-Sempre foi- Falou ele- Acho que se veio aqui ta disposta a acreditar né?
-Depende...- Falei.
-Você é uma Tempinale - Falou ele- Controla o tempo de vida das pessoas, pelo menos é uma das coisas que pode fazer.
-Você falou que um humano não aguenta...- Falei.
-Existe outro mundo além desse- Falou ele -É como se estivesse no mesmo lugar mais ambos não conseguem se ver.
-Nossa, igual no Flash- Falei e ele riu.
-Entendi a referência- Falou ele Mas enfim...você pode ter nascido aqui mais pertence ao outro, lá tem magia, feitiço, reinos, essas coisas, eu sou um guardião.
-O que você faz?- Perguntei.
-Literalmente abro portas- Falou ele- Sou uma das pessoas que consegue atravessar mundos.
-Existem muitos de vocês?- Perguntei.
-Guardião? Cada reino tem o seu- Falou ele- É um pode que o filho mais velho tem até morrer, e depois passa para o próximo...mas eu sou imortal.
-Como assim?- Perguntei.
-Eu sou do Reino de Pinale- Falou ele- A Família real consegue controlar o tempo, e o ultimo rei sumiu faz maisde duzentos anos, e nos deixou congelados no tempo, ninguém envelhece, ninguém morre e ninguém nasce.
-Que horrível- Falei.
-Se é uma tempinale com certeza é filha dele- Falou ele.
-Não vou ser obrigada a arrumar a bagunça dele vou?- Falei.
-Vai, nem que eu tenha que te levar amarrada- Falou ele -Estamos vivos a duzentos anos, todo mundo anseia pela morte.
-Eu não vou matar ninguém!- Falei.
-Querem viver o tempo suficiente para criar a nova geração, calma...- Falou ele - Imagina só, duzentos anos segurando um bebê na barriga...
-Credo- Falei.
-Por favor...venha comigo e arrume a bagunça do seu pai- Falou ele-Eu vim para cá para procura-lo e falhei, mas por acaso consegui encontrar você.
-Tudo bem- Falei.
-O que?- Ele estranhou minha rapidez.
-Não tenho nada a perder aqui- Falei- Sou órfã, meu salário e totalmente baixo...
-Indo pra lá você ganha a coroa- Falou ele.
-O que? Mesmo depois de tudo isso ainda confiam nessa familia?- Falei.
-Se você for lá para salvar todo mundo eles vão de amar, a maioria não vai te culpar pelos erros do seu pai- Falou ele.
-Nossa...é um povo tão bom assim?- Perguntei.
-Mesmo depois de tantos anos...-Ele parou para suspirar- Ainda temos fé.
-Você não vai me levar e sumir né? Se for assim não quero- Falei.
-Sou o único nobre do castelo vivo, claro que não vou deixar você sozinha- Falou ele.
-Único?- Perguntei.
-Bom...antes do seu pai sumir ele fez um pequeno estrago no palácio que matou varias pessoas- Falou ele -Pelo que eu sei sou o ultimo...e não posso deixar minha linhagem morrer aqui.
-Você pretende ter uns trinta filhos?- Brinquei.
-Do que adianta se só o mais velho pode ter o poder?- Falou ele- Mas até que um mais novo seria bom...
Paramos aquela conversa inútil e ele foi até um dos relógios, era o maior da loja, ele tirou da parede e colocou na chão.
-Você precisa me ajudar- Falou ele.
-Com o que?- Pergunto.
-Coloca a mão nas minhas costas- Falou ele -Só isso...
Coloquei a mão nas suas costas, eu não conseguia ouvir o relógio, eu reparei que toda vez que encosto em alguém consigo ouvir, encostei na senhora que mora comigo por uns instante e consegui ouvir. Voltei a olhar o que ele estava fazendo, ele começou a mudar o relógio, deixa-lo no sentido anti-horario.
-Tira- Mandou ele.
Eu tirei e o chão deu uma tremida, ele levantou o relógio para colocar no lugar e vi um buraco preto em baixo dele.
-Pode entrar- Falou ele.
-Eu em...parece aqueles buracos pretos de desenho animado- Falei.
