui ao quarto de hóspedes, fui ao banheiro que havia na sala, passei pela garagem, quintal e área de serviço. Por fim, voltei pra sala. Olhei para o relógio que estava na parede e vi que já era três da manhã. Me sentei no sofá e fiquei encarando o chão. Depois tirei minha atenção daquele piso e comecei a observar o corpo que não era o meu.

Os braços musculosos, abdômen bem dividido, coxas ok e bumbum ok também. O homem é lindo demais. Comecei a rir enquanto observava esse corpo esculpido unicamente para enlouquecer a mulherada. 

Talvez ter trocado de corpo com o Matt não foi tão ruim assim. Eu que sempre achei que ser famoso era bom, agora vou ter a oportunidade de saber se realmente é bom.

-Elizabeth, está acordada? -Matt me chamou.

-Sim. O que foi?

-Nada. Estou sem sono.

-Então somos dois. Que horas são aí?

-Sete da manhã. Provavelmente aí é três, correto?

-Correto... Mas vem cá, você não me chamou só por chamar. Aposto que quer perguntar alguma coisa. -falei e Matt deu uma risada.

-Fez oral na Valary?

-Sério que você me chamou pra perguntar isso? -perguntei e Matt riu ainda mais. -Sério Matthew, você é retardado assim ou só quando quer?

-Ô, tô zuando. Não precisa ser rude.

-Que seja. E não, eu não fiz oral na sua mulher. Disse a ela que estava com uma afta horrenda na boca e que não ia dar.

-Parabéns. Driblando o desejo da senhora Sanders... Mas enfim, se eu vou passar um tempo nesse seu corpo, eu preciso saber o que você faz da vida, não acha?

-Verdade... Bem, eu sou estudante de enfermagem e estou no meu penúltimo semestre. Minhas aulas são de segunda a sexta, de oito ao meio-dia. E trabalho de uma às cinco na cafeteria Nosso Sabor de segunda a sexta também. Ela fica a quatro quadras da minha casa.

-Hm. E o seu ciclo de amizade?

-Muito pequeno. Meus amigos mesmo é só a Ana, Isabel, a Clara e o Matheus.

-Certo... E o tal do Glauco?

-Ele era meu namorado.

-E porque terminaram?

-Ele queria mandar muito em mim. Bem possessivo e um tanto ciumento.

-E ele ainda vem atrás de você?

-De vem em quando ele aparece querendo conversar, quer uma segunda chance e blá blá blá. Espero que você saiba lidar com ele. -eu ri.

-Não se preocupe. -Matt riu também. -Bem, estou vendo que você é até uma garota normal.

-O que você quer dizer com "garota normal"?

-Quis dizer que você não tem uma vida muito agitada. Não é baladeira e também não me parece que fica com muitos caras. Seus objetivos são outros. Acertei?

-É, acertou.

-E sem falar que você tem um belo gosto musical. Quando você foi transar com a minha mulher, eu tomei a liberdade de mexer nas suas coisas. E vi que você tem todos os albuns do Linkin Park, Audioslave e da minha banda.

-Você é bem curioso hein.

-Claro. Eu preciso saber quem é a pessoa que eu estou habitando.

-Hm.

-Mas e os seus pais?

-São divorciados. Já tem uns bons anos isso. Minha mãe mora com o meu padrasto em outra cidade e meu pai mora em outro país com a minha madrasta.

-Você não tem ninguém aqui?

-Só a minha avó. Mãe da minha mãe. De vez em quando minha mãe vem pra cá e as vezes eu vou pra lá.

-Ah bom... Mas e aí, tem algo que você queira saber sobre mim? -Matt perguntou. -Apesar de que eu acho que você deve saber de muitas coisas.

-Nossa, você falou agora como se eu fosse uma stalker master. -falei e o Matt começou a rir. -Enfim, seus pais moram perto?

-Não. Eles ficaram em Huntington Beach e depois que eu me casei, me mudei com a Valary pra Long Beach. Não é tão longe assim, dá pra ir visitá-los.

-E pra você sair, ir ao shopping, restaurante, festas e supermercado, é de boas? Ou aparece aquele meio mundo de gente querendo autógrafo e tirar fotos?

-É tranquilo. Mas vez ou outra aparece.

-Hm. E você é feliz com tudo isso? -perguntei e Matt ficou uns segundos calado.

