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História O SEGREDO NA FLORESTA: A Origem - Um presente de Santo Berço


Escrita por: lUnbrokenl

Notas do Autor


Ooi's pessoal! Tudo bom com vocês? Espero que sim!
Mais um capítulozinho pra vcs! Espero que gostem <3

Capítulo 39 - Um presente de Santo Berço


Fanfic / Fanfiction O SEGREDO NA FLORESTA: A Origem - Um presente de Santo Berço

-Murilo? – Joui e Liz rapidamente indagam surpresos. Os demais também esboçaram surpresa, mas não disseram nada.

-Eu conheço vocês? – o rapaz pergunta um pouco confuso. Ele então começa a reparar no pessoal mais atentamente e um semblante de entendimento aparece em seu rosto. – Ah, vocês estavam em Carpazinha! – ele sorri. – Vocês ficaram no hotel que eu trabalhava.

-Sim... – César diz um pouco confuso.

-Sejam bem-vindos a Santo Berço! – abre um sorriso largo. – Vocês chegaram bem na minha provação! – diz empolgado.

-O que você está fazendo aqui? – Joui pergunta. – Tem pessoas preocupadas com você.

-Vocês conhecem o coletor? – o ferreiro pergunta surpreso.

-O Murilo. – Liz o corrige. – Sim.

-Esse era o nome dele antes de Santo Berço. – o grandão comenta.

-Não acredito que vocês vieram também! – Murilo comenta feliz. – Quem trouxe vocês? Foi o porteiro também?

-Foi o porteiro que te trouxe? – Elena pergunta curiosa, lembrando-se do papel escondido que recebera do cinzento mais cedo.

-Sim. – o rapaz responde.

-Você já conhecia ele antes? – Liz indaga.

-Não, mas estou muito feliz que ele me trouxe pra cá. – diz risonho. – Aposto que vocês vão adorar Santo Berço! Eu tô feliz que vocês vieram, mas também estou triste já que vieram bem no dia da minha provação, então vou ter que ficar um tempo sem ver vocês. – ele explica.

-Mas espera aí, Murilo, e a Jéssica? – a perita pergunta. – Você só largou ela lá?

-Jéssica? – ele se pergunta, mas depois se lembra rapidamente. – Ah... Tem coisas mais importantes, né? – diz de forma descontraída.

-E a sua família?! – Webber indaga incrédula.

-Santo Berço é minha família! – ele abre um sorriso. – Do que você tá falando?

-Eu conheci seu vô na loja de xerox. – César diz.

-Ele tá bem? – Murilo pergunta.

-Sim, ele tá bem, mas está preocupado com você. – o esguio comenta.

-Que bom que ele tá bem. – o rapaz sorri. – Acho que cada um tem que seguir o rumo da sua vida, você não pode ficar se prendendo. – comenta.

-Mas você podia pelo menos ter avisado ele. – Arthur olha para o rapaz.

-Por quê? – dá de ombros. – Que diferença faz? Por que eu iria querer sair de Santo Berço só pra avisar uma coisa para minha família que não ia mudar nada de qualquer jeito.

-Mas deixaria eles menos preocupados, né? – o gaudério diz.

-Por que eles estariam preocupados comigo? – Murilo pergunta. – Eu não morri.

-Mas eles não sabem que você não morreu, Murilo. – Joui o repreende.

-A única pessoa que tenho é meu vô e ele nunca se preocupou muito comigo de qualquer forma. – o rapaz dá de ombros. – Que diferença faz? Eu tô feliz aqui. Não preciso sair de Santo Berço. – sorri. – E que bom que vocês vieram também. – diz animado.

-Ele é sua família! – Joui insiste.

-Santo Berço é minha família agora.

-Ok, Murilo. – César diz rapidamente na tentativa de encerrar o assunto.

