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História O Tordo achou sua voz - Aquarela


Escrita por: Sileverdeen

Notas do Autor


Aqui está a continuação, espero que gostem.

Capítulo 2 - Aquarela


Fanfic / Fanfiction O Tordo achou sua voz - Aquarela

 

 

Depois que Peeta chegou ao Doze, parece que trouxe um pouco de vida com ele. Em uma de minhas tardes, encostada no pequeno estofado anexado à janela da sala, bem no início do pôr do sol, vejo Peeta assentar-se na varanda de sua casa para assisti-lo e percebi de relance que ele passou a fazer isso todos os dias, como se fosse um compromisso diário, talvez por ser sua cor favorita. Mais um item que não consigo dissociar do garoto com o pão. Saio de meus devaneios indo sentar-me na cadeira de balanço ao lado da lareira, logo eles vão chegar para o jantar. Parece estranho, mas alguns dias após nosso rápido reencontro, Peeta apareceu com Haymitch para as refeições, contudo, acho que meu mentor só está aqui por causa da comida que Grasy prepara. Embora eu e Peeta não conversemos muito, ficamos em um silêncio confortável no sofá depois das refeições na minha casa, em seguida, ele se despede com a promessa de que voltará no outro dia. 

A verdade é que gostaria de conversar com ele, mais não sei direito o que dizer. Por fim, antes que me dê conta, minhas pernas ganham vida própria e em vez de estar ao pé da minha cadeira, estou sentando-me ao lado de Peeta na varanda.

- Oi. -Diz ele contemplando os últimos raios de sol.

- Oi Peeta. - Digo fazendo o mesmo.

- Sabe, acho que isso é um dos eventos mais lindos da natureza e me faz pensar que ainda existem coisas bonitas no mundo, mesmo com tudo o que nós fomos obrigados a viver. - Diz ele olhando docemente pra mim. 

Assinto e sorrio minimamente para ele. Percebo que foi o primeiro sorriso que saiu de meu lábios em tempos e me permito apreciar esse refrigério que suas palavras me trouxeram. Peeta sorri mais abertamente e lado a lado esperamos que o sol desapareça, dando lugar a uma lua luminosa no céu.

Eu e Peeta seguimos para minha casa, lá jantamos num silêncio confortável e Haymitch não aparece. Após, nos acomodamos no sofá conversando sobre o que fizemos durante o dia, na verdade eu escutava ele contando que têm feito pães e está decidido a reabrir a padaria.

- Peeta isso é muito bom. - Digo contente por sua decisão.

- Obrigado! Espero atender o distrito com a mesma desenvoltura do papai. - Diz com um sorriso triste.

Não digo nada, apenas sinto uma dor em meu coração por saber que absolutamente tudo foi arrancado de Peeta por minha causa. Mas ao vê-lo tão fragilizado naquele momento a única coisa que fiz foi envolver seu pescoço num abraço apertado e meu coração se aqueceu no mesmo momento. Senti ele derramando lágrimas solitárias em meu ombro e ver seu pranto silencioso me encheu de tristeza. Queria poder fazer algo para acalmá-lo, que amenizasse sua dor, então começei a acariciar seus cabelos dourados em pequenos círculos e senti pouco a pouco ele se acalmar. 

- Obrigado Katniss. - Disse contra meu pescoço, me causando um leve arrepio.

Apenas o apertei mais em resposta e nos ajeitamos confortavelmente no sofá. Acabei adormecendo no seu abraço e só percebi que já não estava no sofá quando delicadamente fui colocada sob minha cama e senti lábios num beijo terno em minha testa. Apenas aquele toque foi suficiente para me agarrar em sua camisa e pedir

- Fica comigo? -Digo com medo da resposta.

Ele me olha com carinho e diz algo que me remete a dias passados e fico feliz pela sua resposta ser a mesma.

- Sempre. 

Ele se deita e me acomoda em seus braços e sinto a velha sensação de proteção que até mesmo nas arenas ele conseguiu me passar. Ao lembrar do tempo que passei longe dele no 13 e das terríveis torturas que ele passou me faz num ímpeto apertá-lo mais contra mim e ele retribue com a mesma intensidade, acariciando meus cabelos. Durmo sem pesadelos sentindo as batidas do seu coração.

 

___________________****____________________

 

Acordo com uma suave melodia vinda do andar de baixo da minha casa e vejo que estou sozinha na cama. Desço os degraus cautelosamente para descobrir a fonte desta melodia que enche meus ouvidos e constato que ela é muito bonita. Vejo Peeta sentado numa poltrona próxima a porta com um violão em seus braços e ele toca e cantarola uma música que desconheço, porém é muito bonita. Ele está de olhos fechados e suas palavras são suaves carregadas de emoção 

 

*Numa folha qualquer

Eu desenho um Sol amarelo

E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo*

 

Não fazia ideia que Peeta tocava e muito menos que cantava.

