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História O véu da magia - O circo chegou


Escrita por: saavik

Notas do Autor


Capítulo betado pela Inew Lee
Esse é um dos meus capítulos favoritos <3 talvez por causa do Gunwoo <3
Só quero avisar que a partir de agora vou reduzir um pouco as atualizações, tenho que revisar todos os capítulos daqui até o último, e beta-los também.
Os comentários estão sendo respondidos, só quis atualizar rapidinho pra não deixar ninguém esperando.

Capítulo 10 - O circo chegou


La magic est maintenant

 

 

O circo tão aguardado chegou a Halden, com uma precisão exata de horário. Ele fixou-se sobre o solo frutífero e se instalou com uma rapidez nunca antes vista, talvez devido a tamanha animação dos circenses, que por tanto tempo os haviam  sentido falta do picadeiro tão estimado e querido.

As faixas escuras das tendas de Zampano eram de um vermelho vívido e alegre, que misturavam-se de modo divertido com as pequenas faixas brancas, formando um conjunto magnifico de cores cintilantes. Elas giravam e giravam no ar, sem nunca sair de fato do lugar e deixar de cobrir todo o palco.

Eram tendas repletas de caminhos ziguezagueantes e mistérios ocultos que levam até o pátio central, onde se encontram milhares e milhares de vendedores ambulantes, cada um com sua aparência peculiar e cabelos em formatos irregulares e cores que vão contra as leis naturais da física.

 

Um Jovem diferente e astuto, de aproximadamente treze anos de idade, esgueira-se circo adentro, seus olhos grandes assimilam e captam tudo o que está a sua volta com grande curiosidade. O brilho extraordinário de seus olhos entrega toda a animação que este sente apenas em estar na enorme fila para adentrar o circo tão bem falado. Com timidez seu ingresso foi entregue a uma bela moça jovial vestida em trajes listrados no portão de entrada, seu nome foi dito em um quase sussurro que desprende-se dos lábios finos da garota em um tom de mistério.

– Seja bem vindo Gunwoo. – com um aceno tímido e rápido, o garoto corre para o circo, ansioso por toda a magia que o aguarda.

A noite é estrelada e quente, perfeita para uma noite mágica.

Dentro do circo havia dez tendas gigantes e entrelaçadas naquele espaço, e dentro de cada uma, um palco com um circense que revelava suas práticas maravilhosas e individuais, além dos diversos corredores repletos de cartazes que levam até diversas tendas, salas mágicas e espelhos que refletem o futuro.

 

O primeiro corredor levou Gunwoo, a uma sala banhada por luzes incandescentes, que após diminuírem significativamente seu brilho, revelaram diversas formas de si mesmo. Em cada direção em que olhava, via um espelho refletindo sua imagem e mexendo com a mesma medida em que se movia. O garoto paralisou-se ao ver-se tremendamente gordo ao olhar para o espelho, ao seu lado, e ao virar o rosto para a direção oposta, chocou-se com seu corpo extremamente magricelo. Ao virar-se bruscamente para trás, viu sua imagem em perfeito estado, mas deu-se início a uma confusão interna ao que se viu usando uma máscara negra, apenas com os olhos de fora, cortados em círculos que lhe permitia ver a cor de seus próprios olhos. Encarou sua imagem por segundos, analisando-a e vendo-a pender a cabeça para o lado, exatamente como fazia. Mas bastou apenas um segundo para as imagens refletidas no espelho moverem seu rosto como se fitassem o verdadeiro. Gunwoo correu em disparada e amedrontando corredores adentro, com o coração quase escapando por entre seus lábios.

Ao escapar por entre as tendas, viu-se preso a imagem do vidente por entre as brechas das cortinas vermelhas. O vidente mantinha um ar monarco e atento enquanto andava sobre o palco e escolhia a dedo os que seriam agraciados por suas visões, com suas pedras preciosas em mãos e suas cartas de tarô dançando sobre o ar em algum tipo de levitação feita de modo permanente pelo mágico.

