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História O Retorno - Capítulo 2


Escrita por: CarolAlves05

Notas do Autor


Capítulo 2.
Espero que gostem, e comentem se puderem.
Boa leitura. Bjks!

Capítulo 2 - Capítulo 2


Capítulo 2

 

Aquilo era louco demais para ser real. Não, não era louco, era insano. Era Ron Weasley ali na sua frente, mas ao mesmo tempo não podia ser. Porque Ron Weasley estava morto e enterrado, quer dizer, não enterrado, mas estava morto. Todos no mundo bruxo que não viviam dentro de uma concha, sabiam disso. Então aquele rapaz só podia ser um sósia, só podia ser alguém tão idêntico a Weasley, que poderia se passar por seu gêmeo. Não, gêmeo não, poderia se passar pelo próprio Weasley. Aquilo era demais. Duas pessoas não poderiam ser tão idênticas assim.

 

Os olhos de Draco seguiram o rapaz para todos os lados, enquanto ele se locomovia atrás do balcão se mexendo agilmente para atender a todos os clientes. Draco achava que se não piscasse logo, seus olhos iam começar a lacrimejar. De vez em quando, o ruivo lançava olhares aborrecidos na direção de Draco, até porque ninguém gosta de ser encarado dessa forma e Draco simplesmente não estava sendo discreto. O rapaz ruivo se aproximou dele, e com uma voz contida, disse:

 

_ Eu não gosto de caras, só para esclarecer_ e então voltou a atender as pessoas, como se não tivesse dito nada demais.

 

Draco finalmente piscou, assimilando o que o rapaz tinha dito. Ele estava insinuando que Draco era...? O rosto dele ficou repentinamente quente.

 

_ Eu não sou gay_ ele disse um pouco alto demais, chamando a atenção de algumas pessoas. Seu rosto ficou ainda mais quente, mas ele continuou com uma postura imponente. O rapaz ruivo se aproximou de novo, dessa vez estava rindo.

 

_ Gritar no meio de um bar é um bom jeito de declarar isso_ ele disse, e então pareceu mais relaxado_ Desculpe, é que você estava me olhando de um jeito estranho.

 

_ Sim, mas é só porque você se parece demais com... Com alguém que eu conheci.

 

_ Hum..._ o ruivo deu de ombros e começou a servir uma tequila para um homem barrigudo que se sentou ao lado de Draco no bar.

 

Por alguma razão, Draco sentiu que deveria se aproximar daquele rapaz. Será que era possível que os Weasley tivessem um parente trouxa perdido por aí? Ele balançou a cabeça com o pensamento absurdo.

 

_ Meu nome é Draco Malfoy_ e estendeu a mão para o ruivo.

 

O jovem o encarou, e parecendo pensar um pouco, apertou sua mão.

 

_ Draco é um nome incomum_ o ruivo disse dando um sorriso.

 

Draco ergueu as sobrancelhas para ele. Se lembrou de quando conheceu Weasley no trem para Hogwarts. O garoto, então com onze anos, havia rido de seu nome. E agora, aquele estranho tão idêntico a Ron Weasley, havia tido uma reação tão parecida a do rapaz morto. Era tudo muito estranho. Mas eles não podam estar ligados, simplesmente não podiam.

 

_ Você pode me chamar de Malfoy, quase todo mundo me chama assim.

 

_ Pelo sobrenome? Até seus amigos te chamam assim?

 

Se tivesse amigos, eles provavelmente o chamariam.

 

_ Sim.

 

_ E até seu amigo que se parece comigo?_ o ruivo perguntou, curioso. O movimento no bar diminuiu um pouco de modo que ele parou para dar atenção a Draco.

 

_ Ele está morto.

 

O loiro obteve a reação esperada quando o rapaz arregalou seus olhos azuis. Ele pareceu um pouco sem graça.

 

_ Desculpe, sinto muito_ as orelhas do ruivo adquiriram um tom muito vermelho, e mais uma vez era como estar olhando para Ron Weasley. Alguma coisa não estava certa, não podiam existir duas pessoas tão iguais no mundo assim.

 

Não era só a mesma aparência física. Era a mesma voz, as mesmas expressões...