 

*Corro o lápis em torno da mão

E me dou uma luva

E se faço chover, com dois riscos

Tenho um guarda chuva*

 

*Se um pinguinho de tinta

Cai num pedacinho azul do papel

Num instante imagino

Uma linda gaivota a voar no céu*

 

*Vai voando, contornando

A imensa curva norte-sul

Vou com ela viajando

Havaí, Pequim ou Istambul*

 

*Pinto um barco a vela

Branco navegando

É tanto céu e mar

Num beijo azul*

 

*Entre as nuvens vem surgindo

Um lindo avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo

Com suas luzes a piscar*

 

*Basta imaginar e ele está partindo

Sereno e lindo

E se a gente quiser

Ele vai pousar*

 

Olhando ele nesse momento tão descontraído e relaxado me dá uma sensação de satisfação inimaginável.

 

*Numa folha qualquer

Eu desenho um navio de partida

Com alguns bons amigos

Vivendo de bem com a vida*

 

*De uma América a outra

Eu consigo passar num segundo

Giro um simples compasso

E num círculo eu faço o mundo*

 

*Um menino caminha

E caminhando chega no muro

E ali logo em frente a esperar

Pela gente o futuro está*

 

*E o futuro é uma astronave

Que tentamos pilotar

Não tem tempo nem piedade

Nem tem hora de chegar*

 

*Sem pedir licença

Muda nossa vida

E Depois convida

A rir ou chorar*

 

Vejo que a letra desta música tem muito da realidade e me pergunto se virá pra nós a hora de rir.

 

*Nessa estrada não nos cabe

Conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe

Bem ao certo onde vai dar*

 

*Vamos todos

Numa linda passarela

De uma aquarela que um dia enfim

Descolorirá*

 

*Numa folha qualquer

Eu desenho um Sol amarelo

Que descolorirá*

 

*E com cinco ou seis retas

É fácil fazer um castelo

Que descolorirá*

 

*Giro um simples compasso

E num círculo eu faço o mundo

Que descolorirá

Que descolorirá*

 

Assisto imóvel ele cantar toda a canção e finalmente chego ao fim da escada. Peeta finalmente percebe que estava sendo ouvido e me olha surpreso e seu rosto ganha um tom avermelhado.

- Katniss !? A quanto tempo está aí? - Pergunta deixando o instrumento de lado.

- Você canta e toca muito bem. Essa música é bonita. Onde aprendeu? - Digo indo em sua direção.

- Aprendi um pouco de violão com meu pai e ele cantava essa canção quando eu era pequeno. Ele dizia que era uma canção que ensinava a viver, mesmo que utilize uma linguagem um tanto infantil. - Diz ele saudoso.

Fico fascinada por sua explicação e apenas assinto.

- Meu pai também me ensinou algumas canções quando pequena. Cantei muitas enquanto estava reclusa na Capital no meu julgamento. - Digo lembrando-me daqueles dias que só ouvi minha voz durante dias.

- Qualquer dia, se você quiser, poderia tentar tocar. Eu posso te ajudar. Ganhei esse violão no hospital porque de alguma forma disseram que iria me ajudar no tratamento. - Diz ele receoso.

Olhei pra ele assustada. A música me lembra demais meu pai, não sei se conseguiria. Mas apenas assinto novamente e ele sorri levantando-se.

- Vamos tomar café da manhã? - Diz me estendendo mão.

Tomo sua mão e ele me conduz a cozinha, lá vejo uma variedade de pães, um bolo de chocolate e frutas picadas. Comemos tranquilamente e após lavamos a louça suja. 

De súbito viro para Peeta e abraço-o.

- Aconteceu algo Katniss? - Pergunta ele surpreso.

- Obrigada por estar aqui e por se importar comigo. - Digo como uma criançinha em seu pescoço.

- Você é tudo o que me importa Katniss! -Ele fala convicto e me abraçando mais forte.

Meu coração acelera diante de tais palavras e ergo levemente meu rosto para encará-lo. Seus olhos brilham e exitante ele aproxima o rosto do meu. Fico estática e sinto seu nariz acariciar o meu e seus dedos apertarem de leve minha cintura. Por fim seus lábios alcançam os meus e todo o meu ser acorda com seu toque, aquecendo meu coração que bate freneticamente, mas também trazendo-me uma paz que não sentia a tempos.

Separamos nossos rostos e Peeta me olha com receio, mas seus olhos brilham. Os meus também devem estar do mesmo modo porque ele sorri e me dá um beijinho na ponta do nariz. Sorrio de volta e descidimos sentar no sofá um pouco, com Peeta em seu violão cantarolando as músicas que conhece. Fico observando-o durante algum tempo e antes que eu perceba estou tentando cantar baixinho a aquarela, nome da música que ele cantava mais cedo e passamos a manhã nessa atividade, ele me ensinado a letra e me mostrando alguns acordes.

Quando Greasy aparece para preparar o almoço, noto que finalmente uma refeição ganha o prestígio do meu estômago. Peeta me acompanha e depois de lavar a louca decidimos passear pelo distrito, na verdade Peeta quer me tirar de casa a todo custo. Não discuto mesmo não me sentindo totalmente bem caminhando pelas ruas que vi bombardeadas e cheias de restos mortais durante a revolução.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Caso queiram comentar dando dicas ou críticas construtivas vou gostar muito.


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