Liz puxa o ginasta para perto e sussurra para ele:

-Joui, tenta reparar se aqui tem alguém da equipe Kelvin. Observa com atenção, vê se encontra alguém. – ela se afasta e começa a observar ao redor em busca de algum cinzento que se pareça com alguém da equipe Kelvin.

-Parabéns pela sua provação. – o ferreiro sorri e coloca uma de suas grandes mãos nos ombros do rapaz. – Eu sei que vai ser difícil, mas quando você voltar, vai ver que valeu a pena.

-Obrigado, ferreiro! Muito obrigado! – Murilo diz animado.

-O que é essa provação? – Arthur pergunta.

-Voltar de onde? – César pergunta preocupado.

-A provação é a passagem, o amadurecimento em Santo Berço. – o ferreiro começa a explicar. – É quando você deixa de ser um ígnaro – ele aponta para o grupo. – E se torna um luzídio. – aponta para si mesmo.

-E como é esse processo? – César pergunta.

-É relativamente simples e ao mesmo tempo não. – diz o ferreiro. – Acho que vocês vão gostar de assistir. É uma festa, dura o dia inteiro.

-Eu explico pra vocês o que é preciso. – o coletor/Murilo diz empolgado. – Basicamente... Tão vendo todas essas árvores aqui? – ele abre os braços e aponta para o bosque. – Todas elas representam um de nós, um dos luzídios, quer dizer, eu ainda não sou um, mas já posso me considerar. – ele sorri. – Eu vou plantar a minha própria árvore e aí vou ter que ir embora de Santo Berço por três anos, mas depois eu volto, corto minha própria árvore e finalmente vou fazer parte da cidade!

-Isso me parece uma espécie de ritual. – Elena comenta.

-Sim, podemos considerar essa transição um ritual. Uma cerimônia. – o ferreiro diz.

-Bom, não era o tipo de ritual comemorativo que eu estava falando. – ela diz. – Certo, coletor, e você vai fazer o que durante esses três anos longe de Santo Berço?

-Eu não sei ainda, talvez eu vá avisar minha família como vocês falaram. – diz pensativo.

-E todo mundo tem que passar por esse processo de ficar três anos fora e voltar? – Cohen pergunta.

-Para se tornar um membro de Santo Berço? Sim, sim. – o grandão responde.

-E já teve alguém que não voltou? – a Veríssimo indaga.

-Nunca. – o ferreiro abre um sorriso. – Todos sempre voltam.

-Entendi... – César olha para o grandão e depois olha em volta para as árvores. – E essas árvores aqui... Têm até das pessoas que já morreram aqui em Santo Berço?

-Na verdade, quando você morre aqui em Santo Berço, você é enterrado junto com a sua árvore. Ela representa toda a sua vida. E você fica com ela, mesmo depois da morte. – o enorme cinzento diz.

-Eu tenho a minha árvore. – o ajudante comenta feliz.

Elena observa mais atentamente as árvores espalhadas pelo local e repara que a distância padronizada é muito semelhante à distância de um túmulo para o outro, vistos em cemitérios.

-E você vai plantar sua árvore aonde, Murilo? – o esguio pergunta para o rapaz empolgado.

-Bem ali! – Murilo aponta para um espaço vago próximo de onde estão. A terra já se encontra um pouco cavada com um espaço para se plantar sementes. – Mas isso é só no fim do dia só, a gente vai festejar o dia inteiro ainda. Inclusive... Cadê esse taverneiro que não traz as bebidas logo, ferreiro?

-Eu já vou lá pra ver isso, calma. – o ferreiro olha para o coletor. – Você tá muito empolgado, coletor.

-Mas é o meu dia! É óbvio que eu tô empolgado! – o rapaz abre um sorriso ainda mais largo no rosto, de orelha a orelha.

Enquanto o pessoal conversa, a Veríssimo olha em volta, procurando pelo porteiro, mas não o vê. Ela tinha a sensação de que ele poderia falar o que aquele lugar é de verdade e quem sabe ele até saiba alguma coisa sobre a equipe Kelvin, mas o que mais a deixou curiosa sobre ele foi aquela sensação, aquela energia paranormal que sentiu emanando dele tão similar a sua. Algo que ela não sentiu em mais nenhum cinzento em Santo Berço.

