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História O Vazio das Chamas - Follow You


Escrita por: MelindaInu

Capítulo 16 - Follow You


Fanfic / Fanfiction O Vazio das Chamas - Follow You

Obito

Se o mundo ao menos soubesse o que você tem suportado

Ataques cardíacos todas as noites

Oh, você sabe isso não está certo


 

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Passei a noite em claro revirando na cama, olhando minha mão direita que ainda estava formigando um pouco. Minha imaginação sempre corria solta para me fazer rever a expressão do Deidara quando o ajudei com o remédio. A pele clara tingida de vermelho, a pressão gentil dos seus lábios na minha palma e o tom tão deslumbrante e tão profundo de azul que seus olhos parecia derreter até minha alma, assim como a lava azul única da formação vulcânica de Kawah Ijen.

 

Sempre que fecho meus olhos eu me perco naqueles breves segundos e meu corpo todo esquentava e os detalhes mudam.

 

Não estávamos mais na escola, mas sim no quarto de hotel que dividimos em Gaeshi. A pele do seu rosto ficou vermelha com as palavras que eu falei no seu ouvido, todas as promessas sobre o que eu queria fazer com ele. Deidara ficou ofegante e sem ar depois que eu beijei e toquei cada parte do seu corpo deitado sobre o meu. Eu segurei seus dedos trêmulos e frios quando eu me estiquei sobre seu corpo quente para beijar sua boca, provando o doce dos seus lábios.

 

Eu sempre acordava nessa parte, não permiti que minha mente passasse disso por medo. Tenho certeza que ele me odiaria se soubesse que tenho sonhado com ele nesses dias. Além disso, esse é o pior momento para pensar nisso, Deidara está lá internado e eu aqui perdido em fantasias. Sou um idiota egoísta.

 

Lutei contra mim mesmo e minha libertinagem e decidi ser produtivo ao invés de dar lugar às minhas fantasias. Deidara precisa que eu me foque em encontrar o assassino dos seus pais e em mais nada.

 

Foi engraçado quando amanheceu e por fim percebi que eu aprendi mais sobre Deidara conversando com o Chris do que com o próprio. Como eu imaginei, Deidara é reservado com todos e isso piorou depois da morte repentina de um amigo. Chris não estudava aqui na época, porém ouviu sobre pois o reitor da faculdade reservou um espaço nos corredores para servir de cenotáfio para Hayato.

 

Eu liguei para a legista que Rin me apresentou, como ainda faltavam alguns minutos para as sete, acredito que ela deve estar chegando ao trabalho ainda e talvez não esteja tão ocupada. Ela me atendeu pouco antes de eu ser direcionado para a caixa de mensagens.

 

-Quem é?

 

-Oii Kurona! É o Obito, se lembra de mim?

 

-Ah - ela pareceu confusa então relembrei o jantar que tivemos - Sim, oi. Precisa de ajuda?

 

-Por favor. Eu estou com a lista que você me ajudou a fazer e tem um nome que apareceu nas investigações, você tem uns minutos para conversar?

 

-Claro, eu estou atrasada mesmo, não fará diferença demorar mais um pouco - Me respondeu como se não fosse nada.

 

-Ok, bem… vamos lá. Hayato Kagura. Por que ele chamou sua atenção?

 

-Hm - Kurona estendeu o som até, provavelmente, se lembrar. Eu podia dar mais detalhes, mas queria ouvir novamente o que causou uma impressão nela. Poucos segundos e ela se lembrou.

 

-Ele era um jovem de 19 anos, saudável para alguém com arritmia cardíaca. Eu estranhei o nível do anticoagulante na sua corrente sanguínea. 

 

-Anticoagulantes…

 

-São usados em casos como trombose, arritmia para aliviar a pressão nas válvulas do coração. Ele basicamente destroem as substâncias que se acumulam nas veias e facilitam a circulação.

 

-Entendi. Então, tecnicamente o anticoagulante deveria ter impedido o AVC e não o causado, certo?

