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História O Reino da Princesa de Fogo. - Pretty Thoughts.


Escrita por: RaianeCriistine

Notas do Autor


Mais um Capítulo para vocês.
Link da música de inspiração do capítulo no final dos comentários.

Capítulo 5 - Pretty Thoughts.


.05 – Lindos pensamentos. 

pov. CAROLINA WEILLER

APOIEI-ME AS CERCAS DA VARANDA e continuei cortejando o céu por mais algum tempo. As estrelas estavam tão próximas, que parecia que podia tocá-las apenas com um leve levantar de mãos.

Tudo ainda parecia tão irreal. Respirei mais uma vez o ar vívido, entrando em devaneios. Tudo o que fazia era sorrir e sonhar em pertencer a Nárnia.

Alguns minutos depois, uma voz me desperta.

— Ainda por aqui? Achei que estivesse em seu quarto.

— Acho que não terei sono por um bom tempo — Minha voz soou engraçada porque sorri enquanto Pedro se aproximava.

O loiro vestia calça marrom, camisa branca e botas pretas. Em sua mão direita trazia um casaco e na direita uma delicada caixinha de madeira, seu cabelo estava molhado e o inebriante cheiro de cedro exalava. A penumbra da lua iluminava levemente seu rosto, quando ele sorriu.

— Posso me juntar a você? — Ele se achegou, jogou seu casaco ao meu lado e se debruçou no pequeno muro como eu.

— Sim — Disse sem graça, pois me lembrei de seus olhares intensos durante o jantar — Por que não está em seu quarto?

— Eu queria te entregar algo antes de dormir — Ele me mostrou a caixinha de madeira, e assim, pude notar com clareza seus detalhes: a figura de um leão talhada em sua tampa.

— Este é Aslam? — Perguntei enquanto ele colocava a caixa em minhas mãos.

Aslam, o Grande Leão do qual me falaram no jantar. Confesso que a princípio não acreditei no que me contaram: que com sua voz Aslam criou todo esse lugar, que deu poder de fala a alguns animais e criou dríades e seres que dançam com o vento.

— Sim, o Próprio — Ele sorriu mais uma vez — A propósito, pode abrir, isto é seu.

Abri cuidadosamente a delicada caixa, avistando meu colar.

— Que bom que achou! Achei que o tinha perdido — Disse terna e grata. 

Pedro mexeu levemente no cabelo, olhou para as estrelas e depois para mim.

— Aurelius me entregou ontem à tarde, quando você foi descansar. 

— Você poderia ter me entregado no jantar, mas não o fez — Fiz uma leve pausa e fitei intensamente meus olhos aos seus — Por quê? 

— Bom… — O loiro respirou fundo, dando uma leve hesitada — Eu queria que estivesse sozinha. 

— Por quê? — Insisti nas perguntas, mesmo sabendo que corria o risco de deixar o Grande Rei constrangido.

— Porque quero saber mais sobre você. Quero saber sobre sua verdadeira história e o que te trouxe aqui.

Seus olhos azuis pairavam sob os meus e ele me olhou de um jeito fixo, intenso e enigmático, fazendo-me esquecer de respirar por alguns segundos. Havia algo nele que me chamava atenção, um misto de mistério, beleza, firmeza e segurança.

Nós não havíamos trocado muitas palavras até aquele momento, mas sempre tinha a impressão de que ele buscava algo. Talvez no fundo soubesse que eu escondia alguma coisa, mas eu não estava pronta para contar sobre as agressões físicas e mentais da qual era submetida todos os dias.

Em meu mundo sempre fui uma garota extremamente reservada, que não tinha amigos e que era chamada de esquisita na escola... Não era boa para decifrar pessoas, tampouco confiar nelas.

— Então... — Minha voz soou baixa e hesitante — É por isso que me olha desse jeito?

Pedro riu timidamente, olhou para o chão por alguns segundos e logo após para mim.

— Desculpe se meu jeito te deixou encabulada... Você só... Às vezes te sinto insegura, distante… — Ele estava ponderando as palavras, as escolhendo de forma extremamente cuidadosa — Sei que não lhe conheço, mas... Minha intuição diz que há algo mais.

Após seu comentário, o silêncio pairou pelo ar.  Havia algo magnético no encontro de seus olhos aos meus, e eu… Eu não conseguia parar de olhar, buscando seus lindos pensamentos.

E ele está lá, buscando se afundar em minha alma, perseguindo meus lindos pensamentos.

— Posso lhe perguntar sobre a história deste colar e o por quê ele é importante para você? — O loiro quebrou o silêncio, tentando mais uma vez.

— Já que insiste, eu conto — Sorri, tentando apaziguar minha mente — Fui abandonada pelos meus pais quando era bebê e este colar estava em meu pescoço. Ele pode ser a única coisa que eu tenho dos meus pais, a minha única ligação com eles — No fim das contas as palavras rolavam naturalmente. Pedro trouxe uma espécie de segurança que eu nem sabia que existia.

