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História O Traidor - HIATUS - Capítulo 4 - Constelações


Escrita por: Gi_byun

Notas do Autor


Olá!

Quem é vivo sempre aparece né! Eu nem sei se ainda existe alguém aqui pra ler essa estória, mas vamos lá. Primeiramente eu gostaria de me desculpar pelo sumiço, aconteceram muitas coisas ao longo desses meses…

A falta de tempo foi concerteza o que mais me prejudicou, e eu juro pra vocês que nunca tive tanta dificuldade de escrever um capítulo, como tive com esse. Talvez eu esteja um pouco insegura de posta-lo, mas a gente segue fingindo normalidade né hahaha

Espero que vocês gostem, por que eu juro que me esforcei. Boa leitura ♡

Obs: Eu estou sem beta, então tive que me virar nos trinta, perdoem se deixei algo passar.

Obs n° 2: Vocês estão atentos às tags né?? Pq eu avisei...

Capítulo 5 - Capítulo 4 - Constelações


  


Baekhyun observava, parado de pé ao lado da janela do dormitório, o sereno cobrir as folhas secas das árvores, e a brisa suave arrastar algumas delas para longe dali. Os braços cruzados, as roupas informais, e os pés descalços no assoalho de madeira escura, lhe davam um ar mais relaxado, no entanto, quem o olhasse de fora, jamais desconfiaria do turbilhão de pensamentos que rondavam sua cabeça naquele exato momento.

O silêncio do dormitório era confortável e agradável para o Byun. Podia considerá um momento como aquele, raro, já que nunca estava completamente só, todavia, não reclamava, com o tempo aprendeu a gostar de uma boa companhia.

Os amigos, que junto de si, ocupava aquele mesmo espaço, estavam do lado de fora do alojamento, aproveitando de uma fogueira improvisada, em meio a penumbra do anoitecer. Estava tarde mas ninguém realmente se importava com o horário, pelo menos, não até que algum veterano os chutassem para dentro do dormitório. Baekhyun esteve com eles, no entanto, achou que o melhor a se fazer fosse se recolher mais cedo. Seus planos eram apenas deitar e descansar, porém, quando percebeu lá estava ele, refletindo sobre tudo, e ao mesmo tempo nada.

Quatro meses havia se passado desde a expulsão de Sehun e Jongin do exército. Estavam no outono, e em breve entrariam no tão temível inverno. Baekhyun detestava o inverno. Odiava aquela sensação de vazio e solidão que só parecia aumentar naquela época do ano.

As coisas haviam mudado bastante ao longo daqueles meses, principalmente entre as duas Coreias. Elas estavam a um passo de começar uma nova guerra, e isso o deixava aflito. Sentia-se impotente para falar a verdade, e o motivo de tal perturbação era por que na realidade temia pelo o que lhe mandariam fazer quando entrasse em contato com sua base. Imaginou muitas coisas deitado em sua velha cama na Coreia do norte; entretanto, nunca cogitou desistir de uma missão.  Ainda não havia obtido nada de relevante para seguir com sua tarefa, e isso o preocupava, aquele ponto, eles lhe pediriam absolutamente qualquer coisas. 

Jamais poderia colocar seus sentimentos acima de suas obrigações, mas havia se apegado aos garotos. Porém, nem mesmo ele sabia dizer se aquele sentimento era mesmo verdadeiro. Sempre lhe disseram para manter os pés nos chão, e não se iludir com coisas criadas por sua cabeça, ele não tinha a capacidade de manter ninguém por perto, então realmente não sabia dizer. Aquilo era sem dúvidas o que mais lhe perturbava.

O treinamento dos soldados estava mais rigoroso do que nunca. Chanyeol, se tornou alguém temido pelo seu pelotão, principalmente depois da expulsão de Jongin e Sehun. O Park não era uma pessoa ruim - ao contrário do que seus amigos pensavam - era visível para o Byun o quanto aquilo o incomodava. Porém ele como si próprio, apenas colocava seus deveres e obrigações acima de qualquer coisa. Chanyeol tinha apego aqueles garotos por mais que escondesse bem todo o seu cuidado, seus amigos não sabiam disso por que não procuravam a essência do Park, mas se prestassem atenção, saberiam do que ele estava falando. 

As vezes não conseguia compreende-lo, Park Chanyeol devia se orgulhar por ser temido por seus homens, porque no fim eles os respeitariam. Foi assim que ensinaram o Byun a liderar, e sempre obtive êxito por isso, então, realmente não conseguia compreende-lo.

Se estivesse na Coreia do Norte, teria sérios problemas por conta do comportamento que vinha apresentando ali dentro, o puniriam se soubesse o quanto se sentia acolhido por aquelas pessoas. Mas não podia, e nem devia baixar a guarda, isso o deixava confuso. 

Observou ainda pela janela, um feixe de luz cortar o céu escuro, ressonando ao longe o som estrondoso de um trovão. Suspirou um pouco cansado. 

Perdido em pensamentos nem ao menos percebeu o momento em que uma pessoa em especial, adentrou o dormitório, e permaneceu ali, parado, o observando, até a voz suave e corregada de uma preocupação quase imperceptível o puxar de volta para a realidade. O mais velho estranhou a forma como o outro havia saido sem avisar, por isso resolveu ir atrás dele.

— Baek… - chamou - Você está bem?  - Perguntou reencostado contra a porta do dormitório, enquanto observava o amigo próximo às únicas janelas do local.

Antes de responder. Baekhyun se virou, encarando Luhan, com os braços cruzados, e um olhar preocupado em sua direção. Ele detestava quando se isolava, sempre se preocupava com seu bem estar, isso o irritava no começo, por que se sentia perseguido, mas logo perceber que era apenas seu jeito cuidadoso de ser. 

— Oi Lu… - respondeu tranquilo  - a quanto tempo está ai? Não percebi você chegar...

— É, eu reparei. Você anda tão pensativo, ultimamente - descruzou os braços, se desencostando da porta, se pondo a caminhar em sua direção - o que foi? Por que saiu sem avisar?- questionou.

— Por nada - deu de ombros, se apoiando contra o parapeito da janela, virando o rosto e deixando o olhar vagar para o lado de fora, por entre o vidro embaçado do local.

— Tem certeza? - perguntou, procurando o olhar do outro, até ter sua atenção. Baekhyun parecia tão distante - sabe que pode me dizer se algo estiver o incomodando não sabe? - perguntou.

— Sim Lu… eu sei - suspirou - Não se preocupe, realmente não é nada demais. 

Observou Luhan cruzar os braços, levantar uma das sobrancelhas grossa e lhe lançar um olhar de quem dizia " Vamos, desembucha " antes de se sentar em sua cama. Baekhyun revirou os olhos resmungando irritado, era óbvio que Luhan jamais engoliria um simples "não é nada demais"

— Você é insuportável sabia! - reclamou. Mantinha uma séria relação de amor e ódio com aquele lado da personalidade de Luhan, sabia que não conseguiria escapar do amigo. Por isso, respirou fundo antes de começar a falar.   