 

-Sim e não. Veja bem, remédios de uso contínuo são perigosos, ainda mais os ambíguos como os anticoagulantes. Eles ajudam nessas doenças que eu citei, mas podem aumentar o risco de hemorragia cerebral devido o uso prolongado e a anticoagulação em excesso, então para evitar esses riscos, a dosagem precisa ser precisa. É até comum os médicos sugerir uma dose menor do que a necessária para evitar o acúmulo desses agentes no sangue, está conseguindo me acompanhar? - Kurona perguntou quando fiquei muito tempo em silêncio.

 

-Sim, por favor, continue.

 

-Muito bem - Ouvi ela beber alguma coisa antes de continuar a falar - Antes de ser fatal, o uso desses remédios dá sinais como sangramento gengival, nasal e até mesmo digestivo. Hayato com certeza sabia dos riscos e ficaria atento a esses sinais, e claro, o médico dele teria suspendido o uso imediatamente.

 

-Então, o que você acha que aconteceu?

 

-Acho que a dosagem do remédio estava tão alta que causou sangramento intenso e fatal numa única vez, em mais de um lugar na meninge. Eu pedi para ver a receita durante a autópsia, mas a receita estava certa, a embalagem do remédio também.

 

Kurona ficou em silêncio enquanto eu anotava alguns detalhes, o barulho do trânsito sendo o único por um tempo.

 

-Quais as chances do fabricante ter errado a fórmula? - Perguntei.

 

-Nulas, ou se não meu necrotério estaria lotado a esse ponto - Ela respondeu decidida.

 

-Você chegou a testar algum dos comprimidos?

 

-Eu quis, mas não deu tempo. Precisei liberar o seu corpo rápido para o velório antes que a decomposição piorasse - falou relativamente cabisbaixa.

 

-Não fique desanimada, você fez um excelente trabalho em ter percebido isso. Aproveitando, o que você lembra de uma paciente chamada Chie Matsuura? 

 

Essa era a terapeuta do Deidara, ela morreu há quase um ano de uma parada cardíaca.

 

-Ela era psicóloga?

 

-Sim.

 

-Ela sofria de fibromialgia, e quando tinha crises ela tomava diclofenaco ou ibuprofeno.

 

-Anti inflamatórios?

 

-Sim - Kurona confirmou - Anti inflamatórios, se usados errados, causam agregação de plaquetas no sangue que provoca coágulos e estreitamento das artérias, aumento da retenção de líquidos e da pressão sanguínea, por isso o uso desses remédios é contra indicado, apesar da venda ser liberada sem prescrição médica.

 

-Essa foi a causa da morte dela?

 

-Não sei se foi a causa, mas eu achei vestígios desses remédios no sangue dela. Levando em conta sua formação médica, acredito que ela não abusou dos remédios.

 

-Vou rastrear onde ela comprava os remédios dela, por garantia. Posso te pedir mais um favor?

 

-Claro, aproveite que eu estou de bom humor.

 

-Poderia me mandar o nome do remédio que o Hayato e a Chie tomavam? Eu vou checar o lote, por garantia.

 

-Tudo bem, assim que eu chegar eu vou ver isso. Além do lote, seria bom você chegar às pessoas que poderiam trocar esses remédios, como o pessoal do hospital, transportadores… Eu sei que são muitas pessoas…

 

-Tudo bem, já é bem menos suspeitos do que antes. Obrigado, Kurona.

 

-Obrigado nada, espero meus créditos.

 

Garanti que não esqueceria dela mais uma vez antes de desligar, mas antes de conseguir processar as informações meu celular tocou e o nome do meu primo apareceu na tela.

 

-Bom dia.

 

-Merda, você não está com voz de quem acordou agora.

 

-Sinto muito te decepcionar, eu nem dormi ainda.

 

-Merda - Itachi resmungou, parecia realmente chateado - Por que você ainda não dormiu? Está acompanhado?

 

-Não, estou sozinho. E você, por que você acordou cedo?

 

-Ah eu também não dormi, estava lendo o diário do Jiton e achei uma coisa interessante. Ele escreveu várias vezes sobre um dos enfermeiros que davam plantão na escola nos dias que o time treinava, um tal de Sakurai. Não sei se é o primeiro nome ou seu sobrenome. Pelo o que Jiton escreveu, ele era um cara arrogante que não parecia se importar muito com os alunos que passavam mal. Ele dizia que os alunos estavam fazendo corpo mole para os treinos.

