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História O último sorriso - Longa noite


Escrita por: Almafrenz

Notas do Autor


Oi, pessoal! Estão com jarras de suco de maracujá bem adoçado aí do ladinho de vocês? O décimo capítulo vai sacudir os nervos de todo mundo! Boa leitura.

Capítulo 10 - Longa noite


Fanfic / Fanfiction O último sorriso - Longa noite

 

            Sherlock largou a lanterna no chão coberto de neve e soltou o ar que havia prendido nos pulmões pelo que decidiu ser a última vez.

– Sherlock! – uma voz conhecida gritou atrás dele.

            Um disparo preciso foi ouvido seguido de outros dois tiros no mesmo padrão ofensivo e quatro mais suaves. Sherlock abriu os olhos derrubando a lançadeira venenosa no chão com o impacto do susto. A repórter Kitty Riley jazia no chão, bem como seis homens desconhecidos que haviam despencado da altura das árvores onde haviam se camuflado. Kitty e dois atiradores, mortos e quatro paralisados por efeito químico de dardos tranquilizantes.

            Sherlock olhou para trás de si e avistou um vulto loiro empunhando uma arma de uso restrito do exército, encarando-o com o característico olhar doce e decidido que só o Capitão Watson era capaz de lançar.

– Não é possível... – sussurrou o moreno com olhar vidrado no homem à sua frente. – Eu devo ter inalado alguma toxina alucinógena sem saber... Não! Isso não! Controle! Controle... – o moreno fechou os olhos apertando a cabeça com ambas as mãos. – Estão brincando com o meu cérebro! Estão querendo me enlouquecer primeiro! Já não houve vingança suficiente?! – gritou se ajoelhando sentindo o equilíbrio da respiração se perder.

– Não é alucinação, Sherlock. Por favor, olhe para mim. Sou eu mesmo. – o homem loiro se agachou apertando seus ombros, chamando sua atenção. – Olhe para mim.

– J-John? -  O moreno o encarou receoso.

– Sim, sou eu. Eu não morri.

– Como é possível? Eu vi você morto, eu toquei o seu pulso, como é possível? – perguntava o moreno tentando conter o tremor em seu corpo enquanto tocava incrédulo e nervosamente os ombros do outro, buscando provas de que não estava diante de uma alucinação.

– Extrato de “viúva-embusteira”, meu irmão. – a voz de Mycroft se fez ouvir a poucos passos dos dois amigos.

– O quê? – Sherlock perguntou se levantando.

– “Viúva-embusteira”, é uma planta pouco conhecida e muito rara atualmente, mas foi bastante usada há muitos séculos atrás pelas esposas de soldados que desejavam poupar seus maridos da morte quase certa durante as batalhas. Faziam o chá e combinavam tudo com seus companheiros. Eles tomavam o preparado no dia da viagem, tinham suas funções orgânicas reduzidas a quase zero e eram dados como mortos. Obviamente seus corpos eram devolvidos para as mulheres, que administravam o antídoto para reanimar as funções orgânicas e trazê-los “milagrosamente” de volta à vida. Um plano perfeito. – Holmes mais velho concluiu com um sorriso debochado.  

– Morte aparente. – Sherlock deduziu franzindo as sobrancelhas grossas.

– Exatamente. – Mycroft confirmou.

– Mas por que ocultaram de mim? – Sherlock começava a manifestar raiva.

– Era necessário imprimir o máximo de naturalidade ao acontecimento. –Mycroft respondeu com um riso desdenhoso que fez a raiva inflamar no peito do detetive consultor.

– John, você sabia que Mycroft iria fazer isso e não me contou? – agora a ira do detetive consultor mudava de foco.

– Ei, eu não soube de nada até ser morto! Depois de ser desenterrado pelo seu irmão é que ele me convenceu a participar do plano.

– Você foi enterrado vivo?!

– Claro que foi, irmão, não tínhamos nenhum corpo parecido com o do Dr. Watson para por no caixão. Mas seu querido John não correu perigo algum, cada segundo foi cuidadosamente calculado e eu  tinha uma competente equipe à postos. Quando tiramos seu amigo da cova ele ainda estava dormindo profundamente, administramos o antídoto apenas quando ele estava são e salvo e confortavelmente alojado numa casa afastada nos arredores de Londres.

