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História O Tordo achou sua voz - Eu estou uma bagunça


Escrita por: Sileverdeen

Notas do Autor


Boa noite gente, aqui vai a continuação... Finalmente Haymitch vai dar as caras, rsrs.

Capítulo 4 - Eu estou uma bagunça


Fanfic / Fanfiction O Tordo achou sua voz - Eu estou uma bagunça

Estou com o violão de Peeta tentando acertar alguns acordes, ele me ensina pacientemente. Mas para cantar ainda não me sinto a vontade, pois é como se fosse uma viagem no tempo que me leva à infância, ao meu pai, mas arrisco o refrão da música aquarela com Peeta num dueto que sinceramente fica muito bom. Sua voz é doce, clara e firme. Ao terminarmos, seus olhos estão brilhando para mim.

- Sua voz é tão linda Katniss. Eu gostaria de ouví-la o tempo todo. - Diz ele e fico vermelha imediatamente.

- Não é pra tanto. - Digo desconfortável. Mas ele apenas nega com a cabeça e olha para um ponto fixo qualquer, sua mente parece se perder em pensamentos, arrisco dizer que são sobre seus familiares.

- Peeta, desculpe tocar nesse assunto, mas eu queria dizer que sinto muito pela sua família. - Falo com toda a sinceridade e ele me olha e sorri fracamente.

- Obrigada Katniss. Essa dor nunca vai passar, mas estou aprendendo a conviver com ela. Acho que todos nós certo? Eu também sinto muito por Prim. - Diz ele com cuidado.

Eu apenas assinto piscando rapidamente para não chorar e ele me toma em um abraço, mesmo sem querer choramos juntos por nossas perdas. Depois disso resolvemos voltar ao violão e ensaiar mais acordes.

Os dias vão passando e Peeta e eu descidimos conversar com Haymitch acerca da bebida. Quase não o vemos mais nas refeições e por mais que ele tenha feito muitas coisas ruins, não posso negar que estranhamente somos como a família que restou um do outro. Eu e Peeta combinamos de irmos na casa dele na hora do jantar.

Hoje resolvi ir à floresta pela manhã, logo depois que Peeta e eu tomamos café. Ele não dormiu mais comigo, mas me faz companhia a maior parte do dia, bem como continua me mostrando acordes no violão e eu até que estou tentando aprender, pois ajuda a passar o tempo e nos manter ocupados. Porém, com os dias passando, Peeta teve que passar menos tempo comigo para supervisionar a construção da nova padaria. 

Fico feliz por ele, mas me apeguei a sua presença, o que me rende uma certa tristeza quando ele não vem para as refeições. Mas afinal o que poderia dizer? Só de ver seus olhos brilhando com seu sonho cada vez mais próximo de ser realizado, sinto um pouco de esperança aflorar em meu coração e sempre o escuto com satisfação em nossas conversas após o jantar.

Ao chegar à floresta, fico muito tempo naquele que foi um dia meu ponto de encontro com Gale, só ouvindo o som dos bichos, o cheiro das árvores e o farfalhar das folhas com a brisa. Todos esses sons me acalmam e renovam minhas energias, aos poucos estou retomando meu ritmo. Caço um peru selvagem para nosso jantar e alguns esquilos que pretendo dividir com Grasy, sinto vontade de ir ao lago que é meu local e do meu pai, mas está quase na hora de voltar, ou não chegarei cedo. Descido retornar pra casa com minha caça e entregar ao Peeta o peru, já que ele se ofereçeu para prepará-lo.

Finalmente chego à vila dos vitoriosos e me aproximo da casa de Peeta, ele já deve ter chegado do centro. Quando me aproximo, bato alguns vezes e ele me pede para entrar.

-Desculpe não ter ido abrir a porta para você Katniss. Mas é que estou com a mão na massa. - Diz ele e estava mesmo.

- Tudo bem. Só vim deixar um peru para o jantar. Você quer ir falar com Haymitch hoje? - Pergunto.