— Você também percebeu como as coisas mudaram? Como... eu mudei? - questionou. Claro que não poderia contar tudo o que lhe incomodava, mas aquele já era um começo. 

— É só por isso que você está com essa cara de enterro? - perguntou zombeteiro. 

— Eu também não te conto mais porra nenhuma - disse emburrado, pescando seu travesseiro parado em cima de sua cama, e o arremessando em Luhan - idiota! 

Aquilo já havia virado um hábito entre eles. Toda a vez que Luhan falava alguma merda, ele procurava algo para arremessar naquela peste que ele chamava de melhor amigo, e o mesmo na maioria das vezes, apenas o provocava ainda mais. 

—  Eu so tô brincando Baek - sorriu agarrando o travesseiro - Mas agora, falando sério - se ajeitou contra o colchão - Talvez você tenha razão...  - respondeu, batendo no travesseiro em seu colo para que Baekhyun se deita-se ali, o que prontamente fora atendido por ele - as coisas mudaram, e você principalmente - embrenhou os dedos finos por entre os fios um pouco crescidos do amigo, num cafuné recheado de carinho. 

— Eu só não sei se isso é algo bom ou ruim, sabe… - disse, se virando brevemente  para encarar o rosto do outro.

— E como isso seria algo ruim? - perguntou - Você finalmente deu espaço para todos nós conhecermos a pessoa incrível que você é, apesar de rabugento, claro - brincou.

— Idiota - respondeu sorrindo. Por um instante se perguntando como seria se Jongin e Sehun ainda estivessem ali.

— Você também sente falta dos meninos Lu? - questionou se virando novamente para encarar o rosto do amigo.

— Esta falando de Sehun e Jongin? - Baekhyun assentiu - Para ser sincero... - suspirou - bastante. Ainda me sinto como antes, você sabe...

— Nós já falamos sobre isso Lu... - disse, se arrependendo imediatamente de ter tocado naquele assunto  - você sabe que não poderia ter feito nada...

— Sim, eu sei Baek… mas, sei lá. - disse um pouco cabisbaixo, Luhan ainda se culpava pela saída dos meninos, e infelizmente nada do que Baekhyun dizia parecia surtir efeito no outro.

Permaneceram em silêncio por um tempinho, Baekhyun deitado confortavelmente, quase caindo no sono com o afago sutil do melhor amigo, enquanto Luhan refletia, até o mais velho começar a falar:

— Eu queria sair um pouco daqui - comentou, externato seu pensamentos - sinto falta de casa, da minha família... - disse. 

Não sabia o que era aquilo... Baekhyun nunca sentiu falta de casa, nunca teve uma família, então jamais poderia sentir falta de algo que nunca teve. 

Sempre foi muito bom em mentir, no entanto o problema de um mentiroso é que até mesmo ele pode se perder em suas teias de mentiras, e com o Byun não foi diferente, ele dizia não sentir falta, mas na realidade tudo o que ele era capaz de sentir era, um grande e vazio, nada. 

Pensando nisso se perguntou internamente  como seria se desde o começo tivesse tido um lar… uma família… talvez ele não tivesse se tornado o que se tornou, mas sempre teve em mente que tudo acontecia por uma razão, por isso logo tratou de afastar aqueles pensamentos, evitava aqueles conflitos internos, por que na maioria das vezes nunca o levavam a lugar algum, e lamentações era algo que irritava Baekhyun. 

— O que você faria se estivesse em casa agora? - perguntou, mas só por perguntar mesmo.

— Não sei… talvez estaria jogando video game, me entupindo de comidas calóricas, ou quem sabe discutindo com meu irmão caçula… - suspirou triste.

— Você tem um irmão? - Baekhyun perguntou se deitando de costas contra o colchão, ainda com a cabeça apoiada sobre as pernas de Luhan, encarando o olhar cabisbaixo do outro. 

— Sim… - sorriu triste - sinto falta dele. 

Baekhyun o encarou por alguns segundos, antes de dizer:

— Me avisa se você for começar a chorar.

— Credo Baekhyun, seu ogro.

— Eu não sei lidar com pessoas sentimentais, e você sabe disso, brô. 

— Porque fiz amizade com você mesmo? 

— Por que eu sou incrível!

— Você é ridículo, isso sim, acabou com meu momento - disse fingindo estar magoado, mas logo sorriu- mas é você? - perguntou - o que faria? 

— Como assim? - questionou franzino o cenho.

— O que faria se estivesse em casa? 

— Eu… talvez - pensou - … talvez… - não tinha uma resposta para aquela pergunta, essa era a verdade - Eu não sei… 

— Você não gosta de falar muito sobre sua família não é… 

— Eu não tenho uma família Lu. Talvez você saiba ou não, sei lá, mas eu passei boa parte da minha infância num orfanato. 

— Sinto muito Baek - Talvez tivesse tocado num assunto delicado demais, e soube disso quanto o outro se calou por um tempo.

— Isso não importa mais - colocou um ponto final aquela conversa.

Por mais que tentasse, Baekhyun ainda era uma completa incógnita para Luhan. Mas o mais velho era paciente, e esperaria até que o outro estivesse confortável o suficiente para abrir-se com ele. Mas enquanto isso não acontecia, seguiriam do mesmo jeito. 

Baekhyun ainda estava deitado no colo de Luhan, quando voltou a pensar, daquela vez em algo que havia visto antes de seguir para o dormitório. 

No caminho, perto da base principal, depois de ter deixado os amigos, escutou por acaso, vozes conhecidas por ali, reconheceu no mesmo segundo o timbre potente e raivoso de Chanyeol. Curioso, sorrateiramente se aproximou por entre as sombras, e escondido atrás do tronco robusto de uma árvore, observou o mais velho gesticular afoito, enquanto Xiumin tentava acalmá-lo, pedindo para que falasse um pouco mais baixo. Aquilo o deixou intrigado, não estranhou o comportamento do outro, por que para tirá-lo do sério não precisava de muito, então não estava surpreso. 

Chanyeol tentava manter o tom de voz ameno, porém com a raiva tomando cada célula de seu corpo, era quase impossível, quando percebia, lá estava ele, gritando novamente, até ser repreendido pelo outro.

Ele parecia realmente, muito irritado.

Mas infelizmente não conseguia escutar muita coisa, somente palavras desconexas e sem sentido, por isso apenas conteve sua curiosidade e seguiu para o alojamento onde estava. Até pensou em contar para o amigo que ainda acariciava seus cabelos, mas por hora, preferia deixar o assunto de lado, precisava descobrir o motivo de terem deixado Chanyeol tão furioso daquele jeito.  