-Ei. – Liz se aproxima da garota e sussurra. – O que você tá procurando?

-O porteiro me entregou isso mais cedo. – Elena entrega discretamente o pequeno papel dobrado para a perita, que lê rapidamente.

-E você tá querendo ir lá? – Liz pergunta.

-Sinto que ele pode falar a verdade sobre o que realmente acontece aqui. – sussurra.

-Mas... – Liz começa a falar, mas Elena a interrompe quando um luzídio passa por perto delas para cumprimentar o ferreiro.

-Olha, não sabemos o quão bem esse pessoal escuta. Acho melhor não falarmos sobre isso aqui tão abertamente. Estamos rodeados por eles. – a Veríssimo sussurra. Liz concorda em silêncio, apenas acenando com a cabeça e as duas voltam a prestar atenção no que o ferreiro dizia. César estava perguntando sobre o labirinto infinito.

-O labirinto infinito é, na verdade, uma das maiores lendas aqui de Santo Berço. Um dos nossos maiores orgulhos. Ninguém sabe exatamente como ele funciona, ninguém nunca conseguiu chegar no centro.

-E você já ouviu falar de alguém que entrou e não voltou? – Elena pergunta.

-Na verdade... Como você sabe disso? – o ferreiro pergunta confuso para ela.

-Foi só uma pergunta, mas pela sua reação parece que isso aconteceu mesmo. – a garota responde pensativa.

-Isso significa que alguém já achou o centro? – Arthur pergunta.

-Bom, nós em Santo Berço não registramos nada historicamente, então... Toda a tradição é passada de pai para filho ou de boca a boca. Porém, a única lenda firme de Santo Berço é a lenda dos cinco guardiões. – o grandão diz. – Por algum motivo têm cinco estátuas ao redor do labirinto e a lenda diz que elas representam os cinco guardiões, ou os cinco fundadores da cidade. E a lenda diz que eles foram os únicos que entraram no labirinto e que eles esperam no centro por aquele que conseguiria chegar no centro. É uma história que a gente conta para a criançada. – ele dá de ombros. – Essas estátuas já estão aí desde de muito antes de mim.

-E você vai mostrar pra gente? – Elena pergunta interessada.

-Claro, claro. – o ferreiro diz. – Se vocês estão interessados, é claro. Santo Berço tem muito o que oferecer para vocês, tenho certeza que vocês vão adorar.

-Isso mesmo! – o ajudante sorri.

-Eu adoro lendas, vamos lá. – César diz.

-Mas antes eu gostaria de levar vocês no doutor. Vejo que estão com alguns machucados. – o ferreiro comenta.

O ferreiro, o ajudante e o grupo partem em direção à casa do doutor. Observando ao redor é possível notar que a “cidade” possui cerca de cem pessoas no máximo.

-Sem querer ser indelicado. – Thiago comenta enquanto caminham atrás do ferreiro. – Mas por que vocês têm a cor cinza e essas faixas?

-Por que vocês não têm? – o ferreiro pergunta sorrindo.

-Quando conhecemos o Murilo ele não tinha isso. O que aconteceu com ele para ficar desse jeito? – o jornalista indaga curioso.

-Bom, ele ficou aqui em Santo Berço e eventualmente você desenvolve. – diz o grandão.

-Quer dizer que isso aí vai aparecer na gente? – Joui pergunta um tanto animado enquanto os demais esboçaram apenas preocupação.

-Provavelmente. – o ferreiro sorri. – Eu gosto de pensar nessas faixas como uma representação de como Santo Berço é especial e melhor que qualquer outro lugar.

-Tem alguma coisa na minha cara? – Arthur se vira assustado para Elena.

