História O Vassalo - Eleven

Zain ajeitou-a em seus braços como se fosse algo precioso e subiu as escadas que pareciam não ter um fim e indo diretamente para o quarto iluminado pelas luzes solares, graças a Jude que convencera Esmeralda a iluminar o ambiente e sua vida, ele não iria aguentar ao menos um segundo ficar naquele quarto escuro.  

Não olhou para trás e certificar-se de que as mulheres iriam lhe perseguir ou não, precisava de um momento a sós com Esmeralda, precisava sentir a sua Esmeralda como antes. Estava atormentado demais pra ter noção de alguma coisa, era dor acumulada e sentimentos reprimidos, precisava urgentemente desabafar e a única pessoa que ele confiava para despejar tudo era ela.

 Sentou-se ao seu lado, acariciando suas bochechas e indo de encontro aos seus lábios melancolicamente mas se deteve na metade do caminho, ao chegar em seu pescoço e depositou um beijo ali. Encarou sua bela face, e seus dedos passearam pelos lábios carnudos da morena, em seguida se controlou pra não beija-la.

Olhe só a que ponto chegou, querer beijar uma alma morta. Era doentio demais, loucura demais; nesse momento Zain enojou-se de si mesmo.

— Se você soubesse o quanto eu lhe amo, mulher! O quanto eu sou louco por você, e em como eu fico louco com esse seu jeito... – sussurrou inebriado em seus pensamentos, e todos os momentos que viveram juntos passeavam em sua mente com rapidez. – E o quanto eu suportei de sofrimento até hoje, o quanto eu sofro com a amargura desse sentimento... Eu... Me arrependo em ter reprimido tudo isso.

As lágrimas o traiam desgraçadamente, ele se odiava por ser tão fraco a ponto de se deixar levar dessa maneira tão emocional. Malditas lágrimas desciam em seu rosto fora de seu controle, e parecia que quanto mais ele queria parar, mais elas tomavam conta, mais ele chorava. O moreno se esforçava ao máximo para se controlar e não soluçar, gritar e se desesperar. A angustia e a amargura dominavam seu coração.

— Eu a amo do jeito que é, Esmeralda. Apesar de suas crueldades, eu ainda a amo demais. Como eu disse, nem o seu jeito cruel me fará desistir de você. – disse como se ela ainda estivesse viva, como se ainda estivesse encarando aqueles olhos flamejantes de crueldade e negros, como se ela estivesse o encarando com aquele deboche. – Eu não vou desistir de você, Esmeralda. Você ainda vive aqui, no meu coração. Entendeu? Eu a amo. Demais.

Por Deus, ele deu pra conversar com os mortos? – O moreno sacudiu a cabeça, espantando os malditos pensamentos que lhe traiam sempre, era praticamente a maldita arma que o matava de dentro para fora lentamente. Mas os pensamentos malditos só perdia para a sua curiosidade, que o destruía quando atacava.

Esmeralda não precisa de palavras e sim de provas. – As palavras de sua mãe horas atrás ecoaram em sua mente, e ele respirou fundo pra não desabar ali naquele quarto e imaginar a maldita senhora debochando de sua cara, se ela precisava de alguma prova, o que ele poderia fazer? Como ele iria demonstrar amor a uma morta?

— Zaz, quer tomar alguma coisa? Eu fiz um café pra você, e tem comida... Céus! – ela se assustou assim que deparou-se com o estado em que o amigo se encontrava, os olhos marejados de lágrimas. – Melhor eu buscar um chá, sim?

— Tá difícil aceitar que ela... Eu não sei exatamente o que fazer, Jude! Me dizem que palavras não são o suficiente e sim as atitudes, mas eu não sei como agir. – ele respirou fundo, tentando não atropelar-se nas palavras, soltou uma lufada de ar e em plenos pulmões deixou sua voz reverberar: — Ainda mais pra uma pessoa morta, caramba! Eu amo essa mulher e ...

— Zain, tá tudo repentino, é melhor pensar antes de agir ou falar, não é? Deveríamos providenciar o enterro dela, e não ficar nessa situação de desespero, concorda? Do que adianta se desesperar se Esmeralda morreu, Zaz? Ela morreu, Zain.