– É verdade. – respondeu John lembrando-se de só ter acreditado que havia sido enterrado vivo quando Anthea lhe mostrou as publicações de jornal e lhe possibilitou ver os noticiários com as imagens do seu velório e enterro. Para o mundo fora do quarto onde acordou, ele estava morto e enterrado.

– Mas como conseguiram? Kitty tinha certeza de ter sido a autora do envenenamento, ela acreditava ter injetado a toxina letal.

– Muito simples, Sherlock. O agente Dylan Connor, em um breve momento de lucidez antes de falecer nos deu uma pista preciosa para chegarmos à Mensageira. Eu sei, falei que ele morreu sem recobrar a consciência – Mycroft disse interrompendo a pergunta que se formava na mente do detetive. – Acredite, irmão, foi necessário esconder esse detalhe, você não teria aproveitado adequadamente a informação e estragaria tudo no final. Continuando, Connor disse: “The Sum”, daí foi só cruzar esse dado com duas informações básicas como “mulher” e “contato desagradável com você” e obtivemos o resultado: Kitty Riley.  Mas sabíamos que ela era apenas um instrumento na mão de alguém, essa mulher não teria capacidade para arquitetar um décimo dos crimes que cometeu. Queríamos chegar a quem estava manejando as cordas.

– Moriarty.

– Isso mesmo.

– Mas não o pegaram.

– Essa não era a verdadeira intenção aqui. Não nesse momento. Queríamos por as mãos em um grupo terrorista que estava dando suporte para a Srta Riley a pedido dele. Eram seis, dois estão mortos, e quatro foram apenas incapacitados pelos meus agentes. Serão valiosos objetos de negociação diplomática com alguns governos. Se não fosse por esse joguinho tolo, eu não teria uma oportunidade tão boa de agarrar esse grupo.

– Você não explicou a parte do veneno. – Sherlock sibilou.

– Ah, sim. Essa parte foi bem fácil. Cientes da identidade da Mensageira, encontramos seu endereço, invadimos sutilmente seu apartamento, encontramos o artefato utilizado nos envenenamentos, fotografamos, analisamos, obtivemos um idêntico, realizamos a substituição por outro com toxina não letal e, pronto, foi só esperar a Mensageira agir. Sabíamos qual seria o próximo movimento no tabuleiro, Sherlock, era só uma questão de tempo.  Tivemos sorte dela ter escolhido tentar matar  John em frente ao 221B, isso a forçou injetar a toxina e sair logo em seguida, se ela tivesse aguardado os efeitos, teria percebido a diferença, e toda a operação teria sido um fracasso. E ainda bem que a morte do Dr. Watson o abalou o suficiente para não permitir que você percebesse a ausência do riso sádico que a toxina letal deixa no cadáver. Me poupou o trabalho de detê-lo.

            O detetive o encarou com ódio, mas tinha mais raiva de si do que do irmão. Como ele se permitiu deixar passar esse detalhe que entregava tudo? A ausência do riso sádico no cadáver? Como? Sentimentos realmente atrapalham. Tinha vontade de se estapear agora.

– Quanto às bombas no hospital?- Sherlock preocupou-se como se um importante detalhe houvesse sido esquecido ali.

– O pessoal antibombas já encontrou tudo e já resolveu o problema. – respondeu Mycroft com ar meio entediado.

– E por que demoram tanto a agir hoje?  – agora o moreno deixava a mágoa transparecer.

– Estávamos analisando os pontos onde cada atirador se encontrava e decidindo quem seria capturado vivo e quem morreria hoje. Tive que dar alguns telefonemas antes, você prolongou satisfatoriamente a conversa com a Srta Riley, obrigado querido irmãozinho.

– Ora, seu... – Sherlock avançou querendo bater no irmão, mas foi detido pelos fortes braços do amigo. – Eu vou quebrar a sua cara! – o moreno se debatia tentando se livrar da contenção aplicada por John.

– Oh, não precisa me agradecer. Se não fosse por mim, o Dr. Watson estaria morto de verdade agora.

