História O Uchiha e a Haruno. - Senhor e Senhora Uzumaki.

A luz fraca e várias vezes oscilando, indicava que logo o cômodo todo ficaria sem claridade. Já era difícil alguém em sã consciência adentrar naquele lugar, e estando sem energia era pior ainda. Mas, infelizmente, o pobre segurança não tinha escolha. Ele não estava ali por vontade própria, pois, se dependesse de sua vontade ele estaria no aconchego de sua casa.

-E então, está confortável?- Kabuto perguntou sorridente, ajeitando os óculos.

O homem amarrado e violentamente ferido não respondeu uma palavra sequer, tanto porque sobre seus lábios estavam uma amarra, apertadíssima por sinal.

-Oh, é mesmo. Me desculpe.- Forçou uma voz piedosa enquanto puxava da forma mais brusca possível o pedaço de pano na boca do homem.

-Por favor, chefe. Por favor ... Não faça nada comigo. E-eu já disse que não entreguei as fitas para aquele cara, então por favor.- O segurança implorou permitindo que lágrimas grossas rolassem pelo seu rosto machucado. 

-Ah, você é um belo idiota.- Começou socando a barriga do homem. -É obvio que o tal delegado vai dar um jeito de voltar naquele maldito hotel e pegar as malditas fitas de segurança.-

-N-não. Ele não vai fazer isso, chefe ... Por favor.- A suplica parecia infinita, e o desespero de saber que sua lamentação não chegava até seu agressor lhe trazia um imenso desespero.

Kabuto por sua vez estava cansado de tanto trabalho. Era cansativo ter que cuidar de tudo sozinho. Mas, para conseguir sua vingança ele iria até o fim.

-Você é um porco, um animal.- E dito tais palavras o rapaz cuspiu em sua vitima, deixando exposto todo o nojo que sentia pelo homem amarrado. -Chega dessa palhaçada. CHEGA!- Gritou enfurecido, temendo imaginar o que lhe aconteceria se fosse descoberto.

Sem pensar duas vezes ou se deixar levar por pena e piedade, Kabuto pegou um saco plástico que estava jogado no chão encardido e colocou o mesmo sobre a cabeça do segurança, não dando chance nenhuma do mesmo relutar ou se salvar.

-Sabe rezar? Se souber, comece a fazer suas preces agora mesmo porque nem os deuses são capazes de te salvar.- Kabuto sussurrava enquanto apertava o saco plástico na cabeça do rapaz. Seu corpo soava frio e suas mãos tremiam com a deliciosa adrenalina que percorria pela sua mente insana.

O pobre homem se debatia sobre a cadeira, suas mãos amarradas tentavam se soltar a todo momento e seus pés -também amarrados- seguiam o mesmo ritmo de suas mãos. Faltava ar para ele respirar com a cabeça dentro daquele maldito plástico. Não demorou muito para seus pulmões pararem de funcionar e uma forte dor de cabeça lhe atingir a ponto de fazê-lo adormecer ... Adormecer o sono da morte. O sono eterno que nunca despertaria. Aquele era seu fim.

-Desgraçado, descanse com os demônios.- Kabuto sussurrou tremulo, limpando todo o suor que escorria e pingava em seu rosto. Soltou a sacola e se afastou do cadáver que mantinha um semblante de sofrimento.

Uma alegria súbita tomava conta dos sentimentos de Kabuto, fazendo-o ficar observando seu belo trabalho antes que tivesse que se livrar de tudo aquilo, inclusive o segurança morto.  


                                                                      
                                                                      ***


-Sasuke, se ficar se mexendo será impossível dar um nó perfeito.- Sakura falava mordendo seu próprio lábio inferior. A missão de dar um nó impecável na gravata de Sasuke lhe tomava toda a atenção.

-Sakura, por favor. Já é a quinta vez que você desfaz essa gravata e a faz novamente. Ninguém liga para essas coisas.- Sasuke murmurou cansado.

-Claro que liga, somos os padrinhos de Naruto e Hinata, temos que estar tão lindos quanto eles.- A Haruno falava animada, sorrindo grandiosamente ao ver que o seu tão desejado nó ficara como esperava. -Está perfeito, anda, olha!-  Falava direcionando o moreno para o espelho em sua frente.