Saiu de seus devaneios com um estrondo alto reverberando pelo céu. Logo uma chuva torrencial alcançou os garotos do lado de fora, e mais do que depressa eles correram de volta para o alojamento, em busca de abrigo, interrompendo o clima sereno entre os dois amigos, que nada puderam fazer além de gargalhar alto com o desespero dos outros depois de se recuperarem do susto que levaram.

E alguns metros de distância dali, Chanyeol também observava da janela de seu quarto, a chuva abundante encharcar o solo e molhar tudo o que tocava. 

A algumas horas havia recebido a notícia de que teria que levar seus subordinados até as montanhas para os testes de sobrevivência na mata, que por algum motivo teve de ser adiantado sem mais explicações, e o mais engraçado de tudo, era que aparentemente aquela decisão já havia sido tomada a muito tempo e o único que não tinha conhecimento de nada, era ele.  

Sabia que as coisas entre as duas Coreias pioravam gradativamente, mas Chanyeol também sabia que seus garotos não estavam preparados. Entretanto, ordens eram ordens, e ele não podia contestar.

Passou os dedos por entre os cabelos um pouco compridos e os bagunçou, suspirando frustrado, até escutar batidas leves contra a porta, não estava com cabeça para visitas, por isso apenas se desencostou da janela e se arremessou em seu colchão, antes de enfiar a  cabeça no travesseiro, afim de ignorar quem quer que fosse. Porém, as batidas permaneceram incessantes. 

— Quem é porra? - perguntou irritado, a voz sendo abafada pelo travesseiro, mandando toda a educação que tinha para o quinto dos infernos, sabendo que poderia ser qualquer um atrás daquela porta. 

— Tenente Coronel... - escutou o timbre  rouco, e extremamente familiar dizer.

No mesmo instante desenterrou o rosto do travesseiro e encarou a porta de madeira escura.

— Chanyeol… - chamou.

Imediatamente se levantou e se controlou para não correr até a porta e abri-la num ímpeto, tudo apenas para sanar sua curiosidade, afinal de contas: 

O que seu pai estava fazendo ali? 

Caminhou até a porta com um ponto de interrogação  estampada na face cansada, e prontamente a abriu, observando a figura alta e de cabelos grisalhos parada logo a sua frente, o analisando cuidadosamente. 

— Pai? - disse estranhando a presença do outro ali -  Aconteceu alguma coisa?- a voz preocupada questionou olhando para os lados, lhe cedendo passagem ao constatar que estavam sozinhos naquele extenso corredor mal iluminado - Sabe que não pode andar por aí sozinho Park - reclamou, fechando a porta, quando o pai passou por si, parando no meio do quarto.

— E desde quando os papéis aqui se inverteram moleque? - perguntou achando graça do filho - Eu sou o marechal desse exército, não uma criança indefesa, posso fazer o que eu quiser aqui.

— Sabe que as coisas não funcionam assim - balançou a cabeça - Você não tem jeito.

— Não mesmo - sorriu.

— Bom... Ao que devo a honra de sua ilustre visita Marechal? - questionou ostentando um sorriso pequeno nos lábios fartos enquanto se curvava. A pergunta soando formal demais aos ouvidos do mais velho.

— Sabe que não gosto, que me trate assim quando estamos sozinhos - ralhou com o filho.

Chanyeol preferiu apenas ignora-lo.

— O que faz aqui? - perguntou.

— Só queria saber como estavá meu filho.

— Conta outra - zombou - desde quando você se importa comigo? - Perguntou com deboche, sustentando um sorriso presunçoso nos lábios carnudos, enquanto voltava a se jogar na cama macia. 

Park Jung jin apenas o encarou com os olhos cerrados e um vinco grosseiro entre as sobrancelhas, sentindo-se ultrajado pelo comentário do filho. Sabia que andava sem tempo, mas jamais deixaria de se preocupar com o filho, também sabia que Chanyeol era um pestinha - apesar de todo aquele tamanho - e adorava tirá-lo do sério. 

— Nós já passamos dessa fase, não começa...- pediu. Chanyeol gargalhou.

— Bons tempos - suspirou nostálgico, lembrando-se da época em que era um rebelde sem causa, encarando o olhar entediado do pai, soltando mais uma de suas  risadas grossa, quando o outro revirou os olhos.

— Mas, agora falando sério - se sentou no colchão com as pernas cruzadas - O que faz aqui? - perguntou novamente - Pensei que já estivesse viajando, sabe que é perigoso sair a essas horas, ainda mais sendo quem é -  ralhou com o pai. 

— Eu estava agora mesmo a caminho de Busan garoto, Suho está me esperando do lado de fora - explicou. Só então Chanyeol reparou nos trajes formais que o pai usava - Só queria saber como estava antes de partir -  falou se sentando ao lado do filho na cama espaçosa 

— Eu estou bem pai. 

— Tem certeza? Minseok me contou sobre o que aconteceu - disse o encarando -  Por isso vim até aqui…

— Pai… - não queria mais tocar naquele assunto. Saber que seu pai havia concordado com aquilo lhe deixava ainda mais puto, todavia, sabia separar as coisas, quem estava ali, naquele momento, era o seu pai, não o marechal. 

— O que te preocupa, meu filho? - insistiu. Não obtendo resposta alguma do outro, além de um semblante fechado - Ouça Chanyeol, Sei que vai se sair bem, você é um excelente soldado e um ótimo filho, vai saber lidar com qualquer coisa que cruzar seu caminho. Não acho que seja cedo para avançar com o treinamento, confio no seu trabalho e sei que vai se sair bem - repousou sua mão direito sobre seu ombro - Nós dois sabemos que sua maior fraqueza é se importar demais com os outros, seja duro e lembre-se de que acima de tudo, você é um Tenente coronel e tem um dever a cumprir, não se esqueça nunca disso. Tome cuidado, tudo bem? - disse se levantando enquanto observava o filho assentir com a cabeça, pensando nas palavra do pai -  eu tenho que ir - avisou - vai ficar bem, não vai? 

— Sim Park, eu vou...  - disse se levantando também - não se preocupe.

— Bem, então nos vemos em breve soldado - o Park mais velho falou batendo uma pequena continência. 

— Até Pai  - o imitou no gesto. Abraçando-o em seguida - tome cuidado - pediu. 

Era sempre preocupante para Chanyeol, quando algo acontecia e exigiam a presença do marechal para resolver tal situação. Na maioria das vezes aquilo nunca significava algo bom.

O pai o abraçou também, depositando tapinhas leves nas costas do mais novo antes de o responder com um " Eu sempre tomo " desfazendo o contato e rumando até a porta, abrindo a mesma e saindo do ambiente. Fechando-a sem sequer olhar para trás. 