— Ela. Não. Morreu! Eu sinto que Esmeralda ainda está viva! Eu... Eu... Eu posso sentir que ela ainda está viva. Ela não morreu... – ele dizia atordoado.

—- Mortos não podem voltar do mundo dos mortos, Zain.

— Jude, não dificulta as coisas...  – ele pediu angustiado.

— Quer saber? Cansei Zain, de tudo e especialmente dessa vadia desgraçada! Cansei de ser a amiguinha bondosa, que só quer o bem de todos e ver o homem que eu amo sofrendo por outra que está pouco se lixando por ele. – o moreno lhe encarou estático, e aproveitando puxou-o pela gola da camisa, aproximando-se ainda mais dele e deixou a cabeça de Esmeralda tombar na cama e percebeu que o olhar da garota mudou de angelical para diabólico repentinamente. – É você o homem quem eu amo, Zain. Tentei de todas as formas esquecer você, mas não consigo...

— Você está me assustando, a minha Jude não é assim. – os olhos dela cintilavam de raiva, Jude estava de uma maneira que não reconhecia. – Cadê aquela garota meiga que eu conheci meses atrás, que é a minha melhor amiga?

— Cansei de ser a boa moça, a compreensiva que aceita tudo de todos. E pra falar a verdade, meu nome não é Jude. – soltou-o com brutalidade, fazendo o moreno cambalear, seu sorriso era perverso. – Me escondi por tempo demais do mundo.

Zain estava trêmulo de medo, sua boca secou e estava quase chegando no nível de palidez de Esmeralda. Quem era aquela mulher mais perversa que Esmeralda?

— Q- Quem é você? – indagou tentando manter seu auto controle.

— PARA SUA BRUXA! DEIXE ELE EM PAZ! – Meredith esbravejou desesperada, adentrando no cômodo e se infiltrando no meio dos dois. – ELE É A SALVAÇÃO DE ESMERALDA, O ÚNICO QUE LHE MATARÁ. SEU REINADO ACABOU!

— O que está acontecendo? Quem são vocês? Eu não entendo mais nada, estou ficando louco! Quem é Esmeralda?

— Essa desgraçada quer matar a minha filha Zain, salve minha Esmeralda!

Meredith acompanhou o olhar felino de Jude para Esmeralda, e foi-se correndo ao lado do corpo da mulher em sinal de proteção. Jude ria diabolicamente, enquanto Zain estava surpreso e não sabia como reagir diante disso.

— Minha filha não! Você não fará mais nada com ela, sua bruxa. Largue a minha menina, minha Esmeralda. – a rechonchuda se agarrava mais a diabólica senhora, como se ela fosse um bebê recém-nascido. – Você já lhe tirou a vida, a pureza que ela tinha no coração, o homem que ela amava e não admitia... O que queres mais?

Jude encarou Zain com uma selvageria que ele nunca tinha visto em seus olhos, um desejo louco. E ela se aproximava cada vez mais, ele não sabia o que fazer, queria se afastar dela mas tinha medo do que iria acontecer a seguir.

— Eu quero você, será que não entende isso? De todos os homens que vi, você é o mais interessante. Esmeralda tem bom gosto para homens, mas não soube dar valor a você. – os dedos de Jude passeavam em sua camisa, abrindo os primeiros botões lentamente. – Não precisa ter medo de mim, bobinho.

— O que você fez com a Jude? Com a Esmeralda. – ele perguntava, deixando seu medo aparecer a cada movimento seu. – Me diz quem é você.

— A bruxa que tirou a bondade do coração de Esmeralda, fiz ela ser impossibilitada de sentir coisas boas e de vez em quando uso o coração dela, igual nas vezes que eu andava com você. E usando os sentimentos bons dela, eu fico mais jovem como eu era anos atrás. Eu fiz a mãe dela ser a sua serva e seus irmãos mais novos serem adotados por famílias locais. Ah, e fui eu que fiz ela ser uma das figuras mais temidas e poderosas desse reinado.  – Jude retrucou com a voz gélida. – Agora eu posso continuar o meu trabalho com você, docinho?

— Você me enoja, Jude! Deixe-me em paz, ou deixe Esmeralda em paz. Respeite a memória dela. – ele diz apavorado, tentando de tudo para sair de perto dela.