-Ótimo, está excelente! Agora podemos ir?- Perguntou esperançoso, não agüentando mais esperar a rosada decidir entre um vestido e outro.

-Não ... Bem, sim.- Dizia confusa, se perdendo novamente na imensidão de vestidos que havia ido buscar em sua casa. -É que o combinado foi eu usar este, mas, agora com essa barriga querendo aparecer não será possível.- Sussurrou receosa, admirando a beleza do vestido na cor rosa.

-Sakura.- Sasuke a chamou tocando-a na barriga que já dava indícios do inicio de uma gravidez. -Vista-o se achar que se sente bem! Independentemente do que vão dizer, nós vamos ter um filho e teremos que cuidar dele com ou sem aprovação dos outros.- Sasuke não era bom para conselhos e coisas do tipo, mas, uma coisa era certa: o moreno sabia o que dizer e quando dizer.

-Tudo bem ... Eu vou vesti-lo novamente e você me diz o que achou, certo?- A rosada falou animada. Mesmo Sasuke não levando jeito para aquele tipo de situação ele sabia como confortá-la.

-De jeito nenhum. Você já vestiu esse vestido três vezes! Vou descer e te esperar lá embaixo, esteja pronta.- E dito isso o moreno saiu do quarto, deixando Sakura um tanto irritada, mas pronta para se vestir e assistir ao casamento de seus amigos.



                                                                   ***

A igreja onde seria realizado o casamento de Naruto e Hinata estava lindamente decorada. A noiva, Hinata, havia escolhido minuciosamente cada pequeno detalhe daquela grande imensidão que mais parecia um castelo. Estava tudo perfeito.

-Droga, Sasuke. Graças a Deus você chegou! Tá atrasado, cara.- Naruto falava em um tom histérico. Estava nervoso o bastante para se escabelar e ter um surto em pleno casamento.

-Desculpe, cara.- Sasuke falou simplesmente.

-SAKURA-CHAAAAN!- O loiro gritou ao ver uma leve diferença na barriga da rosada. Não que ela estivesse com uma barriga notável, mas, o pouquinho que tinha era denunciado pelo vestido justo na cintura. -O que houve com a sua barriga? Parece ... Ahn, gases.- Naruto fazia uma careta enquanto se abaixava na altura da barriga de Sakura e a cutucava com o dedo indicador.

-Eu não estou com gases e não há nada de errado com a minha barriga.- A rosada resmungou levemente envergonhada. -Será que podemos entrar e ficar nos nossos lugares? Logo a Hinata chegará!-  Sugeriu séria, pondo um fim naquele assunto curioso.

Para os impacientes a chegada de Hinata levara uma eternidade para acontecer. Algo típico de casamentos. Mas quando a morena deu os primeiros passos diante dos impacientes e curiosos, todos se encantaram com a beleza terna da Hyuuga. Hinata já possuía uma beleza natural mas, naquela ocasião, o seu casamento, a jovem noiva estava ainda mis bonita. O longo vestido branco -assim como sua pureza- mesclava-se perfeitamente bem com seus olhos grandes e perolados. Uma franja delicada realçava a ternura de Hinata e o resto do longo cabelo azulado se acomodava em um elegantíssimo penteado cerimonial.

Os olhos de Naruto brilhavam ao ver sua futura esposa tão bela e tão delicada. Logo, deram inicio ao matrimonio que uniria os dois apaixonados.

“Prometo amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza. Na saúde e na doença. Na riqueza e na pobreza. Até que a morte nos separe.”

Após tal juramento, lágrimas de felicidade brotaram nos olhos perolados da mais nova Senhora Uzumaki. A felicidade de fazer parte e ser parte da vida de Naruto era o que lhe trazia mais alegria naquele momento. E poder dizer “sim” para o seu amado estava realizando o sonho que sempre sonhou. Agora ela e Naruto eram um só.

Com o término da cerimônia, uma longa salva de palmas se estendeu pela igreja toda. Mesmo o casamento sendo reservado havia rostos conhecidos, que aplaudiam o casal desejando falsas felicidades. Um desses rostos causavam um certo medo em Sakura que, rapidamente apertou o braço de Sasuke que estava elegantemente parado do seu lado.

-Quem os convidou?- Cochichou para que só Sasuke pudesse ouvir.