-Tem três. – ela comenta olhando para as cicatrizes.

-Sério? – o gaudério se assusta.

-As cicatrizes. – a garota diz rapidamente.

-Ah... – Arthur suspira aliviado. – Que susto.

-Bom, vamos lá então? Estou doido para conhecer o doutor, as estátuas... - César comenta. O esguio está claramente apressado, ainda mais depois de ouvir o ferreiro falar sobre ficar cinza.

-Na verdade, a melhor pessoa para apresentar vocês para o ferreiro é o ajudante. – o grandão sorri. – Não é, ajudante?

-É, pois é! – o ajudante diz animado. – É o meu pai. – ele explica para o grupo.

-Ah, é o seu pai? – César olha para ele. – Que legal.

-Coletor, a gente já volta. – o ferreiro diz para o Murilo, que está animadíssimo.

-Tudo bem, tudo bem. – Murilo sorri. – Só não esqueçam de vim! Tem muita festa ainda!

-Pode deixar. – o ferreiro sorri e começa a caminhar para fora do bosque. O grupo o segue. – A festa da provação dura até a noite chegar. Aí ele planta a árvore e todo mundo vai para casa.

Enquanto caminham junto do ferreiro e do ajudante, Arthur anda mais apressado até a Liz e dá um pequeno cutucão em seu braço, fazendo sinal para ficarem mais para trás no intuito de falar com ela. Joui percebe e se vira para trás, fazendo um pequeno sinal para que ele ficasse em silêncio, em seguida apontando para a orelha, indicando que qualquer coisa que forem falar, os cinzentos podem escutar.

Liz, que estava com seu bloquinho em mãos, entrega o objeto para que Arthur escrevesse o que queria falar. O gaudério pega o caderninho e percebe que a perita havia escrito palavras-chave como “Santo Berço”, “Luzídios” e “Ígnaros”. Ele então aponta uma seta para “Ígnaros” e escreve: “Isso te lembra o quê? Pra mim essa palavra me lembra ‘ignorantes’”. Ele entrega de volta o caderninho para Liz e ela rapidamente o lê, ficando bastante pensativa depois e concordando com ele.

-Vocês não vêm? – o ferreiro pergunta após reparar que os dois ficaram para trás.

-Opa, estamos indo. – a perita diz e apressa o passo para mais perto do grupo. Arthur faz o mesmo.

-Mas então, me contem melhor sobre esse mapa... Quem fez ele? Ainda estou tentando entender como vocês vieram parar aqui. – o ferreiro diz. – Vocês não vão deixar de ser bem-vindos aqui. – ele acrescenta rapidamente.

-Na verdade viemos pra cá procurando por uma caverna. – Webber diz. – E chegamos por acaso em Santo Berço.

-Que caverna? – o grandão pergunta interessado. – E por que estariam procurando por isso?

Elena observava atentamente o ferreiro, estranhamente ele lhe lembrava alguém, mas ela não conseguia assimilar com ninguém. Ela também buscava microexpressões enquanto conversava com ele, mas ele não apresentava nenhuma acusatória. O que a faz chegar em duas possibilidades: a primeira é que ele é inocente e realmente não sabe nada do envolvimento paranormal, esoterroristas, caverna e tudo mais ou ele na verdade é muito experiente em manter suas expressões neutras, como um militar bem treinado, e está envolvido até o pescoço nisso tudo. Seja qualquer uma das possibilidades, a garota optou por continuar observá-lo em silêncio.

-É... A gente estava nessa casa, que não sabíamos sua procedência, e encontramos um desenho de uma caverna. – Cohen começa a falar ao ver que os demais permaneceram em silêncio. – E aí a gente foi.

“César precisa aprender a mentir melhor.”, é o pensamento que passou pela cabeça de Elena e Thiago.

-Mas vocês seguiriam qualquer desenho de qualquer mapa em qualquer cidade que vocês estão? – o grandão pergunta incrédulo. Claramente não caiu na conversa do esguio. – Isso não faz sentido pra mim.