 

-Eu sei que não foi só isso que chamou sua atenção - Eu falei assim que ele fez uma pausa.

 

-Não, mas você fica me interrompendo o tempo todo - Itachi retrucou como uma criança - Parece que um dos garotos se machucou durante um treino e teve uma fratura exposta no braço. Sakurai colocou o osso no lugar no meio da quadra, sem nem avisar ao garoto.

 

-Ok, isso é sinistro.

 

-Quando Jiton tentou levar o garoto para o hospital, Sakurai o impediu e disse que eles precisavam deixar o corpo dele reagir sozinho e parar o sangramento, só assim ele se tornaria mais forte. Jiton escreveu que ele não se abalou com o choro do aluno.

 

-O que o Jiton fez?

 

-Segundo o diário, ele apresentou uma queixa formal na escola e pediu o afastamento dele. Depois disso, ele ficou um bom tempo sem escrever sobre esse cara, até que um outro aluno torceu o tornozelo e ele o levou para o hospital e encontrou Sakurai trabalhando na farmácia do hospital.

 

-Poucos dias antes de desaparecer - Eu ressaltei, lembro de ter lido sobre isso no domingo, mas como eu estava só folheando o diário, não me lembro direito de todos os detalhes.

 

-Exato. Parece que Jiton estranhou a dosagem alta do analgésico e os dois discutiram sobre isso dentro do hospital.

 

Não foi difícil supor o que aconteceu depois disso - Jiton, sendo o cara altruísta que parecia ser, não conseguiu deixar isso para lá, correto?

 

-Correto. Ele entrou em contato com o cara e os dois combinaram de conversar no fim de semana, na casa do Jiton. Ele literalmente convidou o assassino para a sua casa.

 

-Como a polícia nunca foi atrás desse cara?

 

-Não faço ideia. Você consegue descobrir isso com a amiga do Kakashi?

 

-Sim, eu vou ligar para ela… O que temos então? Qual o perfil? - Itachi e eu perguntamos ao mesmo tempo.

 

-Ele deve ter atualmente entre 35 e 40 anos, narcisista e inteligente. Pelo método escolhido, deve ter porte e estatura mediana. Seja envenenar ou incendiar, nenhum dos dois exige muita força física.

 

Anotei alguns pontos que Itachi antes de continuar a analisar - Ele devem ter um comportamento metódico e organizado, e para ter trabalhado como enfermeiro, ele deve ser capaz de fingir ter alguma empatia, para ter ficado abaixo do radar tanto tempo.

 

-Talvez o indivíduo trabalhe atualmente com algo ligado à saúde, representante farmacêutico ou até mesmo funcionário de limpeza.

 

-Não podemos descartar nada. Você tem que verificar bastante coisa.

 

-Nem me fale - Suspirei - Se pelo menos conseguirmos pegar esses dois...

 

-Então você ainda acha que são duas pessoas trabalhando juntas?

 

-Acho. Envenenar e incendiar são dois métodos opostos. Um é passivo, outro é ativo. Um é chamativo, outro discreto… 

 

-Se ele estivesse buscando o seu método…

 

-Itachi, você acha mesmo que é isso? Por exemplo, já vimos atiradores passarem para facas, asfixia para espancamento… Normalmente aprimorar o método é um caminho que leva a aumentar o sofrimento e o êxtase do indivíduo. Abandonar incêndios para se contentar só com envenenamento é o caminho oposto.

 

Itachi ponderou antes de responder - Você tem razão, vamos seguir com os dois perfis por hora, de qualquer jeito, se encontrarmos o envenenador poderemos chegar ao incendiário aposentado.

 

Aproveitei a ligação para atualizar ele sobre o Hayato, Chie e o que Kurona me contou. Ambos concordamos em verificar os lotes do remédio por garantia.

 

-Você sabe se o Deidara tem contato com algum médico?

 

Eu ri da sua pergunta - Com certeza. Ele namora um residente em cardiologia, e como ele tem asma, deve passar com um pneumologista periodicamente.

 

-Então, se Deidara for mesmo importante para esse cara, não é difícil para ele ficar perto dele. Você tem muitas pessoas para checar.