— Ah, é? Você não me dizia isso quando estava em meus braços, aos prantos quando a nojenta da Esmeralda lhe fazia ir até o fundo do poço. – e jogava a cabeça para trás para rir cada vez mais. – Meredith, tire essa desgraçada daqui antes que eu faça algo contra ela. Ou mato-a de vez.

— Eu a levo pra... – mas a rechonchuda senhora foi rápida demais, e carregando a filha em seus braços, tirou-a do alcance de todos.

— Calma garotão, você vai ficar aqui comigo. – e sorriu infantilmente, por um segundo ele achou que fosse a sua amiga Jude, mas era apenas uma doce ilusão. – Agora eu sou a sua senhora, dona de todas essas terras. Agora que Esmeralda morreu.

— Você tem é inveja dela, sabe por quê? O coração dela continua sendo bom apesar dos seus feitiços e de tudo que você fez e faz até hoje, mesmo que você tenha roubado todos os bons sentimentos do coração dela. E porque eu a amo de todo o meu coração, ela também me ama que eu sei, e o amor muda tudo e a todos... Até os corações mais sombrios mudam com o amor. A mãe dela pode ter feito o que fez, mas ela ainda a ama e nunca deixou de amar, e se fez o que fez, foi por necessidade.

— Você é meu vassalo, Zain. Quando jurou fidelidade, foi a mim e não a ela. Porque quem a manipulava era eu, e quem era a sua Jude era ela, pelo menos internamente foi assim. Fisicamente você a beijava e ela sentia tudo aqui nesse corpo, mas agora ela morreu assim como o seu coração, e agora oficialmente você é meu.

O moreno se assombrou, e Jude soltou-se dele com um sorriso sacana nos lábios.

— Mas... Ela disse que me queria, não era você. Que diabos de pessoa você é?

— Um demônio, o que você quiser. Minha alma se alimenta de energias negativas e Esmeralda emanava isso graças a burra da mãe dela que vendeu-a para mim, porém ela perdeu a utilidade agora que você quebrou as barreiras que eu construí.

— A profecia disse que só o amor verdadeiro pode quebrar essa maldição, um amor puro e verdadeiro que a salvará. – ele a encarava, mas a morena se divertia com tudo aquilo, e lhe via como um louco. – Mas... Eu li o diário dela! TODO FEITIÇO TEM SEU PONTO FRACO, ISSO... NÃO PODE TÁ ACONTECENDO.

— Eu blefei em tudo, fofinho. – seu sorriso aumentava cada vez mais. – Eu enganei ela, enganei você. Usei vocês dois de uma forma inusitada, e vocês caíram como dois patinhos. E outra, seu bobinho, a minha morte só será ocorrida se você fizer algo que não fez minutos antes de eu entrar no quarto, mas que você estava pensando que era loucura. – Zain engoliu em seco, pensando em alguma coisa.

Jude se aproximou mais, encarando o moreno de cima a baixo antes de sair.

— Adeus bobinho! – saiu do recinto e deixando-o ali dentro inebriado pelos seus malditos pensamentos. – Sonhe comigo.

O moreno pensou em todas as coisas que ele fez e não fez antes da chegada de Jude para se quebrar o maldito feitiço, mas nada entrava em sua mente.

Sua mente trabalhou tanto, que ele acabou caindo na cama de tanto sono.

— Meu amor... – a voz que antes era carregada de ódio o chamou. – Acorde.

Seus olhos se abriram, e ele tomou um susto. Esmeralda? O que ela estava fazendo ali toda de branco, e um vestido bem ousado. Por que sua alma era tão boa agora?

— Você... Pensei que tinha morrido. Mas... – ele vislumbrou o ambiente em que estava, e percebeu que ela acariciava seus cabelos, e estava deitado em seu colo.

Ela era encantadora demais, ainda mais linda do que já era, uma nova Esmeralda! Era uma parte dela que Zain sonhava em conhecer, mas ela nunca o mostrava.

— Eu estou em um sono profundo, vassalo. – ela lhe encarou e em seguida seus lábios, passando seus dedos e fazendo com que o moreno aumentasse a sua vontade de beija-la. – Estou apenas dormindo, porque suas palavras de amor verdadeiro rompeu todas as barreiras que ela colocou em mim, e agora estou livre assim como meu coração e minha alma. Só você pode me salvar dessa prisão interna, vassalo.