 

_ Já faz tempo_ Draco respondeu, dando de ombros. Então se acomodou melhor sobre o banco_ Sabe, depois que uma pessoa se apresenta a você, é educado se apresentar também.

 

_ Claro, claro. Meu nome é Michael Bennett.

 

_ Então, trabalha aqui há muito tempo, Michael?

 

_ Um ano_ Michael respondeu e se virou para pegar uma cerveja para um novo cliente.

 

_ Melhor barman que o bar já teve, hein?_ Draco comentou e fez sinal com a cabeça para uma foto pendurada na parede atrás do ruivo. Michael se virou para olhar também e fez uma careta. Dentro da moldura havia uma foto dele em preto e branco, e na legenda embaixo estava escrito "o melhor barman que o Vulcano Bar já teve".

 

_ O dono do bar teve a brilhante ideia de colocar essa foto aí. Suponho que não quebrar nenhuma garrafa e não vir trabalhar bêbado, já seja o suficiente para ganhar esse título_ Michael respondeu um pouco constrangido.

 

_ É, não deve ser grande coisa, levando esse lugar em consideração. É horrível_ Draco disse e depois se arrependeu. Alguma coisa dentro dele lhe pedia que se aproximasse do rapaz, que descobrisse o máximo possível sobre ele, e ofender o seu local de trabalho não era um bom jeito de começar.

 

Mas Michael não pareceu ofendido, pelo contrário, ele riu e concordou com a cabeça.

 

_ É uma pocilga, né? Mas é melhor que nada. Preciso do dinheiro.

 

Nesse momento chegou um grande grupo de trouxas, e Draco foi esquecido, porque Michael agora estava ocupado atendendo aqueles homens e depois de algum tempo Draco se cansou de ficar ali, esperando. Ele assobiou para o rapaz, jogou uma grande gorjeta para ele, e foi embora do bar. Estava frio na rua e ele se encolheu, enfiando as mãos dentro de grossas luvas de pele de dragão. Não sabia o que tinha acontecido, não sabia se aquele estranho tinha alguma ligação com Ron Weasley. Mas de uma coisa tinha certeza, não conseguiria sossegar até descobrir o máximo possível sobre o tal Bennett. Nem que para isso, tivesse que voltar aquele bar imundo todas as noites.

 

oooooooooooooo

 

Quando Michael Bennett chegou em casa eram quase seis horas da manhã. Não gostava de trocar o dia pela noite, mas trabalhando num bar noturno, não tinha outro jeito, e bem ou mal, já estava acostumado. Além de tudo, era dessa maneira que ele ganhava seu dinheiro. Não era grande coisa, mas precisava do dinheiro. Era um jeito de ajudar em casa, já que estava ali de favor. E mesmo que o Dr. Bennett não aceitasse que Michael pagasse aluguel e dissesse que o tinha como um filho, o rapaz se sentia melhor contribuindo com as despesas. Mas se tudo desse certo, se encontrasse um apartamento com o aluguel não muito caro, logo teria seu próprio canto.

 

Caminhando sem fazer barulho para não acordar ninguém, ele foi até o armário de bebidas e tirou de lá uma garrafa de conhaque pela metade. Tomou um grande gole da própria garrafa e o líquido descendo pela sua garganta o acalmou. Olhou para a garrafa e fez uma anotação mental para comprar outra logo. Tomou mais um grande gole e foi para o balcão da cozinha, encheu uma xícara com café e depois despejou um pouco da bebida dentro, então guardou a garrafa de volta.

 

Talvez ele devesse maneirar um pouco na bebida, era jovem demais para beber desse jeito. Quer dizer, pelo menos era o que pensava. Ele olhou na direção do armário da cozinha e mirou seu reflexo na porta de vidro. Aquele rapaz o olhando de volta tinha quantos anos? 22, 23 anos? Será que saberia um dia? Será que lembraria?

 

Todos os dias ele se perguntava se seria aquele dia que tudo mudaria. Mas seu dia havia sido como todos os outros, sem novidades, sem revelações surpreendentes e principalmente, sem lembranças do passado. Suspirou e bebeu um pouco do seu "café". O álcool adicionado ali o aliviava. O amortecia para a realidade. A realidade em que ele não sabia nem mesmo seu nome verdadeiro.

