1. Spirit Fanfics >
  2. O resto é nada mais >
  3. Uno

História O resto é nada mais - Uno


Escrita por: CaroolTime

Notas do Autor


*História Original, não aceito imitações, a menos que queira ser processado.

*Capa de uma pessoa que tive o prazer de conhecer nesses últimos meses, vulgo shadowxcat. (vão lá marocar que ela escreve bem pra PORRA)

*Revisão da pessoa mais verdadeira que conheço, Harclisson Magno (vão lá marocar que ele escreve bem pra casseta também, mas aviso logo que ele é dark e provavelmente vai te xingar)

*A máfia mandou eu avisar que não conheço a máfia, é só uma história de ficção, nada real '-'

Capítulo 1 - Uno


 

"Dessa vida eu não espero quase nada

 

Por isso eu achei graça antes de eu virar piada

 

Mas queria uma outra chance

 

Reviver os erros, caminhar no tempo

 

Pra ver se me arrependo"

 

-A Busca - Codinome Winchester-

 

#######

 

 O silêncio era geral, ninguém esperava que uma simples garota pudesse fazer aquilo, era o melhor sistema que poderia existir, e aquela… aquela adolescente, quebrou todos os codificadores.

 

Elizabeth estava sentada em uma cadeira metálica enferrujada, estava assustada, mas era inteligente demais para não demonstrar, na verdade era claro que o que mais sentia era desconforto com aquela cadeira que amassava suas nádegas de forma indelicada.

 

Dois homens se prostravam ao seu lado cuidando para que não saísse do lugar. A garota era conhecida por fazer coisas idiotas, tentar fugir não seria uma surpresa, precaução antes de tudo, era o que diziam.

 

A sala em que estava era clara demais, estava sem óculos, o que incomodava seus olhos, por isso tentava, em vão, enxergar algo que pudesse fazer para sair daquele lugar.

 

O som da porta de vidro atrás dela se abrindo fez seu sangue congelar, ela sabia quem apareceria em instantes na sua frente.

 

— Elizabeth… Elizabeth… — o homem estava no auge de seus 40 e poucos anos, possuía uma barba bem feita, alguns pêlos embranquecidos demonstrando a idade que já estava atingindo, seus olhos negros pareciam calmos, calmos como os de um leão que está prestes a atacar sua presa indefesa.

 

Tinha um sorriso carregado no rosto, quem não conhecesse poderia até achá-lo atraente.

 

A morena tinha medo.

 

— De tantos inimigos que eu poderia ter, quem diria que o primeiro a atacar seria a filha do meu melhor amigo? — o homem passa a mão pelo seu rosto de forma promíscua. — O pior inimigo é aquele que você pensa ser seu amigo. — pegou um canivete, claramente enferrujado, de seu paletó.

 

Suas mãos desciam cheias de malícia pelo corpo da jovem.

 

A cena seguinte pode ser descrita como a mais corajosa - e idiota - daquela tarde.

 

A garota juntou o máximo possível de saliva em sua boca e atingiu o rosto daquele ser.

 

— É por isso que você sempre foi a minha preferida — seu riso baixo era digno de filmes de terror. — Mas acho que seu pai já lhe explicou, que não se deve mexer com mafiosos.

 

Acredite ou não, caro leitor, mas o machucado na barriga daquela menina, nunca cicatrizou.

 

                                  ##########

    

 

O celular toca constantemente enquanto a mulher tenta, em vão, voltar a dormir mais um pouco.

 

Suspira cansada e pega o seu celular.

 

— COMO ASSIM A MINHA IRMÃZINHA ESTÁ NA CIDADE E NÃO AVISA NADA PRA NINGUÉM? — a voz estridente de Beatrice, sua irmã, é alta o suficiente pra que qualquer um que estivesse por perto escutasse.

 

Por um momento lembra da garota com lábios grandes a qual conheceu na noite passada e respira aliviada ao constatar que ela não estava mais em seu quarto.

 

— Bom dia pra você também Beatrice — comenta dando um leve sorriso e levantando da cama. — Como está? — Pergunta enquanto abre a cortina branca de detalhes azul da janela e logo em seguida fecha os seus olhos por causa da claridade.

