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História O Silêncio Dos Lobos - Feito


Escrita por: DoctorCase

Capítulo 60 - Feito


Fanfic / Fanfiction O Silêncio Dos Lobos - Feito

Kai arrancou os curativos do peito. Impaciente, não queria esperar que Chen fizesse isso por ele.

-Ei.

-Fala.

-Aquela mulher ta ai.

-Anne?

-É.

Kai levantou-se mais rápido que conseguia. Os ferimentos ainda estavam abertos e eles ainda não sabiam o porque da demora do fechamento delas. Kai não se curava tão rápido, não era tão veloz quanto já foi e nem sua força era intensa como já tinha sido.

Aparentava cansaço, fraqueza e também a definição de seus músculos era uma lembrança doce.

-Você está um trapo, Kai.

-Um pouco.

A mulher de cabelos curtos cumprimentou os lobos que não tinha visto. Os rapazes estavam reunidos na sala, jogando vídeo game e eufóricos. Entretanto, quando Kai apareceu no recinto, o jogo foi pausado e todos olharam para o alfa.

-Tudo em cima, Kai? –Suho perguntou.

Sehun levantou-se, deixando o controle de lado, a possível vitoria que conquistaria para ajudar o amigo.

-Por que você levantou, amigão?

-Disseram que ela estava aqui.

Irene sorriu abertamente.

-Anne? Depois de tantos meses, você finalmente apareceu pra uma visita. Quer alguma coisa?

-Nããã. Só vim conversar com o grandalhão.

Sehun assentiu.

-Vou levar ele para o quarto.

Kai balançou a cabeça, tirando o braço do ombro de Sehun.

-Relaxa, irmão, tá tudo numa boa. Vou sozinho.

Todos entreolharam-se. Não estava tudo numa boa. Desde o desaparecimento de Kyungsoo e o assassinato do xerife da cidade, Kai parecia outra pessoa. Cabisbaixo, era assolado pelos pesadelos e tinha insônia. Metia-se em brigas em bares de outras cidades e voltava machucado. Chen olhou para a ferida aberta no peito do alfa, feito com estilhaços de uma garrafa em um bar.

-Kai. –rosnou Chen, erguendo-se. – Por que diabos você está sem os curativos?

Kai deu de ombros e virou-se, ignorando-o.

-Kai. –rosnou mais uma vez.

Ele saiu da sala, mancando, acompanhado de Irene, ou Anne como preferia ser chamada. E Sehun, que acompanhava-os mais atrás, receoso do alfa cair duro no chão a qualquer minuto.

-KAI!

-Que é?

-Eu estou tentando cuidar de você, caralho. Todos aqui estão preocupados com você, o que anda fazendo... Porra, você aparece machucado toda noite. Olha a merda do seu estado!

Kai não deixou de encará-lo um só segundo enquanto disparava em palavras entaladas em seu peito. Os lobos, na sala, suspiravam. Também queriam falar coisas parecidas para o alfa.

-Você está se matando porra!

-Seria ótimo se eu morresse, Chen. –falou baixo.

Sehun engoliu a seco.

-Seria perfeito.

Anne apertou o ombro do alfa com a mão, pedindo para que ele parasse de falar.

-Vamos entrar, tenho coisas pra te falar, Kai.

-Você ainda não percebeu que ELE NÃO QUER MAIS FALAR COM VOCÊ? O QUE QUER QUE ELE TENHA SOFRIDO FOI TRAUMATICO DEMAIS!

-Eu dei tempo suficiente para ele. –Kai disse, ainda em um tom baixo, quase inaudível.

-Deu? Então esquece, porra! Somos quase vinte pessoas tentando sobreviver á merda da Resistencia caçadora enquanto você procura pelo Kyungsoo! Porra! E nós? E NÓS? COMO FICAMOS? VOCÊ É O ALFA! A RESPONSABILIDADE É SUA DE NOS AJUDAR! PRECISAMOS DE VOCÊ TAMBÉM! 

-Eu não escolhi isso, Chen.

Sehun rosnou quando Chen avançou para Kai. Xiumin apareceu na porta, puxando Chen para dentro.

-Esquece isso, Chen, esquece.