Uma risada arteira e baixa preencheu o ambiente, fazendo o jovem recuar e ir de encontro ao som melodioso e infantil. Seus passos demonstravam toda sua cautela e seus olhos, arregalaram-se ao entrar em uma das tendas.

Foi como se estivesse adentrando em um quarto, numa porta atrás de si fez-se, presente e fechou no momento em que viu-se encantado por belas árvores verdes e cintilantes, flores das demais cores que se desabrochavam em sua vista, bem à sua frente. Aquela tenda era como um mundo encantado, uma floresta mágica repleta de sons provenientes da natureza. Por longos e torturantes minutos o garoto permaneceu parado, perguntando a si mesmo se tudo era realmente real, ou apenas um fruto de sua mente, projetando seus sonhos mais belos e extraordinários.

O som da água denunciava um rio turbulento, ou uma cachoeira, mas ao andar livremente por ali e procurar, não encontrou uma sequer. Havia flores crescendo do solo em todo lugar, até onde sua vista poderia alcançar. Pássaros de diversas cores brilhantes voavam e cantava bem acima de sua cabeça, viajando entre as tendas daquele circo até desaparecerem em sua opacidade proveniente.

Gunwoo encontrou ali uma fonte de água cristalina feita de papéis amarelados, com inúmeras escritas difusas com letras de caligrafias perfeita, que se misturavam majestosamente para formar frases que mal conseguiu ler. O jovem perguntou a si mesmo como a água poderia não molhar os papéis, ou como simples pedaços de papéis poderiam montar uma obra tão firme e bela. Havia um enorme letreiro acima da fonte, escrito em uma caligrafia tão bela quanto todas as outras que havia visto.

 

O letreiro dizia “Solte seus desejos e os deixe voar.” E sem mais explicações, foi o que o jovem fez, disse alto e em bom som todos os desejos escondidos em seu coração, que logo foi preenchido por uma alegria descomunal. Sorriu ao constatar a magia surreal daquele circo e prometeu a si mesmo que iria lembrar-se daquela noite para toda sua vida.

Ansioso pelos demais mistérios dali, Gunwoo correu novamente por entre as tendas que pareciam desaparecer e reaparecer por intermédio apenas de seu querer. Foi conduzido por luzes radiantes e estrelas sublimes até o pátio central novamente, onde cedeu desastrosamente ao seu desejo de experimentar as iguarias comestíveis que o circo oferecia. Sua primeira escolha fora o chocolate que tanto havia lhe chamado a atenção por sua forma de coelho, com as orelhas feitas de nozes e calda entalhada com pó de paçoca e que ao ser mordido, invadiu a boca do jovem com um gosto magnifico de cereja que fez suas papilas gustativas dançarem.

Havia chocolate em tudo o que se podia ver, nas pipocas, nas castanhas e até mesmo no algodão doce, feito de um açúcar nunca antes provado. As maças do amor eram crocantes e deliciosas, e a cidra, feita de maças e frutas vermelhas, um verdadeiro deleite gustativo. Era como um sonho, um magnifico sonho.

 

Gunwoo, se entreteu ali por mais tempo do que o imaginado, tirando sua atenção das iguarias somente quando viu uma massa de pessoas dirigirem-se para uma das tendas a sua esquerda, de onde podia-se ouvir, o que parecia ser o locutor do circo, apresentando mais uma das apresentações da noite. 

 

X

 

O circo chegou II: A tão esperada glória do jovem Luhan.

 

 

O anfitrião apresentava os circenses ao público ainda desconhecido, ele conversava e divertida todos os rostos alegres ali, fazia sons majestosos de acordo com o clima e sorria largo, um sorriso belo e encantador que preenchia a alma de algo bom, de algo que se encontra somente em Zampano. Joonmyeon andava calmamente pelos palcos, deixando as lonas para trás e tornando-se o dono de tudo o que havia ali, como se ninguém mais fosse tão digno de dominar aquela terra, apresentar os magníficos circenses e encantar o público inocente quanto ele.