— Mas como eu vou lhe salvar? – ele perguntava como uma criança perdida. – Eu não fui firme o suficiente com você, eu falhei! Falhei miseravelmente com você.

— Você sabe como me salvar, meu amor. Todas as vezes que você fez o que fez comigo, foi o que quebrou lentamente as minhas barreiras. Agora liberte o meu corpo, Zain, e me faça sua. Só sua. Me faça sua serva e você meu senhor.

O moreno sentou-se confuso, e ela continuava ali pensativa, mas havia uma outra diferença nessa Esmeralda. Ela não usava o batom vermelho, e as roupas escandalosas também não. Quem era aquela mulher?

— Quem é você de verdade, Esmeralda? Quem é Jude e Meredith?

— Me liberte Zain! – falava em tom de desespero. – ZAIN!

E nesse grito, o moreno se despertou de seu sono profundo com outro grito de assombro e desespero, uma angustia irracional. Havia dormido demais ali naquela cama, era um outro dia agora, e estavam em desespero por não saber o que fazer para salvar a mulher que amava. Ela gritava por socorro.

Foi até a porta e estava destrancada, abriu-a com delicadeza. Perambulou pela casa em busca de alguém, mas estava vazia e estranhamente silenciosa, estava apenas o seu café da manhã na mesa sem criados ou pessoas trabalhando.

Estava morrendo de fome, e a cada coisa que comia era perceptível tudo isso. A paz reinava, até a chegada de Meredith se ajoelhando no chão aos prantos.

— Zain, eu queria lhe pedir perdão. Por tudo. – o moreno lhe encarou confuso.  – Eu não queria ter feito isso com minha filha, na época eu pensei que era a única solução para resolver os meus problemas. E resolveu por um tempo, até ela virar uma moça e querer se vingar de todos nós, graças a maldita bruxa.

— Na hora da necessidade qualquer solução é maravilhosa. Eu entendo perfeitamente tudo isso, porque minha mãe fez a mesma coisa comigo. E sobre Esmeralda, eu simplesmente não sei o que fazer para quebrar o feitiço.

— Eu percebia que todas as vezes que vocês se trancavam em algum cômodo da casa, alguma parte dela mudava... Espera. Zain me responde uma coisa: Você e Esmeralda alguma vez já se envolveram romanticamente? Se beijaram ou...

— Eu dei meu primeiro beijo com ela, mas não vem ao caso... Espera. Você está insinuando que...? Que...? O que você está insinuando com tudo isso?

— Só o beijo de amor verdadeiro pode se livrar de Jude completamente e libertar vocês, mas acho que os dois pombinhos tem que selar esse amor de uma maneira mais carnal... Se é que você me entende.

O moreno compreendeu, compreendeu demais. Corou de imediato, arrancando uma risadinha da rechonchuda senhora, então respirou fundo.

— E como eu vou saber se não está mentindo para mim?

— Lhe dou a minha palavra de que quero apenas o bem da minha filha. Eu posso ter feito o que fiz, mas nunca que iria desejar o mal de Esmeralda ou tentar algo que lhe prejudicaria. Tive esse meu lado protetor aflorado, e egoísta também, o tempo todo mas não sou má pessoa, Zain. O que posso fazer para que confie em minha palavra?

— Quero um momento a sós com Esmeralda; meu último momento a sós com ela. Se por acaso algo der errado e nada acontecer, eu desisto de salva-la e entrego a minha liberdade para Jude ou sabe-se lá o que ela seja.

— A bruxa maldita foi cuidar dos negócios da minha filha, e só voltará no final da tarde. Ela trancou Esmeralda no quarto secreto, e não sei o que fazer.

O desespero lhe consumia, ele só precisava de alguns segundos com Esmeralda e a porta do quarto secreto estava trancada. Derrubar, ele precisava fazer isso. Se as pétalas do girassol se despedaçarem por completo, sua morte será certeira.

Empurrou uma, duas, três vezes e nada. Usou o chute, mas não deu em nada. Ele se afastou em uma distância confortável, e usou toda a sua força para empurrar e chutar a porta, até que na segunda vez ele conseguiu com maestria.