-VOCÊ VAI ACABAR MATANDO TODOS NÓS. EU NÃO QUERO IR PRA MESMA COVA QUE VOCÊ! NÃO BASTA VOCÊ CORRER ATRÁS DA MERDA DO SEU NAMORADO, AGORA TRÁS UM DELES PRA DENTRO DE CASA? QUE MERDA VOCÊ TA PENSANDO, SEU FILHO DUMA PUTA?

Kai não queria revidar. Sehun rosnava, irritado, de olhos brilhando. Irene cruzou os braços e em seguida, empurrou o alfa para dentro do quarto. Sehun trancou-os lá.

-Quase enfiei a minha faca no pescoço dele. Mas, daí iam falar que um caçador matou um lobo, não que eu matei um babaca.

-Perdoe os meus irmãos, Anne. Eles não estão pensando muito bem.

-Então, são todos? Todos pensam da mesma forma que aquele cara? Ótimo. Que buraco que eu vim me meter por você, Kai?

Kai sentou-se na cama, com as mãos nos joelhos, encarou o chão. Não tinha mais lagrimas para derrubar. Seria mais fraco ainda se fizesse isso na presença de uma caçadora e de seu melhor amigo.

Irene ajoelhou-se na frente dele, tentando capturar a atenção de seu olhar.

-Falei com meu irmão.

Kai olhou para ela e um fio de esperança cintilou em seus olhos opacos.

-Minho.

Kai suspirou. Sehun cruzou os braços na porta.

-Ele disse a mesma coisa. –Irene pendeu os braços nos joelhos e também encarou o chão. – Acho que o Kyung...

-Não. Tente de novo.

-Kai. Você sabe que não posso me contatar com os dois tantas vezes. Além disso, eles são quase inalcançáveis. Minho é tão bom que nunca consegui saber onde ele está. Eles não querem ser achados, Kai. Entenda isso. Vim aqui para...

-Tentar me fazer desistir?

Irene respirou profundamente.

-É. Seus irmãos precisam de você. Os caçadores se dissiparam dessa área justamente pelo alarde que a mídia fez na cidade por causa da morte do xerife. Não esqueça que já se passaram meses e a Resistência Caçadora não esqueceu de vocês. –Irene olhou para Sehun. – Também vim para lhe oferecer mais uma vez a proposta de antes. Meu chefe oferece abrigo. Vocês não podem ficar por muito tempo na cidade. Correm riscos demais aqui.

Kai sabia que mesmo que aceitasse aquela proposta quase ninguém o seguiria. Tinha provado que era um péssimo líder, irmão e lobo. Tinha colocado as suas necessidades acima das da matilha e isso com certeza era imperdoável. Sem dizer sequer uma palavra, Kai ergueu-se e foi em direção ao espelho. Encarando a ferida no peito, a barba para fazer, o cabelo longo e despenteado, os olhos profundos, com manchas escuras, a aparência abatida, sabia que era a hora de deixar de pensar em si mesmo.

-Você tem certeza que Kyungsoo não quer me ver?

-Tenho.

Kai mordeu o lábio. O coração batia rápido, apertado contra o peito, angustiado. Sehun olhava para ele, esperando o próximo passo do melhor amigo. Irene também fitava-o aguardando pela sua resposta.

Doía.

Seu corpo inteiro doía. Entrava em colapso. Pois sua mente travava uma batalha entre a emoção e a racionalidade.

Ele precisava decidir, não só por ele, mas pela matilha. Pelo seu povo.

Remexeu os ombros tensos.

-Sehun.

-Sim?

-Diga á eles para se reunirem.

Sehun hesitou, surpreso, com a boca entreaberta, tentando indagar o que aconteceria, mas então, com felicidade,  ele correu para fora do quarto. Anne levantou-se e perguntou:

-O que você vai fazer?

Kai olhou para o quadro no criado mudo ao lado, que tinha pegado da casa de Kyungsoo. Era uma foto dele, mais novo, com um sorriso alegre no rosto. Então, Kai colocou o quadro para baixo, escondendo a foto dele. Suspirou.

- O que eu já devia estar fazendo a muito tempo.

-Você é forte, Kai.

-Não o suficiente, não o suficiente.



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