Os circenses brilhavam como estrelas cadentes, mas naquela noite havia um cometa varrendo todo o céu. Trazendo um maravilhoso brilho terno e instalando a alegria circense em todos ali presente.

– E sem delongas, senhoras e senhores... Hoje eu apresento Crafty, a mais nova atração de Zampano, algo como nenhum outro. – o anfitrião apresentou de maneira lenta e pausada, exatamente como fazia Zorar. Embora sua presença seja limpa, bela e agradável e sua voz seja amável e harmoniosa, ainda havia leves comparações entre ambos.  Joonmyeon varreu toda a plateia com os olhos, analisando a face de cada um presentes ali, e não precisou de meros segundos para encontrar a presença envolta em sombras negras e dançantes de Cosmos, que observava tudo astutamente. 

Luhan pareceu não se importar e, na verdade, estava completamente inabalável. Tão calmo e sereno com os pés descalços e, o olhar incentivador. Luhan sorria para seu primeiro público, seus lábios tremiam de maneira tímida, mas a força e a coragem queimavam dentro de si como brasas indomáveis e, incendiarias exatamente como um perigo iminente.  

Era como a roda do atirador de facas, uma enorme espiral que girava e girava, e a cada volta uma nova apresentação se iniciava. Era como estar tonto e não sentir um mal estar algum, a cada hora um novo circense sorria galanteador e agraciava a todos com seus truques mágicos e divinos. Cabeças giravam e olhos se arregalavam por tamanha admiração, alguns suspiros e palavras incrédulas dançavam sobre o ar, aguçando cada vez mais a audição satisfeita dos poderosos circenses dali.

 

O brilho nos olhos de Luhan, não pertencia mais ao jovem discípulo, antes ingênuo e frustrado por suas tentativas falhas. O brilho agora pertencia a um novo circense, tão esplendoroso quanto a todos os outros. O nervosismo e o medo o invadiram, mas foram embora nas primeiras jogadas de luzes cintilantes daquele local, que fizeram um estranho relaxante apossar-se de seu corpo, que movia-se vagaroso e tranquilo. Pétalas de rosas que cresciam sobre a ponta de seus dedos virados para o alto, como se graças estivesse dando.

O mágico o observava ao longe, havia terminado sua apresentação muito antes do esperado para ver seu pupilo deslumbrante em um terno preto, fino e caro, com uma cartola negra e brilhante sobre a cabeça e um olhar enigmático. Seu jovem discípulo agora era parte de Zampano, como uma peça que sempre fora esperada e agora encaixava-se perfeitamente junto ao quebra cabeça. A melodia do garoto era incrível, tão diferente das outras, tão diferente de sua própria. É alegre e enérgica, sem choros, gritos ou barulhos baixos de desastres climáticos, apenas uma balada pesada, mas alegre e cheia de energia, exatamente como o próprio Luhan é.        

Em suas mãos cresciam flores de todos os tipos, belas e brilhantes e cresciam em caules que subiam pelos braços pequenos e ali se acomodavam como uma graciosa segunda pele. Pétalas, caules e botões de diversos tipos de flores e cores cresciam sobre sua pele, desprendiam-se da ponta de seus dedos, cresciam e dançavam sobre o ar, como se estivessem sendo levadas por uma brisa leve e calma.

O jovem movimentava seus braços sutilmente sobre o ar, indicando a pureza e a realidade de seus atos, deixando claro o quão verdadeiro era sua apresentação. Sobre seus lábios um enorme sorriso era estampado, suas doces emoções transbordavam de modo inebriante e avassalador. Parecia pouco aos olhos do pequeno, mas diante dos espectadores e de seu próprio mestre, sua apresentação era de uma grandeza jamais vista em nenhum outro circense de Zampano. Não eram apenas truques ou uma apresentação qualquer, era a sua essência e todo o seu ser presente no palco, empesteando o lugar e o tornando mágico, eterno.

