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História O Retorno de Shade - Ideal


Escrita por: Luke-Senpai

Notas do Autor


Sumi um poquinho sim.. Escola matou Hehehe.. Só fazendo um breve resumo:
Os heróis foram divididos para investigar alguns pontos em que Shade talvez estaria fazendo algum movimento.

Capítulo 13 - Ideal


Fanfic / Fanfiction O Retorno de Shade - Ideal

Alec POV On.

 

 

         Finalmente, estávamos partindo daquelas malditas terras geladas. Sobre o grande falcão de Loke, podíamos observar Azria ficando para trás, cada vez mais minúscula aos nossos olhos. Não havia para nós mais nada a fazer ali, afinal, nossa missão estava cumprida. Entardecia, quando sentado no dorso da acastanhada ave eu imaginava o sorriso de Masics ao me ver retornar. Imaginei se ela havia ficado bem em minha ausência, se dormira tranquila, se permanecera aflita a cada segundo. Certamente, a última hipótese me pareceu combinar melhor com a personalidade doce de Masics, embora sua preocupação me gerasse tristeza.

 

– Falta muito para chegarmos? - perguntei pela décima vez em dez minutos, desde que havíamos partido de Azria

 

– Você pode se acalmar, por favor? Isso é irritante. - disse Loke entediado, mal virando o rosto para me encarar

 

– Ah, desculpe. - murmurei cabisbaixo, pensando em qualquer coisa inútil - Estou sendo chato? - perguntei, olhando para o céu claro

 

– Sim, se me permite a honestidade. - respondeu o Mago com uma ironia que pude sentir em sua voz

 

– Então, você não pensa na sua mulher? - sondei curioso, imaginando que tipo de auto-controle tinha Loke em alguma de suas mangas

 

– Esposa. - corrigiu ele, sério como sempre - É claro que penso. Por que a pergunta? - ele fitou-me de canto de olho, intrigado

 

– Ah, sim. Esposa. - repeti pensativo - Bom, você é tão paciente com tudo... - expliquei hesitante, sorrindo um tanto receoso

 

– E por que eu não seria? Não tenho motivos para me preocupar. - explicou ele serenamente, voltando a olhar para o horizonte

 

– Hum. - assenti pensativo, mal escutando o que Loke dizia - Estive pensando em uma coisa. - anunciei entusiasmado

 

– O quê? - o Mago pareceu desatento

 

– Eu poderia levar um presente para Masics. Ela ia gostar, não é? - uni as duas mãos em um sinal empolgado

 

– Um presente? - repetiu Loke, incrédulo - Que presente você encontraria no meio do nada? Um Cactos? - brincou o Mago, rindo

 

– "Só se for pra enfiar nessa sua maldita boca, aff." – pensei, cerrando os olhos na direção de Loke, então disse - Vamos descer e procurar algo bonito para que eu possa levar. - propus, esgueirando-me sobre o falcão e espiando para o chão minimizado

 

– Sem chance. Estamos com pressa, esqueceu? - disse Loke, irredutível a me encarar com seu assombroso semblante

 

– Rergantus não nos mandará para as masmorras se nos atrasarmos cinco minutos. - argumentei de braços cruzados

 

– Não, Alec. - negou o Mago, tedioso - Não vamos nos desviar de nossa rota.

 

– Pare esse falcão agora! - vociferei, colocando-me de pé - Masics merece um presente. - completei, obstinado

 

– Hunf, você é mesmo um cara insistente. - murmurou Loke peculiarmente derrotado

 

         Talvez devido àquela amistosa sintonia era que eu e Loke formávamos uma boa dupla para combates. Certamente, eu era insistente, e felizmente ele era compreensivo. Não pude controlar minha mente naquele momento ao imaginar que tipo de missão seria feita se no lugar de Loke, o Conselheiro me incumbisse um companheiro como Noah ou Zeff. Sorri ao fantasiar em meu coração que as preces de Masics me forçavam a manter o caminho certo, a estar iluminado por uma sorte devastadora.

 

 

Alec POV Off. Loke POV On.

 

 

         Aquele Force Master era um homem estranho, dividindo seu coração entre o escasso tempo para uma letal guerra e a atenção destinada à uma mulher. Será que ele acreditava poder resolver cada qual com uma mão? Seu senso prático era algo incrível, e eu precisava admitir, mesmo que isso me rendesse alguns risos divertidos.