Às vezes detestava aquele comportamento do pai. Ele nunca olhava para trás, era difícil para Chanyeol quando pequeno, observá-lo dando as costas a ele, quando tudo o que Chanyeol mais queria era o pai ao seu lado. Mas então ele cresceu, e entendeu que se ele olhasse para trás jamais teria coragem o suficiente para deixá-los.

Chanyeol suspirou derrotado, antes de apagar as luzes do quarto e se deitar. Na manhã seguinte comunicária seu pelotão sobre a decisão do Conselho, e em dois dias partiriam para a próxima missão. 

Se ajeitou no colchão, aconchegado o corpo grande entre as cobertas quentinhas, enquanto um sorriso pequeno e involuntário invadia seus lábios, um pensamento rápido cruzando sua mente ao imaginar qual seria a reação de seus garotos, ao descobrir a surpresa que esteve guardada consigo aquele tempo todo. Já estava mais do que na hora. 

Fechou os olhos e deixou-se levar pelo cansaço, sentindo os músculos relaxarem, até que alcançasse o mundo dos sonhos. 


                         (...)


Era uma terça cansativa, porém, agradável para aquela época do ano, o clima gelado e de muitos ventos havia finalmente dado uma trégua para os garotos, porém o clima ameno do lado de fora, em nada combinava com a agitação que partia de dentro do alojamento.  

Os soldados perambulavam de um lado para o outro no dormitório, enquanto, concentrados, arrumavam suas mochilas com os pertences que usariam naquele período que estivessem longe da base.

Baekhyun se perguntava internamente se aquela não havia sido uma decisão tomada de maneira precipitada - já que por mais que aqueles garotos tivessem melhorado consideravelmente, ainda era cedo para larga-los a mercê dos perigos existentes na mata, ainda mais agora que a Coreia do Norte ameaçava invadir o território Sul Coreano ( isso era outra coisa que lhe deixava puto) - estava perdido em pensamentos quando escutou o ranger característico da porta se abrindo. Baekhyun não deu tanta importância, estava mais preocupado em organizar a bagunça que estava fazendo ali. Até Chittaphon, completamente surpreso, dizer: 

—  Jongin? Sehun? 

Automaticamente todos desviaram a atenção do que faziam para encarar os dois recém chegados, parados ali, na companhia de um soldado qualquer. 

O homem que os acompanhava sussurrou algo para eles, antes de dar as costas e deixá-los a sós. Eles observaram os rostos conhecidos por alguns instantes, antes de se colocar a caminhar até suas respectivas camas, que por mais incrível que pudesse parecer não haviam sido ocupadas por ninguém daquele pelotão. Os passos pesados contra o piso de madeira pareceu desperta-los do estado de tupor em que se encontravam e logo começaram os questionamentos.

— Vocês estão bem? - alguém perguntou.

— O que aconteceu com vocês? - outro questionou. 

— O que fizeram com vocês? 

— Onde estiveram esse tempo todo? Pensamos que tivessem sido expulsos.

Eles pararam de caminhar ao observar o pequeno amontoado de pessoas ao redor de ambos, bloqueando a passagem dos corredores. Baekhyun de longe os examinava, cuidadosamente.

Eles estavam diferentes.

Não sabia dizer o que, exatamente, havia mudado. A aparência ainda continuava a mesma, mas havia algo de errado ali. E pelo visto não fora o único a reparar. Luhan estava estático ao seu lado, sem saber como se comportar, estava surpreso era óbvio, mas também era muito óbvia sua falta de reação.

— Não temos autorização para falar sobre isso  - Foi tudo o que Sehun disse, passando pelos garotos e caminhando até sua cama, onde se deitou cobrindo os olhos com os braços, soltando o ar de seus pulmões com força.

— Se me dêem licença - Jongin pediu, se dirigindo até o banheiro.

— Eles estão estranhos... - Luhan sussurou para o mais novo, encarando as costa de Jongin e logo depois pousando o olhar sobre o corpo grande de Sehun descansando sobre a cama - o que será que aconteceu com eles? - perguntou estranhando a atitude de ambos enquanto se sentava em sua cama. Uma ligeira curiosidade invadindo seus sentidos. 

Baekhyun também queria saber. Os dois haviam sido expulsos, disso todos sabiam… mas por que eles voltaram? Era o que se perguntava. 

Aquilo era algo difícil de acontecer. Em seu pelotão por exemplo jamais voltaria atrás com a decisão de expulsar alguém. Tinha uma ideia do que poderia ter acontecido. No entanto, aquele não era o momento.

— Luhan, não se intrometa, Isso não é da sua conta - respondeu, querendo colocar um ponto final na curiosidade do amigo. 

— Ignorante, eu só queria saber.

— Por isso mesmo. Você tem o péssimo costume de se meter onde não foi chamado - respondeu terminando de fechar sua mochila. 

O Mais velho o encarava ofendido quando disse: 

— Se eu não fosse intrometido, você teria entrado em depressão de tão sozinho que era. 

Baekhyun só pode rir, se lembrando do quanto o outro foi irritante no começo, não que ele não fosse mais. A diferença era que agora, ele era um pouco menos insuportável. 

— Anda logo, já terminou de arrumar suas coisas? - perguntou, assistindo o outro revirar os olhos e assentir em concordância. 

— Ótimo. 

Logo o Tenente apareceu por ali, os arrastando para fora. Depois de carregar o caminhão, e pegar suas coisas, receberam algumas orientações de Minseok e então partiram. Depois de dois meses afastado, concederam ao Kim permissão para ajudar Chanyeol nos treinos, ele ainda não tinha autorização para exercer suas funções no laboratório e nem no amarmamento, mas esperava poder te-lo em breve. 

— O acampamento é longe, estejam cientes disso, vamos passar por Kijŏng-dong, então fiquem atentos - Foi tudo o que Chanyeol disse antes de sairem da fortaleza do exército Sul Coreano.

Sentiu um arrepio tenebroso cruzar sua espinha, ao escutar o nome da cidade onde nasceu, escorregar por entre os lábios do mais velho. Aquilo foi o suficiente para se manter calado pelo resto do caminho. 

Observava o céu nublado do lado de fora, enquanto os outros tentavam a todo custo, puxar assunto com Jongin e Sehun, que se mantinham isolados num canto do automóvel, conversando aos sussurros entre si.

Mais rápido do que gostaria, a paisagem cheia de árvores, logo deu espaço as ruínas do que um dia fora uma cidade. Chanyeol pediu para que ficassem em silêncio, então todos imediatamente se calaram. Aquela era uma área arriscada, todo cuidado era pouco. 

Baekhyun sentia-se agoniado em seu lugar, queria ir embora. Não queria se lembrar de quem era e tudo o que o obrigou a não olhar para trás. Era difícil, era doloroso. Entretanto, o destino parecia querer brincar com sua cara naquele dia.