 

_ Bom dia!_ uma voz sonolenta o despertou de seus pensamentos.

 

_ Bom dia! O que faz acordada tão cedo?

 

_ Queria te ver antes de você ir dormir. Não te vejo há dois dias.

 

_ Nossos horários não batem.

 

_ É isso que dá você trabalhar a noite_ ela fez um bico, mas depois sorriu_ Sabe, acho que não teria problema eu me atrasar um pouco pra faculdade hoje. A primeira aula é um saco e já estou bem adiantada. O que acha de terminarmos essa conversa no meu quarto? Ou pode ser no seu, tanto faz.

 

Ela se aproximou dele com um sorriso travesso nos lábios. Zoe Bennett sempre ia direto ao ponto. Michael adorava isso, e odiava ao mesmo tempo.

 

_ Zoe, para com isso_ ele a afastou quando ela pôs as mãos espalmadas sobre o tórax dele_ Alguém pode aparecer.

 

_ Ninguém vai aparecer, Michael. Meu pai está de plantão no hospital e Danna está dormindo. Nós podemos fazer tudo aqui mesmo na cozinha, que ninguém vai aparecer_ ela falou com impaciência_ Aliás, nós já fizemos algumas vezes. Não sei o que há de errado com você. Não gosta mais de mim?

 

Michael suspirou. É claro que ele gostava. Gostava da pele macia e pálida, dos olhos verdes, do cabelo escuro, gostava de estar com ela, de conversar. Gostava de fazer amor com ela, de dormir abraçado ao corpo quente dela. Mas sentia como se a situação não fosse justa com nenhum dos dois. E o que o Dr. Bennett pensaria se soubesse que o rapaz que acolheu em sua casa há anos, estava dormindo com uma de suas filhas? Não poderia decepcioná-lo assim, não poderia ter mais esse peso em seus ombros. Já tinha tantos.

 

_ Nós já conversamos sobre isso, Zoe. Não é justo, porque não posso te oferecer mais nada. Eu nem sei quem eu sou.

 

Ela o encarou. Sabia o peso sobre os ombros dele. Devia ser um fardo grande demais não lembrar quem é, não saber nada de si, nem mesmo seu nome de verdade. Lembrou rapidamente do dia em que ela e sua irmã, Danna, o encontraram desmaiado na beira da praia. As ondas batiam nele e voltavam para o mar, indiferentes ao rapaz quase morto jogado na areia.

 

_ Mas eu sei quem você é. Sei que é alguém importante...

 

_ Importante para quem? Ninguém nem sequer me procurou, Zoe_ Michael disse aquilo com amargura. Era algo que ele nunca entenderia. O Dr. Bennett e as garotas colocaram sua foto em vários jornais do país, até na TV ele apareceu, e ainda assim, nenhuma mãe, nenhum pai, irmão ou amigo, apareceu para reclamar por ele.

 

_ É importante para nós.

 

_ Vocês sabem que horas são? Por que estão falando tão alto?_ Danna Bennett estava parada na porta da cozinha olhando para os dois. Seu rosto tinha marcas do travesseiro e seu cabelo loiro estava desgrenhado.

 

_ Desculpe, não queríamos te acordar. Aliás, era para eu estar na cama agora_ Michael lançou um olhar irritado na direção de Zoe, então ele pegou a xícara de café sobre o balcão e caminhou para fora da cozinha.

 

Antes que ele pudesse realmente sair da cozinha, Danna inesperadamente tirou a xícara da mão dele, disse "eu preciso mais disso do que você", e tomou um grande gole. Michael paralisou no mesmo lugar, esperando. Então Danna fez uma careta e olhou para ele.

 

_ O que você pôs aqui? Gasolina? Meu Deus, Michael!

 

Zoe se aproximou, tirou a xícara da mão da irmã e a levou até o nariz. Ela fez uma careta e então as duas olharam para Michael que ainda estava parado no mesmo lugar.

 

_ Você pôs conhaque aqui?_ Zoe perguntou.

