1. Spirit Fanfics >
  2. O teu sabor >
  3. Me

História O teu sabor - Me


Escrita por: SkyRaw

Notas do Autor


Boa noite
Boa leitura
Desculpem qualquer erro

Capítulo 259 - Me


Fanfic / Fanfiction O teu sabor - Me

P.O.V ELENA

“Eu achei uma graça” Ma apontou para o desenho na folha já desgastada de tanto que levava de um lado para o outro

“São quatro no total” mostrei os outros desenhos

“Não vou falar nada” Hiro murmurou

“Pode ao menos falar se são desenhos bonitos?”

“São bonitos” disse revirando os olhos “Tem absoluta certeza disso?”

“Tenho! A Yuri que é a Yuri tem três e fará a quarta em breve, não é o fim”

“A Yuri tem três?” Hiro repetiu pasmo “Onde?”

“Duas são nas costelas a outra não posso dizer” levantei a sobrancelha e ele esbugalhou os olhos

“Mas quantos anos ela tem?”

“Não exagera Hiro” Ma disse sorridente “Yuri é mais velha que a Elena”

“Exatamente...” murmurou com um olhar cabisbaixo e vago

“Não liga para ele, Hiro tem problemas com a idade” Ma apontou para a segunda folha “ME? É sua caligrafia?”

“Sim”

“Significa me, de eu?”

“Também”

“O que mais?”

“Marion e Elena” falei e notei que seu sorriso se alargou “Que linda!” colocou as mãos no peito “Viu Hiro, que linda!”

“Muito” ele respondeu sem emoção

“Eu não seria quem eu sou se não fosse por você, então tem um significado grande” acariciei sua bochecha e ela riu

“Você consegue ser muito amorosa quando quer”

“É o que dizem” cruzei os braços e os apoiei na mesa

“Mas precisa ter certeza, passará por muita dor e será algo para toda a vida”

“Eu sei, mas estou animada”

“Temos que ir para o salão, pegou seu lanche” Ma se levantou da cadeira e foi para o lado do Hiro

“Pegarei” fui até a geladeira e os observei

Ma segurou em seu ombro e sorriu enquanto ele fazia uma negativa com a cabeça. Ela acariciou a ponta sua orelha e piscou de forma provocativa antes de checar se eu estava olhando. Desviei e os dois riram.

“Até mais tarde” Hiro disse a ela enquanto se levantava e ajustava o terno “Se cuidem nas ruas”

“Estou com a Lucy no porta malas” Ma disse a ele e Hiro semicerrou os olhos

“Você não aguentaria segurar ela” ele a desafiou

“Já segurei coisas maiores”

“HEEEEEEEEEEEEEY” gritei ao fechar a geladeira “Eu ainda estou aqui!”

“Eu não falei nada de mais!” Ma inconformada pegou a bolsa no armário “Você tem uma mente muito atrevida”

“Você que está divagando sobre segurar coisas grandes!”

"Exato! Porque acha que estou falando dele?" ela brincou e Hiro ficou boquiaberto "Estou brincando!" galgalhou alto

"Estou sem chão... sem honra..." ele murmurou enquanto ela enlaçava seu pescoço

"Estou brincando, você sabe que se basta"

"Acabou para mim... O que eu estou fazendo aqui depois dess?"

"É brincadeira, eu adoro o seu..."

"Vocês estão falando disso mesmo? Na minha frente? Abertamente? Numa boa?" enfatizei

Ma revirou os olhos e Hiro se desvinculou dela.

"Não é hora mesmo" ele disse de forma séria

"Tem certeza?" ela perguntou rindo

"PARA MARION!" quanta piada interna...

“Vocês dois são engraçados" Ma caminhou para a porta de entrada do apartamento "Então você é adulta o suficiente para fazer tatuagens, mas não para lidar com a vida sexual dos seus tios?” 

“Não é essa questão, é todo esse flert na minha frente” Que casal... intenso!