-Não, as pessoas estavam desaparecendo e queríamos investigar. – César diz rapidamente. – E encontramos essa pista, uma caverna.

-Não foi o primeiro lugar que a gente foi... Investigamos em muitos outros lugares. – Arthur tenta complementar a mentira, se mostrando também outro terrível mentiroso.

O jornalista coloca a mão no bolso e retira uma pequena fotografia. Era a foto do símbolo em espiral cravado no chão, a foto que lhes foi entregue quando o Sr. Veríssimo os convocou para a missão.

-Sabe o que significa isso aqui, ferreiro? – Thiago lhe entrega a fotografia.

O grandão a pega com suas enormes mãos e olha atentamente. Ele fica bem surpreso. Elena nota imediatamente que ele parecia já ter visto isso antes. Ele então levanta um olhar sério para todo o grupo.

-Onde vocês encontraram isso? – o grandão pergunta com o tom mais sério.

-Na casa. – Thiago dá de ombros.

-Em uma investigação. – Elena responde enquanto o analisa minunciosamente. – Acredito que esse símbolo pode ter sido cravado no chão por um dos guardiões.

-Hã? – o ferreiro mostrou-se confuso, mas Elena percebeu que era fingimento. – Não sei o que você quer dizer com isso. – ele diz desviando o olhar da fotografia e entregando-a de volta para Thiago. – Eu talvez conheça alguém que saiba mais sobre esse símbolo. – acrescenta. – Vou levar vocês lá depois. – diz enquanto caminha. Seus passos reduzem enquanto se aproxima de uma grande casa branca. – Aqui é a casa do doutor. – ele para na frente da casa.

-Se vocês quiserem entrar... Ele provavelmente está cuidando de um dos mineradores que se acidentou. – o ajudante comenta.

-Sim, é melhor mostrarem seus ferimentos para ele cuidar de vocês. – o grandão olha para Joui e Arthur.

-Só mais uma perguntinha antes de entrarmos. – o esguio diz. – Você disse que luta contra aberrações durante a noite, certo? Quem são os responsáveis por lutar contra eles?

-A gente não luta com ninguém, na verdade. – o ferreiro diz. – Só sabemos que elas estão aqui e mal aparecem, só de vez em quando. Nas vezes em que aparecem são quando têm ígnaros na cidade. Santo Berço não gosta muito de ígnaros. – comenta. – Mas não se preocupem, isso muda com o tempo.

-Se vocês não gostam de ígnaros, por que estavam sendo tão gentis? – Joui pergunta confuso.

-Não, não, nós gostamos. – o ferreiro diz. – A cidade que não gosta, Santo Berço.

-Como assim a cidade? – Thiago pergunta.

-A cidade, ué. – o ajudante sorri. – Santo Berço. A cidade.

-Mas vocês não são a cidade? – o jornalista indaga.

-Não, nós moramos na cidade. – o grandão responde confuso.

-A cidade é viva? – Arthur pergunta.

-De certa forma... – o ferreiro responde pensativo.

-De que forma? – Fritz pergunta desconfiado.

-Bom, ela nos dá alimento, nos dá água, um lugar para morar... Nos dá vida e um lugar para morar. – o grandão explica. – A cidade também sente quando existe algum perigo – ele olha para as armas que o pessoal carregava na cintura e as espingardas que saíam da mochila de Joui e Elena. – E fogo. – diz ainda encarando as armas. – Ela não gosta de fogo. Não usamos fogo em Santo Berço. – ele suspira. – Não sei o motivo de vocês terem vindo para cá, mas trazer armas de fogo não me parecem apenas uma curiosidade. A cidade não gosta de fogo, vocês não deveriam ter isso aqui. Ela não vai responder a isso de maneira leve. – ele então se vira para a casa. – Doutor! – e em seguida entra. Por ser muito alto e musculoso, tem que se espremer para entrar no imóvel. O ajudante vai logo atrás dele. O pessoal também entra logo em seguida.

