“Mahina!
Onde você está?
Mahina, venha aqui agora!
Escondida atrás de uma pedra, a garotinha chorava, com medo.
Não vou!
As asas brancas, antes como a neve, estavam machucadas, as penas sujas e àsperas. É claro, a pequena Takami já tinha sofrido muito nas mãos da mãe biológica.
Eu quero o papai!
Me traga o papai!
Não quero você!
Ela gritava, seu cansaço e aflição eram notáveis em sua voz. Estava exausta.
*barulho de trem*
Mahina... Por favor, venha cá, filha...
Não!
Quer ver a mamãe morrer?
A garota arregalou os olhos e espiou por trás da pedra. As asas se abriram no susto.
A mulher estava lá, parada, no meio dos trilhos.
E no horizonte, mas não muito longe, um trem a vapor se aproximava bem rápido.
Mamãe, sai daí!
Não...
A mulher, Nahiumy Takami, mãe da garota, estava parada. No meio dos trilhos do trem. Chorando. Mas estava calma, segura de si. Iria morrer em nome da filha, estava tudo bem.
O trem se aproximava mais. *apito*
SAI DAÍ, MAMÃE! POR FAVOR!
A menina se levantou e saiu de trás da pedra, também chorando. As asas, bem grandes e levantadas - porém sujas e gastas -, estavam postas parar atiçar vôo. Em nome de Nahiumy.
O trem estava cada vez mais perto. Cada vez mais perto da morte a Takami mais velha também chegava. E a filha, de um trauma que nem ela sabia se conseguiria superar, futuramente.
*apito* MÃE!
Adeus, querida. Seja feliz.
Ela deu seu último sorriso, seu último suspiro, e, por fim, pulou na frente do trem.
A pequena arregalou os olhos e entrou em pânico.
MÃE! MÃE! MÃE! NÃO!
NÃÃÃOOOOOOOOOO!”
— AAAAAAH! — Mahina pulou da cama, com o peito subindo e descendo por choque. — p-por Deus, essa droga de novo...?
— Mahina? O que houve? — Keigo entrou no quarto e se sentou na ponta da cama, encarando a filha com preocupação.
— Ah, pai... — a adolescente ficou cabisbaixa — você sabe, aquele pesadelo com a mamãe... Vive se repetindo, nunca vai parar.
Ambos ficaram em silêncio. Talvez, só talvez, fosse verdade.
Alguns segundos depois, Hawks disse:
— Ei, pode ir tomar café. E se apressa, porque daqui a pouco o teste de admissão vai começar!
— Ok.. — a menina se levantou e já foi descendo as escadas da casa para tomar seu café da manhã, de pijama mesmo.
[...]
— Oh, merda... Será que vai ficar muito apertado? — Mahina soltou, olhando para o próprio uniforme nas mãos.
De fato, ela não tinha planejado muito bem o traje. Tinha deixado de última hora. Mas, pelo menos, servia e estava em boas condições.
A peça consistia em um "maiô" branco, com buracos nas costas para as asas, luvas super-resistentes, e botas de cano-alto (também brancas) de alta perfórmance e alcance para pulos e atrito. Na parte da frente, havia um decote V no região dos seios, o que deixava mais sofisticado.
A roupa infelizmente não tinha acessórios, pois, de acordo com o pro-hero Hawks, os adornos seriam adicionados e pensados com cuidado mais tarde, já na Academia U. A. .
Mahina se aprontou, prendeu o cabelo e desceu as escadas novamente, desta vez para aguardar seu pai. Eles iriam para a prova de admissão da U. A., naquele ano.
Keigo tinha a total certeza de que sua filha iria passar, afinal, Mahina era extremamente forte, assim como as asas do próprio porte. Havia as herdado do pai, que possuía asas vermelhas e vibrantes. Ambas, lindas.
[...]
Depois de não muito tempo, chegaram nos portões da escola. A Takami mais nova quase não conseguia respirar, de tanta excitação para a prova.
Foram caminhando e se encontraram com Shoto, irmão de Touya (ou Dabi, como costumavam chamá-lo) Todoroki. Keigo os comprimentou, pois já tinha costume de conversar com o mais velho.
— E aí, Dabi? Oi, Shoto — o homem sorriu, simpático — quero que conheçam minha filha, Takami Mahina — aproximou a menina dos outros dois e deu espaço para a mesma falar.
— O-Oi — disse, nervosa — você também vai fazer a Prova de Admissão, certo? Boa sorte! — Mahina sorriu para Shoto, que apenas assentiu com um sorrisinho e respondeu:
— Boa sorte para você também, vai precisar.