“Você já fez coisa pior com o Jungkook e não fizemos nada!” Hiro reforçou com as mãos nos bolsos

“Como nada? Você só reclamou” apontei para ele após colocar minha mochila nas costas

“Para você ver como somos semelhantes” Hiro caminhou junto comigo para perto da Ma

"Dois reclamões" Ma disse

“Até mais tarde” me curvei para ele e Hiro fez o mesmo

“Até mais tarde” Ma lhe deu um beijo no canto da boca e piscou em seguida

“Você me destrói, sabia?” Hiro apertou a cintura dela e a soltou

Saí de perto deles e apertei o botão do elevador. Ma trancou a porta e colocou seus óculos escuros.

“Quanto fogo” murmurei quando entramos

“Que bom” ela fechou a bolsa e brincou com a chave do carro “Nunca foi minha intenção diminuir o fogo do meu casamento”

“Achei que isso meio que acontecia naturalmente com a rotina”

“Mais ou menos” ela deu de ombros “Quer mesmo falar disso?” me olhou

“Sei lá, pode ser”

“Bom...” assim que ela começou a falar, o elevador parou no terceiro andar e uma senhora entrou

“Continua” falei em francês

“Nossa, como sinto falta de falar francês, vocês abusam da minha cabeça naquela casa, hora japonês, hora coreano, tem vezes que eu sinto que até chinês então jogando no meio da salada”

“Chinês é bem diferente” ri e ela jogou os cabelos para trás “Que saudades que eu tenho dos meus cabelos”

“Eles ainda estão na sua cabeça”

“Você entendeu”

Ma era um exemplo para mim e que mulher incrível. Admirava muitas coisas na sua personalidade, porém o físico, o estilo, os trejeitos, tudo nela me inspirava. Ela passava a sua força e excentricidade tão rápido no visual. Saímos do elevador e a caminho da vaga do carro notei o som dos saltos dela no chão, era um andar vigoroso e charmoso.

“Quando vão comprar um carro para mim?” coloquei meu cinto e Ma colocou a bolsa no banco de trás

“Achei que não queria ser mimada” abriu a porta do volante e se sentou “Já temos um carro aqui”

“Mas o Hiro usa o tempo todo”

“Sejamos minimalistas, sem contar que não seria fácil achar um carro para você”

“Está falando por conta do veganismo? Existem carros sustentáveis”

“Carros em que não sentamos em carcaça” ela riu e deu partida

“Não precisa lembrar” que nojo

“Eu admiro você ter um posicionamento de vida tão altruísta”

“Mas não adotaria” completei antes dela e Ma me olhou por um instante enquanto o portão do condomínio se abria

“Eu não tenho as mesmas convicções que você para adotar” sincera “Mas evito marcas que testam em animais e que usam trabalho escravo”

“Eu sei, ser vegana não me torna uma pessoa melhor”

“Em alguns aspectos sim, mas cada um faz o que pode na sua perspectiva do que é um mundo melhor” a ouvi falar e deitei a cabeça de lado no banco

“Você é tão linda” suspirei

“Ellie!” ela gargalhou

“É uma pessoa que me inspira, de verdade”

“Grata” ela acelerou “Eu me inspirava na minha mãe também” Huum “Deve ser algo natural”

“Mas você e a vovó eram um tanto diferentes” pelo menos o que eu lembro

“Talvez, mas ela era a minha inspiração”

“Não precisamos falar nisso” não queria magoá-la

“Estou bem, Ellie” falou levemente “É bom lembrar dela”

“E o vovô?”

“Ele não quer morar aqui” ela riu “Viajou um pouco, mas retornou para a França, todos os dias ele visita a árvore dela”

“Você vai para lá quando?”

“Vou no mês que vem”

“Você está bem aqui? Sei o quanto ama a França”

“Estou bem, é uma experiência diferente, confesso que achei que me encaixaria melhor no Japão, mas não, eu gosto daqui”

“Disse isso ao Hiro?” ri

“Disse, ele ficou ofendido, mas sobreviveu” adorava quando sua voz soava um pouco mais grave

“Você estava falando do seu casamento, nunca falamos muito sobre... Você sempre quis?”

“Querer...” ela fez uma careta “Sei lá, nunca pensei muito sobre”

“Como assim?”

“Eu não pensava em casamento, só queria ter um filho” levei um leve susto por vê-la falando sobre a maternidade “Quando descobri que não poderia ter um, tudo perdeu significado”

“Mas e o Hiro?”