O interior da casa é bem bonito e rústico, decorado com um grande tapete, vários sofás, uma grande lareira no canto que não estava acesa com fogo, mas com algo similar. Pequenos cristaizinhos que emitem calor e uma luz vermelha. O ambiente possuía vários candelabros em volta, com esses mesmos cristaizinhos.

O grandão caminha em direção a uma poltrona próxima e se senta, suspirando aliviado por descansar. O ajudante se senta na poltrona ao lado.

-Ô doutor! – ele chama novamente.

Enquanto isso, Liz fazia observações em seu bloquinho, Arthur observava tudo bem impressionado e assustado, Thiago olhava ao redor curioso, Elena observava o ferreiro, Joui esperava pelo doutor pacientemente e César olhava desconfiado para cada canto, mas em silêncio.

No lado direito do cômodo tem uma porta fechada e quando ela se abre, sai um homem cinzento e alto, bem magro. Seus cabelos escuros possuía algumas nuances acinzentadas, revelando uma idade mais avançada por volta dos cinquenta anos. Suas vestes são completamente pretas e longas, luvas pretas além de um pequeno óculos arredondado de grau e um chapéu preto. Suas faixas no rosto são encurvadas, saindo dos olhos e indo em direção às orelhas pontudas.

-Ferreiro? – o homem pergunta. Seu rosto apresenta confusão quando ele olha para o grupo. – Bem-vindo a Santo Berço... Posso ajudar? – olha confuso para o pessoal.

-Esses são novos ígnaros que chegaram na cidade. – Eles aparentemente chegaram aqui seguindo algum tipo de mapa. – o ferreiro explica. – Buscando pessoas desaparecidas. É a primeira vez que ouço falar disso em Santo Berço.

-Eles estão feridos ou alguma coisa do tipo? – o doutor pergunta.

-Bom, eu tô mostrando a cidade para eles. – o ferreiro diz. – Sabe como é com os ígnaros.

-É sempre legal vim aqui. – o ajudante abre um sorriso para o doutor.

-Oi, filho! – o doutor abre um sorriso para o jovem cinzento.

-Oi, pai! – o ajudante abre um sorriso largo.

-Novamente, sejam bem-vindos. – o doutor se vira para o grupo novamente com o olhar sério e penetrante.

-Doutor, o senhor nasceu aqui em Santo Berço? – Joui pergunta.

-Não... Vocês devem estar assustados, né? – ele mostra um olhar de compreensão.

-Sim, sim... Eles ainda estão um pouco em choque, ainda mais que eles não vieram em nenhum tipo de peregrinação. – o ferreiro comenta.

-A gente só tá curioso. – o ginasta diz rapidamente.

-Vir pra cá sem nenhum peregrino... – o doutor diz pensativo. – Não existe mapa para Santo Berço.

-Não era bem um mapa... – César acrescenta.

-O senhor se lembra ou poderia nos dizer seu nome antes de Santo Berço? – Joui pergunta.

-Não, por que vocês querem saber disso? – o doutor pergunta confuso.

-Apenas curiosidade. – o ginasta responde.

-Senhor doutor. – uma voz feminina vem de trás da porta. Em seguida uma mulher cinzenta sai dela. Ela rapidamente olha para o grupo. É uma garota baixinha com o cabelo preto amarrado e grandes óculos garrafais. Usava um vestido preto com um grande avental branco. Apesar da pele cinza, ela era bem reconhecível. – Oh, bem-vindos a Santo Berço! – ela abre um sorriso largo. – Ah, oi ajudante! – ela fica um pouco corada.

-Oi! – o ajudante abre um sorriso bem grande ao ver a enfermeira.

-Cibele? – César se vira para a garota cinza.

-Vocês vieram para Santo Berço também, que legal! – ela se vira para o grupo. – Sejam muito bem-vindos!