         Enquanto Alec não voltava, eu aguardava deitado sobre as costas de Salazarius. Com as mãos debaixo da nuca, meus olhos vagavam pelas nuvens apressadas no céu já não tão azul. Choveria em breve. O vento estava anormal, soprando com agressividade na direção para a qual devíamos ir. Daquela maneira, se partíssemos sem demora, seríamos beneficiados com a corrente de ar até Eillun, chegando antes do esperado. O sol desaparecera por trás das nuvens, e o crepúsculo se aproximava.

 

– Alec! - chamei - Ande logo com isso.

 

– Calma, estou quase conseguindo! - gritou ele um tanto afastado, e a curiosidade me fez sentar e observar o que ele tanto fazia

 

– Hum..? - murmurei, franzinho o cenho diante daquela cena inusitada

 

         A armadura de Alec aguardava jogada na beira de um lago, enquanto ele nadava até o centro do mesmo na direção de um conjunto de lírios. De fato, os lírios eram bonitos, com delicadas flores brancas, mas a situação continuava sendo cômica. Ele deixou-se mergulhar por alguns instantes, mas logo voltou a superfície desengonçadamente com os cabelos escorridos em frente ao rosto. Deduzi que o nado não era o ponto forte de Alec. Permaneci a observar aquela sutil luta contra a profundidade do lado em busca dos tão almejados lírios. O riso escapou por entre meus lábios apertados, controlados para segurar o escárnio, embora aquilo não tenha funcionado por muito tempo. Meu corpo convulsionava-se em gargalhadas abafadas, enquanto minhas mãos pressionavam o abdômen que tremia devido às minhas risadas.

 

– Do que está rindo?! - Alec ralhou, por uma distração deixando-se afundar novamente, e logo imergindo laboriosamente

 

– De você, é óbvio. - eu disse, controlando o riso ao máximo

 

– Espere só até eu chegar aí! - ameaçou ele, enfim alcançando o conjunto de lírios flutuantes e surrupiando alguns deles

 

– É o que eu tenho feito, mas você demora demais. Francamente, não sabe nadar? - zombei sutilmente, sorrindo

 

– E o que importa se eu sei ou não?! - vociferou enquanto nadava até a margem com os lírios na mão - São para Masics!

 

– Ah, eu sei disso. - assenti sorridente, acomodando-me sobre o pescoço de meu falcão - Agora vamos logo. – apressei-o

 

– Eu já disse pra esperar! - ralhou Alec, estabilizando o fôlego enquanto vestia a armadura, zelando pelo bom estado dos lírios

 

– Não tem problema se eles murcharem até Eillun? - sorri, erguendo uma sobrancelha

 

– Eu pensei nisso. - ele estreitou o olhar na minha direção, mostrando-me na mão um cântaro de couro escuro - Que tal? - sorriu

 

– E no que beberemos água, Alec? - deixei as pálpebras caírem sobre meus olhos tediosamente

 

– Quem precisa de água, não é? Logo chegaremos na cidade. - argumentou ele entusiástico enquanto colocava o caule dos lírios dentro do cântaro

 

– Hunf, que seja. - dei de ombros, divertindo-me

 

         Terminada a eufórica ideia de Alec, retomamos o regresso para Eillun. Com o vento ao nosso favor, deslizamos pelos céus incrivelmente rápido por intermédio das longas asas de Salazarius, meu leal falcão que em pouco tempo chegaria ao seu limite. Afinal, mesmo sendo uma invocação, o pássaro desgastava-se devido ao cansaço. Minutos antes de sobrevoarmos os portões da cidade abandonada, a chuva começou a cair, lenta e fragilmente, molhando a areia do deserto.

         Rergantus nos solicitou pela rápida e eficiente atuação em Azria, informando-nos sobre os outros relatos já chegados de outros pontos do continente. O que eu, pessoalmente, não esperava que a guerra já estivesse se movimentando tão rapidamente. Então realmente tínhamos apenas um fiapo de tempo para organizar uma estratégia perfeita. Aquilo parecia loucura, mas tínhamos que cumprir a nossa promessa como guerreiros de elite.

 

 

Flashback On.