“Para ele casamento era algo importante, então o fiz” deu de ombros “Mas se fosse por mim apenas moraríamos juntos”

“Você nunca se sentiu presa? Como se a sua vida estivesse atrelada a outra pessoa?”

“Sinceramente?” ela desviou rápido de um idiota que a cortou “Não!”

“Que idiota” comentei

“Sim” ela se atentou a rua “Mas... não, não tinha porque me sentir assim, vidas são atreladas as de outras pessoas, vivemos em sociedade, certo? Não é para se sentir preso”

“Não?”

“Claro que não” ela franziu o nariz “Hiro nunca teve culhão para mandar em mim, se ele queria ficar no Japão, ficava, se eu não queria ir, não ia e pronto. Nós dois sempre soubemos muito bem que seria assim e apenas concordamos em continuar assim, se algum dia aquilo não me fizesse feliz, pediria um divórcio”

“A forma como você fala parece algo simples!”

“Mas é Elena, só assinar uns papéis! Amor é comprometimento, eu sempre o amei e sempre amei a França, meu trabalho! Tem horas que eu pendo mais para um lado, horas que vou para o outro, mas eu me entendo” ela riu e parou no farol “Você pensa sobre isso?”

“Casamento?”

“Ficar presa”

“Penso sobre muitas coisas”

“Engraçado que eu não sei de onde você tirou essa visão deturbada de casamento, sempre achei que pelo exemplo de casa acabaria pensando como nós” verdade

“Acho que foi o oposto, eu sei o quanto vocês sofriam separados, eu não queria sentir essa... dor”

“É uma dor chata, mas o reencontro faz ela valer a pena” ela riu “Não entrarei nos detalhes aqui”

“Oooookay” vocês transam, entendi! “Mas assim... vocês brigam? Quase nunca vi vocês dois em um argumento”

“Brigávamos muito, Hiro sempre foi o mais calmo, por mais surpreendente que isso possa parecer” DEMAIS “Mas Hiro é muito romântico, ele sempre foi intenso com as palavras” deu partida novamente “Brigou com a família inteira para ficar comigo e abriu mão do que mais queria, eu acho que o mínimo que eu podia fazer é assinar os papéis e trabalhar algumas concessões também”

“Então o que o casamento significa para você?”

“Nossa... Huuuum...” ela pendeu a cabeça para o lado e torceu o canto da boca “Significa parceria, posso dizer que Hiro é um parceiro que tenho até o fim da vida”

“Você o ama exatamente como amava no começo?”

“Não...” falou sorrindo “Muito mais”

“Parece perfeito” comentei tirando minha sandália e cruzando as pernas no banco

“Nem de perto, temos nossos problemas também, mas é que no geral, tem muito mais coisas boas do que ruins! E é algo dos dois, nós trabalhamos juntos para fazer isso acontecer. Quando ele me pediu em casamento, a família inteira dele tinha o deserdado” ela riu “Ele disse que não sabia nem se teria para onde ir no dia seguinte, naquela noite eu tentei terminar com ele”

“Conseguiu?” quantas informações

“Não muito, o choro não me deixou falar” estava tão leve falando nisso “Ele completou minhas frases e disse que queria que eu batalhasse por ele assim como ele estava batalhando por mim”

“Bacana...” já ouvi algo similar

“Eu senti um pouco de culpa no começo, mas depois me dei conta que o problema estava fora de nós, então que fosse a merda”

“Fora?”

“O problema era a família dele e não a gente! Como eu poderia ao menos tentar agradar pessoas que me detestavam por eu ser francesa? Não tinha como eu nascer de novo! Comecei a pensar de forma egoísta, eu queria ficar com ele e ele comigo, só isso importava”

“Mas a família dele tinha um peso”

“Claro! Mas isso era um problema dele para lidar, eu não ia me meter. Quando Hiro casou comigo ele sabia tudo que teria que passar e bem, passou”

“Mas não viraram as costas para ele totalmente”

“Viraram o bastante, ele era muito mais ligado do que hoje em dia” ela ajeitou os cabelos no ombro esquerdo “Ele colocou muito disso em você” me olhou “Foi a luz da vida dele”

“Você também é”

“Eu não sei teria sido o suficiente se não fosse você” me surpreendi novamente por ela se abrir “Antes de você ficar conosco, nossas brigas estavam insuportáveis, uma vez cheguei a jogar um quadro nele” ela riu envergonhada “Estava um pouco alta”

“Não consigo imaginar”

“É bem possível, eu sou um pouco explosiva”

“NUNCA VI!”