-Acho que eu fui por um tempo. Vai chegando um momento na sua vida que você nao quer saber de mais nada. Tudo o que você quer fazer é sentar e descansar. Eu tô bem cansado sabe. E as vezes eu penso em me aposentar.

-Tipo, acabar com o Avenged Sevenfold?

-Não exatamente. Mas dar uma pausa longa. Sem data pra voltar. 

-Sei.

-E também tem a questão do meu casamento.

-O que tem ele?

-Sei que você não tem nada a ver com isso e eu nem deveria estar enchendo você com essa conversa, mas é que o meu casamento não está lá essas coisas toda.

-Nossa. Me pareceu que você e a Valary se dão muito bem. E outra, se você não quiser me falar, não tem problema. Até porque ninguém é obrigado a contar suas coisas para um estranho.

-Eu sei. Mas você me passou uma certa confiança. -ouvindo Matt falar isso fiquei até feliz.

-Fico feliz que em tão pouco tempo você possa confiar em mim.

-E fique feliz mesmo, porque não é com todo mundo que eu sou assim. Somente as pessoas certas.

-Ok senhor Sanders. -eu ri. -E então, quer falar sobre?

-Bom, como eu ia dizendo, o meu casamento não está muito bom. Eu e a Valary já não somos mais os mesmos. A gente briga por besteira, o sexo não é mais o mesmo e ela só sabe reclamar.

-Em relação ao sexo, foi até bom. -eu ri.

-Porque é você né.

-Talvez. E ela é bem tagarela.

-Sim. Nem lembro a última vez que ela realmente se preocupou comigo.

-Bom, acho que ela estava bem preocupada quando encontrou seu corpo desacordado perto da janela. Ela até estava chorando.

-Sério?

-Sim.

-Mas enfim, pra ela é só festas, sair com as amigas, fazer compras, salão, manicure e blá blá blá. Eu sinto falta de passar o fim de semana em casa com ela e assistir a um filme.

-Vocês já conversaram sobre isso?

-Já. Não mudou muita coisa.

-Porque vocês não experimentam fazer terapia de casal? Em muitos casos ajuda.

-Sabe que eu não pensei nisso.

-Pois deveria. Vocês tem muita história e seria um desperdício se acabasse.

-Verdade.

-A Valary trabalha?

-Sim. Ela é empresária.

-Hm. Acho que o problema de vocês é só rotina. Trabalho por cima de trabalho desgasta todo e qualquer relacionamento. Sem falar que vocês dois não tem um momento só de vocês. Muitas festas e muitos amigos. Quando a gente destrocar de corpo, vocês deveria tentar coisas novas. E claro, a terapia de casal.

-Vou pensar nisso quando eu voltar... Então, na segunda eu terei que ir pra aula, hein?

-Obviamente. E por favor, não fique de AF.

-O que é isso?

-Avaliação final. Eu nunca fiquei de AF.

-Hm. Ok. E depois eu vou pra cafeteria?

-Sim.

-O que você faz lá?

-Sou garçonete.

-Tudo bem. Acho que vou me divertir um pouco por aqui. -Matt riu.

-Veja lá o que você vai fazer hein. Apesar de você está no meu corpo é a minha imagem que as pessoas estão vendo.

-Ok ok. Faço das suas palavras as minhas. Cuidado mocinha.

-Agora se você não se importa, eu vou dormir. Estou com sono. -falei.

-Tudo bem. Vá lá... Bom dia.

-Bom dia pra você também.

Me levantei do sofá e fui pro quarto. Eu só queria dormir e nada mais.

Elizabeth (Matt)

Embora eu estivesse bem preocupado com toda essa situação, acho que ia ser interessante experimentar um outro estilo de vida. Talvez eu esteja sendo bem egoísta em pensar só no meu bem estar e esquecer que a Elizabeth vai passar por uns estresses enquanto ela estiver no meu corpo. Ou talvez não, ela consiga se sobressair. Ela já mostrou que é bem inteligente e bem cabeça. Mas enfim, se caso ela tiver dúvidas, tenho certeza que ela vai me chamar.

Me levantei do sofá e fui fazer algo para eu comer. Até porque como minha mãe diz, saco vazio não para em pé. Depois eu ia ver alguma ocupação para passar o sábado.