 

 

         "Depois de ter observado a cerimônia de nomeação durante tantos anos quando criança, finalmente naquele ano o meu próprio nome estava no pergaminho. Eu, com 15 anos, era o mais jovem dentre os outros guerreiros que se tornariam a Elite naquela manhã de domingo. A cidade inteira estava alvoroçada, entusiasmada para que a cerimônia enfim começasse. Todos queriam ver os rostos da nova geração, os novos protetores do continente, aqueles que jurariam sua vida em defesa de nossa nação. A música melodiosa começou a tocar, iniciando a nobre celebração. Flores delicadas e fitas vermelhas estavam espalhadas pelo alto das árvores e casas, decorando com ar triunfante a medieval Falris. No alto do elegante palco montado, em frente ao castelo de Rergantus, um guarda chamava os escolhidos para receberem seus pergaminhos de honra. Eu aguardava impaciente em meio aos tantos outros participantes, cuidando para que ninguém estragasse meu robe novo, adquirido especialmente para a ocasião. Minha mãe dissera que as vermelhas bordas inferiores do tecido me proporcionariam sorte.

 

– Da classe dos Slayers, Noah. - anunciou o guarda com um enorme pergaminho nas mãos, e toda a plateia aplaudiu fervorosa

 

         Um jovem subiu ao palco, radiante e irreverente, acenando para o povo que lhe felicitava. Ele usava uma máscara roxa no rosto, assim como o gorro que lhe cobria os cabelos. Em suas costas, uma espada e um machado os acompanhava. Imaginei o quão forte seria aquele garoto, o quão incríveis seriam suas habilidades. Naquele tempo, eu me denominava o mais fraco dentre os outros guerreiros. Mal sabia o quão estupidamente modesto eu estava sendo.

 

– Da classe dos Seraphs, Safirah. - disse o guarda, dando uma pequena pausa para que uma garota docemente rosada subisse ao palco

 

         Ela parecia tão frágil e meiga, que subitamente senti vontade de correr até a escada pela qual ela subia e permanecer ali de prontidão para o caso de seus pequenos joelhos fraquejarem e seu corpo cair em inércia. Porém, o óbvio lembrete de que ela estava se tornando uma guerreira de elite me impediu de cometer tal ação desvairada. Por mais frágil que parecesse, aquela encantadora Sacerdotisa certamente era uma garota com poderes grandiosos.

 

– Da classe dos Arcanists, Loke. - e então meu coração acelerou desesperado, eufórico e atônito ao mesmo tempo

 

         Algum desconhecido precisou me cutucar com seu cotovelo para que eu despertasse do choque e me pudesse à caminho do palco. Indescritível foi a sensação de ouvir as pessoas me aplaudindo como se eu fosse um Deus, depositando suas confianças em mim, esperando que eu fosse um homem forte para proteger o continente com meus próprios punhos. O guarda sorriu e entregou-me o pergaminho de nomeação, indicando com a mão para que eu me juntasse aos outros guerreiros celebrados. Naquele momento, eu senti que era muito mais forte do que imaginava. Eu senti que realmente podia proteger aquela gente, que eu queria fazê-lo.

         Por mais diferentes que fossemos um do outro, em um ponto todos nós éramos iguais. Todos havíamos feito o juramento eterno, a grandiosa promessa, com a mesma coragem e determinação. Com a mesma certeza de honrar aquelas palavras.

 

 

'Pela vida de Roika, eu prometo ser a força que protegerá, a coragem que enfrentará, a lealdade que vencerá. Pela vida de Roika, eu prometo honrar o meu juramento, na paz e na guerra, até o dia em que a eternidade me leve deste mundo.' "

 

 

Flashback Off.

 

 

Masics POV On.

 

 

         Anoitecera, e sozinha eu permanecia. Rumores cada vez mais próximos e um silêncio impertinente que fazia zumbir meus ouvidos de maneira desconfortável: aquele era o escuro. Nem para o céu eu podia olhar, admirando a bela lua e as estrelas de diamante. Não havia lua ou estrelas naquela noite. O céu estava encoberto por uma camada negra, uma neblina fumacenta que engolia Madrigal na penumbra, revirando-o em seu estômago vazio. Meu coração tremia, tremia mais do que em qualquer outra noite. Tremia por pensar que poderia não existir para mim outra noite. Tremia por imaginar que tudo seria destruído por um tufo violento, que arrasaria céus e terras, transformando aquele mundo em um inferno flamejante. Tremia por sentir medo de que Alec não voltasse, medo de que ele se perdesse para sempre de mim.