— Me desculpe... Eu nunca pensei que tivesse sido abandonada. Sinto muito — Houve um suspiro de pesar em sua voz.

— Tudo be. — Fiz uma breve pausa e finalmente voltei meus olhos as estrelas — Fui deixada na porta de um homem chamado Benjamin Weiiler — Sorri para mim mesma lembrando-me do tio Ben — Ele cuidou de mim como se fosse sua filha. Ele era meu pai e meu melhor amigo.

— Ele era? — Ele continuava cuidadoso com as palavras, e agora, passava seus dedos delicadamente sob meu colar — A forma que você diz isso faz parecer que ele... 

— Sim, ele morreu — O cortei friamente. Já estava acostumada com a dor de sua perda.

— Oh, me desculpe por te fazer tocar neste assunto — O jovem Rei proferiu as sinceras palavras.

— Não tem problemas. Acho que falar sobre ele me faz bem — As palavras rolaram pela minha língua de encontro aos seus ouvidos atentos — Ele morreu de câncer quando eu tinha sete anos.

— Ele deixou boas lembranças a você, não foi? — Houve ternura em sua fala.

— Com certeza. As melhores — Cruzei os braços ao redor do meu corpo e fitei o chão por alguns segundos. Embora Pedro transmitisse segurança, ainda não tínhamos intimidade suficiente para ficarmos totalmente à vontade um perto do outro.

— Ele é muito bonito. Me permite? — Ele retirou totalmente a joia da caixinha e a posicionou na minha frente, pedindo passagem para colocá-la em meu pescoço.

Acenei que sim com a cabeça e virei-me de costas, afastando levemente o cabelo de minha nuca. Pedro colocou o cordão delicadamente em meu pescoço e o abotoou. Seu toque em minha nuca fez minhas bochechas corarem e eu agradeci mentalmente por seus olhos estarem distantes de minha face.

— Obrigada — Virei meu corpo em direção ao seu, ainda sem jeito.

— Não há de que — Ele sorriu e voltou seus olhos aos meus com a mesma intensidade de antes, como se sua alma quisesse falar algo.

A brisa de verão soprava entre nós, fazendo com que um calafrio me tomasse. O loiro prontamente percebeu e pôs seu casaco sob meus ombros, após esse gesto, seus dedos colocaram delicadamente uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. Seu olhar continuava profundo, e agora sua alma já falava a minha, despertando-me um misto de sensações. Ninguém nunca havia me olhado daquela maneira.

— No dia em que chegou, me lembro que chorou dizendo que finalmente havia se livrado de alguém — Seu tom foi protetor e preocupado, como se nos conhecêssemos há séculos — Havia alguém em nosso mundo que te fazia mal?

Sua pergunta me surpreendeu. Ele havia me observado de uma forma muito mais minuciosa do que imaginava.

— Eu... Não, que pergunta mais absurda... Eu tenho uma boa vida em Phoenix — Disse de forma desconversada.

Minhas pernas fraquejaram e a respiração me faltou. Contar sobre Juliet seria como desejar viver cercada pelos olhares de pena e reprovação. Dez anos apanhando calada, dez anos sendo ameaçada de morte caso eu contasse. Haviam muitos fantasmas me assombrando e eu ainda não estava pronta para falar sobre eles.

Pedro tomou a liberdade de tocar minha mão e quando percebi ele estava observando um pequeno hematoma visível. A olhei desconcertada com sua ousadia e rapidamente escondi minhas mãos com a manga do vestido.

— Não é nada! — Disse ríspida.

— Você está machucada. Achei que o elixir da Lúcia tivesse curado suas feridas.

— Já disse que não é nada! Eu vou para o meu quarto, boa noite! — Me virei bruscamente e sai andando em direção ao corredor.

— Nina, me desculpe — Pedro disse confuso com a minha reatividade. 

Me virei o observei; Ele estava tenso, de cenho franzido e lábios contraídos como uma pequena linha rosada. Meu corpo fervilhava de raiva, raiva de não conseguir falar e de nunca ter feito nada a respeito. Me sentia idiota e fraca. Quanta dor carregava!

Não consegui respondê-lo, apenas me virei e continuei em direção ao quarto.

Quando cheguei ao cômodo, as lágrimas finalmente puderam cair. Aquela sensação de aperto no peito nunca passaria?

Preparei um banho denso, buscando relaxar mergulhada em uma espuma que cheirava a lírio e quando me despi vi que estavam todos lá, mais vermelhos e roxos do que antes, meus hematomas. Eu precisava encontrar uma forma de escondê-los.


Notas Finais


Alina Baraz & Galimatias - Pretty Thoughts (FKJ Remix)
https://www.youtube.com/watch?v=qkOoofBQLJ0


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