POV Suga
Eu estava meio dormindo, sentia a respiração de Jimin pela barriga, a qual meu braço a prendia contra mim; meu nariz roçava de leve em sua nuca e eu sentia seu cheiro que me trazia paz. O ritmo da sua respiração mudou e ele suspirou baixinho, sinal que tinha acordado, mas não tinha se movido acreditando que eu estava dormindo.
- Já teve pesadelos, Jiminie? – eu disse baixinho.
- Muitos, mas já faz tempo. – ele respondeu com uma voz de sono que me fez apertá-lo mais contra mim; ele riu baixo.
- Eu tinha todas as noites. Desde os meus dez anos.
- Não tem mais?
- Não de alguns dias para cá. Uma semana, acho.
- Anda mais cansado? – ele riu com a pergunta.
- Você me dá paz.
Eu queria que ele soubesse, mesmo que significasse pouco, para mim significava muito. Me incomodava o fato dele ter ciúmes, porque sentia que ele não confiava em mim ou no que eu sentia. É claro, seu filho da puta, você demonstra igual uma pedra, é claro que ele confia plenamente no que você sente, ATÉ PORQUE ELE SABE NÉ?
Ótimo, meu próprio consciente brigando comigo, e é claro que ele estava certo. Palavras como essas não saiam, eu não sabia como pronunciá-las, não sabia como dizer o que eu sentia porque era a primeira vez que eu sentia; V era muito bom nisso, em dizer o que queria, mas nesse tempo todo, eu não achei que precisasse aprender com ele. Senti a mãozinha de Jimin se encaixar com a minha e entrelaçar os dedos, o polegar fazendo um suave carinho nela; uma das coisa mais confortáveis que eu só tinha encontrado nele, era essa capacidade de entender que eu não precisava de palavras, eu só precisava de gestos que me mostrassem quase que em um desenho. Mas eu sabia que para ele não bastava.
Ouvimos batidas na porta e eu sabia quem era num estalo.
- Quer apostar comigo que é a Meyling?
- Quero. – ele se virou para me encarar. – Aposta que eu tiro ela daqui com menos de cinco minutos?
- Apostado.
- Se eu ganhar, você pinta o cabelo de preto.
- Se eu ganhar, você canta uma música pra mim.
- Se quisesse era só ter pedido, Yoongi.
- Aposta, está dentro ou não?
- Fechado.
Ele se levantou e jogou o seu short de pano fininho e folgado para mim. – Atende ela.
- ASSIM? Você queria jogar ela do sexto andar duas horas atrás. – com aquele short, era bem evidente que eu não tinha uma peça por baixo dele.
- Anda logo.
Eu vesti e fui, apesar de contra a minha vontade, a minha curiosidade era maior. Abri a porta e dei de cara com a garota vestindo um short muito curto e uma blusa de alcinhas que deixava bem claro que era só isso que ela usava.
- Oi, vocês...
Seus olhos desceram pelo meu corpo e eu não pude segurar a risada.
- Meyling, sua conversa é com a cabeça de cima, OK? – eu estralei os dedos duas vezes, chamando sua atenção.
- Ah, é que... se eu soubesse que você atendia a porta assim, teria vindo mais vezes.
- Normalmente não atendo, mas eu era o que estava mais acordado, então... o que você precisa, Meyling?
- Coincidentemente... açúcar. – ela levantou uma sobrancelha para mim.
- Suga, quem... – eu senti suas mãos na minha cintura. – Ah, oi Meyling. Não está com frio?
- Na verdade, está bem calor aqui. – ela coçou a nuca. – Eu estava dizendo pro Suga que eu precisava de açúcar.
- Esse aqui é estragado, eu vou pegar pra você. – eu observei ele piscar para a garota e seguir para a cozinha; ele vestia a minha boxer cinza.
- Tá escorrendo baba aqui, Suga. – Meyling riu.
- Não dá pra não olhar. – eu me virei para ver seu sorriso. – Kookie foi ver o V?
- Foi, na verdade eu meio que empurrei ele até o apartamento do Taehyung. Obrigada, Jiminie.
- Disponha. – ele sorriu ao entregar o açucareiro para ela, que recebeu com as duas mãos.
Jimin colocou as mãos dentro dos bolsos do short e começou a acariciar meu membro enquanto mordia de leve meu ombro.
- Na verdade o Kookie só estava com um pouco de medo de estar forçando... – ela se interrompeu como quem perdia o que ia dizer. – com a recente saída do daddy, essas coisas.
- Ele estava certo, V precisava pensar um pouco. – eu me virei para Jimin. – Eu vou morder você.
Ele riu.
- Fofos. Obrigada pelo açúcar, vizinhos. – ela sorriu. – Até mais ver.
- Até. – nós respondemos juntos e ela entrou no apartamento.
- Pronto. – ele sorriu vitorioso. – Vai pintar o cabelo de preto.
