História O Uchiha e a Haruno. - Um filho.

                                                    "Por favor, não me entenda mal.
    Eu não consigo encontrar as palavras para te dizer “eu não  quero ficar  sozinha”.

                                                             
                                                                      ~


-E então? Eu te fiz uma pergunta. O que é aquilo?- Sasuke continuava a apontar para as embalagens que, a essa altura da situação já deveria com toda certeza saber o que era.

Sakura estava assustada, buscava por palavras que pudessem explicar tudo que ela sentia vontade de dizer. Lutava para ter coragem de simplesmente dizer “vamos ser pais” ou então qualquer coisa que explicasse a felicidade que ela sentia em carregar um filho dele.

-Sakura, me responda!- O tom de Sasuke estava elevado, o moreno parecia nervoso.

-S-sasuke ... Deixe-me explicar. Eu posso explicar, olha ...- Sakura tropeçava em suas palavras, não entendia o porquê, mas, estava se sentindo perdida. Talvez devido à pressão vinda do moreno.

-Explicar o que são aqueles malditos testes? O que isso significa? Explique isso!- Poderia não parecer mas Sasuke também estava assustado com a situação. Assustado o bastante para não perceber que gritava com a pobre rosada. -Céus, Sakura ... Você pode estar grávida.-

-Eu estou grávida! E não fale como se a culpa disso fosse minha porque não é.- A rosada fez uma pequena pausa tentando conter o choro. -Você quem apareceu na minha vida, simplesmente apareceu e achou que pudesse fazer o que quisesse.- Sakura chorava compulsivamente, não por tristeza, mas por raiva. Sim, raiva de estar se sentindo usada e agora deixada. Céus, como pôde imaginar que uma aventura daquelas poderia dar certo?

-Por que não me disse nada?- Sasuke perguntou comovido. Se sentia culpado pela dor da rosada. -Por que deixou que eu mesmo visse?-

-Porque  eu acabei de descobrir ... Segui o conselho de uma amiga e comprei aqueles testes ontem. Os dois deram positivos.- Sakura fitava o chão, os olhos esverdeados carregados de pura incerteza buscavam por um único foco que pudesse desviar seu olhar do de Sasuke.

-Entendo.- Murmurou com um semblante perdido.  -Ei ... Não chore!- O Uchiha pediu indo até Sakura. A tomou  em um abraço reconfortante e protetor, aninhando-a em seu ombro. -Vai ficar tudo bem.-

-Eu estou com medo.- Sussurrou chorosa enquanto se confortava nos braços do moreno. -Nós nem temos um relacionamento ... E eu nem sei o que você sente por mim, isso é terrível.-

-Isso não importa. Nós vamos ter um filho e eu vou cuidar de vocês dois.- Tudo que Sasuke mais queria naquele momento era não ver Sakura chorando. Ele falava sério, mas, também se sentia preocupado com o que a rosada falava.

-É claro que importa. Não quero que se case comigo sem amor, como fez com a sua ex-esposa. Ao contrário de você eu fui uma tola e me deixei levar por sentimento.- As palavras de Sakura eram duras, mas carregadas de verdades. Ela estava dizendo o que realmente sentia.

-Eu nunca senti nada pela Emi ... Nosso casamento era apenas um desejo do meu pai. Nos conhecemos na época de colégio, ela era ousada e bem diferente de você.- Sasuke estava sério, sua feição estava distante. -Emi gostava de se exibir, ser superior as outras garotas por causa da beleza que tinha. Eu não vou mentir que também era assim em relação ás garotas, eu gostava de me divertir com elas e Emi também era assim com os garotos. Ficamos juntos uma vez apenas por diversão e depois cada um foi para o seu lado. Mas passado um tempo a mãe dela e o meu pai disseram-me que teríamos de nos casar, Emi estava grávida e assim fizemos. Logo em seguida, Yukio nasceu, meu pai usou a autoridade dele e conseguiu ficar com o garoto, nós cuidávamos dele, o que causava um certo ódio na família da Emi, menos pra ela, ela odiava o garoto.-  Sasuke parecia ter magoas da ex-esposa, um sentimento ruim pairava em sua face apenas em falar sobre ela.

-Sasuke, tudo bem. Você não precisa me falar isso.- Sakura levou as mãos até o rosto de Sasuke e o acariciou ternamente.

-Ela morreu depois de um tempo.- O moreno continuou como se devesse fazer aquilo. -Emi nunca se importou com ninguém, essa é a verdade. Nunca me amou, nunca amou o filho que teve, e acho que não amou a ninguém.- Contou simplesmente.