-De quem você fala?- Sasuke perguntou meio confuso, já que para uma cerimônia reservada havia muitas pessoas ali.

-Karin e Kabuto.- Continuou no mesmo tom enquanto observava os dois de canto de olho.

-Não sei. Talvez Naruto.- Explicou sem dar muita importância, imaginando que Kabuto fosse o acompanhante de Karin.

Sakura não se sentia bem com a presença de Kabuto ali. Uma sensação estranha de certeza lhe incomodava pois nada tirava de sua cabeça que havia sido Kabuto o intruso de sua casa.

-Papai, o tio Naruto pediu para eu vir te dizer que já podemos ir para casa.- Yukio apareceu animado puxando Sasuke e Sakura pelas mãos.

O Uchiha havia cedido seu imenso jardim para a comemoração do casamento. Como Hinata insistia por algo ao ar livre não teve problema nenhum quanto ao espaço do jardim e a comodidade do mesmo.




                                                                        ***


-Querida, Hinata.- Naruto começou enquanto batia levemente no microfone, testando o mesmo. -Não há palavras para descrever o quanto eu te amo, por isso mostrarei uma pequena demonstração do meu amor.-  E dito isso as luzes do jardim se apagaram e em uma tela presa em um canto começaram a passar imagens e textos com momentos dos dois. Algo natural e muito romântico. Novamente os olhos perolados encheram-se de lagrimas.

Para a festa, a quantidade de pessoas que estavam na igreja haviam sido reduzida, não havia muitas pessoas. E as que estavam presentes eram o suficiente para ocuparem as mesas que enfeitavam o jardim lindamente bem decorado.

A rosada dividia uma mesa apenas com Sasuke e Yukio, tendo assim um conforto melhor. Mas infelizmente, como já sentia o terror de todas as grávidas de hora em hora Sakura corria para o banheiro. Era difícil controlar a bexiga que devido ao crescimento da barriga ia se apertando, junto dos outros órgãos.  E foi em uma dessas visitas ao toalete da mansão que a Haruno teve a infelicidade de se deparar com Karin segurando formalmente o braço de Kabuto. Sorrindo falsamente a ruiva fez questão de chamar por Sakura e fazer sinal para que ela se aproximasse.

-Belíssima festa, não?- Perguntou observando Sakura da cabeça aos pés. -Mas parece que comeu algo que te fez mal.- A ruiva sussurrou emitindo uma risadinha forçada que mais parecia uma tosse de tuberculoso.

Sakura não respondeu nada. Apenas abaixou o olhar, evitando um contato visual com Kabuto.

-Não fique envergonhada, querida. Essas coisas acontecem.- Ironizou dando um tapinha de leve no braço da rosada. -Agora nos acompanhe por favor, tem algo que Kabuto e eu queremos te mostrar.- 

Sakura relutou por um tempo, pensou que poderia ser uma armação ou qualquer maldade de Kabuto, mas logo pensou que era impossível fazerem algo contra ela, não ali na casa de Sasuke e muito menos na frente de todos.

Os três voltaram ao centro da festa e Karin ainda presa a Kabuto pegou uma taça e um talher, pedindo a atenção de todos com o som agudo do talher sendo levemente batido na taça.

-Boa noite a todos. Queria muito parabenizar os noivos pelo lindo casamento, felicidades aos dois. Mas bem, como os padrinhos também são importantes nesse dia especial, eu gostaria muito de prestar minhas congratulações a esta madrinha tão querida.- No mesmo instante todas as atenções voltaram-se para Sakura que era puxada para mais perto. Sasuke a olhava um tanto confuso, não entendia a atitude de Karin e nem a do rapaz que estava com ela, Kabuto. –Sakura que se esforçou para a felicidade dos amigos se realizar é uma mulher virtuosa, nascida em um lar de prostituição e drogas lutou para obter um futuro esplendido e vitorioso, assim como tem hoje. Com uma mãe prostituta e um pai alcoólatra, esta renomada doutora teve sim que se prostituir e mostrar seu valor para chegar onde está hoje. Por isso, todas as palmas que puderem proporcionar a ela aquecerão essa pobre alma que tanto sofreu. Nós te amamos, querida.- Karin fingiu uma emoção ao falar tais coisas e aplaudiu a rosada.  