 

— Como está o caramba — ela rebate ainda alto, porém mais calma. — Você não sabe o quanto todos da família ficaram putos ao saber que a filha mais nova voltou à cidade e não deu nem sinal de vida.

 

— Eu cheguei apenas a uma semana, Beatrice, precisava organizar algumas coisas — mente para logo em seguida se repreender.

 

— UMA SEMANA? — dessa vez várias vozes foram ouvidas.

 

— Beatrice sua vagabunda! — a mulher exclama com os olhos arregalados. —Você tá no viva voz? — pergunta passando as mãos rapidamente pelos cabelos.

 

— Eu te quero aqui ao meio-dia para almoçar conosco. Sem discussões — a ligação é desligada e a ordem de seu pai foi curta e grossa.

 

"Sem discussões."

 

A pequena frase rebate várias vezes em sua mente para então se jogar na cama com força.

 

— Que bela forma de começar o dia, obrigada universo — reclama, jogando as mãos pra cima.

 

Elizabeth fecha os olhos por alguns segundos e inspira forte. Salta dá cama com rapidez. Olha seu relógio. 8:16. Revira os olhos.

 

Seu pai havia servido o exército por 17 anos e saiu a mais ou menos 30, porém até hoje não esqueceu as tradições que aprendeu.

 

E de certa forma ela sabia que também nunca esqueceria.

 

Pega sua toalha e caminha na direção da sala.

 

Liga o som e praticamente arrasta seus pés ao banheiro.

 

A melodia calma e triste da música In This Shirt dos The Irrepressibles começa a tocar.

 

Suspira cansada.

 

A água que começa a sair do chuveiro estava gelada.

 

Aí estavam os hábitos que adquiriu no exército aparecendo.

 

Assim que sente as gotas de água derramando em seu corpo, sua mente navega ao passado.

 

 

*Flashback on*

 

 

O homem a sua frente a observava com o cenho franzido.

 

A morena sabia o porquê dele tê-la chamado ali, mas tentava ao máximo adiar esses pensamentos.

 

Ele suspira baixinho e analisa alguns papéis.

 

— Elizabeth — diz tirando toda a formalidade militar que aparentava. — Você precisa de uma folga.

 

— Não, não preciso, senhor — rebate ajeitando suas costas na cadeira, estava exausta.

 

— Há quanto tempo você não dorme? — ele pergunta. — Há quanto tempo você não come? — a jovem tranca o maxilar e olha para o outro lado. — Elizabeth, antes de ser seu comandante eu sou seu amigo. — ele diz se levantando e ficando ao seu lado. — Você não tem culpa do que aconteceu, todos sabíamos do risco que era lá fora, todos tínhamos plena consciência que poderíamos não voltar. — diz sério e ela sente seus olhos se enchendo de lágrimas.

 

 — Eu poderia ter salvado eles — diz se levantando de súbito da cadeira. — Eu vi os carros vindo pelo outro lado e poderia ter avisado mais cedo, se eu tivesse avisado antes, eles não teria… ela não teria… — não conseguia segurar suas lágrimas, não era a primeira vez que chorava, mas era a primeira vez em que se dava conta da situação.

 

O homem caminha na sua direção e aperta seus ombros com força, dando um tempo para que ela se acalmasse, sabia que era um assunto crítico e triste.

 

Não foi só ela que perdeu alguém, metade do seu batalhão foi morto, ele também estava entristecido com o que ouve aquele final de tarde.

 

— Elizabeth, sei que já conversamos sobre isso, mas eu conversei com seu pai e logo em seguida com alguns superiores, e decidimos que o melhor para você seria lhe dar uma licença. — o comandante se vira e pega alguns papéis

 

— Senhor, eu não preciso, estou bem — tenta rebater, sentindo a voz falha.

 

— É uma ordem tenente — ele diz, a olhando sério. — Você nunca tirou uma folga, mesmo quando podia, e agora estou ordenando que você tire essa licença. — ele a analisa com o semblante triste. — Elizabeth, eu sei que você não gosta de ficar parada, mas ambos sabemos que além do seu amor pelo exército, ainda existe seu amor pelos negócios do seu pai, sei que você sente saudades, tire esse tempo para pensar, volte aos tempos que trabalhava com ele, daqui a um ano e meio nós conversamos novamente e se o seu desejo for voltar a servir o país, todos ficaremos mais que satisfeitos em lhe receber, mas por ordem, queremos que você tire esse tempo, sem discussões.