“Aprisionei um pouco” ela olhou no retrovisor “Nunca vou me esquecer como a cara dele ficou quando te segurou... ele te amou instantaneamente... Uma coisa que sempre nos uniu muito foi o quanto nós dois sonhávamos em ter um filho, éramos loucos por isso! Uma das nossas piores brigas foi por conta de adoção, ele acabou soltando algo como ‘quero um filho de verdade’ com um amigo e eu ouvi. Foi o dia do quadro” ela riu e eu fiquei confusa, parecia um assunto tão pesado “O que é um filho de verdade, sabe? Nós não geramos você, mas isso não impede que você seja” me olhou “Ellie, por muito tempo eu carreguei uma culpa fora do comum por não poder gerar uma criança, não era apenas por ele, era por mim, por nós! Quando a Marie ficou grávida... fiquei destruída... ela nem ao menos se esforçou por isso... simplesmente aconteceu” ali eu ouvi um pouco de ressentimento “Eu desejei tanto... tanto... mas tanto que você fosse minha que me senti terrível quando acabou sendo” ela abaixou um pouco o olhar “Eu vivi muitos anos carregando culpas e isso...” suspirou “Me deu algumas rugas” olhou para mim

“Sinto muito”

“Não sinta, eu não sinto mais” a força na sua voz me deixou feliz “Eu nunca vou conseguir ouvir você me chamar de mãe, mas Ma já vale por isso” sorriu “É como se você fosse parte minha e parte dela, embora não possa identificar as coisas que tem dela”

“Tenho muito?”

“Um pouco... talvez mais eu”

“Com certeza, vocês eram muito próximas, certo?” já que ela abriu o espaço...

“Nós éramos almas gêmeas” sussurrou “Eu nunca vou superar por completo que tenha partido, mas... tenho um pouco mais de paz hoje... estranho encontrar essa paz após perder outra parte gigante minha” toquei na sua coxa

“Fico feliz por você”

“Entrei para um grupo de meditação, confesso que foi muito bom, pude remexer nas feridas”

“Você realmente é uma inspiração para mim” suspirei

“Você tem que ser uma inspiração para você, ainda mais levando em consideração que somos tão parecidas, o que é para ter meu aí, já está” ela cutucou minha testa

“Estou no caminho”

“Te ouvi falar com o Hiro sobre voltar a terapia, não quer ir comigo na meditação?”

“Pode ser”

“Você pode gostar”

“Eu tenho meditado com alguns aplicativos, tem sido bacana” descruzei as penas, o pé direito formigando, senti até alguns choques ao tocar o carpete

“E já que eu falei um monte, que tal você abrir o bico sobre o ballet e o Jungkook”

“O ballet está perfeito! Voltei a me sentir bem dançando, Yuri me disse que terá uma competição em breve e que se eu continuar no ritmo que estou, posso participar”

“E o Jungkook?”

“Então... eu estou travada aí”

“Qual o seu problema com ele?” ela disse com certa frustração “O moleque faz de tudo por você, até aquele seu bolo horrível ele comeu com cara de quem gostou”

“MEU BOLO!”

“Estava horrível” ela riu

“Poxa!”

“Foca Elena! Qual o problema do seu namoro?”

“Eu sou o problema! Eu morro de inveja dele”

“Não creio” ela falou com uma careta

“Você não entende!”

“Não mesmo” me interrompeu

“Calma! Eu cresci ouvindo sobre feminismo, empoderamento! Eu nunca quis me sentir inferior a um homem e com ele, ultimamente pelo menos, tenho me sentido!”

“Mas Elena onde você é inferior?!”

“Profissionalmente... sei lá... ele é tão novo e tão bem sucedido”

“E você não? São carreiras diferentes e outra, a madame ficou mais de um ano parada e por sua culpa”

“Ma!”