As mentiras de Karin fizeram Sakura tentar se soltar o discurso todo. Os convidados a olhavam curiosos, sem entender se deveriam aplaudir ou não uma revelação tão vergonhosa quanto aquela. Sasuke, este a olhava perplexo, não conseguia imaginar que uma barbaridade daquelas pudesse ser verdade. Os olhos esverdeados se enchiam de lagrimas e uma enorme vontade de correr dali era tudo que Sakura desejava.  
 
-Oh, ela está emocionada, venha cá, querida.- Com uma enorme vontade de rir da humilhação de Sakura, Karin a puxou para um abraço maldosamente apertado. Os lábios finos porém venenosos aproximavam-se da orelha de Sakura, sussurrando palavras que causavam mais tristeza na rosada. –Isso não é nem o começo. Eu vou destruir você!- E dito isso a ruiva se afastou, acenou para todos que os olhavam e se retirou, acompanhada de Kabuto que sorria de “orelha a orelha”

 Sakura recebia olhares reprovadores, principalmente da família de Hinata -por serem extremamente reservados- que a olhava com repulsa. As pernas da rosada tremiam, e as lagrimas rolavam por seus olhos assustados. Tamanha humilhação era difícil de suportar.  A Haruno correu para fora da festa e procurou um lugar para se esconder e fugir de toda aquela vergonha.

-Ahn ...  Naruto-kun e eu vamos nos retirar para a nossa lua de mel, por isso, peço que se possível façam o mesmo.- Hinata pediu gentilmente a todos os convidados, inclusive a sua família. A morena sabia que tudo aquilo era um mentira, Sakura nunca havia se prostituído, muito menos para acalçar seus objetivos.

-Sasuke, desmancha essa cara de mocinha assustada e vai logo atrás da Sakura-chan. Ela com certeza deve estar precisando de apoio. Uma mentira dessas magoaria qualquer um.- Naruto falava preocupado. Sua vontade era correr e ajudar Sakura, mas o loiro já estava de saída.

-E quem me garante que não é mentira?- Sasuke perguntou alterado. De certa forma se sentia envergonhando também.

-O que? Você ficou louco?- Naruto estava incrédulo com a idiotice de Sasuke. -Sakura nunca seria capaz de fazer isso. Nunca!- Falou cabisbaixo, se afastando de Sasuke, deixando-o sozinho. 

Pouco a pouco o jardim da mansão ia se esvaziando, até não sobrar convidado nenhum, somente os empregados que tratariam de limpar tudo e deixar impecavelmente limpo. Sasuke perambulava pelo jardim, sem rumo e sem coragem alguma de encarar Sakura. Ele estava confuso o bastante. Por isso optou por pegar uma bebida qualquer e se acolher em um canto sem iluminação do jardim.

Dentro da mansão, Yukio procurava pelo choro que ouvia e lhe causava preocupação. Caminhou por alguns pontos da casa e logo encontrou Sakura encolhida na varanda, abraçando as pernas que lhe cobriam o rosto.

-Saruka.- Yukio chamou, novamente errando o nome da rosada. –Ei, não chora. O papai não vai gostar de te ver chorando.- Falou inocentemente, se sentando ao lado de Sakura e brincando com os longos fios róseos que tanto lhe chamavam a atenção.

-Yukio.- Sakura choramingou com um sorriso fraco. -Você é um pequeno cavalheiro, sabia?- Sussurrou com a voz embargada de choro.

-Eu não sei o que é isso mas tudo bem.- O garotinho sorriu animado, enrolando alguns fios em seus dedos pequenos.

-Um dia você saberá.- Sakura sorriu abraçando Yukio que logo retribuiu o gesto carinhosamente.

-Eu gosto de você, o seu cabelo é bonito.- Cochichou para Sakura, rindo baixinho.

Os dois conversaram por um longo tempo. Lentamente, Yukio conseguia fazer Sakura se acalmar, era um garoto inteligente, sabia conversar, da forma dele, é claro.

-Yukio, deixa eu conversar um pouquinho com a Sakura.- Sasuke apareceu no escuro da varanda, assustando levemente o garoto que concordou e se retirou sem reclamar.

-Precisamos conversar.- Falou levemente receoso, encarando o rosto avermelhado de Sakura devido as lagrimas.