— Olha, o que é aquilo ali? - Mark perguntou, apontando. 

Estavam numa das áreas mais afetadas daquela cidade, mas um lugar em especial havia chamado atenção do mais novo. 

— Acho que é só mais um prédio abandonado… - Taeil respondeu distraído tentando decifrar o que era aquele monte de escombros, olhando pela janelas do caminhão - na real parece uma igreja.

— Não, claro que não - Johnny disse sentado ao lado dos meninos, caindo de paraquedas na conversa - parece mais uma escola.

— É o orfanato C.J.P - Jongdae comentou - ou o que sobrou dele - deu de ombros. 

— Parece mal assombrado - Mark falou, ainda olhando para o lado de fora - que medo. 

Baekhyun não se deu o trabalho de olhar, continuava esparramado no assento com os braços cruzados e os olhos fechados, enquanto tentava a todo custo ignorá-los, seus ombros estavam tensos, e sentia um peso enorme em seu peito.

Se eles realmente soubessem...

— Por que está todo destruído desse jeito? - Taeil perguntou curioso.

— Vocês nunca ouviram falar do que aconteceu aqui? - Jongdae perguntou um pouco surpreso. 

— Não - responderam. 

Todos pareciam concentrados na conversa, até Luhan que estava sentado ao seu lado parecia entretido com o assunto.

— Na primeira guerra entre Coreia do Norte e a Coreia do Sul, essa cidade foi invadida pelos norte coreanos, o orfanato foi o principal alvo deles, até hoje não se sabe o por que. Numa noite eles invadiram a cidade e tentaram levar algumas crianças, mas no fim os soldados Sul coreanos conseguiram salvar boa parte delas, porém antes de partirem eles atearam fogo no lugar e isso explica por que está em ruínas, o que o fogo não destruiu o tempo acabou consumindo.  

— E o que aconteceu com as outras crianças? As que não foram salvas? - Jaemin perguntou.  

— Estão todas mortas. 

O assunto terminou quando Chanyeol com toda a sua ignorância mandou que calassem a boca. 


                                (...)


  Depois de quase 3 horas enfurnados naquele cubículo, haviam chegado finalmente ao seu destino. Ainda teriam que caminhar por uma trilha enorme, e o percurso só podia ser feito a pé, já estava tarde por isso precisavam agilizar. 

— Peguem suas coisas, e desçam para pegar os equipamentos - deu ordem descendo do caminhão. 

Todos se levantaram, e um por um saíram também, aquela foi a deixa perfeita para Luhan conversar com o amigo, havia percebido o quanto o corpo de Baekhyun retensava no banco em quanto os outros conversavam.

— Baek, você está bem? - perguntou colocando a mochila pesada nas costas.

— Por que não estaria? - o outro perguntou confuso. Só estavam os dois ali dentro. 

— Talvez eu esteja errado m-

— Vocês dois vão ficar parados Aí? - Chanyeol que havia voltado para pegar algo que tinha esquecido nos bancos da frente questionou - Vamos! Desçam - ordenou.

— Sim senhor! - Foi tudo o que disseram antes de descer e ajudar os outros a descarregar o caminhão. 

Depois de quase uma hora e meia caminhando por entre as árvores robustas da floresta, chegaram finalmente ao acampamento onde ficariam hospedados. 

O lugar ficava próximo a um riacho de águas claras, a correnteza calma junto ao canto dos pássaros davam um toque especial aquele lugar, os feixes de luz que atravessam timidamente as folhas das copas altas das árvores, faziam aquele cenário parecer perfeito aos olhos de Baekhyun.

Era um amante incurável da natureza, adorava aquele cheirinho de grama molhada, e por mais que o sol não aquecesse sua pele, sentia-se bem estando ali.

O lugar estava numa área onde os árvores não cobriam tudo, apesar de marte-los cercados por elas. Dali podia observar o sol sumir aos poucos no horizonte e dar espaço as cores hipnotizantes do por do sol. Uma pena que não pode apreciar a paisagem por muito tempo, logo foi puxado de seus pensamentos quando Chanyeol os chamou. 

— Temos apenas oito barracas. Uma será minha  - avisou - se organizem e se dividam em pares nas outras - ditou simples e deu as costas aos garotos que se entreolharam receosos. 

— Com sua permissão Tenente... - Mark pediu hesitante

— O que foi? - perguntou se virando para o grupo de garotos. 

  — Estamos em dezoito pessoas e... - parou de falar visivelmente nervoso 

— E? - Park perguntou arqueado uma das sobrancelhas. 

— Alguém vai ficar sem barraca, senhor...  

— Quem sobrar dorme comigo - simples assim. Disse dando de ombros, se afastando dos garotos - preciso buscar algumas coisas  - avisou - quando eu voltar espero que já tenham resolvido isso, Tenente Kim - chamou, o outro assentiu levemente com a cabeça - fique de olho neles - pediu. Deu as costas e partiu pela trilha que usaram para chegar até ali.  

Os garotos se entreolharam visivelmente apreensivos, até Jongin abrir a boca e ser o primeiro a quebrar o curto silencio que se instalou.

— Eu já vou logo avisando. Não vou dormir com ele.

— Nem eu.

— Eu também não.

E assim iniciaram uma pequena discussão para sabe quem dormiria com o Tenente. Xiumin os observava com um sorriso divertido nos labios, enquanto se reencostava contra uma das arvores, dando uma mordida na maçã que estava em suas mãos. Sabia que Chanyeol havia feito de propósito. Trabalho em equipe era o nome, isso era o que Chanyeol queria testar neles.

A discussão continuaria se Luhan não tivesse assobiando para chamando a atenção de todo mundo, e propor uma solução madura para aquele problema. 

— Vamos resolver isso no pedra, papel e tesoura.

Baekhyun era péssimo em qualquer coisa que envolvesse jogos, por isso apenas fechou a cara é revirou os olhos para aquela ideia estúpida do melhor amigo. Porém Baekhyun parecia ter sido o único a pensar daquela maneira, visto que os garotos formaram um círculo e começaram a ditar as regras de como fariam aquilo.  

No fim havia sobrado somente Baekhyun e Jongdae naquela brincadeira. Era a partida decisiva, quem perdesse dividiria a barraca com o Park. O mais velho quase chorou quando perdeu no melhor de três. Era um desastre. 

— Boa sorte, Baek - Jongdae zombou, dando leves tapinhas em seu ombro.

— Torça para ele não te matar dormindo - Mark brincou.

— É melhor vocês calarem a boca. Não me tira do sério, por que se não eu desisto dessa porra e quero ver quem vai me obrigar a dormir com ele - disse irritado. 