“Você veio para cá e nós te demos dinheiro o suficiente para continuar treinando, assim como fez no Japão quando morou com o Hiro, você parou!”

“Eu... estava de férias! E não achei que sofreria um acid...”

“Já foi o acidente, esquece” estalou os dedos rindo “Devia ter perdido a memória disso”

“Você está me julgando!”

“Você está se fazendo de vítima! Para de invejar os outros e ajeita a sua vida! Elena, tem noção de quantas pessoas devem INVEJAR VOCÊ! Seja por conta da sua família, dos seus amigos, das condições financeiras, pelo seu talento e namorado?!”

“Tenho noção”

“Inveja... estou pasma... você sentindo inveja dele? Inveja?!”

“Eu sei!”

“Empoderamento e feminismo não estão aí para propagar inveja, EMPODERAMENTO, a palavra já diz! É você Elena!” chegamos no salão e ela rodou a procura de uma vaga “Feminista: A pessoa que acredita na igualdade social política e econômica dos sexos! Não entendi onde você foi disso para inveja...”

“Eu nunca quis ficar em um relacionamento, e se estivesse em um, que a pessoa ao meu lado fosse justamente um igual e não acima, senti que ele estava acima de mim”

“Acima profissionalmente?” ela estacionou

“Exato”

“Ai ai...” ela tirou a chave e pegou a bolsa “Você misturou coisas aí”

“Eu tenho noção que estou agindo de maneira errada”

“Não é essa a questão” colocou a bolsa no colo e bufou “Nunca pense no seu sucesso com base na inveja de outra pessoa, toda inspiração e até mesmo competição, de forma saudável, pode nos influenciar a crescer, mas os seus esforços precisam estar focados em você! Eu sou uma cozinheira, Hiro trabalha com prédios e Ações... são salários totalmente diferentes e eu nunca me senti menor que ele, até porque eu sempre corri atrás de conquistar as minhas ambições, são vidas diferentes. Vi muito machismo no mercado? Vi muito! Mas nunca dele, Hiro me apoiou de todas as formas possíveis e dentro de casa a nossa relação sempre foi de igual para igual e assim firmamos a nossa parceria, que é o casamento.”

“Certo...”

“Onde o Jungkook se coloca como alguém acima de você? Em quais atitudes? Porque se são coisas da sua cabeça, sobre onde você, frustrada consigo mesma, ainda não chegou...”

“É exatamente isso, detesto ver que ele está em um patamar ridículo enquanto eu...”

“Então o trabalho está em você, Elena você tem tanto talento quanto ele, e eu nem posso dizer em áreas diferentes, porque os dois dançam, cantam, atual... vocês se entregam. Devia ser incrível estrar em um relacionamento em que você pudesse estudar junto com o seu parceiro e até treinar com ele, mas sem esse peso”

“Eu sei, estou procurando formas de trabalhar isso”

“Mas esse trabalho irá envolver ele?”

“Acho que não... Tem noção que me tornei tóxica para o nosso relacionamento?”

“Tenho, mas você ter noção disso é um passo para mudar”

“Estou dando mais passos...” olhei para o salão

“Huum”

Entramos no salão e ficamos em poltronas próximas enquanto os profissionais agiam. Ma me pediu para focar minha visão onde eu queria chegar e que meu sucesso estaria nisso, em conquistar os meus sonhos e não no sucesso alheio. Afinal, as definições de sucesso podem variar de pessoa para pessoa. O motivo pelo qual ultimamente tenho pensado em dar um fim no meu namoro com o Jungkook, quando ele voltar, era justamente esse, eu precisava de um recomeço comigo mesma e com ele. Não era justo conosco continuar assim. Foi justamente nesse tempo sozinha que pude me reconectar comigo mesma e estava amando! Finalmente modulando a versão que eu queria de mim mesma naquele momento, um filtro. Claro que cogitar a ideia com ele países de distância era muito mais simples do que cara a cara.

Ma fez apenas uma hidratação e cortou as pontas, ajustaram seu corte em V e com uma breve escova ela estava pronta. Meu caso demorou bem mais e tê-la comigo fez o tempo voar. Pedi que apenas virassem minha cadeira quando o trabalho estivesse pronto e assim foi. Fiquei tanto tempo sentada que minhas pernas começaram a doer, mas valeu tanto a pena. Quando finalmente meus olhos reencontraram o espelho vi uma imagem que me fez sorrir instantaneamente.