A autoconfiança veio aos poucos, e quando sua melodia atingiu o tom mais delicado e preciso, Luhan atirou sua cartola pelo ar, que girou e girou acima das cabeças ali, fazendo um contorno exato no local e deixando belas penas brancas espalharem-se pelo chão, pelas pessoas ali e também pelo ar. Bastou apenas um sopro longo e quente de Luhan para que todas as penas, que antes caiam lentamente, flutuassem no ar e ali permanecessem. Aos poucos as flores em seu braço se desprenderam e tiveram o mesmo destino que as penas, juntando-se as estas no ar em uma dança lenta, enquanto a cartola, esta elegantemente fez um giro completo naquela tenda e voltou para as mãos de seu dono, que curvou-se em respeito à plateia com um sorriso ainda mais satisfeito.

Um turbilhão de sentimentos foi sentido como uma brisa aconchegante, o jovem Luhan finalmente havia achado seu lugar e em meio a tantos rostos surpresos, a tantos elogios e aplausos, Luhan nunca se sentiu tão bem consigo mesmo.

 

X

 

O circo chegou III: A noite acaba rápido demais para o jovem Gunwoo.

 

 

Com a incrível apresentação de Crafty, o circo deu-se por encerrado, restando apenas uma canção cantada pelo anfitrião de voz limpa e melodiosa. Algumas pessoas ainda mantinham o largo sorriso satisfeito sobre os lábios, e embora Gunwoo ainda sorrisse, estava desesperadamente triste por ter de ir embora. Não havia dado por satisfeito, e tão pouco havia visto todas as apresentações de Zampano, ou todas as portas que o levavam a um lugar mágico. Ainda queria mais e mais. 

Foi andando em passos vagarosos até os portões de saída, onde a mesma bela moça encontrava-se sorrindo e acenando para todos os que tiveram uma incrível noite.

– O circo vai estar aqui amanhã? – Gunwoo perguntou esperançoso.

– Sinto dizer que não. Lamento. – a jovem franziu seus lábios finos.

– Quando poderei ver o circo de novo? – e mais uma vez, a esperança estava nítida sobre a face do jovem curioso.

A bela jovem franziu seus lábios novamente, porém desta vez elevou seu olhar para o céu, como se retirasse de suas memórias a reposta para o jovem. 

– Não se preocupe. A próxima vez que viermos a Halden, você saberá.

 

Foi com esta frase que Gunwoo correu até sua casa, e ao chegar, adentrou seu quarto em um rompante e anotou tudo o que havia acontecido naquela noite em seu diário, sem esquecer-se de nenhum detalhe, por menor que fosse. Anotou o nome do circo em praticamente duas enormes páginas de seu caderno, na persistente esperança de manter suas lembranças vivas até poder ver o circo novamente. E ao contar aos seus pais e amigos a noite divertida no circo, teve risadas alegres e uma felicitação de todos por ter se divertindo naquela noite.

 

 

X

 

Alcançando todas as expectativas.

 

 

Os segundos correram se como uma nuvem opaca e tímida, mas digna de observação. O jovem ainda encontrava-se atônito com seu feito, mas os aplausos de Oh Sehun soaram como uma grande mão invisível, que o envolveram e o fizeram se despedir do palco e de todas as demonstrações de admiração do público para rumar até seu mestre, agora maravilhado. 

– Foi realmente ótimo, não é mesmo senhoras e senhores? Zampano nunca teve uma apresentação tão formidável, posso afirmar isso pela reação de cada um. Crafty chegou para ficar não é mesmo?... – o anfitrião ainda divertia o público restante e implicante em permanecer com suas palavras, advertindo-os para irem embora, pois o circo logo se fecharia, mas Luhan ao menos dava ouvido.

– E então? O que achou? – esperançoso o jovem perguntou a seu mestre.

– Magnifico. Um tanto simples, mas maravilhoso. Parece que agora tenho um concorrente. – Luhan franziu seu cenho, mas o mágico apontou para todos os olhares da plateia, ainda fixos e maravilhados em si, mirando cada ação. O menor riu assentindo negativamente.

– Não sei como conseguem fazer isso. É sempre uma apresentação diferente, mas essa foi a minha primeira e eu não faço ideia no que fazer na próxima vez.  