            Sherlock parou de se debater nos braços do médico, afastou-se abruptamente do toque do amigo, ajeitou a o terno desalinhado pelo esforço de se libertar da contenção e respirou fundo tentando manter uma expressão neutra, falhando miseravelmente na tentativa.

Seus lábios tremiam com o turbilhão de pensamentos sendo processados em velocidade vertiginosa em sua mente, o canto inferior do olho direito mostrava leves contrações e as mãos de dedos longos realizavam rápidos e desajeitados movimentos de abre e fecha como se tentasse aliviar  o desejo insano de estrangular alguém. Era a visão de uma fortaleza se desfazendo.

            Sem dizer uma palavra, Sherlock deu as costas e buscou a saída do parque com passos largos e acelerados, sendo engolido pela escuridão.

            John ficou meio atarantado, olhou para Mycroft e para o ponto onde a silhueta apressada de Sherlock havia sumido rumo à primeira avenida do Chelsea, não sabia se devia permanecer ou se seria boa ideia seguir o amigo que nesse momento certamente queria encher a cara dele de socos.

– Vá atrás dele, John, eu vou organizar as coisas por aqui, a polícia já está a caminho.

– Ok. Obrigado, Mycroft.

– Disponha. – respondeu o homem escorando-se em seu habitual guarda-chuva.

            Watson perdeu o amigo de vista, certamente tinha conseguido um táxi assim que chegou à avenida e partiu. O médico ainda perdeu uns quinze minutos aguardando uma condução até que um carro escuro parou ao seu lado baixando o vidro negro revelando o rosto da secretária de Mycroft.

– Entre, Dr. Watson, meu chefe pediu para levá-lo até sua casa.

– Ah, obrigado. – John agradeceu fazendo uma anotação mental para lembrar-se de defender mais o irmão do Sherlock da próxima vez que os irmãos brigarem.

            Minutos depois ele foi deixado na porta do 221B que estava deserta, certamente Mycroft tinha dado um jeito de varrer dali o que restava de jornalistas, para bem longe do endereço. John não perdeu tempo, abriu a porta e passou para a escadaria saltando dois degraus por vez, parou na metade com o grito da Sra. Hudson, virou, garantiu que não era um fantasma e que depois explicaria tudo, e continuou seu trajeto. Pondo a mão na maçaneta, descobriu que a porta estava só encostada. Respirou fundo e abriu-a encarando um Sherlock sombrio sentado em sua poltrona ao lado da lareira na sala com todas as cortinas fechadas.  

– Como escapou do procedimento padrão que o necrotério realiza nos corpos, John?

            Sherlock o encarava com uma expressão vazia.

– A Molly.  – John respondeu permanecendo de pé a quatro passos de distância do amigo que havia tirado o sobretudo e o cachecol e jogado de qualquer jeito sobre a mesa antes de sentar-se para aguardar Watson. Aquilo era mau sinal.

– A Molly sabia?

– Sim, sabia, ela foi de suma importância para que o plano do Mycroft desse certo. Ele mandou uma mensagem de texto para o celular dela informando o que tinha acontecido comigo e pedindo que realizasse um procedimento especial com o meu corpo.

– A Molly sabia...- Sherlock repetiu apertando os braços da sua poltrona.

– Olha, não fique chateado com ela, Molly jurou sigilo para me manter a salvo. Você precisa compreender.

– Eu compreendo. – o detetive respondeu secamente.

– Que bom.

– Por que não me contou, John? – o detetive o encarou com um olhar metálico.

– Eu não podia! – o médico respondeu aflito.

– Uma mensagem, só uma mensagem seria o suficiente!

– Eu tentei, juro, mas o Mycroft me convenceu do contrário, seu irmão tem ótimos argumentos, sabe ser muito convincente, você sabe disso melhor do que eu! – John tentou explicar a situação, observando Sherlock tamborilar nos braços da poltrona e agitar as pernas compridas.

– Você tem noção do transtorno que me causou fingindo estar morto por todo esse tempo? – Sherlock levantou-se ameaçador caminhando lentamente de encontro a John que recuava recordando a velha sensação de ser um coelho desprotegido no meio de uma planície descampada sob o olhar de um falcão sedento por carne.