 

Ele se vira e sabemos que aquele era o fim de sua conversa

 

A garota Martinelli segura os papéis em suas mãos trêmulas e sai da sala.

                                                     

 

*Flashback off*

 

 

 

Termina o banho relembrando toda a última conversa com o homem que lhe ensinou quase tudo sobre o exército.

 

Suspira alto.

 

Aquele seria um longo dia.

 

Sai do banheiro e caminha na direção do quarto. Retira sua toalha e analisa seu corpo no espelho.

 

Sua pele estava ainda mais corada pelos anos no deserto, o cabelo levemente cacheado na altura dos ombros, observa as olheiras como prova das noites mal dormidas sendo encobertas pelos seus olhos castanhos.

 

Abaixa o olhar para os ombros largos, após tantos anos de serviço pesado, carregando armas pesadas e sacas de comidas para cada cidade decadente por qual passava.

 

O abdômen definido com tantas marcas que já havia desistido de contar, todas carregavam um certo orgulho, menos aquela marca roxa logo abaixo do umbigo que ainda doía sempre que apertava com um pouco mais de força.

 

Passou as mãos pelo seios médios e por cima do pequeno corte em seu vão.

 

Recebeu um tiro em uma das primeiras missões que havia recebido, nunca agradeceu tanto um colete a prova de balas quanto nesse dia.

 

Os olhos passeiam pelas tatuagens, o símbolo do exército no ombro direito, a frase Always embaixo do peito esquerdo que havia feito com suas irmãs assim que completou 18 anos, uma clave do sol no pulso e um 'D', perto da orelha direita.

 

Recorda das vezes em que os rapazes tentavam dar em cima da mesma.

 

Dá um leve sorriso ao lembrar dos momentos que teve que explicar que era lésbica e das caras tristes que os garotos faziam ao receber a notícia.

 

Por sorte nunca foi desrespeitada pela sua opção sexual, muito pelo contrário, os rapazes a respeitavam ainda mais e era como a amiga mulher a qual eles poderiam pedir conselhos e ao mesmo tempo fazer 'coisas de homem' sem precisar se desculpar.

 

Ah….como sentia falta deles.

 

Abre o guarda-roupa para escolher o que vestir e opta por um simples conjunto de lingerie branca, um short jeans preto e para completar uma blusa de uma banda que ela realmente não lembrava o nome, calça um par de tênis e ajeita os cabelos jogando para o lado.

 

Coloca seu óculos para completar e decide fechar a janela antes de sair.

 

Estava desligando as luzes quando um papel jogado na cama chama sua atenção.

 

"Melhor noite que já tive. Me liga quando tiver um tempo. - Ass: Karina”

 

Revira os olhos, mas não joga o papel no lixo, guarda na primeira gaveta da escrivaninha mesmo sabendo que nunca ligaria.

 

Elizabeth saí de casa com um gosto amargo nos lábios.

 

Dirigia calmamente em direção ao shopping, iria tomar café por lá e comprar alguns presentes para sua família.

 

O trânsito estava parado o que lhe deu tempo de olhar a cidade.

 

É claro que mentiu sobre o tempo que estava por ali, não poderia dizer que estava a quase dois meses na cidade e não deu uma notícia se quer.

 

Por sorte manteve sua casa no condomínio, havia pensado diversas vezes em vendê-la, mas sempre sentia que algo poderia acontecer.

 

— "Mas não nada tão grave" — refletiu triste.

 

As únicas coisas que fez nesse tempo que chegou a cidade era usar a academia do condomínio, andar três quarteirões pra ir em uma lanchonete, quatro para ir a um restaurante, um pouquinho mais longe para fazer compras no supermercado e por fim ir no bar ao final da rua e beber até se acabar.

 

— Se era esse o tipo de licença que eles queriam me dar, eles acertaram em cheio — criticou, baixo e sarcástica.

 

Chegou ao shopping e estacionou o mais próximo possível da entrada.

 

Poucas pessoas andavam por ali, o shopping tinha sido aberto a pouco tempo.

 

Caminha lentamente pelos corredores, vendo as lojas ainda serem abertas.