– É para isso que estou aqui. – Sehun pousou sua destra sobre o ombro alheio e o guiou pelos portões de saída até o trailer, deixando o anfitrião para trás com a última atração da noite; uma bela canção cantada pelo mesmo, e tendo como público, a plateia sempre maravilhada, cosmos e um insistente e companheiro malabarista.

 

Todos os outros circenses já haviam se recolhido, completamente esgotados e seduzidos pelos braços de Morfeu. Aos olhos do jovem, ainda aspirante, pareceu desleal e antiético deixar o anfitrião para trás, com a obrigação de fazer o último show, despedir-se do público e fechar o enorme circo para um amanhã ainda mais esplendoroso. Porém bastou um leve aperto em seu ombro e um sorriso cativante de seu mestre para acreditar que não havia mal algum em assim fazer.

Luhan o seguiu até seus aposentos. Viu o mágico desvencilhar-se do contato e entrar no quarto de banho com uma toalha limpa sobre os ombros, deixando para trás palavras animadas sobre um amanhã ainda melhor.

– Amanhã é o último show por aqui. O domador tem estado ansioso com seu novo número. Veremos seus pais em seguida, pode ligar para eles se quiser e avisá-los. – o mágico anunciou antes de trancar-se no banheiro.

Luhan quis verdadeiramente assim fazer, mas um cansaço fora do comum o atacou antes mesmo de deslizar sua mão pela gaveta do criado mudo ao lado de sua cama em busca de seu celular. Dormiu ali mesmo, agora compreendendo mais do que nunca todo o cansaço de seu mestre, quando o mesmo dormia com tamanha facilidade e ressonava baixo.  A magia é mesmo bela, maravilhosa e surpreendentemente desgastante.

 

 

X

 

As peripécias de um atirador de facas.

 

O dia amanheceu gelado e sufocante para o domador, que despertou com um balde de água fria enquanto o sol ainda aparecia tímido, espalhando com dificuldade e acanho os primeiros raios de sol do dia. Seu despertar acarretou em uma serie de palavrões estridentes direcionados ao seu pupilo, que com uma pose indiferente e maliciosa, aguardava seu mestre levantar-se e começar seu dia.

– Você tem um sono realmente pesado domador.

– Insolente... – ralhou antes de trancar-se no banheiro.

Enquanto isso os circenses despertavam aos poucos, um por um, radiantes como se houvessem passado dias e dias dormindo um sono revigorante e embelezador. Os braços de morfeu nunca foram tão tonificantes. Todos sentaram-se a mesa para o café, com um convidado intrigante e observador, Cosmos estava novamente presente.

 

– Então... Cosmos – o mágico começou em tom de zombaria. – Porque não revela-se para nós, já que tenho certeza de que conviveremos por muito, muito tempo. – o outro apenas sorriu enquanto bebericava do doce sabor de um suco refinado de uva. Suas sombras continuavam sobre o mesmo lugar, dançando sobre o ar e impossibilitando qualquer visão.

– Terá de conviver com a curiosidade, querido mágico. Apareço somente para quem desejo, sou a lei. – maneou a cabeça em direção ao anfitrião, que pigarreou enquanto comia com dificuldade uma pequena torrada coberta de geleia de morango. 

Uma onda de olhares baixos e segredos instalaram-se em Zampano, e iam desde os dedos de Minseok, entrelaçados aos de Yifan por debaixo da mesa, aos olhares escondidos por névoas negras de Cosmos, sempre direcionados a Joonmyeon com um sorriso malicioso sobre os lábios, que faziam o anfitrião pigarrear e fitar qualquer objeto ao seu alcance. O mágico examinava tudo minuciosamente, decifrando ações e olhares que sequer eram percebidos por seu discípulo, que devorava as torradas e os sucos refinados como um leão faminto.

– Vocês já viram os jornais de hoje? – Kyungsoo indagou, recebendo apenas acenos negativos de todos ali. O ilusionista então jogou sobre a mesa dez exemplares do Dublin News, onde em letras garrafais estava estampado a data de cinco de fevereiro de mil novecentos e cinquenta e três.