— Calma Baek é brincadeira - Luhan disse achando graça do quanto Baekhyun parecia realmente puto.

— Pau no teu cu! 

— Ui! ele tá bravo - Sehun debochou.

— Vão se foder! - disse dando as costas a eles.

Quando Chanyeol voltou carregando alguns galhos secos de madeira, boa parte dos garotos já haviam montado suas barracas, menos Mark e Taeil que pareciam travar uma verdadeira batalha com as estacas enquanto liam o manual de ponta cabeça, até Minseok ir ajudá-los. Respirou fundo com aquilo, as vezes tinha a impressão de que lidava com crianças. 

 O kim dividiria a barraca dele com jongdae, e avisou ao Park que quem dividiria a barraca consigo seria o Byun. O Tenente apenas deu de ombros e observou o baixinho terminar de montar a barraca onde dormiram. Pelo menos não precisaria se preocupar em ajudá-lo, visto que o outro parecia lidar muito bem com aquilo sozinho. 

Depois de acender a fogueira, optaram por esquentar um sopa de feijão enlatado - estava tarde e caçar a aquela hora da noite seria perigoso -  a comida era simplesmente horrível, mas por hora era o que tinha para se alimentar.

Enquanto os garotos conversavam entre si, Baekhyun preferiu se sentar um pouco mais afastado dos outros, mal tocou na comida, parecia distraído demais até para comer, ele ainda estava irritado pelo resultado daquele jogo, mas seu melhor amigo sentia que não era apenas aquilo, por esse motivo Luhan o observava de longe, calado.

Já o conhecia o suficiente para saber que quando algo o incomodava ele se afastava. Por isso quando se sentou ao lado de Baekhyun observando, também, as estrelas no alto do céu, esperou que ele desse uma pequena brecha para que conversassem. 

Ficaram em silencio por algum tempo até o mais novo dizer: 

— Vai ficar parado aí ou vai dizer o que você quer? - perguntou sereno, tomando um pouco daquela sopa aguada, fazendo careta ao ter o líquido morno de encontro ao seu paladar. Estava péssima.

— Por que está tão calado, Baek? 

Sinceramente só queria ficar sozinho, não entendia aquela obsessão de Luhan de sempre parecer procurá-lo quando tudo o que queria era estar só.

— É coisa da sua cabeça.

— Desde que saímos da base você está estranho. Por que não quer me contar o que houve? 

— Luhan - suspirou - eu só nao tô com cabeça pra conversar. 

 Quando o mais velho abriu a boca para responde-lo, Chanyeol mais a frente se levantou dizendo:

— Terminem de comer e arrumem essa bagunça, não se esqueçam de apagar a fogueira, nosso dia será longo amanhã, então estejam preparados. 

Aquela fora a deixa perfeita para Baekhyun se levantar, e se livrar daquela comida. Luhan sabia que o mais novo estáva fugindo de si, por isso desistiu de ir atrás do outro. Baekhyun so funcionava no tempo dele, e graças ao bom Deus paciência era algo que havia de sobre em Luhan.

O Byun fora um dos últimos a se deitar, era estranho se imaginar dividindo o mesmo espaço com o Park, dormiriam cada um em um colchão, mas perto o suficiente para se esbarrarem a noite toda, não gostava nem um pouco daquela ideia, até por que já havia aceitado seu interrese pelo mais velho, mas continuaria fingindo profissionalismo, apenas. 

Quando abriu o zíper que protegia a barraca dos ventos do lado de fora, com sua lanterna em mãos encontrou um Park estirado sobre o colchão, vestido apenas com uma samba canção. Definitivamente, não gostava nem um pouco daquela ideia. 

O Park tinha um dos braços cobrindo parcialmente o rosto, enquanto a respiração era liberada tranquilamente de seus pulmoes. Por um instante, apenas por um instante, sentiu-se convidado a admirar os músculos bem trabalhado dos braços, e o abdômen bem definido. O short folgado estava baixo na cintura o que lhe permitia ter a visão do perfeito "v" que o Park tinha. Um inferno de homem. Se surpreendeu ao constatar algumas cicatrizes espalhadas pelo tronco do mais velho, nada que não o deixasse menos charmoso, mas uma em questão havia chamado sua atenção, aquelas marcas pareciam familiares demais para si. 

Apertou os olhos tentando decifrar o que era, e completamente surpreso os arregalou ao conseguir visualizar perfeitamente o símbolo do brasão de seu quartel marcado na pele do Park. 

Marcar suas vítimas com ferro em brasa era típico da coreia do norte, mas Baekhyun se lembraria do Park se este um dia tivesse sido capturado por eles, sem sombra de dúvidas se lembraria… a não ser que aquilo tenha sido feito muito antes de ter saído da coreia do Sul...

    — O que você está fazendo? - escutou a timbre grave alcançar seus ouvidos. 

Distraído em pensamentos ao menos percebeu o momento em que o Park despertou com a claridade da lanterna, apertando os olhos para tentar conter o incômodo, e enxergar o outro a sua frente. Chanyeol estava tão cansado da viagem que mal percebeu a maneira como o outro o encarava fixamente, e Baekhyun agradeceu por aquilo, quase teve um infarto pelo susto que tomou, e não entendia o motivo de suas bochechas estarem pegando fogo daquele jeito.

— Apaga essa merda, Byun!

Chanyeol era um doce. 

Depois de se deitar, passou a noite em claro, não conseguia pregar os olhos de jeito nenhum, e quando o sol nasceu naquela manhã, amaldiçoou aquela maldita insônia. 



A semana passou de maneira torturosa para Baekhyun, o treinamento ali era duro, e somada a sua falta de sono piorava ainda mais sua situação, estava exausto, e daquela vez seus pesadelos haviam retornado. 

Chanyeol notou como seu rendimento nos treinos havia diminuído e até o questionou sobre o que estava acontecendo. Não contou a Luhan por que o outro parecia empenhado em reatar seus laço antigos com Jongin e Sehun, não o atrapalharia, já era um homem feito, saberia lidar com aquilo sozinho. Porém  quando encostou a cabeça no travesseiro naquela noite, estava tão esgotado que ao menos percebeu o momento em que caiu no sono, no entanto, preferia jamais tê-lo feito.

 

Esta com medo Baekbeom? - O homem se comportava como um predador prestes a devorar sua presa, enquanto ainda mantinha aquele sorriso nojento nos lábios ressecados

O pequeno Byun se encolhia em um canto gelado de uma parede, seu rosto banhando em lagrimas silenciosas, torcendo para que alguém entrasse por aquela porta e o tirasse dali. Mas ele sabia que isso jamais aconteceria, ninguém nunca o escutava… nunca escutavam. Era patético como mantinha esperança de que alguém o salvaria. 

Por favor - implorou tentando controlar o choro - me deixa ir embora...