-Eu sinto muito.- Disse sincera.

-Não sinta.- Respondeu rápido. -Agora que estamos grávidos é meio justo você saber disso.- O Uchiha brincou divertido, arrancando uma gargalhada incrivelmente divertida da Haruno.

-Acho que estive errada o tempo todo.- A animação de Sakura havia saído de cena, a rosada agora estava séria e olhava diretamente nos olhos de Sasuke. -Eu me apaixonei por você e pela sua ousadia. -Disse sorrindo.- Tudo aconteceu tão rápido que é difícil de entender, mas desde que eu estive com você eu tive sentimentos, eu nem sou nada agora e faz muito tempo, mas ... Você me traz esperança, e eu gosto disso.-

A cada palavra que Sakura dizia, o interior de Sasuke se aquecia. Então aquele era o sentimento de estar apaixonado? Este era o sentimento de amar alguém? Porque se fosse, pela primeira vez, ele estava apaixonado. A rosada havia pego o seu coração e a sua alma também. Tudo havia fugido de como ele imaginava que seria. A aproximação que deveria ser apenas por diversão estava trazendo o sentimento que ele mais duvidava existir, o amor.

 O moreno não disse nada sobre seus sentimentos para com Sakura, talvez seu orgulho fosse muito grande para deixá-lo se confessar, mas, suas ações sabiam muito bem como demonstrar afeição.  Tanto que, envolveu seus braços sobre a cintura da rosada e a trouxe para mais perto ainda, deixando-a na aproximação que queria. Tocou-lhe os lábios de forma suave, iniciando um beijo calmo, sem pressa. Tudo para que Sakura entendesse o que ele queria dizer, mas não o fazia com palavras.

Logo a rosada se afastou gentilmente, buscando por ar, mas ainda mantinha o olhar fixo ao do moreno. Sua expressão não era uma das melhores, afinal, ainda estava assustada com a situação que estava passando. E para piorar, suspeitava se Sasuke cumpriria com suas obrigações de ser pai novamente.

-O que faremos daqui pra frente?- Sakura perguntou receosa, se retirando do banheiro e indo até seu quarto, onde sentou na beirada da cama.

-Eu não sei.- Sasuke respondeu sincero. -Temos que cuidar dessa criança.-

-Você está falando como se fosse um imaturo ... E se apenas cuidar dessa criança que por sinal é seu filho não for o suficiente, Sasuke?- A rosada estava incomodada com a atitude de Sasuke e com a forma que ele falava sobre o próprio filho.

-O que quer que eu faça? Eu estou tão surpreso quanto você!-  Respondeu seco, parando em frente à rosada.

-Ah, claro. Pra você a parte mais fácil é simplesmente enganar as mulheres.- Rebateu indiferente, unindo os lábios em um sorriso irônico.

-Enganar mulheres? Ha ha, você também se envolveu tanto quanto eu, doutora.- Sasuke era audacioso, não deixava passar nada, era obvio que responderia no mesmo tom.

-Você é um imaturo, definitivamente.- A rosada não queria o moreno jogado aos seu pés, ou um casamento para demonstrar uma família feliz. Pelo contrário, tudo que ela queria era só que Sasuke falasse realmente o que sentia por ela, só isso.

-E você é uma mimada, definitivamente.- Continuou no mesmo tom de Sakura. Ele não sabia o porquê daquela cena toda, mas, não iria deixá-la na vantagem.

-Mimada? Você disse que eu, logo eu, sou mimada? Ah por favor, Uchiha, conte-me outra. Você não sabe nada sobre mim.- Sakura falava ríspida, seu tom estava alterado, demonstrando o quanto estava irritada.

-Isso mesmo, você é uma mimada que está acostumada a ter tudo que quer na hora que quer.- Sasuke não estava gostando da situação, mas, era orgulhoso o bastante para permanecer calado.

-Cale a boca, já disse que não sabe nada sobre mim. Mimado é você que não consegue tomar atitudes de um homem de verdade.- Ok, se era para começar o festival ofensas os dois teriam a melhor colocação.

Sasuke estava tão furioso que no mesmo instante que ouviu as palavras de Sakura foi cegado pela raiva que lhe consumia. Duvidar e se queixar de sua masculinidade era algo que ele definitivamente não aceitaria. Se aproximou da rosada em um impulso repentino -que se talvez não estivesse tão furioso não o faria- e a deitou na cama, prendendo-a com os dois braços acima da própria cabeça, obrigando-a a manter o rosto próximo ao seu.