-  Bem, hoje não vai dar. Ia mesmo falar com você. Faz alguns dias que falei com você sobre isso. Sabe minha amiga, a Delly Cartwright? Tinha comentado com você que ela estava pensando de voltar ao 12 com seu irmão. - Diz ele animado.

Apenas assinto com um leve incômodo. O que está havendo comigo?

- Ela  conseguiu voltar antes do previsto e hoje a noite vai estar chegando ao 12. Estou bastante empenhado em preparar uma boa recepção para os dois e enquanto eles compram uma casa, ofereci a minha para eles se acomodarem. - Ele diz estas últimas palavras com um leve receio olhando em meus olhos.

Sinto algo como um aperto em minha garganta e desvio meu olhar desconfortável com essas informações. O que estou pensando? Delly é amiga de Peeta, ela o ajudou no 13 quando eu só podia ficar de braços atados. Ela mereçe sua hospitalidade, bem como seu irmão.

- Tudo bem, vou indo. Pode usar o peru para o jantar de vocês. - Digo num tom meio frio, deixando o peru na pia e saindo dali o mais depressa possível. Não quero deixar Peeta notar minhas reações nada amistosas, embora sei que esteja falhando miseravelmente.

- Mas Katniss eu... - Peeta tenta me abordar, mas como estava com a mão na massa foi impossível me alcançar, já que num piscar de olhos já tinha saído de sua casa.

Entro rapidamente na minha casa fechando a porta, apenas limpo e guardo a caça num piscar de olhos, indo direto ao meu quarto. Que sentimento estranho é esse? Por que a proximidade deles me incomoda? Afinal não tem nada entre eles certo? E se tiver o que tenho haver com isso? Mas não consigo me sentir confortável, é como uma insegurança, uma sensação de perda terrível. Estou ficando louca, só pode.P

Preciso pensar um pouco, talvez seja loucura, mas vou voltar à floresta agora. Acho que seria melhor ir à cabana do lago, colocar as ideias no lugar. Com este pensamento pego alguns mantimentos e um cobertor para passar a noite, jogando tudo dentro de uma mochila. Contudo, antes de sair, recordo-me de algo e vou até uma caixinha onde guardo meus valiosos tesouros, o medalhão de Peeta, meu broche de Tordo e a pérola que ele me deu na arena relógio. Puxo a pérola para meu bolso e saio como um raio de casa, pois a última coisa que quero é ser vista. 

Já está escuro; passo sorrateiramente pela porta dos fundos da minha casa e caminho bem devagar no pequeno espaço entre as últimas casas e o muro que cerca a vila para não ser notada, quando um ser branco e barulhento se materialista em minha frente e começa a berrar de forma escandalosa. Tomo um susto e dou um pequeno grito, mas logo percebo que o bicho apenas foge de outro ser ainda mais desalinhado. Haymitch praticamente se joga em cima do ganso e pega-o pelo pescoço. Como ele arrumou esse bicho? Não acredito que ele está pensando em cuidar de animais, isso só pode ser piada! Só então com seu trunfo em mãos ele repara em mim e me olha como se eu fosse de outro planeta.

- Ah é você docinho! O que faz se esgueirando por entre as casas? Por acaso estava com medo que meu ganso te visse? - Diz ele com ironia, como se soubesse exatamente o que se passa em minha cabeça.

- Não preciso me esconder de ninguém e ando por onde quiser!  Agora você pareçe que arrumou uma babá, já que é mais fácil o ganso cuidar de você do que o contrário. Eu sou a prova viva! - Devolvo em minhas palavras duas vezes mais ironia e acidez com as quais ele me dirigiu.

Percebo uma pontada de culpa no olhar de Haymitch por apenas um segundo, mas em seguida ele simplismente dá de ombros e só agora parece perceber o modo como estou vestida. Ele logo franze as sobrancelhas.

- Está indo pra floresta agora? Você está tão abalada com os hóspedes de Peeta a este ponto? - Diz ele com um olhar de curiosidade. Esse velho agora lê mentes? Mais que droga, não posso deixar ele achar que sabe de tudo!