Você não vai a lugar nenhum garoto... - respondeu caminhando lentamente em sua direção

Por favor… - pediu, o desespero tomando conta de cada célula de seu corpo, enquanto tinha a visão embaçada por conta das lágrimas volumosas que preenchiam seus olhos, e escorriam por suas bochechas - Não...


Por favor… 


— Por favor…  

Chanyeol despertou contra sua vontade escutando resmungos e a agitação do colchão ao seu lado. Ainda era de madrugada estava cansado e precisava dormir, no entanto, seria impossível daquele jeito. 

Estava de costas para Baekhyun, então se assustou quando se virou em sua direção, e se deparou com o corpo trêmulo e encolhido do outro, enquanto lágrimas finas escorriam por suas bochechas e palavras desconexas se desprendiam de seus lábios. 

— Por favor... - ele repetiu, se encolhendo ainda mais. 

Confuso Chanyeol se sentou em seu colchão. Estava sonolento por isso demorou um tempo para se situar no que estava acontecendo, e só entendeu quando um soluço alto deixou a garaganta do outro.

Ele estava tendo um pesadelo. 

Sabia que precisava acorda-lo, já que o volume de suas lágrimas pareciam aumentar consideravelmente, e se continuasse, acabaria acordando os outros também, mas Chanyeol não sabia como fazer aquilo, não era a pessoa mais delicada do mundo, porém, teria que tentar.

— Ei - o chamou, pousando sua mão sobre o ombro do mais novo, o sacudindo levemente - Ei garoto, acorde… - pediu, tentando ser o mais sutil possível para não assustá-lo - acorde...

O mais novo despertou num pulo, assustando até mesmo Chanyeol que retirou a mão repousando sobre seu ombro na mesma hora. Baekhyun sentindo-se confuso, ele olhava de um lado para o outro enquanto o som de sua respiração ofegante preenchia o ambiente e as batidas descompassadas de seu coração alcançavam sua audição.

— Calma... está tudo bem - Chanyeol chamou sua atenção, pousando sua mão novamente em seu ombro, o massageando levemente para acalma-lo.

Sabia o quanto era ruim ter sua noite de sono interrompida daquela maneira. Quando era pequeno costumava ter pesadelos constantemente e sua mãe sempre o acalmava. Aquelas eram as únicas lembranças que tinha dela, antes de ser morta.

— Está tudo bem, foi so um pesadelo - falou.

Baekhyun ficou em silencio, e apenas assentiu com a cabeça, se apoiando sobre os cotovelos, encarando a face sonolenta do outro. Com certeza havia acordado o mais velho e sentia-se mal por isso. Não queria incomoda-lo. Por fim se sentou sentindo suas bochechas molhar pelas lágrimas, aquilo não acontecia a muito tempo, sentia-se patético. Passou as mãos pelos rosto, afim de se livrar delas. 

O mais velho observava a bagunça que Baekhyun estava enquanto o outro tentava normalizar as batidas de seu coração. Infelizmente seus sonhos não era algo que conseguia controlar, e sentia-se constrangido por ter as orbes castanhas de Chanyeol queimando sua pele. 

— Tudo bem? - Chanyeol perguntou. 

— Eu… eu… Me desculp-  O interrompeu. 

 — Por que está se desculpando, Byun? 

— Por acorda-lo…  não queria te incomodar - sentia-se realmente mal por aquilo. Um soluço não contido escapou por seus lábios sem sua autorização. 

Era notável para o Park o quanto o outro estava mal, não perguntaria o motivo dele ter ficado daquele jeito, parecia algo extremamente pessoal, e não séria o Park a invadiria seu espaço, porém Baekhyun precisava se acalmar, Chanyeol não seria estúpido de virar para o lado e dormir novamente enquanto o outro estava naquele estado, era responsável por ele afinal de contas, por isso se levantou e pediu que Baekhyun o seguisse. 

Chanyeol abriu o zíper da barraca com um Baekhyun completamente confuso em seu encalço, e pediu que ele se sentasse no tronco de madeira comprido que haviam colocado ali mais cedo, e o esperasse.

Baekhyun apenas concordou de cabeça baixa, enquanto o outro se embrenhava no meio da mata aquela hora da noite, não fazia a mínima ideia do que o outro pretendia fazer, mas agradeceu internamente por te-lo deixado um pouco só.

Suspirou sentindo o vento gelado assoprar seu rosto, enquanto se encolhia pelo frio, sua mente se perdendo naquela lembrança de mais cedo. Aquele fora um dos piores dias de sua vida, sentia-se pequeno de novo. Logo Chanyeol retornou saindo de trás de si, carregando não só algumas plantas como dois cobertores para ambos. Se surpreendeu com o cuidado do mais velho, enquanto em silêncio ele acendia a fogueira e preparava um chá, segundo Chanyeol, aquilo o ajudaria a dormir.

— Aqui, pegue… - lhe estendeu um copo com o líquido quente.

— Obrigado… - agradeceu.

Chanyeol se sentou ao se lado, e em silencio apreciaram a paisagem. A lua era a principal estrela daquela noite, nada parecia poder roubar seu brilho ali no alto do céu. As constelações davam as boas vindas aquela vista enquanto Baekhyun bebericava o líquido docinho, e se perdia naquela imensidão. Por um minuto se esquecendo até mesmo de Chanyeol sentado ao seu lado. 

O Tenente também não estava muito diferente, nunca conseguiria explicar a sensação de conforto que o invadia sempre que tinha aquela oportunidade, nunca tinha tempo de apenas sentar e apreciar uma paisagem, e quando o tinha, aproveitava cada segundo. 

— Essa é sempre minha parte preferida de vir para cá - Chanyeol comentou baixinho brincando com a longa corrente que carregava no pescoço.

Entendia perfeita o mais velho, tambem sentia-se bem ali. Tomou outro gole da bebida, e ja se sentia muito melhor. 

— O arqueiro... - Baekhyun disse baixinho - tão baixinho, que se o Park não estivesse ao lado dele nao teria o escutado - Apontando com o indicador para o alto, desgrudou seus olhos do céu para enfim encarar a face de Chanyeol - é o meu preferido… 

— Gosta de constelações? - perguntou. 

Assentiu em silencio, observando a brisa gelada agitar as folhas das árvore. 

— Sempre gostei de admirar as estrelas, mas não tenho mais tempo para isso - disse o mais velho.

— Entendo. 

Ficaram em silencio por um tempo, Chanyeol ponderando se deveria ou nao fazer o que tinha em mente, olhando para os lados apenas para se certificar de que estavam sozinhos, afinal de contas, tinha uma imagem seria, a zelar. 

— Com todo o respeito soldado - Chanyeol disse sorrindo ladinho -  acho muito clichê da sua parte gostar do arqueiro, é a única constelação que dá para enxergar no céu - brincou.