Eu fui até ele e segurei suas coxas, fazendo o mais novo prender as pernas na minha cintura, então girei algumas vezes com ele.
- HYUNG, PARA. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?
- Viu, é isso que você tem que fazer. – eu o soltei.
- Mais fácil do que eu pensei.
Eu segurei sua nuca e o beijei, estava feliz demais para não fazer isso.
***
POV JIMIN
Acordamos tarde, de todo jeito eu fiz o almoço com a ajuda de Suga e nós almoçamos sozinhos; Meyling tinha que ir para a faculdade organizar seus papéis de matricula e Kookie a levou de carro até lá, prometendo que voltaria depois para contar o que tinha acontecido, caso Taehyun não ligasse explicando tudo antes disso.
- Será que a Naja Mãe ainda está esperando a gente? – Suga disse enquanto me ajudava a guardar a louça.
- Espero que não. Na verdade eu espero que ela tenha desistido disso.
Ouvimos batidas nervosas na porta e logo aquela maldita voz.
- Eu sei que vocês estão aí. Abra essa maldita porta.
- Mas que merda a sua mãe está fazendo aqui?
- Eu que sei? Eu tenho que atender ela?
- Anda logo Park Jimin. – ouvimos ela de novo.
- Ela não parece que vai sair dali tão cedo.
Eu sabia que era verdade, então fui até o quarto colocar uma calça jeans, Suga fez o mesmo e ele atendia minha mãe enquanto eu trocava meu suéter por uma camiseta, levando uma para que Suga vestisse.
- Aonde está? - ela gritou
- Ow, ow, calminha, senhora. Dizem que nervoso nessa idade pode ser perigoso.
- Não estou para as suas gracinhas, Yoongi. Jimin! Porque me deixou esperando mais de uma hora com aquela moça?
- Eu disse que não ia, mãe. – eu me virei para Suga. – Aqui, açúcar. – eu disse com carinho e ela notou isso.
- Eu estou esperando naquele maldito restaurante e você aqui com ele?
- Melhor lugar do mundo. – Yoongi deu de ombros e vi minha mãe espumar de ódio.
- Me conte agora porque você simplesmente não aceita que eu lhe arrume uma moça digna e de boa família, Park Jimin.
- Mãe... sinceramente, precisa gritar assim? Eu estava na minha casa, eu não quero pretendentes pra me casar, eu tenho outra pessoa.
- Isso você já me disse, mas quem é? Por que nunca me levou para conhece-la?
- Na verdade, ele já levou. – disse Suga.
- Tá olhando pra ele, mãe.
- Não me faça de idiota, Jimin. - ela voltou a gritar.
- Mãe... eu e o Yoongi... somos...
- O casal mais bonito da cidade, senhora Park.
- É brincadeira, certo? Você está usando o segurança para fugir das suas responsabilidades com a sua mãe, VOCÊ ESTÁ MENTINDO PRA MIM.
- Não estou.
- Com que motivo mentiríamos?
- Jimin, você... você...
- Sim. – ele respirou fundo.
- Que palhaçada e essa, Park Jimin???? Você namorando um homem???
- Não é um homem qualquer não, seu filho tem muito bom gosto.
- Cala a boca, senhor min. O que você se tornou, Jimin???? O que deu tão errado na sua criação para isso???
- Nada, mãe. Só aconteceu.
- Então que desaconteça. Está louco? Perdeu a cabeça? Com quem você aprendeu esse tipo de coisa asquerosa e nojenta?
- Nojenta?
- A única coisa me dando nojo aqui é a senhora, senhora Park. – Suga tinha a voz calma e baixa, como quem esperava exatamente esse tipo de reação.
- Não fala comigo. Não ouse. Que desgosto, Park Jimin... quanto desgosto, quanto... nojo.
- Do que está falando, mãe? O que tem de errado?
- O que tem????? Tem tudo. Um homem, Jimin, igual a você. Eu não te criei para isso. Você não pode.
- A senhora não me criou para nada. A senhora não me criou, não venha dizer que fez alguma coisa porque a senhora me abandonou! - Foi minha vez de gritar para ela.
- Eu me casei novamente.
- E não tinha espaço pro seu próprio filho nessa vida nova? E quer saber, mãe? Eu agradeço, viu. Meu pai me criou livre pra escolher o que me fizesse bem, se eu tivesse sido criado pela senhora provavelmente eu seria...
- Uma pessoa de verdade, um homem de família e não um vadio nojento que se relaciona com outros homens.
- Eu seria infeliz!
- E que tipo de felicidade você tem agora?
- Eu sou feliz, mãe, eu tenho pessoas que eu amo do meu lado.
- Quem? Ele!? – ela olhou com total nojo para Yoongi.