-Cibele, o que você tá fazendo aqui? – a perita pergunta surpresa.

-Eu tô ajudando o doutor, a gente tá cuidando de um minerador que sofreu um deslizamento de pedra na caverna. Mas já estamos quase terminando, daqui a pouco vamos para a provação. – ela sorri. – Vocês chegaram bem num dia muito legal! – diz animada.

-É... – César diz não muito animado.

-Cibele, por que você abandonou Carpazinha? – a perita questiona. – Por que abandonou o hospital?

-Porque eu quis me mudar pra cá, qual o problema? – a enfermeira olha confusa para ela.

-Mas você não avisou ninguém, só sumiu. – Webber diz.

-Eu não sumi, eu vim pra cá. – Cibele dá de ombros. – Não tinha ninguém para avisar.

A perita apenas fica em silêncio.

-Oi, enfermeira. – o ajudante diz risonho.

-Oi, ajudante! – ela diz sorrindo e com as bochechas rubras.

-Hum... – Arthur olha para os dois.

-César-kun, não foi com ela que seu pai tentou te juntar? – Joui sussurra com o esguio.

-Hã? – o esguio pergunta confuso e depois se lembra da tentativa desesperada do pai em lhe arranjar uma namorada. – É verdade... – ele de repente se lembra da Veríssimo e fica corado ao vê-la sorrindo. – Fica quieto, Joui. – reclama.

-Aquilo no hospital foi engraçado e nada sutil. – Elena sussurra com os rapazes.

-Foi incrível! – Joui concorda sorrindo.

-Fiquem quietos. – César reclama corado. – Não tenho interesse nenhum nela. – ele dá de ombros. – Nela não. – o esguio diz desviando o olhar para o doutor. Elena rapidamente cora ao se lembrar do beijo que deram no bar.

-Espera, então tem alguém que você gosta? – Joui pergunta surpreso.

-Vocês parecem estar um pouco feridos. – o doutor olha para Joui e Arthur. – Querem que eu dê um jeito nisso?

-Não, a gente tá bem. – Arthur diz.

-Sim. – Joui diz ao mesmo tempo que o gaudério.

-O quê? Não! – Liz diz de forma protetora e o segura pelo braço.

-Meu pai é o melhor, deixa ele ver. – o ajudante diz animado.

O doutor caminha até o ginasta e quando chega bem perto, aproxima os dedos longos até o curativo. Joui se sente um pouco desconfortável ao olhar tão de perto aqueles olhos negros refletindo a luz, mas fica em silêncio e permanece imóvel, deixando o cinzento examinar sua ferida. Antes que o doutor pudesse encostar seus dedos para retirar o curativo, num reflexo, Liz dá um tapa em sua mão para afastá-la do ginasta.

-Hã? – o doutor olha confuso para ela. – Tá tudo bem aí?

-Liz, tá tudo bem. – Joui assegura para a perita.

-Vocês podem deixar ele examinar vocês, ele sabe o que está fazendo. – o ferreiro diz. – Ele é o doutor de Santo Berço.

-Não, não... Não toca nele. – a perita diz rapidamente.

-Liz-senpai, tá tudo bem. – Joui insiste. – Confie em mim dessa vez.

A perita encara o ginasta por alguns instantes e depois o solta, dando abertura para o doutor.

-Eu só quero ver como tá o ferimento. – o doutor explica enquanto se aproxima novamente.

-Desculpa, senhor doutor. – o ginasta diz rapidamente. – Ela é minha médica também e só estava preocupada. – justifica.

-Tudo bem. – o doutor diz. – Esses médicos ígnaros... – murmura com desdém. A perita apenas fecha a cara ao ouvi-lo.

O doutor encosta os dedos longos em sua luva preta no curativo do ginasta e o arranca rapidamente, retirando um gemido de dor e susto do asiático. Por trás da bandagem havia um enorme ferimento com pontos no formato de “X”.