-Nunca mais fale besteiras como essa.- Disse sério. Tão sério que nem parecia o mesmo Sasuke de antes.

-Ou? Vai me bater?- Sakura também não deixava passar, provocava o moreno ao máximo que podia.

Sasuke até pensou em responder, mas, o som incômodo de seu celular tocando em seu bolso o fez soltar a rosada. Ele não queria atender, mas poderia ser seu filho ou alguma coisa assim. Por isso, o fez, atendendo a chamada enquanto dava de costas para Sakura que ainda permanecia sentada na cama.

-Alô.- Disse sem animação.

-Sasuke, sou eu.  É sobre o Yukio ... Ele está ardendo em febre, eu dei alguns remédios para ele mas não passa.- Rapidamente o moreno reconheceu a voz que lhe falava e no mesmo instante deixou que o ódio lhe tomasse conta novamente.

-Você o que? Como ousa dar remédios para ele sem antes falar comigo? Ficou maluca? Não faça nada, eu estou para aí agora mesmo, entendeu?- Sasuke estava furioso, era visível até em sua forma de falar.

-Aconteceu alguma coisa?- Sakura perguntou preocupada.

-É o meu filho, parece que está doente. Eu tenho que ir buscá-lo.- Disse apressado.

-Se quiser eu posso vê-lo.- A rosada se ofereceu espontaneamente, mas com o desejo de ajudar. Já logo passando as mãos em sua bolsa que continha diversos medicamentos.

-Não, tudo bem, eu vou levá-lo ao hospital.- Sasuke estava tão preocupado que parecia desnorteado.

-Sasuke, eu sou uma médica, confie em mim.- Sakura tentava acalmá-lo, era preocupante mas ao mesmo tempo era estranho ver Sasuke naquela situação, ele com certeza era um ótimo pai.

-Droga, é verdade. Ok, tudo bem, vamos.- Resmungou desajeitado correndo para fora do apartamento da rosada. Não demorou muito para que rapidamente os dois entrassem no elevador e descessem ao térreo  após Sasuke apertar os botões do painel freneticamente.

-Tome cuidado, você não pode sair correndo por aí, é perigoso, você está grávida.- Avisou enquanto corria pelo meio fio indo até seu carro.

-Eu tô bem.- Sakura respondeu risonha, entrando no carro.

A casa de Emiko ficava um pouco afastada, mas, nada que o motor bem capacitado do veiculo de Sasuke não resolvesse. O caminho era longo e o silêncio entre eles também. Sakura estava curiosa para conhecer Yukio e embora soubesse que o garoto estava doente ela ainda assim estava curiosa.

Passado alguns minutos dirigindo, e tentando se manter tranquilo. O Uchiha estacionou o automóvel em frente ao portão de Emiko e tratou de abri-lo o mais rápido possível. Deixando para Sakura o trabalho de fechá-lo. Por fim, a rosada entrou logo atrás do moreno.

-Cadê o meu filho?- Sasuke gritou alterado e não medindo grosseria.

-Ele está lá em cima ... E quem diabos é essa garota?-  Emiko fitava Sakura dos pés à cabeça, olhando-a como se fosse uma garota qualquer.

-É a doutora que vai levar o meu filho junto comigo.- Sasuke respondeu no mesmo tom, sem se importar em respeitar a residência de Emiko.

-Você é médica?- Emiko perguntou antes que Sakura pudesse subir as escadas junto de Sasuke.

-Sim.- A rosada respondeu simpática. -Meu nome é Sakura.-   Disse esticando a mão em forma de cumprimento. Porém, Emiko não correspondeu o gesto, apenas bufou irônica.

-Aposto que é uma dessas assanhadas que fazem de tudo para ter uma noite com aquele idiota.- Falou ríspida, se referindo â Sasuke.

-Como disse?- Sakura perguntou perplexa mas com autoridade.

-Tanto faz.- Emiko murmurou sumindo para algum cômodo qualquer da casa.

A rosada se sentiu meia atordoada com a atitude grotesca da mulher, mas, não levou muito à sério, sua prioridade ali era Yukio. Por isso, tratou de subir as escadas e ir ao encontro dos dois.

-Papai, quem é ela?- Yukio perguntou manhoso, apontando para Sakura que entrava no quarto.

-Oi.- Sakura disse acenando enquanto se aproximava do garoto no colo de Sasuke. -Meu nome é Sakura e eu vim cuidar de você.- Explicou sorrindo.