- Sim, ele. Ele esteve comigo esse tempo, ele me deixa bem, ele cuida de mim e se preocupa como a senhora nunca fez. Eu amo o Yoongi e não tem nada que a senhora faça que mude isso.
- Quanta besteira, que ingenuidade, seu moleque. Acha mesmo? Olha pra ele, acha mesmo, de verdade, que ele te ama? Amor? Isso é amor? Isso pode ser chamado de amor? Essa coisa impura, errada, absurda, imunda? - ela continuava gritando, ela tinha que gritar tanto?
- Eu amo seu filho, senhora Park. E se não controlar a língua eu vou expulsá-la do nosso apartamento.
- Expulsar a sua mãe de casa? É isso que você vai deixar esse porco fazer, Jimin?
- Exatamente, mãe. Eu não vou ser como a senhora quer e muito menos como a senhora é.
- E o que eu sou, Jimin? Uma mãe preocupada com o seu filho que está sendo jogado na lama da promiscuidade?
- A senhora é amarga, fria, infeliz, podre por dentro. Ninguém te aguenta, ninguém te suporta mais que dois minutos, sabe porque, mãe? Ninguém. Te. Ama.
Ela foi mais rápida do que qualquer coisa e o tapa que ela me deu doeu na minha alma, e não só no meu rosto.
- Vagabundo, vadio, nojento. Eu tenho nojo de ter você como filho.
- Você nunca me bateu, nunca.
- Eu nunca tive tanto desgosto na minha vida. Você nunca foi bom o suficiente, mas eu sempre ignorei isso. Eu queria você engenheiro, mas resolveu vender a sua aparência e o seu corpo nas revistas, resolveu ser "famoso"– ela cuspiu com ódio a palavra – e nem ao menos se deu conta que não era isso que eu queria pra você.
- Mas é o que eu quero. Eu tenho a minha vida, não desconta a merda que é a sua na minha.
- Eu não sei o que fazer com você, Park Jimin. Nesse momento... eu queria que você sumisse. Eu queria não ter parido esse monstro que é você.
- Então finge que não tem mais filho como você fez a vida inteira.
Ela veio para cima de mim de novo, mas Suga entrou na minha frente e tomou o tapa por mim.
- Sai da minha frente, Min.
- Nunca. Vai ter que me deixar desacordado no chão antes de encostar a mão no Jimin de novo. E cá entre nós, sabemos que a senhora não consegue.
- É assunto de família, seu porco, não se meta.
- Jimin é a minha família, é tudo que eu tenho. Eu faço qualquer coisa por ele, mas a senhora não entende, não é? Nunca fizeram nada de coração para a senhora. Até porque o seu deve ter apodrecido há muito tempo.
- Seu insolente! - ela gritou.
- Bate de novo, se acha que isso vai tirar a raiva. Eu não vou revidar. Mas no Jimin... A. Senhora. Não. Encosta. Nunca. Mais.
- Porco, pervertido, promíscuo. Vocês dois. Eu tenho nojo de você, Jimin. Eu não tenho mais filho.
- Ótimo, agora eu não tenho mais sogra. Sai da minha casa.
- Você não pode.
- Sai mãe, agora!
- Nunca mais me chame de mãe!
- Então vai pro inferno, senhora Park. – eu gritei, sentindo minhas pernas fraquejarem logo depois.
- Não encosta em mim, eu sei o caminho.
- Então some logo, antes que eu ligue pro capeta informando que um demônio escapou. - disse Yoongi.
Ele a acompanhou até a porta, não antes dela xingá-lo novamente.
- E você, senhor Min – ela disse com sarcasmo. – eu espero sinceramente que vá para a puta que te pariu.
- Ah, conheceu a minha mãe? Trabalharam juntas, aposto. – ela ferveu de ódio. – Segue um conselho do rei da porra toda, senhora Park, e vá se foder. Melhora seu humor.
Ele fechou a porta na cara da minha mãe e a trancou logo em seguida. Eu perdi totalmente as forças nas minhas pernas e caí de joelhos no chão; meu corpo inteiro tremia e as lágrimas que eu estava segurando até agora começaram a escorrer, primeiro uma ou duas, mas quando Yoongi se ajoelhou do meu lado e me abraçou, eu não pude suportar.
Então eu chorei. Chorei como se eu tivesse cinco anos de idade. A dor que eu sentia não cabia em mim; ouvir isso de qualquer pessoa doía muito menos do que da pessoa que me colocou no mundo. Ela era minha mãe, devia querer o meu bem. Mas ela devia tanta coisa... segurei o ombro de Yoongi com força e gritei. Alto, rouco, desesperado para que a dor passasse de algum jeito, mas ela não ia embora. Talvez nunca fosse.
- Eu amo você. Eu estou aqui com você.
Eu queria ouvir essas palavras em uma outra ocasião, mas foram elas e só elas que me seguravam. Elas eram a minha linha e sem isso... eu não tinha mais nada.
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