-Observe direito- Falou ele.
Olhei atentamente e percebi que ele mostrava um lugar cheio de pinheiros em volta, só que não dava para ver direito por estar escuro, eu sem pensar duas vezes entrei e quando sai estava no meio de varias árvores, olhei para baixo e o buraco estava lá e o Thomás estava saindo dele, depois que ele passou o buraco sumiu.
-Seu nome é Thomás mesmo?-Perguntei.
-Sim- Ele respondeu- Quando me apresentei para o Samuel estava com preguiça de pensar em um nome.
Uma criança apareceu correndo, e tinham outras atrás jogando pinhos nela, era uma menina, ela estava chorando e ela veio logo atrás de mim.
-Me ajuda...- Falou ela.
-Acham bonito fazer isso?!- Thomás se pronunciou antes que eu fizesse alguma coisa.
Elas se afastaram com medo, pareciam o conhecer, pediram desculpas, a menina continuou segurando na minha perna, fiquei na sua altura.
-Por que eles estavam fazendo isso?- Perguntei enquando via eles sumirem no horizonte.
-Eu nunca comi um doce...o menino não gostou e foi jogar no lixo, antes de cair eu peguei...- Ela ainda estava assustada- E vieram atrás de mim.
Odeio lembrar mais já passei por isso, me dá vontade de chorar com ela, mas sou sorte.
-E seus pais? Nunca te deram um?- Perguntei.
-Eu fugi de casa- Falou ela- Meu pais são ruins, muito ruins.
-Da onde você veio?- Perguntei.
Ela olhou para o Thomás e ele não parecia muito feliz.
-Você não é daqui- Falou Thomás.
-Para de fazer essa cara feia pra ela!- Falei e ela me abraçou.
-Ninguém consegue entrar em Pinale, o que você fez?- Perguntou Thomás e ela me apertou.
-Eu não sei...- Falou ela- Todos me odeiam por isso.
-Quantos anos você tem?- Perguntei.
-Oito- Falou ela-Cheguei a poucos dias...
-Eu cuido de você, não sou capaz de deixar uma criança sozinha- Falei.
-Línea!- Falou Thomás tentando manter a calma.
-Você não manda em mim!- Falei.
-Atella- Falou ela baixo.
-Seu nome?- Perguntei e ela fez que sim com a cabeça.
Mesmo o Thomás não gostando da ideia eu peguei na mão da Atella e a levei junto com a gente, quando chegamos perto de uma cidade conseguia ouvir "O Thomás voltou!", eram crianças gritando, as pessoas olhavam a pelas janelas e abriam suas portas para conferir, suas expressões eram curiosas, se tivessem medo mal teriam saido, e quando entramos na cidade diversos "Bom dia" foram falados a ele, além de algumas perguntas que não prestei muita atenção, para apenas uma direção ele caminhava, e é claro que o segui, e bem no centro da cidade ainda havia um castelo antigo, que tinha acabado de ser reformado.
-A partir de hoje ele é seu...- Falou Thomás.
-Uau...- Falou a Atella.
-Sério?- Perguntei.
-Serissimo -Respondeu ele.
-Você é um nobre não é? Então basicamente foi você...- Falei.
-Que comandou tudo? Sim- Falou ele.
-Será que eu sirvo para isso? -Falei.
-Você é alguma princesa?- Perguntou Atella.
-Acho que sim- Falei.
-Senhor Lócus - Falou um homem que apareceu de armadura.
-Pode convocar todos do palácio para o Hall?- Perguntou Thomás.
-Claro- Falou ele, o homem olhou para mim e para menina e depois se foi.
Fomos até o Hall e logo apareceu um bando de pessoa saindo dos cantos desse palácio magnifico tanto por fora quanto por dentro.
-Tenho um anuncio a fazer- Falou ele e todos ficaram quietas- Como prometi finamente...depois de todos esse anos achei uma Tempinale para nos salvar.
Ele apontou para eu e todos ficaram chocados, deve ser que do nada a salvação apareceu, eu não consigo acreditar ainda que posso fazer tudo o que eles querem, e se eu não puder, o que vai acontecer?
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