- O que Peeta faz ou deixa de fazer não me diz respeito! Ele não precisa da minha permissão pra nada! E por que eu estaria irritada com isso? - Digo tentando não parecer raivosa, enquanto Haymitch apenas me olha demoradamente. Ele parece me analisar profundamente.

- Ele voltou por você Katniss, e antes que você estrague tudo estou te avisando! E não vá se perder na floresta. - Diz despreocupadamente e se vai, deixando-me pensativa acerca de suas palavras. Descido seguir caminho.

Com meu arco em mãos vou indo até o lago, uma tarefa cansativa já que anoiteceu e preciso de cuidado redobrado. Quando chego, apenas me sento numa pedra da borda e levanto a barra da calça e tiro as botas para molhar meus pés. A presença do meu pai neste lugar me acalma. Respiro lentamente o ar úmido e olho as estrelas e a lua no céu, o que estou sentindo a respeito de Peeta? Eu estou uma bagunça de pensamentos. Vou tentando rever cada fase que passei e como Peeta me foi fundamental em cada uma.

Primeiro estava perdida em dor quando ele chegou, depois me vi sendo retirada aos poucos dessa névoa e trazida a uma realidade onde não estou só, porque ele estava comigo, depois disso me permiti desfrutar de sua presença e começo a ter esperança. Mas aí tudo muda e ele não está mais comigo o tempo todo e outras pessoas agora estão sendo alvo de sua atenção.

Seja o que for, só consigo me culpar mais por ser uma pessoa tão egoísta. Peeta não mereçe conviver dia e noite apenas com uma pessoa ranzinza e quebrada como eu. Ele precisa ocupar seu tempo com o trabalho que tanto gosta e conviver com amigos que lhe ajudaram em seu tratamento, pois como ele mesmo me disse, este é fundamental para amenizar os flashes que ainda o atormentam. Delly nunca me destratou, mas defendeu-me até mesmo de Peeta por ocasião do telessequestro quando ele foi resgatado.

Resolvo que devo receber bem Delly e seu irmão, apoiar a proximidade que ambos terão com Peeta, mesmo que para isso só tenha forças para não interferir em nada. Eu quero vê-lo sorrir com os lábios e os olhos como nos dias que passamos juntos no violão, descontraído e leve como quando prepara seus pães e bolos. Só de pensar nisso um sorriso brota em mim e meu coração se aqueçe. Ao constatar isto meu coração para rapidamente e depois começa freneticamente uma batida descompassada,  esses sentimentos que estão aqui em mim quando penso nele... Eu... Eu... Acho que agora compreendo Finnick ainda mais, pois sinto que estou amando Peeta e a possibilidade de perdê-lo está doendo muito e me deixando fora de órbita, na verdade  estou aterrorizada. Ele me beijou certo? E Haymitch me disse que ele voltou por mim, assim como Grasy. Mas por que ele não tocou neste assunto?

Talvez possamos conversar em outra oportunidade, já que hoje praticamente o deixei falando só por conta da minha reação à chegada de Delly. E para falar a verdade só agora noto que pra quem é um bêbado incorrigível, Haymitch estava muito por dentro das novidades. Peeta concerteza andou conversando com ele.

Noto que estou quase virando um picolé aqui, visto que estou a horas na mesma posição tentando entender meus pensamentos. Saio rapidamente da beira do lago e corro até a cabana, acendendo a lareira. Improviso uma porta com madeira e folhas para enganar os predadores e faço chá, comendo com alguns pães de queijo que Peeta fez. Me aconchego no cobertor, agarrando a pérola, passando-a por meu rosto e recordando de certo par de olhos azuis. Não sei se um dia conseguirei lhe dizer com todas as letras que o amo, mas quem sabe? Fecho os olhos e só pego no sono após muita vigília.


Notas Finais


Foi isso pessoal. Até o próximo capítulo. E aí, vocês também acham que o Haymitch consegue ler mentes? Fiquem a vontade para comentar.


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