 

Adentrou em uma cafeteria que havia por perto e pedi um café forte com leite e pão de queijo.

 

Retira-se da cafeteria e para em uma loja de roupas.

 

Tenta achar um vestido que lembre combine com sua mãe, pedi ajuda a vendedora, ela a olha de cima a baixo e parece envergonhada ao ser pega em flagrante, a garota alta a ajuda a encontrar um presente e após poucos minutos Elizabeth saí da loja.

 

Passa em vários locais para comprar coisas para todos de sua família.

 

Um terno completo para seu pai. Um par de sapatos para Beatrice. Uma bolsa para Pamella, sua outra irmã. E um par de brincos de ouro para Hellen, a irmã mais velha. Jogos de vídeo game para o filho mais velho da Hellen.

 

Olha para o relógio. 11:20. Se assusta.

 

Não acredita que está a todo esse tempo no shopping, e ainda nem tinha terminado as compras que deveria fazer.

 

Entrou em seu último destino. A loja de brinquedos.

 

Hellen tinha três filhos, duas meninas e um menino. O mais velho tinha 15 anos, a do meio 9 e a mais nova tinha apenas 5 anos. Pamella tinha um menino de 6 anos.

 

E a Beatrice? A última coisa que ela queria era um filho.

 

E nossa protagonista era a caçula, ter um filho não era bem a sua maior prioridade. Não agora.

 

Começou a caminhar pela loja, poderia ter 27 anos, contudo continuava assistindo desenhos e sabia muito bem o que comprar para cada criança de sua vida.

 

Avistou uma boneca da Minnie do tamanho exato da filha mais nova da Hellen.

 

A do meio gostava de "coisas radicais", por isso optou por um par de patins roxo para ela.

 

Estava pensando no que comprar para o filho da Pamella, quando um barulho a atrapalhou.

 

Uma garotinha tentava pegar um boneco de pelúcia no alto da estante e quanto mais ela pulava, mais parecia em vão.

 

— Qual é o boneco que você quer? — pergunta, dando um leve riso para a menininha ruiva.

 

— Aquela ali moça — ela aponta envergonhada para uma boneca grande da Marceline de hora de aventura.

 

Se estica um pouco para pegar a boneca e a dá para a criança. A garota comemora sorridente e a abraça.

 

Elizabeth dá um grande sorriso, entretanto para por um segundo para pensar que as pessoas deveriam ter cuidado com quem seus filhos saem abraçando por aí, não que ela seja uma louca pervertida, mas o mundo é cheio de gente suspeita.

 

Finalmente escolhe o presente do pequenino.

 

Um par de luvas do Hulk.

 

Sai da loja feliz e nem se importa com o tanto que gastou, adorava sua família e seus sobrinhos mais que a própria vida e sempre dava o melhor para eles, era a "Tia babona".

 

Caminha a passos lentos para o estacionamento do shopping aos olhares atentos de algumas pessoas, aos 16 anos amava essa atenção, agora aos 27 ela simplesmente não se sentia tão confortável com tudo isso.

 

Entra no carro e nota o sol forte em seu rosto, troca o óculos de grau pelo óculos escuro.

 

Estava ajeitando o retrovisor quando percebe um homem parado lhe observando, seu rosto parecia familiar.

 

Não sabe ao certo quanto tempo ficou ali parada observando, contudo não pode negar o alívio que sentiu ao ver uma mulher e uma criança se aproximando dele.

 

Tira seus olhos da família certa de que era apenas uma situação incomum, o homem deveria estar olhando para outro local.

 

Dá partida no carro e segue seu rumo, não tão tranquila quanto antes.

 

O trânsito agora estava um pouco mais calmo e o caminho até a área nobre da cidade foi rápido.

 

Passa por vários casarões e pata na frente daquela grande mansão branca.

 

Nota vários carros parados e suspira alto.

 

Lógico que a matriarca da família não deixaria de chamar metade da alta sociedade para rever a filha.

 

Liga o carro novamente e resolve estacionar uma rua atrás da casa.

 

Segura todos os presentes, sua bolsa e caminha a passos estreitos.

 

Sabia que a porta dos fundos estava aberta, por isso resolve dar meia volta.

 

— "A filha pródiga volta ao lar" — pensa.

 

Respira fundo e entra na casa.


Notas Finais


E então?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...