-Hum... Eu consigo resolver isso em cinco minutinhos. – o doutor diz. – Você não quer que eu resolva isso? A gente já terminou o trabalho com o minerador.

-Sim, por favor. – Joui diz. – Mas a minha médica pode observar?

-O que vocês quiserem. – o cinzento diz. – Eu só quero fazer meu trabalho.

-Ok. – o ginasta concorda.

Enquanto isso, Cibele se aproxima dos demais que estavam na porta.

-E aí, como foi? Vocês chegaram aqui, não entendi nada. – diz animada. – Que legal que vocês vieram para Santo Berço!

-É também tô muito animado de estar aqui, Cibele. – César fala com uma empolgação exagerada. Quem o conhece, claramente notou seu fingimento.

-Nossa, lugar maravilhoso desse... – o jornalista também entoa uma animação exagerada.

-É... Super... – Elena não se esforça muito, apenas fala normalmente, sem animação alguma. Apesar de estar conversando, sua atenção está voltada completamente para o ferreiro. Ela o analisava continuamente buscando alguma coisa que o denunciasse saber mais do que estava contando.

-E quem é que trouxe vocês? – a enfermeira pergunta curiosa.

-Menina... A gente tava andando por Carpazinha, aí do nada saímos aqui. – Cohen mostra ainda mais empolgação, arrancando alguns risos de Elena e Thiago.

-Hã? – ela se mostra confusa.

O esguio se afasta de Cibele e caminha até o ajudante.

-Eaí, ajudante. – o esguio olha para o cinzento que tinha os olhos vidrados na enfermeira.

-Opa... – o ajudante sorri para o esguio.

-Enquanto eles vão lá pro doutor cuidar deles, posso trocar uma ideia com você? Quero saber mais sobre Santo Berço. – César diz.

-Mas... Mas eu quero ver... – o ajudante sorri e volta a encarar a Cibele.

-Quer ver o quê? – o esguio pergunta confuso.

-Quero ver... Ainda mais que a enfermeira está ali. – ele sussurra para César. – Eu quero ver ela. – continua sussurrando com as bochechas coradas.

-Você gosta dela? – César sorri e murmura de volta.

-Shhh. – o ajudante sorri e pisca para ele.

-Vem, vem. – o doutor puxa gentilmente o ginasta pelo braço e o guia para dentro da porta, levando-o a um quarto com várias macas e uma estante com diversos cristais coloridos dentro de jarros de vidro e várias ferramentas médicas. Liz está logo atrás, olhando tudo bem atentamente. No cômodo, na maca mais no canto, havia um homem gordinho dormindo. Este também é cinzento.

-Ah, eu posso ajudar. – a enfermeira também entra no quartinho.

Thiago e Elena vão logo atrás dela, interessados em ver o tratamento que o doutor vai fazer.

O doutor olha pensativo para o ferimento do Joui e depois se vira para a enfermeira.

-Traz só um cristal pequeno. – ele diz.

Cibele rapidamente caminha até a estante e pega um dos potes com cristais verdes, em seguida, pega uma pinça e pega um cristal pequeno do jarro, trazendo rapidamente até o doutor.

O doutor pega a pinça com o cristal e aponta para uma das macas.

-Pode se sentar, por favor.

Joui se senta na cama mais próxima e espera pacientemente pelo doutor.

-Doutor, o que é esse cristal aí? – Thiago pergunta curioso.

-Esse é um dos vários presentes que Santo Berço dá pra gente. – ele abre um sorriso largo e em seguida segura o rosto do ginasta com uma das mãos enquanto aproxima a ponta do cristal em direção ao ferimento. O cinzento aprofunda o cristal na ferida, causando um pouco de dor seguido por um leve frescor, passando em tudo. Liz, que via tudo, ficou surpresa ao notar que por onde ele passava o cristal a pele cicatrizava imediatamente.


Notas Finais


E então, gostaram?
Até o próximo capítulo!
Kisses de Luz <3


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