E ela estava ali deitada, o enorme girassol flutuando em cima, faltava apenas a última pétala cair e a morte dela seria certeira, e ela estava prestes a cair. Ninguém sabia disso, só ele. Ela estava de branco, como esteve em seu sonho, então tudo aquilo foi real ... O que estava acontecendo pelo amor de Deus? Que espécie de realidade era aquela? Precisava agir rápido, o que ele iria fazer?

Respira e inspira. Respira fundo, e solte o ar. O moreno andou cambaleante até a cama enorme em que Esmeralda estava situada, ajoelhou-se diante dela.

— O que eu devo fazer Esmeralda? – indagou angustiado.

— Beije-me Zain. – ela sussurrou. – Beije-me sem medo.

Ele sobressaltou-se e encarou a mulher a sua frente, precisava agir rápido antes que Jude chegasse. Respirou fundo novamente, seus dedos trêmulos demasiadamente acariciava o queixo dela com devoção e seus olhos famintos devoravam a boca dela.

— E- eu vou tentar, me perdoe se não me sair bem.

— Só beije-me, querido. Eu preciso ser livre!

— MEREDITH. – ele tinha ao menos uns 10 segundos para fazer todo o processo.

9...

— ONDE ESTÁ O MALIK? – ele ouviu os gritos abafados pela porta.

8...

Ele encarou o girassol enorme em cima dele, e ele se desmanchava em câmera lenta.

7...

— ME DIZ ONDE ESTÁ O DESGRAÇADO DO MALIK, MEREDITH. – ouviu os choros da pobre senhora e algo se quebrando, móveis e vasos.

6...

Ele acariciou o canto da boca de Esmeralda com doçura e melancolia.

5...

— Eu amo você, sabia? – sussurrou, se inclinando ainda mais perto de seus lábios.

4...

— Eu sou um fraco, me perdoe Esmeralda! Eu não sei se conseguirei fazer isso.

3...

— EU VOU QUEBRAR ESSA CASA INTEIRA ATÉ DESCOBRIR ONDE ESSE FEDELHO DESGRAÇADO SE METEU. – mais estrondos atrás da porta.

2...

O moreno olhou para cima e viu que Esmeralda estava entre a vida e a morte, em questão de milissegundos sua morte era eterna. Precisava agir.

1...

Ele voltou a si, e atacou os lábios da morena, introduzindo sua língua na dela, as mãos de Esmeralda grudaram em seu pescoço e puxando-o para mais perto de si.

— Você demorou demais, garoto! – um grito ensurdecedor foi dado assim que a porta do quarto foi aberta. – Pensei que nunca mais viria você, Zain. Eu senti sua falta, um tanto... Ela me fez sofrer tanto, um tanto que chegou doer no coração!

— Shhh, o pior já passou! Agora eu tenho que ver como sua mãe está e Jude...

Porém se perdeu nas palavras, pois Jude havia virado pó e nada mais que isso, o feitiço foi quebrado e a paz reinava para todos.

Esmeralda estava atordoada quando voltou a vida, era estranho ter sua mente e seu corpo em harmonia, já tinha se acomodado em ser má fisicamente. Tanta luz em seu corpo deixava-a assombrada demais, era algo surreal e surpreendente.

As duas partes de seu corpo gostava dele, mas era difícil mescla-las em uma só parte e conciliar. Precisava selar aquele amor ardente dos dois e ter certeza do que estava sentindo por ele, entretanto, ainda estava em estado de choque porque seu corpo não era virgem mas a sua mente era até demais. Como proceder com isso que estava acontecendo? Esmeralda estava perdida.

Às vezes ela achava que seu corpo poderia ser possuído por aquela bruxa novamente, e que talvez ela esteja burlando a sua morte, de fato.

— E então? – indagou receosa.

— Eu acho que agora você está livre completamente, Esmeralda. Acho que já não sou mais útil aqui, cumpri a minha missão, não é mesmo?

— O que você está tentando dizer com isso?

— Já lhe salvei das garras dela, não foi? Quebrei o feitiço, lhe doei meu coração para amar-te. Agora é livre para fazer o que bem entender, já não faço mais parte da sua vida. Pode escolher quem bem entender para casar-se.