Os circenses sobressaltaram-se e levantaram-se da mesa em um rompante.   

– Mais dezesseis anos? – Chanyeol vociferou. 

– Ao todo... Regredimos trinta e cinco anos. – Minseok alegou após analisar o tempo com seus dedos pequenos. 

– Tem alguma explicação? – Oh Sehun perguntou a Cosmos, que apenas deu de ombros e riu baixo.  

– O tempo é mesmo maluco. – alegou em defesa.

 

O restante do dia passou-se como uma corda bamba, beirando entre a realidade que Cosmos manipulava e a vida mágica de Zampano. Ao anoitecer, por entre as tendas brilhantes, chegavam mais e mais olheiros, simpatizantes pela magnifica magia e supostos incrédulos que entortavam o nariz ao dizer que tudo bastava-se de meros truques, mas que saiam pelos portões de saída com os lábios escancarados e com um brilho a mais no olhar.

Pipoqueiros e vendedores de guloseimas faziam seu trabalho honestamente naquele espaço, sempre atendendo aos pedidos de crianças e gorduchos de meia idade que visitavam o circo tão magnifico.

E por uma mudança repentina de planos, o domador adiou seu show tão esperado, dando assim seu horário para o piromaníaco, que conduzia o fogo com tamanha maestria que impressionava até mesmo Baekhyun, que muito conhecia o mais alto e seus poderes. E ao mesmo tempo em que Chanyeol entretinha seu público, irritava Cosmos, que como um bom manipulador, traçava uma linha divertida com o futuro de seus circenses queridos.

O mágico e seu discípulo conversavam baixo por entre as cortinas vermelhas das lonas, presenciando e olhando cada apresentação da noite.

– Como eu posso ter regredido trinta e cinco anos no tempo? Eu tenho quinze anos. – Luhan indagou totalmente atônito a seu mestre. 

– Na verdade, para cada cinco anos regredidos ganha-se um a mais em sua linha de tempo legitima. Basta-se de um sistema que compensa cada regressão com um ano de aprendizagem.

– Então... Quantos anos você tem Sehun? – perguntou em um ar que beirava a preocupação.

– Muito mais do que você pode compreender pequeno. – o menor franziu seu cenho.

– Então... Tecnicamente estou prestes há fazer trinta anos? Quer dizer, quando eu fui ao seu show o cartaz dizia claramente mil novecentos e noventa, mas o jornal de hoje diz que estamos em fevereiro de mil novecentos e cinquenta e três. O meu aniversário é em junho. Eu ainda existo certo?

– É basicamente isso. Tudo continua o mesmo de sempre. É claro que você existe, mas ainda tem quinze anos para o resto do mundo. Ainda tem a mesma face delicada de bebe andrógeno, nada alterou-se em seu crescimento. – o menor então contraiu seus lábios em um bico involuntário e raivoso e franziu seu cenho desgostoso. 

– Eu realmente o odeio por ter omitido essa questão do tempo Oh Sehun... Mas não há nada que você possa fazer sobre isso? O Chen sabe algumas magias, ele tem vários livros e o Kyungsoo... Ele é ilusionista e-

– Não há nada para ser feito Luhan. – o mágico disse por fim enquanto rumava de volta para o trailer com seu discípulo em seu encalço, fugindo de uma conversa que sempre se reiniciava. 

 

Lá fora, sobre a grama era verde e macia. Por entre os vendedores ambulantes e os rostos admirados, Jongin permanecia de pé olhando toda a beleza ao seu redor. Havia acabado de fazer sua apresentação e faltava apenas a do atirador de facas para finalizar a noite e todos os circenses enfim recolherem-se para descansar e recomeçar tudo novamente amanhã, após a chegada do mágico, é claro.

– Foi uma ótima apresentação mímica. – Cosmos o parabenizou enquanto caminhava sorrateiro para perto do moreno. 

– Obrigado. – respondeu simplista, mal o dando atenção.