Se surpreendeu com a postura descontraída do mais velho, esperava tudo, menos aquele comentário do outro. 

— O senhor acaba de desmerecer a história das três Marias, como pode? - disse fingindo indignação. 

 Estava andando muito com Luhan.

— As três Marias ainda fazem parte do arqueiro, garoto - disse óbvio - Mas sou suspeito para falar - continuou - também é minha constelação preferida. 

Ambos sorriram.  

— Então, temos algo em comum. 

Uma brecha, era tudo o que Baekhyun precisava, e Chanyeol havia lhe dado. Sorriu ladinho com o pensamento. 

Por um momento Chanyeol ficou sério, mas logo relaxou, Baekhyun estranhou, no entanto deixou isso de lado. Permaneceram ali por um tempo, conversando sobre coisas aleatorias que encontravam no ceu, até que Baekhyun bocejou sentindo os olhos pesarem, estava com sono, e Chanyeol logo percebeu. 

— É o efeito do chá - observou o outro coçar os olhos, como uma criança enrolado naquela coberta  - pode ir dormir se quiser.

— Eu vou... - se levantou -  mas, e você? Não está cansado? - Perguntou.

— Vou ficar mais um pouco por aqui. 

— Certo, obrigado novamente.

— Não tem de que.

— Boa noite, Tenente.

— Boa noite, Soldado. 

Se despediram, então deu as costas ao mais velho e adentrou a barraca com o pensamento de que pelo menos algo de útil havia acontecido naquela noite. No fim Chanyeol provou ser para Baekhyun exatamente da maneira como ele o imaginava, sentiu uma felicidade genuína por aquilo. Seria mais fácil do que imaginava. 

Chanyeol esperou o outro dormir, e então desconfiado seguiu até a ponta do riacho, Baekhyun não havia percebido, mas ele percebeu, bem distante de onde estavam, um rastro de fumaça se espalhando pelo céu. Aquilo não era nem de longe algo normal, na teoria, havia somente eles ali. Ficaria atento, invasores era a última coisa que precisavam naquele momento.  

Já estava tarde, então resolveu que já era a hora de se deitar. Quando entrou a barraca, se deparou com um Baekhyun dormindo tranquilamente, o semblante sereno nem dizia que a pouco quase teve uma crise.

O pensamento rápido de como ele era bonito passou por sua cabeça, mas logo tratou de afasta-lo, aquela não era a postura que deveria ter ali dentro, já havia feito demais apenas por ter sentado e conversado com o mais novo, então colocaria um ponto final ali.


                          (...)            


    Quando se levantaram na manhã seguinte, tudo voltou ao normal, ambos guardaram em segredo a noite agradável que tiveram apreciando da compania um do outro, num acordo mudo, só deles. Os dois eram discretos, e entendiam quais eram os seus lugares ali dentro. Na cabeça de ambos ninguém precisava saber, até por que em nada acrescentariam. 

Iniciaram o dia com uma corrida de aproximadamente 10 quilômetros do acampamento, ao pé de uma das montanhas, com pessos leves amarrados a cintura, aquilo os ajudaria a aumentar sua agilidade e força, enquanto conheciam amplamente o território onde pisavam. 

A parte mais desafiadora ali era conseguir o que comer, ainda tinham os suprimentos que trouxeram da base mas a ideia principal ali era  a sobrevivência. Já de noite depois de passar horas do dia caçando tiveram um momento para descansar. 

Alguns garotos estavam a vontade em volta da fogueira jogando jogos e conversando, enquanto outros estavam por aí atoa.

Chanyeol fumava um cigarro, enquanto descansava debaixo de uma arvore, quando Minseok se juntou a ele para fazer compania. Eles observavam os garotos, quando os olhos de Chanyeol pousaram em uma pessoa em especial. Ele estava sentado ao lado de Luhan enquanto conversava com Sehun e Jongin e sorrisos singelos escapavam de seus lábios. Para o kim, o Park poderia ser menos obviu as vezes. 

— Vi vocês ontem de noite - comentou, chamando a atenção do outro, que mal percebeu o momento em que parou de conversar apenas para observar o Byun - o que estava fazendo? - questionou como quem não queria nada. 

A pergunta pegou o Park de surpresa, mas este soube disfarçar bem, enquanto soprava a fumaça para o alto. 

—Pensei que estivesse dormindo - Tragou o cigarro.

Havia perdido aquele abto, e por mais que soubesse de seus malefícios, lidava bem com seu vício em nicotina. 

— Mas não estava, agora não muda de assunto, o que vocês estavam fazendo? - perguntou curioso.

— Por que quer tanto saber? - disse começando a se irritar com o outro. 

— Olha como você fala comigo, Park.

— Não começa… Ele me acordou de madrugada - observou o outro levantar uma das sombrancelhas grossas e sorrir malicioso - pare de me olhar assim - pediu - ele não parecia bem então viemos para fora - explicou - você sabe que eu não consigo dormir rápido quando me acordam.

— E foi so isso? 

— O que está insinuando, Kim Minseok? - tragou novamente.

— Nada ue… só quero entender por que você observa tanto esse moleque, pensei que não gostasse dele. Pelo menos ate antes do incidente com o gás, você não gostava. Me lembro perfeitamente de você dizendo que  queria arrancar a cabeça daqueles quatro. Mas depois… o que mudou Park? - questionou. 

— Você está se escutando? - perguntou confuso - acha que eu tenho algum interrese por ele? - perguntou indignado. Para o Park não havia coerência alguma naquilo. Era muito bem resolvido com sua sexualidade, e minseok sabia, mas ainda sim não conseguia enxergar sentido nas palavras do outro.

— Bom pelo visto você ainda não descobriu sobre isso - deu risada - vou esperar até que descubra sozinho.

— Chega dessa conversa - disse incomodado pelo rumo que aquela conversa havia tomado, se livrando da bituca de cigarro - temos assuntos mais importante para tratar - disse sério daquela vez. Na mesma hora o outro parou.

— Recebi informações de que rebeldes foram vistos nas imediações do acampamento…


                                

     


                   Continua...     






Notas Finais


Bom, é isso. 

Quero agradecer a todos que favoritaram e comentaram os capítulos anteriores, vocês são demais, obg de vdd pelo apoio, espero não descepciona-los. 

Quanto a atualizações fiquem tranquilos, espero voltar o mais rápido possível, não pretendo abandonar essa fic por que eu tenho um amor muito grande por ela, taokay? mas caso eu demore, desejo a vocês um ótimo Natal e um Feliz ano novo, nao deem ibope pra dispach, e ame nossos meninos incondicionalmente, combinado?

Comentem pra mim saber o que vocês estão achando. Dúvidas? É só me chamar.

Twitter: @Parkgi_loey 

Bjao e até breve. 


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