 

"- Então Deus me dera o amor para que eu apenas conhecesse o doce sabor daquele sentimento?" – grunhi dolorosamente no fundo de meu coração aflito

 

         Deixei que meu corpo desanimado caísse sobre a pequena cama no fundo da barraca escura, esparramando meus cabelos no travesseiro macio e frívolo quando o grande chapéu abandonou minha cabeça, indo em direção ao chão. Meus olhos vagavam perdidamente pelo teto daquela sutil tenda, sutilmente lacrimejantes. O aperto que ameaçava esmagar meu coração era cada vez mais doloroso, mais cruel. Onde Alec estaria naquele momento? Talvez, perdido no breu noturno assim como eu. O tempo passava rapidamente, tão veloz quanto o som que se dissipa abafado em uma tempestade. Meu tempo estava acabando, nosso tempo. Eu precisava encontrar Alec antes que fosse tarde demais, e dizer o quanto eu o amava, o quanto eu o queria eternamente.

         Ergui-me da cama em um silvo eufórico, pronta para me lançar porta à fora na procura desesperada por meu amado, quando sublimemente seus olhos verdes dançaram graciosamente diante dos meus. Nosso tempo havia congelado naquele instante.

 

– A.. Alec? - murmurei chorosa, desabando após um suspiro aliviado que me fez sentir uma leve pluma a planar no ar - Alec! - sibilei ofegante enquanto me jogava na direção de seus braços quentes, deixando que as protuberantes lágrimas descessem de meus olhos na forma de incontroláveis cataratas; soluços brotavam de minha garganta, apressados, atropelando uns aos outros, embora o que eu mais desejasse era poder falar o quanto eu estava nostalgicamente feliz

 

– Eu disse que voltaria. - ele disse gracioso, sorrindo afável enquanto seus braços se fechavam ao redor de meu corpo, protegendo-me com sua estatura grande e calorosa; não importava o que acontecesse, eu não podia controlar o pranto desesperado

 

– Alec, você..! - solucei novamente, sentindo todo o meu corpo tremer ouriçado junto do seu; meus braços apertavam-se ao redor de seu tronco palpitante, praticamente esmagando-o, enquanto meu rosto estava colado ao seu peito, proporcionando à minha orelha ouvir os batimentos macios de seu coração - Você voltou para mim! - sussurrei comovida

 

– Acha mesmo que eu a deixaria sozinha? - ele brincou sorridente, erguendo meu rosto ao tocar os dedos na base de meu queixo trêmulo; seu olhar carinhoso invadiu o meu, confortando-me de uma maneira que apenas Alec sabia como fazer; seu olhar era doce e corrosivo, totalmente capaz de dominar-me - Não seja tola, Masics. - disse ele, delicado ao afagar meu rosto úmido

 

– Você demorou. - murmurei, então contendo os soluços e convulsões de meu corpo; meu rosto estava docemente próximo ao dele, de modo que conseguia apreciar sua respiração tocando minha face

 

– Me desculpe. - pediu ele, e como eu poderia resistir àquela voz macia e arrastada badalando em meus ouvidos - Agora, eu só quero você. - disse Alec sorridente quando sua boca tocou o canto de meus lábios; sua mão acariciava delicadamente meus longos cabelos negros, posicionando-os atrás de meus ombros

 

– Eu... - vacilei devido à proximidade, cerrando os olhos com um tremor que percorrer todo o interior de meu corpo, desde os pés até os fios de cabelo - Eu te amo. - enfim revelei, embora eu soubesse que aquilo não devia ser uma total novidade

 

– Masics... - ele sorriu gracioso e satisfeito, envolvendo simetricamente seus braços ao redor de minha silhueta, e naquele abraço me trazendo para junto de seu corpo - Então você..? - ele sussurrou ao pé de meu ouvido, suavemente

 

– Sim. - assenti segura, embora meu corpo ainda tremesse - Eu quero ser sua. - suspirei, e uma sutil curva tomou conta de meus lábios

 

         Aquilo não foi um pedido, mas sim uma ordem de meu coração. Alec e eu, éramos um só. Seríamos um só mesmo que a vida nos separasse, mesmo que a morte nos levasse, mesmo que nascêssemos em outros mundos. Seríamos um só desde que nossos corações não negassem aquele sentimento. Seríamos um só para sempre, um único amor.