– Quero lhe fazer um convite – Jongin maneou sua cabeça, querendo ouvir mais do que o outro falava. – Quero que visite pacem comigo, estou ansioso para saber mais sobre Zampano, mas os residentes daqui parecem ainda querem simpatizar comigo, contudo, quero entender mais sobre os circenses daqui. Você poderia me fazer companhia?  

 

X

Apresentando: beijos de marca permanente e verdadeiras faces.

 

O mágico e seu discípulo agora caminhavam tranquilos pelas ruas de Dublin, mais precisamente pela rua ‘Nua Dóchas’. Não pareciam fazer parte daquela realidade tão comum, escassa e normal. Pareciam terem acabado de sair de um livro de contos de fadas, com seus trajes tão belos e cordiais e a face adornada por uma beleza estonteante, fora do normal. Eles andavam suavemente, embelezados por uma magia que os faziam parecer que estarem flutuando elegantemente sobre o ar.                          

Para Luhan, parecia que mil anos haviam se passado. Nunca se dera conta, mas estava perdido em saudades do cheiro de cachorro molhado impregnado pelas ruas daquela metrópole, pelo chão de paralelepípedos, pelas pensões de madeira caindo aos pedaços e pelos hippies que moravam em uma Kombi branca que sempre ficava estacionada em frente à sua casa, com a fumaça da cannabis fugindo pelas frestas das janelas levemente abertas e embaçando os vidros transparentes ainda não totalmente fechados. 

Não demorou muito tempo até ambos avistarem a pequena casa de Luhan, bonita e de aparência incrivelmente aconchegante, se vista pelo lado de fora. As paredes pintadas de caramelo davam um ar infantil. A casa possuía diversos jarros de flores sobre o chão, e até mesmo alguns jarros com hortelã e dama da noite suspensos no ar, pregados a parede do lado de fora por ganchos firmes. Tudo dava um ar encantador ao local, assemelhando-o a uma casa perfeita e enfeitada de brinquedo, o que muito fez o mágico lembrar-se das visitas que fazia a casa de sua avó quando ainda era um menino levado e incompreendido por suas artimanhas.  

As batidas envergonhadas que Luhan deixara na porta de sua casa não condiziam com a saudade que sentia de sua mãe. Embora de fato pouco tempo tenha se passado, o jovem mal esperava a hora de abraçar forte sua progenitora e lhe contar das maravilhas que tem feito e visto em cada lugar. Mal via a hora de ver seu pai tão ausente e lhe contar que muito progresso havia feito e, que muito em breve, seria reconhecido, sonhadoramente, pelo mundo todo como um estupendo circense, assim como Sehun, algum dia, logo viria. 

 

O cheiro delicioso da tão sonhada e famosa sopa de Goulash da senhora Laurence caminhavam janela a fora, ultrapassava as barreiras das paredes sólidas e fazia vibrar toda a vizinhança.  Oh Sehun permanecia com um sorriso calmo e alegre sobre o rosto. É a primeira vez que via Laurence, mas estava tão calmo e sereno que se poderia julgar ser a vigésima vez, e de certa forma, preocupava-se mais com o barulho de seu estômago roncando em resposta ao cheiro delicioso. Enfim seria a primeira vez que encontrara a mãe de seu querido pupilo. 

Quando a porta de madeira velha foi aberta, uma sorridente sino-irlandesa atendeu seu filho e o elegante mágico, com um sorriso largo sobre o rosto. Era inevitável deixar de comprovar a doçura aparente da mulher de meia idade, que em nada se assemelhava a Luhan, muito pelo contrário, possuía sua própria beleza diferente e madura, assim como também uma forte essência, como uma bela flor cheirosa. Sobrará apenas a hipótese de Luhan parecer-se com seu pai. 

 

– Pensei que viajaria meu filho. “Por toda a Europa.” Era o que estava escrito na carta, entre muitas outras coisas boas. – a senhora Xiao dizia em tom de indagação enquanto os levava para a mesa de jantar, onde o almoço estava devidamente pronto, posto e a espera de ser saboreado.  