“Você perdeu uns cinco anos nessa brincadeira” Ma comentou encarando o mesmo reflexo que eu

“Qual é, nem tanto, está um pouco diferente”

“Está igual a quando veio para cá, a franja, a cor e o comprimento”

“Está maior” balancei os cabelos “Com toda a certeza vou manter esse mega até meu cabelo crescer”

“Você muda muito de opinião com relação a cabelo, devia comprar uma série de perucas”

“A manutenção deve ser feita a cada três meses” a cabelereira que me atendeu passou a mão pelos fios “Ficou muito bom”

“Ficou” olhei para Ma “Estou muito linda, fala a verdade”

“Está” Ma sorriu

Não consegui parar de encarar o espelho, nem mesmo enquanto caminhava de volta para o carro, qualquer superfície que refletia chamava toda a minha atenção.

“Um pouco narcisista” Ma comentou entrando no carro

“Eu estou linda demais, vai se foder” joguei os cabelos e ela riu

“Agora... você tem certeza?”

“Sim, vamos logo!”

“Não vai se arrepender?”

“Acho que não” 

“ELENA!” ela bateu no volante

“Não vou! Vamos logo!” bati nas minhas pernas

“Só estou me certificando”

“Agora me deixou pensativa”

“ELENA!”

“Não sei o que fazer!” gargalhei e ela deu partida

“Não acredito”

“Vamos logo! Vou fazer!”

“Ai...”

“Vamos logo!”

 

 

 

 

 

 

 

 

“Para de rir!” falei envergonhada e a tatuadora controlou o riso para não piorar

“Você é uma figura!”

“Eu não achei que doeria tanto” ri “Pelo menos quatro de uma vez eu não consigo”

“Fraca” Ma falou com certa malícia e arregalei os olhos

“CREDO!”

“Deixa eu ver” ela tirou minha mão pousada um pouco acima “Ficou muito bonito”

“Minimalista e delicado” a tatuadora se inclinou para observar mais uma vez seu trabalho

“E tem grande significado para mim” segurei a mão da Ma

“Ficou uma graça” ela piscou para mim

“Não fará as outras?” a moça teve que perguntar

“Não aguento! Senti muita dor” Nem a pau!

“Você desceu no meu conceito” Ma brincou

“Mas doeu!”

“Essa ficará bem escondida, pelo menos não terá que se preocupar com as apresentações” Ma voltou a rir “Vamos embora, então”

“Estou muito chateada! A culpa é sua que me colocou medo no caminho”

“Não vem não, você que está dando para trás e nem para ser do jeito divertido”

“NOOOOOOO” me joguei para trás na maca

“Quanto foi?” Ma perguntou toda risonha

Ma riu da minha cara até voltarmos para o carro, gargalhou sem dó.

“Você devia estar me apoiando” coloquei o cinto

“Estou, mas foi engraçado, você ficou dias falando das tatuagens que ia fazer, todas de uma vez e quando chegou o momento... não aguentou”

“A Yuri fez duas nas costelas, não acredito” Ela é mais resistente a dor do que eu, não é possível

“Yuri fez o quê?”

“Amor! Em uma está coreano com a caligrafia do Jimin e na outra está em japonês com a caligrafia da irmã dela”

“Nossa! E ela e o Jimin terminaram, certo?”

“Mas essa tatuagem não foi no sentido de namorado, foi mais como um símbolo de alguém que mostrou a ela um lado bonito no amor, dentro de um relacionamento, pelo menos foi o que ela me disse”

“Bacana... Ela tem mais força e foco que muitas”

“MA!” ela vai continuar caçoando de mim

“Só comentei! Você ouviu a mulher, na costela dói muito mais”

“Eu sou cagona! Pronto! Queria que eu dissesse isso?”

“Eu só quero chegar em casa e comer” ela deu de ombros

“Credo”

“Ellie? Posso te perguntar algo... íntimo?”

“Acho que sim” depois de tudo que falamos hoje

“Você e o Jungkook... sexualmente... como era?”