 

_ Me deixem em paz_ ele bufou e se virou, sumindo pela porta da cozinha. As duas ouviram o barulho dos pés dele na escada e em seguida a porta do quarto batendo.

 

As irmãs se entreolharam e se perguntaram mentalmente a mesma coisa: como não notaram antes que Michael estava muito mais danificado do que poderiam imaginar?

 

oooooooooooooo

 

Flashback

 

_ Eu não sei como consegue ficar com ele. Você nem gosta dele de verdade_ Danna Bennett disse a irmã, enquanto andava atrás dela pisando fundo na areia. Sua irmã, Zoe Bennett a ignorava_ Você ama brincar com os sentimentos dos outros.

 

_ E você é uma invejosa, não é mesmo?_ Zoe provocou.

 

As duas caminhavam pela praia, enquanto discutiam. Já tinha alguns anos que elas e seu pai haviam se mudado para uma casa na praia. Após a morte de sua esposa, mãe das meninas, o Dr. Brian Bennett achou que seria melhor. Sua falecida esposa amava o mar e viver naquele lugar era uma maneira de estar perto dela.

 

_ Você ainda vai encontrar alguém que não vai cair aos seus pés, e aí eu quero ver..._ Danna ia dizendo, quando Zoe a segurou pelo braço e a fez parar de andar_ O que foi?

 

_ O que é aquilo?_ Zoe apontou para algum lugar mais à frente, na beirada da praia. Danna apertou os olhos, tentando enxergar melhor.

 

_ Eu não sei, parece um tronco.

 

Mas Zoe arregalou os olhos e saiu correndo na direção do "tronco". Danna correu atrás dela.

 

As duas estancaram quando se aproximaram e se deram conta de que não era um tronco. Era um homem inconsciente. Tão inconsciente que nem se dava conta de que as ondas estavam batendo nele.

 

_ Meu Deus! Você acha que ele está morto?

 

_ Não_ Zoe respondeu, enquanto apertava o pulso daquele estranho_ Vai pra casa chamar o papai, e liga para uma ambulância. ANDA LOGO!_ ela gritou ao ver Danna parada no mesmo lugar.

 

Assim que sua irmã saiu correndo pela areia na direção de casa, Zoe arrastou com cuidado aquele homem de maneira que as ondas não mais o molhassem. Então pôde prestar mais atenção nele. Tinha cabelos ruivos caindo por cima do rosto, e uma barba desgrenhada e maltratada. Usava uma calça rasgada e não usava camisa alguma. Tinha um colar com um pingente em forma de gota com a letra H gravada. Estava muito machucado e muito, muito magro. Sentiu uma estranha compaixão por aquele desconhecido. E quando ele abriu os olhos azuis apenas por alguns segundos e a encarou antes de desmaiar de novo, alguma coisa dentro dela se acendeu. Ela não sabia o que era, e naquele momento não fazia diferença. A única coisa que importava era que aquele homem não morresse.

 

oooooooooooooo

 

Antes de dormir, Michael sempre passava um bom tempo sentado na beirada da cama. Ele encarou as cortinas pesadas que impediam que a luz do sol entrasse no seu quarto. Repassou seu dia mentalmente. Talvez tenha deixado alguma coisa passar, uma lembrança remota, alguma coisa familiar. Mas sua memória continuou no mais absoluto vazio.

 

Com menos esperança do que no dia anterior, ele deitou de lado na cama e se cobriu de maneira que só seu rosto ficasse a mostra. Por dentro do lençol apertou o pingente do colar em seu pescoço. Fazia isso quando se sentia infeliz demais. Aquele colar significava alguma coisa, ele tinha certeza. Era a única coisa relevante que ele tinha consigo quando Zoe e Danna o encontraram na praia. Tinha a letra H gravada nele. Era bem pequena, mas dava para ver.

 

Continuou encarando as cortinas, enquanto pensava na única coisa que talvez pudesse considerar uma lembrança. Um nome. Um nome que lhe veio à mente anos atrás enquanto olhava o colar pela primeira vez desde que acordara no hospital, depois de ser socorrido. Aquele nome estranho e que lhe causava uma coisinha dentro do estômago. Apenas um nome: Hermione.

 

 



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