Logo depois, os dois Todoroki se retiraram.
— Pronta, Takami? — Keigo pôs a mão no ombro da filha.
— Mais que pronta! — ela respondeu, confiante.
[...]
— HEY, HEY! OLÁ A TODOS OS CANDIDATOS! — começou a "falar" Present Mic, um dos professores da academia — OBRIGADO POR ESCOLHEREM A U. A. PARA FAZER O FUTURO DE VOCÊS, AGORA VAMOS ÀS REGRAS DA PROVA!
Depois de alguns minutos falando, todos os candidatos já estavam a postos em seus próprios lugares na fila da corrida.
Mahina estava nervosa, e agora, parecia que toda a sua confiança havia se esvaído. Eram mais de quinhentos adversários, como ela ficaria entre o top 200? Seria difícil.
— Tomara que eu... Consiga. — ela disse ao soar do sino.
— PREPARAR, APONTAR, 3, 2, 1, GO!! — Mic berrou e todos começaram a correr.
Mahina deu um salto e começou a voar, tão rápida quanto a luz - idem às madeixas loiras de seu cabelo.
Ela já avistava um robô, aquele era dos grandes! Caso conseguisse derrotá-lo, iria subir os pontos mais rapidamente. Então, a garota foi na direção dele.
Voando na direção do robô, ela juntou as palmas das mãos, formando uma atmosfera quente e reluzente em volta de si. Todos olhavam para ela.
Se aproximou mais do eletrônico e afastou as mãos, mas colocando toda sua força e energia nele.
Um som extremamente alto se fez presente no ambiente: toda a energia de Mahina fora concentrada no robô, o que o fez colidir com aquela atmosfera quente e causar todo aquele barulho. Assim, uma chama vermelha passou dos pés à cabeça do adversário - o fazendo quebrar em mil pedacinhos - e, finalmente derrotado, colidiu-se contra o chão.
— YES! — a Takami vibrou, e em seguida, continuou seu vôo em direção reta.
Depois daquilo, a garota foi focada por muitos adversários - tanto humanos quanto robôs - mas conseguiu derrotar a maioria deles. Estava numa colocação ótima; ainda precisava passar 97 pessoas para ficar entre o top 200.
Apenas parou de voar quando ouviu outro estrondo, era um garoto de cabelos verdes bagunçados acertando um soco em outro robô. Em seguida, ele e uma outra garota - que acabara de aparecer - de cabelos castanho-curtos estavam caindo direto ao chão.
Mahina se questionou: deveria ajudá-los?
Pensou rápido e concluiu que sim, os ajudaria. Afinal, aquilo seria uma ótima somatória de pontos!
“Heróis sempre se arriscam para salvar as pessoas”, pensou ela.
Voou rápido na direção dos dois e os segurou pela barriga, batendo as asas com mais força agora.
— Uh, o-obrigado! — o garoto de cabelos verdes disse, seguido pela garota.
— De nada! E aquele soco foi incrível! — Mahina respondeu, voando com um pouco mais de dificuldade.
Mais uma vez o garoto agradeceu, e não muito depois a loira teve de soltar o esverdeado e a morena.
— Boa sorte aos dois! — se despediu Takami.
[...]
Cerca de duas horas depois, a corrida havia acabado. Mahina estava exausta, sentada em um banco tentando se recompor. Sua respiração estava completamente descompassada, e a garota suava muito.
— Vocês conseguiram... — ela disse, se encolhendo e aconchegando entre suas asas branquinhas e grandes.
Não tinha certeza se estava entre os Top200, mas havia tentado.
“Pelo menos não fiquei em último” pensou.
— E AGORA, VAMOS ÀS COLOCAÇÕES!
Takami ouviu Present Mic gritar novamente; se agitou e levantou rápida do banco. Correu na direção das escadas, descendo, para chegar na quadra.
A garota já conhecia a U. A., apenas em questão de ditado. Seu pai sempre fazia questão de informá-la sobre a localização da academia, em caso de algum ataque.
Chegou na quadra e estava lá, um grande placar com todos os nomes do Top200.
Quase explodiu de felicidade quando leu seu nome lá! Mahina estava no 12° lugar da lista.
Começou a pular, gritar e se agitar, suas asas dançavam junto de si. Estava muito feliz, havia passado na prova!
— Takami? — a garota ouviu uma voz familiar.
Se virou para ver quem era:
— T-Todoroki?!
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