“Era bom”

“Bom... booooom ou bom... bom?”

“Acho que boooom”

“Acho...” ela murmurou quase caindo nos risos de novo

“Era bom!”

“Ele foi o único, né?”

“É...” isso lá é um problema???

“Você se masturba?”

“Chegamos nesse ponto”

“Você é hilária, paga de durona, desconstruída, empoderada, feminista, mas não consegue falar sobre sexo comigo”

“Não tem relação! É que... essas coisas... me fazem querer rir”

“Maturidade por favor” ela riu “Tá, não precisa responder”

“Não, eu respondo! Eu não curto tanto”

“Huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum”

“Que foi isso?”

“Como que ele vai saber fazer boooom se nem você sabe o que é boooom em você”

“Até hoje ele soube bem”

“Mas tem mais, Elena você precisa se conhecer”

“Eu não sinto a mesma coisa quando é o meu dedo, é estranho”

“Isso é trava interna, não faz sentido, o seu dedo pode te explorar muito mais do que o dedo alheio, é um momento de estudo interno e amor próprio”

“Eu posso tentar...”

“Só uma dica”

“E... no seu casamento as coisas são boooooas?” já que ela perguntou

“Não...” murmurou “São além do que palavras podem explicar” mordeu o lábio inferior e eu comecei a rir demais “Tenho que admitir, eu não passo fome com o Hiro”

“NÃO CREIO”

“Elena! Abre!”

“O quê? As pernas?” brinquei e ela deu um riso leve

“Não! Você! Abre você, se descobre, se questione, se estude e isso está muito além de masturbação”

“Eu já disse que estou tentando!”

“Então continue”

“Vou continuar”

“Olha um sex shop! Posso comprar um vibrador!” ela viu animada o letreiro neon

“Eu não...”

“Vamos lá!”

“Ok...”

“Vamos comprar um vibrador” ela cantarolou

“Minha barriga está doendo de tanto que estou rindo”

“Rir faz bem” ela pegou a bolsa “Saí logo”

Todos aqueles paus e a Ma vestida com tamanha elegância no meio, eram uma cena digna de foto, mas a bateria do meu celular já tinha ido para o saco.

“Você não parece curtir isso” apontou para um pau giratório

“Não me parece algo... sexy”

Ma respondeu com uma risadinha que para mim praticamente jogou na roda um audível “mal sabe ela”

“Esse é muito forte... esse é muito fraco...” ela dedilhou pela prateleira “Esse é sem sal...”

“Parece conhecer bem...”

“Minimamente” deu de ombros “Esse aqui!” ela pegou a caixa “Esse aqui, não tem como! Se você não gostar é porque não soube usar”

“Posso ver?”

“Verá em casa”

“Mas...”

Ma foi tão sacana que pediu para embrulhar em papel de presente...

“Você é péssima” murmurei quando ela me deu a sacola

“Depois de você usar isso aí... Vamos ver quem será a péssima”

“Como eu uso esse troço, só enfiar e apertar botão?”

“Esse não enfia Elena”

“Huuum”

Voltamos para o carro e Hiro nos ligou pedindo para jantarmos com ele em um restaurante próximo do condomínio. Foi um dia incrível e tão simples, apenas dediquei a ficar próxima de uma das pessoas mais queridas! Assim que Hiro me viu comentou do cabelo, eu sei, estou maravilhosa.

Após chegar e tomar um banho me deitei com os fones ligados com um audiobook sobre as linguagens do amor. Nem acreditava que estava me dedicando a isso. Não senti vontade em explorar o presente, até porque queria pelo menos estar sozinha em casa. Antes de cair no sono entrei no instagram. Desde que a Yuri o abriu evitei o contato, mas parecia ter dado um resultado positivo. Impulsionada pela energia do dia e pelos bons comentários que li, postei uma foto que Kwan tirou de mim ontem, era incrivelmente linda. Guardei o celular e fechei os olhos me sentindo muito leve, como não me sentia a um tempo. 


Notas Finais


A foto de capa é uma referência da foto que ela postou
E uma referência de como ficou o cabelo dela: https://br.pinterest.com/pin/318629742383125205/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...