História O Silêncio Dos Lobos - Ódio

Kai despertou. Com o corpo dolorido; as pernas presas sobre as ferragens, ele olhou para trás; Sehun e Chanyeol não estavam lá. Tao também não estava ao seu lado. Olhou para o capô, extremamente amassado, tinha o molde perfeito do tronco da árvore onde tinha batido. Aquilo não tinha sido um acidente. Com a cabeça pesada, a audição voltava gradualmente. Com as mãos machucadas, ele arrancou o volante que prendia suas pernas. Foi para o banco do passageiro, sabendo muito bem que não passaria pelas janelas por causa de seu tamanho, Kai chutou a porta do motorista. Uma, duas, três vezes. Ele fez uma careta, quando seu joelho ardeu. Sua testa sangrava pelo ferimento;

                Disparos. Confusão. Uivos.

Seus garotos precisavam dele. Ele não tinha entendido muito bem o que estava acontecendo. Em um minuto, as três picapes estavam na rodovia, em direção á Boston. No outro, outros carros apareceram e os perseguiram. E então, a picape que Kai dirigia dava cambalhotas.

                Quando a porta finalmente vacilou, ele jogou-se para fora, em meio á fumaça do capô, ele escutou os pingos saindo do tanque de combustível da picape negra. Arrastou-se para longe e apoiou as costas em uma das árvores, procurando pelos sons ensurdecedores ao longe. Era som de luta. Tiros. Espadas. Kai olhou para os céus escuros, tentando entender o que tinha acontecido.

                Era fato que tinham sido atacados e que provavelmente seus irmãos estavam feridos em algum lugar. Passos vieram em sua direção e quando constatou que era Sehun, ele suspirou aliviado.
                -LEVANTA, LEVANTA!
                Kai estava lerdo, as palavras de Sehun eram incompreensíveis. Seus ouvidos zumbiam. Sehun repetiu as palavras e então, Kai assentiu lentamente, erguendo-se. Sua audição voltou e Sehun gritou mais alto:
                -LEVANTA PORRA! CORRE CARALHO, CORREE!

                Kai se pôs a correr. Disparando entre as árvores, seguido de Sehun, deu de cara com o grupo de cinco. Luhan, Ra Chanyeol, Hoseok apoiado em Chen e Xiumin, que estava frente á frente com o alfa.
                -Fomos atacados. Os outros sumiram. Os caçadores estão por ai ainda, temos que fugir agora. –Xiumin disse rápido. – Escute Kai, estamos sobre ataque.
                Kai piscou, olhando para os rostos machucados de seus irmãos. Parou em Hoseok, quando viu que metade da perna dele tinha desaparecido. Então, procurou por Namjoon, Kim Seokjin, Min Yoongi, Kris...

                -Eu ficarei. –Xiumin falou e Chen gritou outro não. – Eu ficarei e procurarei por eles. Mas, você-apontou para Kai. –Você tem que fugir com eles o mais rápido possível. Eles sabiam que íamos embora. Eles estavam nos vigiando, Kai.

                Xiumin olhou para os arbustos.
                -Você tem que ir. –reforçou ele. – Vá. Por favor.

                Kai, ainda entorpecido, assentiu lentamente. Luhan deu um passo á frente.
                -Também ficarei.

                Sehun sorriu em escárnio, pensando que aquilo se tratava de uma brincadeira.
                -Lu... Não.
                Sehun aproximou-se, segurando os braços de Luhan.
                -Você tem que ir com a gente.
                Luhan olhou para ele, com uma cara zangada. Quem era ele para dizer o que tinha que fazer?
                -Me solta.
                -Por favor, Lu.
                Ele soltou-se bruscamente, colocando-se ao lado de Xiumin, ignorando os pedidos de Sehun, que ficou olhando para o espaço onde ele estava.
                Xiumin abraçou o alfa por um segundo e depois, transformou-se, junto com Luhan. Os olhares coloridos brilhantes olharam para o grupo. Luhan encarou Sehun por mais alguns momentos. Xiumin, para Chen. E os dois dispararam na direção contrária.

                Kai engoliu a seco. As feridas curavam-se e ele olhou para Hoseok, avançando em sua direção.
                -Nas minhas costas, agora.
                Chen tinha feito uma compreensão com a própria blusa que amarrou no cotoco que era a perna de Hoseok, que havia ficado presa nas ferragens. Kai ajoelhou na frente dele e levantou-o nas costas.

                -Para o norte. –ordenou. – Rápido.

                Todos transformaram-se aos rosnados. Cobertos pela cólera da raiva, o tremor do medo e a preocupação do amanhã. Kai respirou profundamente e avançou primeiro, percorrendo a mesma distância que seus irmãos em formato animal. Ninguém iria pegá-los. Ninguém iria destruir sua única família.

                Nada ia destruir Kai.

                Correndo com as duas pernas, Kai tinha os olhos vermelhos, inchados pelo pecado da fúria.

                               Ele odiava os caçadores.

                Odiava-os por terem roubado seu Kyungsoo, odiava-os por terem feito sair de sua casa, odiava-os por machucarem seus irmãos, odiava-os por existirem...

                Odiava-os, odiava-os, odiava-os, odiava-os.

                Kai queria matar todos. Todos os caçadores que ultrapassarem o seu caminho.