-Por que? O meu papai já cuida de mim.- Yukio falou desconfiado.

-Bom, isso é verdade. Mas ele precisa de ajuda por isso eu vim.- Como não conhecia o garoto Sakura tentava ao máximo não passar uma impressão ruim ou qualquer coisa do tipo. -Pode me contar o que está sentindo?-

-Ahn, eu não sei ... Minha barriga tá doendo.- Yukio avisou tocando  a própria barriga.

Sasuke não dizia nada, apenas observava o cuidado de Sakura com seu novo paciente.

-Entendo.- Concordou enquanto media a temperatura do menino, ele realmente estava febril. -Sente vontade de vomitar?- Perguntou apontando para a boca, fazendo Yukio rir divertido.

-Uhum.- Sussurrou escondendo o rosto dos ombros de Sasuke.

-A que tudo indica é virose, um vírus que afeta o sistema digestivo.- Sakura explicava enquanto revirava algumas coisas em sua bolsa, procurando pelo medicamento perfeito.  -Sasuke ele tem problemas com comprimidos?- Sakura perguntou retirando alguns da bolsa.

-Não, ele toma sem problemas.- O moreno alisava os cabelos do garoto que não tirava os olhos da doutora.

-Então tudo certo.- A rosada sorriu se levantando e pegando uma jarra de suco que estava em cima de uma mesinha. -Aqui, Yukio. Vai ajudar.- Disse entregando um comprido e o copo de suco.

Imediatamente o garotinho colocou o comprido na boca e bebeu o suco em um gole longo, fazendo uma careta em seguida.

-A vovó Emiko é muito ruim de suco.- Reclamou baixinho, fazendo Sakura rir discretamente.  

-Ótimo mas agora vamos embora.- Sasuke disse se levantando e tomando a frente da saída.

-Sasuke, se caso ele não melhorar leve-o ao médico. As vezes virose é persistente e a cura só funciona a base de remédios mais fortes.-  Sakura avisou rápida, indo atrás dos dois. Sasuke não disse nada, apenas concordou com a cabeça.

O moreno era durão, saiu sem ao menos se dar ao trabalho de se despedir de Emiko ou qualquer coisa assim, e também não permitiu que Yukio o fizesse. O que era um erro fatal, Sasuke estava comprando brigas com a pessoa errada. E o pior, o Uchiha nem ao menos sabia disso.

Após todos partirem, Emiko saiu do fundo da cozinha, onde havia ido se afastar e evitar contato com Sasuke.  A velha estava com um ódio tão grande de Karin -por não ter sido útil em relação a guarda de Yukio- que daria um jeito de fazer a ruiva se corroer de inveja. Emiko sabia dos sentimentos de Karin por Sasuke, por isso nada melhor que aumentar um pouco do que tinha visto hoje.

Pegou o telefone e discou os números necessários para se comunicar com a ruiva. Torcendo para que a mesma atendesse sem delongas.

-Alô? Karin, querida? É Emiko quem fala.- Saudou falsamente.

-Olá, querida.- A ruiva murmurou do outro lado da linha.

-Adivinha só quem esteve aqui em casa e acabou de sair?- O veneno de Emiko corria em suas veias, pronto para matar a qualquer momento.

-Hum, eu não sei, querida. E por que está me perguntando isso?- Karin perguntou com uma risadinha forçada.

-Oras, porque eu sei que você é apaixonada pelo maldito Sasuke, é aquele tipo de vadia que faria qualquer coisa por ele.- Emiko falou séria, tirando todo aquele ar falso da ligação, deixando claro para sua querida Karin o quanto estava desapontada.

-Ele estava acompanhando daquela tal de Sakura, deve ser a namoradinha dele. Se eu fosse você ficaria esperta. Passar bem, querida.- Continuou no mesmo tom, sem dar chance nenhuma de Karin responder. Por fim, encerrou a ligação. Se sentia ótimo, havia desfeito um nó na garganta.

Emiko Akira, não era uma mulher má, mas sim uma mulher desesperada que não conseguia encontrar felicidade.  Após ter perdido sua única filha de forma misterioso e traumática, todo o carisma e simpatia que costumava ter sumiram de sua personalidade. Agora, tudo que importava para ela era o único neto que nunca teve a chance de cuidar. E sem medir esforços sua única meta era ter uma vida feliz com seu neto, custe o que custar.



                                                                 “Fique comigo, isto é o que eu preciso, por favor?”