         Alec passou seu elegante braço por trás de minhas pernas, erguendo-me junto a seu peito. Para que servia o chão se podíamos voar? Delicadamente, enquanto seus lábios saboreavam os meus, ele depositou-me sobre a cama. Iluminados pela tênue claridade do abajur sobre a mesa ao canto, eu abri os olhos para apreciar o perfeito rosto de Alec. De tão perto, seus olhos fechados transpareciam serenidade, fascinando-me. Envolvi meus frágeis braços ao redor de seu pescoço, eletrizando-me ao sentir o quão sua nuca ardia febrilmente. Suas mãos, seus lábios, seu peito, seu corpo inteiro ardia do mesmo modo, com a mesma intensidade. Senti que jamais conheceria o frio, pois Alec era incrivelmente caloroso. Sua boca ávida passeou por meu queixo, descendo por meu pescoço e alcançando meu colo alto, agora incrivelmente corado por efeito dos beijos que ali eram depositados. Meu coração desejava saltar do peito, abrindo um rombo em meu corpo para proporcionar alívio ao calor que crescia dentro de mim. Suspirei ansiosa, como se fosse me afogar com o próprio ar, quando uma mão grande e agradável tocou o alto de minha perna, ousando profanar o tecido que cobria minha pele pálida. Instantaneamente, sua mão parou, assim como seus lábios que acariciavam o topo frágil de meu ombro, então desnudo pela gola do manto que fora forçado a deslizar para o lado. Senti a respiração de Alec tocar minha pele, aquecendo-me graciosamente.

 

– Quando a chuva cai... - ele começou, murmurando com sua voz incrivelmente lasciva e macia - Eu sempre penso em você. É bonito, é calmo, suave de se ver. É como você, Masics. - ele deu uma pausa, ocupando aqueles breves segundos com um delicado beijo na pele alva de minha garganta, então continuou, roucamente - Mas eu não consigo impedir que meu corpo entre debaixo da chuva, não consigo apenas olhar, eu preciso sentir o frescor na palma da minha mão. Eu sou ainda uma criança, deslumbrado com o encanto da chuva. Então, apenas me deixe sentir. Eu prometo ser cuidadoso, o mais cuidadoso do mundo. Porque Masics... - ele sussurrou meu nome, tocando seus lábios na orla de minha orelha - Eu amo sentir isso. - revelou, docemente

 

         Desmoronei por completo. Alec sabia me tocar profundamente, fazer com que meu coração se comovesse, fazer-me sentir coisas boas, e eu nem sabia como ele fazia aquilo. Acolhida naquele invólucro de amor, aquecida debaixo do corpo gentil de Alec, do homem que eu realmente amava, entreguei-me sem hesitar. Eu dissera, praticamente afirmara, que desejava ser dele. Aquela poderia ser nossa última noite, e se fosse eu não me importaria com pendência alguma quando tudo acabasse. Eu acabaria junto com ele, e tudo estaria bem para mim. Eu dissera o que meu coração por tanto tempo guardara na solidão, provara do sentimento que me fora correspondido, apreciara os mais sinceros beijos. Eu tinha tudo o que queria, bem ali rente ao meu corpo. E então se tudo terminasse ao amanhecer, eu estaria feliz com a lembrança de que para Alec eu seria sempre como a chuva. Sobre a mesa, repousavam docemente lírios brancos.

 

 

Masics POV Off. Loke POV On.

 

 

         Oh, como eu era sozinho e melancólico na ausência de Safirah. Sem ela, minha luz se apagava, se tornava longínqua e tristonha. Sentado na varanda de minha casa meramente iluminada, eu percebia quanta falta me fazia aquela mulher. Era uma saudade apertada no peito, nostálgica, dolorosa de ser mantida. A lembrança rosada de minha Sacerdotisa vinha e partia de minha memória, transformando minhas doces recordações em uma espécie de flashes luminosos. Seu rosto sorridente surgia diante de meus olhos, e então quando eu tentava alcançá-lo com minhas ávidas mãos, ele desaparecia no ar como uma frágil fumaça. Seus olhos reluziam em minha mente, como se tocassem meu coração, forçando-o a fraquejar diante da ausência dela. Aquilo era realmente a imagem da dor da saudade.