 

-Vou falar com ele hoje sobre isso.

 

-Tente não o deixar muito preocupado, é quase certo que esse cara está o observando.

 

-É - Respondi sem muito ânimo e acabei preocupando meu primo.

 

-Você está bem, Obito?

 

-Não é nada demais… Eu vou cuidar de tudo por aqui.

 

-Tente dormir algumas horas antes.

 

-Não posso - Falei num suspiro - Deidara teve uma crise forte de asma ontem e eu o levei para o hospital, o namorado agressivo apareceu e ainda tem esse cara… minha cabeça só fica criando fantasias… preciso me focar.

 

Eu não estava fazendo sentido, mas Itachi deve ter percebido a real fonte da minha preocupação.

 

-O que eu vou dizer agora é completamente hipócrita da minha parte, mas eu vou falar mesmo assim. Não se apegue demais aos envolvidos de uma investigação. Isso só irá te colocar uma carga a mais das que já carregamos.

 

-Eu sei, eu sei disso! Mas é que… eu quero ajudar ele de alguma forma.

 

-Obito, você está interessado nesse cara? - Itachi perguntou animado demais.

 

-Não!

 

-Não? Tem certeza?

 

-Não! Quer dizer, sim… ah que se foda… Itachi, como você soube que era bissexual?

 

-Nossa, finalmente vamos ter a conversa, estou emocionado - Itachi riu e eu senti vontade de desligar o celular na sua cara.

 

-Vá se foder!

 

-Eu até queria, mas o Naru não é flex, então...

 

-Morra, seu desgraçado pervertido! - Gritei antes que ele falasse mais alguma coisa.

 

-Parei, me perdoe, eu estou emocionado, só isso - Itachi falou depois de terminar de rir - Respondendo sua pergunta… Acho que foi durante o ensino médio que eu notei pela primeira vez. Tinha um cara na minha turma que puta que pariu… 

 

-Você surtou?

 

-Claro que eu surtei! Eu tinha só 17 anos, só tinha saído com garotas e do nada comecei a reparar em homens. Eu fiquei bem mal vários dias, sem comer nem dormir direito. Eu lembro que eu tive um sonho erótico com esse cara e vomitei até não ter mais nada no estômago depois que eu acordei… foi um inferno.

 

-O que você fez?

 

-Liguei o foda-se e me aceitei antes que eu ficasse louco.

 

Itachi falou com leveza e eu não soube o que pensar nem o que dizer. Ele sempre lidou com as piadinhas com tamanha indiferença que nunca pensei que ele tivesse passado por algo assim.

 

-Não se desespere, Tobi. É normal ficar confuso no começo - Ele falou compassivamente - Mas tome cuidado, pelas coisas que você me contou sobre o Deidara, você pode estar confundindo preocupação com afeição.

 

Eu nem tentei discordar dele, só agradeci sua ajuda antes de desligar e me jogar na cama, quem sabe algumas horas de sono possam me ajudar a clarear a mente.

 

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Depois que falei com Rin, eu caminhei até a cafeteria por um caminho diferente para pegar alguns registros sobre Hayato e Chie no hospital onde levei o Deidara ontem e foi só por isso que consegui evitar colocar Deidara numa situação ruim.

 

Quando passei em frente a janela da cafeteria, vi Sasori sentado na última mesa lendo um livro qualquer com uma expressão facilmente confundida com monotonia. Ele conseguia enganar muito bem. Eu não podia ir embora, não sem pelo ver se Deidara estava bem, então entrei ali mesmo assim.

 

Me sentei perto do balcão, me esforcei ao máximo para não olhar em sua direção para não chamar a atenção do Sasori, e mal consegui me concentrar na fatia de bolo que o gerente me serviu.

 

-Preocupado com o Deidara?

 

O gerente apareceu na minha frente e eu franzi as sobrancelhas.

 

-Eu não gosto daquele cara - o gerente olhou em direção a Sasori - O Deidara fica tenso quando ele está perto… é frustrante.

 

Suspirei e olhei Deidara com o canto de olhos, preciso falar com ele de alguma forma… Olhei o gerente e resolvi pedir sua ajuda.

 

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