– Eu... eu sinto muito... – murmurou sentindo as costas bater na parede. Não havia mais para onde recuar.

            Sherlock parou de avançar deixando seu corpo a centímetros do corpo do John que podia sentir o cheiro e o calor do amigo diante dele.

– Ver você estendido na calçada, sem vida... causou um pandemônio no meu palácio mental, nenhum dos milhares de arquivos organizados em minha mente me ajudava, pela primeira vez eu não soube o que fazer! Aquilo me deixou assustado, John! – o detetive falou a última frase quase gritando.

– Desculpe, eu não queria assustar você... – John tentou amenizar o clima pesado que se estabelecera na sala.

– Mas assustou! – Sherlock gritou encarando-o com raiva. – Foi horrível a sensação de perder você! Nunca mais faça isso, John! Nunca mais! – ordenou apertando os ombros do amigo pressionando-o contra a parede com notória revolta.

            John gemeu sentindo as acostas doerem e o músculo dos ombros latejarem. Sherlock continuava mantendo o agarre das mãos em seus ombros o conservando preso na superfície fria atrás dele.

– Nunca mais, John. Nunca... por favor...

            Watson encarou a expressão do amigo que era um misto de sofrimento e receio, sentiu o próprio coração apertar percebendo o olhar cristalino de Sherlock ser tomado por uma umidade lacrimosa que se acumulava nos cantos prestes a precipitar-se. Queria aliviar a dor que ainda rastejava na mente do amigo, queria aliviar a própria dor acumulada durante todo aquele tempo, então, vencendo todas as barreiras mentais que havia erguido para se proteger de uma decepção quase certa, tocou o pescoço longo do amigo e atraiu seu rosto para perto do próprio, dando alguns segundos para que Sherlock deduzisse o que iria acontecer caso não se afastasse.

            Sherlock não se afastou. John então passou o polegar pelo lábio inferior do amigo sentindo o calor macio daquele ponto e o atraiu para um beijo que a princípio foi um toque firme dos lábios que depois começaram a se mover, a se encaixar, a umedecer um ao outro, sugar, lamber, morder, invadir o interior uma da outra, provando, buscando posse e pertencimento. O que começou num ritmo calmo, agora era uma confusão de respirações pesadas, grunhidos e sons do contado úmido das bocas sequiosas.

            Sherlock rompeu o beijo e virou John de frente para a parede, colando o próprio corpo às costas do médico que ofegou arranhando a superfície virando o rosto pressionado no papel decorativo, para poder respirar melhor.

– John... – gemeu Sherlock beijando-lhe a nuca. – John, deixe-me tomar você, por favor... – sussurrou mordendo o ponto em que os fios curtos de cabelo loiro davam lugar à pele da nuca do ex-militar. – deixe-me tomá-lo...deixe...

            Sherlock esfregava lascivamente o quadril na bunda do médico que gemeu sentindo o inegável volume da ereção do moreno pressionar suas nádegas e as mãos de dedos longos apertarem possessivamente a sua cintura.

– Oh... sim, Sherlock, sim... faça... – gemeu o loiro quase derretendo na parede com as carícias firmes do detetive.

            Sherlock desgrudou John da parede e o arrastou para o quarto, fechou a porta atrás de si e jogou-o na cama tratando de remover com muita presteza a roupa que ele ainda vestia. Depois de deixar John completamente nu, levantou-se e tirou a própria roupa com gestos ansiosos sem desgrudar o olhar predador do corpo excitado do médico deitado no meio da sua cama.

            Em breve John descobriria que aquela noite não fora feita para dormir.

Continua...

 


Notas Finais


Viram? Eu realmente não proporcionei morte permanente para o nosso amado John. Eu nunca faria isso com ele (não sou tão malvada quanto pensaram), mas foi muito interessante fazer todos pensarem isso. Agora estou perdoada, não estou? Bem, sobre o próximo capítulo, advirto que haverá muita pimenta e da brava, preparem um copo de leite açucarado com bastante canela do lado do computador, a coisa vai arder! Lembrem-se de me alimentar com seus comentários suculentos, meus amores. Beijos e até sábado!


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