 

"- Safirah, onde você está?"– delirei, sentindo-me tão longe da felicidade, da vida que me abandonara com a partida de Safirah

 

         Imaginei o que ela estaria fazendo naquele momento, se Aiza estava tomando conta de minha amada com cautela. Recusei-me a pensar o pior, o tortuoso. Safirah incrivelmente não combinava com pensamentos pessimistas, escuros. Quando eu pensava nela, eu só pensava em doçura, em sorrisos calorosos. Ela era como o sol do amanhecer, frágil e belo, essencial para a vida do sol do quente meio-dia que era eu. Subitamente, sublimes recordações me engoliram nostalgicamente.

 

Flashback On.

 

         "Na véspera de Natal, Flaris costumava ser a mais bela cidade do continente. Era como um sonho caminhar por entre as guirlandas e fitas vermelhas a sustentar grandes esferas douradas e prateadas no alto das árvores e portas. As pessoas se tornavam amistosas como nunca, sorridentes como se fossem presenteadas durante todo o dia, como se voltassem à infância para brincar com bonecos de neve com narizes de graveto. Safirah, mais do que eu era fascinada pelo brilho natalino, deslumbrando-se com a transformação radiante.

         Naquela tarde, ela havia me levado para Flaris, praticamente suplicante. Encantado pelos largos sorrisos de Safirah, fui facilmente convencido sobre aquele passeio. Caminhávamos de braço dado pelas ruas enfeitadas, admirando cada detalhe que reluzia em contato com o sol agradável.

 

– Olhe, Loke! Morangos cristalizados! - ela disse radiantemente surpresa, apontando para a vidraça de uma confeitaria; pude notar seus olhos brilharem na direção do prato de morangos coberto por fino açúcar

 

– Hum, parecem bons. - sorri, passando o braço delicadamente por cima de seus ombros quando ela se curvou diante da vitrine

 

– Vamos comprar alguns para nossa Ceia de Natal! - propôs ela, erguendo-se novamente para me fitar com seus orbes rosados e suplicantes; como eu poderia resistir àquele meigo olhar da mulher que eu amava? - Por favor... - pediu ele, cruzando as mãos pequenas e pálidas em frente ao rosto enquanto sorria delicadamente para mim; certamente, ela sabia que já havia ganho

 

– Certo, mas só alguns. - assenti risonho - Afinal, não queremos falir antes de casar, não é? - lembrei com ironia, enganchando suavemente meu braço no seu outra vez

 

– Claro, amor! Não se preocupe, sou uma mulher muito econômica. - disse ela sorridente e entusiástica enquanto me puxava para dentro da confeitaria, divertidamente saltitante; algumas vezes, ela divertidamente se parecia com uma garota de doze anos de idade

 

– Assim espero, hum. - murmurei sutilmente zombeteiro, satisfeito por poder fazer Safirah feliz com o meu amor

 

– Então, o que vão querer, meus queridos? - uma simpática senhora de cabelos acinzentados presos em um coque no alto da cabeça perguntou, cerrando seus pequenos olhos quando seu rosto sorriu para nós dois

 

– Uma dúzia de morangos cristalizados para levar, por favor. - pediu Safirah, com a mesma simpatia da confeiteira

 

– Uma dúzia?! - repeti atônito, encarando-a - Você disse que era econômica. - lembrei derrotado, soltando um longo suspiro

 

– Loke, não vá ensinar nosso filho a ser pão-duro! - brincou ela, pousando as mãos sobre a barriga ainda pequena

 

– Hunf, lá vem você de novo com essa chantagem. - disse ironicamente, depositando minha mão sobre as dela no alto do ventre

 

– HAHA! - ela riu extrovertida, então calando-me com um doce beijo sobre os lábios; o beijo de Safirah tinha gosto de mel

 

         Por mais frágil que parecesse ser, ela sabia exatamente como me dominar, como conseguir as coisas de mim. Nenhuma outra pessoa poderia ter tanto poder sobre mim como ela tinha, de uma maneira tão delicada que me fazia querer cada vez mais aquela mulher ao meu lado. Naquela época, eu não entendia como as coisas realmente aconteciam ou deixavam de acontecer, mas eu já tinha certeza que o amor que nutria por Safirah jamais abandonaria meu coração."

 

Flashback Off.

 

         Pelo resto da madrugada, eu permaneci a ruminar aquele silêncio, esperando ver a imagem iluminada de Safirah chegar a cada instante. Dolorosamente, ela não voltou. Eu podia sentir o coração dela dentro do meu, e aquilo me fazia sofrer enquanto a escuridão da noite desaparecia.

 

 

"Onde você está, meu amor?"    

 


Notas Finais


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