Ela o encarava com espanto, e repentinamente se flagrou sorrindo como uma boba.

— Por que achas graça de minhas palavras?

— Porque por mais que você tenha amadurecido com a pior parte de mim, você ainda continua um tolo, Zain. Por deduzir coisas que não tem certeza, pelas paranoias.

Ele expressava confusão, não entendia aquilo tudo. Ela estava lhe humilhando novamente para não perder o costume de sempre?

— Eu não sei o que sinto por você, mas gosto quando fica perto de mim. – ela se levantou para se expressar melhor, sentia que a cada palavra dita ele ficava cada vez mais com tudo aquilo. – Zain, olhe pra mim por favor? – ele lhe encarou, e parou de andar de um lado para o outro, ela se aproximou dele. – E- Eu me sinto bem e protegida do seu lado, só estou confusa e preciso de um tempo para processar tudo o que está acontecendo, passei tempo demais fora de meu corpo habitual. – mordeu o lábio inferior e encarou o chão, em busca de palavras. – Passe um tempo com sua família, vai te fazer bem para colocar sua cabeça no lugar, tudo bem?

—- Mas e você? Como vai ficar? E sua família?

— Quando for para eu me encontrar com você, eu me encontrarei. Não foi sempre assim? O destino sabe o que ele faz, Zain. Talvez um dia nos encontremos mais decididos e com propósitos mais maduros. Agora não é um bom momento, não com a confusão em que estamos agora, especialmente eu. Só um tempo, por favor? – ele assentiu contraditório. – E não se esqueça, que apesar de tudo, eu amo você.

— Mas, como eu fico? E como eu fico, Esmeralda? Será que você não liga para o que eu sinto por você? Porra, eu fiz de tudo pra salvar você.

Esmeralda respirou fundo, ficando na pontinha dos pés com os braços em volta do pescoço do moreno atordoado e fez com que ele ficasse na mesma altura que ela.

— Eu sei o que você fez por mim e agradeço por tudo, mas a vida não é como os livros que você passa horas lendo e sim a vida real, e nela tudo pode acontecer. É cheia de altos e baixos, de surpresas boas e ruins, então quem sabe numa dessas voltas que o mundo dá a gente se encontra e ficamos juntos como você sempre quis?

— Mas talvez eu já tenha a superado, e se eu tiver com outra mulher?

— Então talvez Deus não quis que ficássemos juntos, ora bolas. Talvez ele tenha um proposito para nós dois, ou talvez até para nos ensinar alguma lição... – o moreno puxou a delicada mulher para mais perto de si, em um abraço sufocável. – Ei moreno, não é o fim do mundo para nós dois! Ainda somos amigos, se esqueceu? Jude o tempo todo era eu, pelo menos internamente. Eu posso lhe visitar, você me fala tanto da sua família que eu sinto uma vontade imensa de conhecer elas

— Pode ser. Mas... Esmeralda, eu quero... Eu ... Eu posso lhe beijar?

— Zain, eu quero um tempo, romanticamente falando. E eu espero que você me respeite e conceda isso, como sua amiga, pode ser? As coisas não são da maneira que você planeja e quer, a vida é maravilhosa e surpreendente!

— Tem certeza que é isso que você quer? Um tempo afastada de mim.

— Sim, nunca estive tão decidida como agora. – ele lhe encarou frustrado, se controlou para não atacar aqueles lábios que antes eram selvagens e hoje dóceis e se conteve. – Zain, por favor não dificulta as coisas para mim! Tá sendo difícil quanto para mim quanto para você. Eu tenho que me refazer, reconstruir minha vida!

— Então se é isso que você quer, quando você me quiser de volta na sua vida, romanticamente falando, terá que me reconquistar.

E foi com essas palavras que ele saiu daquele quarto pisando duro e inconformado com tudo aquilo, saiu daquela casa, daquele ambiente que o mudara pelo avesso e de todas as formas. Sem ela, sem o amor da sua vida. Sua Esmeralda

  Ela lhe pediu um tempo, mas será que voltaria, de fato, para seus braços? Quando ela iria procura-lo novamente? Só o tempo para dizer isso.