– E eu viajei... – Luhan começava calmo. – Estive em Oslo, e em alguma outra cidade perto de Dublin que não consigo recordar-me o nome. Devemos viajar pela Europa a partir de hoje, mas quis vir e ver a senhora antes.  

Oh Sehun nada disse, continuou sorridente e sentou-se à mesa em companhia a seu discípulo e sua mãe, que enchia seu prato com uma substancia avermelhada e grossa, porém cheirosa, que segundos antes fora apresentada como o saboroso Goulash.   

– Meu menino – Laurence depositou um beijo estalado sobre a testa de seu filho. – Você partiu ontem à tarde e já está com saudades de casa? – lançou um olhar preocupado a Sehun. – O circo é tão ruim assim?  

– Não senhora. O tempo é um tanto vagaroso lá, mas ainda assim é mágico. Zampano é um bom lugar. – o mágico a acalmou. Por baixo da mesa seus dedos se entrelaçaram aos de Luhan, que mantinha um olhar caótico estampado sobre o rosto, como uma bela máscara de confusão que diziam exatamente que não estava entendo nada.   

 

As tigelas foram enchidas com sopa de Goulash, uma iguaria húngara que fora aproveitada da melhor forma possível.  Laurence não descansou um segundo sequer, ofereceu diversas sobremesas feitas por suas mãos de fada e encheu o mágico de perguntas e copos de vinho do porto. Oh Sehun por sua vez agia de modo sereno e sempre calmo, conduzindo a conversa de maneira gentil e sempre encantando a senhora Xiao, deixando-a estupefata com tamanho galanteio vindo do circense.  

A senhora nunca imaginaria tamanho encanto vindo de um possível andarilho, repleto de boa educação, astúcia, beleza e uma voz com o poder de acalmar quem quer que fosse. Se ao menos Luhan copiasse as boas maneiras do mágico, então, com toda certeza, lhe valeria a pena estar em um circo.  

Ao final daquela tarde, enquanto o senhor Xiao ainda encontrava-se em seu trabalho, partiram o mágico e seu discípulo novamente, desta vez para ainda mais longe. E mesmo que Luhan tenha partido sem ver seu pai, ainda assim partiu com um sorriso largo sobre os lábios.    

 

X

 

Toques incendiários.

 

 

– Ainda não entendi como minha mãe pôde confiar tanto em você. Um circo nunca é o melhor lugar para uma criança viver! Mesmo que Zampano seja diferente e realmente mágico. Adultos não sabem disso e duvido que algum dia vão saber. Começo a duvidar que tenha manipulado minha mãe. – Luhan afirmou incerto enquanto se sentava em uma das poltronas vermelhas e macias de um trem que o levaria, juntamente a Sehun, para Bray, onde todos os outros circenses os esperavam para mais uma apresentação.  

– Sabe... Mães como a sua, querem o bem para seus filhos. Porque acha que tantas crianças são levadas para mosteiros ainda extremamente jovens? – o jovem abriu seus lábios, mas manteve-se calado. – São levados por suas famílias para ficarem longe do mal do mundo, do pecado. Foi o que prometi a sua mãe, além de aulas diárias com um professor renomado e uma boa renda, é claro. – o mágico espreguiçou-se na poltrona e piscou para Luhan.  

– E por que não usamos magia para ir até Bray? Seria mais rápido. – tentou argumentar.

– Por que esse trem demora dez horas para chegar até lá e eu preciso descansar. Por isso, favor faça silêncio agora. – Oh Sehun fechou seus olhos de imediato, como se pudesse realmente dormir em qualquer lugar e em qualquer momento.  

O menor então remexeu-se sobre o banco acolchoado, procurando por seu conforto e fazendo um insistente e irritante barulho a cada vez que se mexia procurando pela posição adequada, exatamente como um formiga faminta sobre um grande cubo de açúcar. O barulho do couro dos acentos sendo raspado e esfregado foi o bastante para irritar o mágico e faze-lo ranger seus dentes em agonia.         

– Luhan, você tem ideia do quanto esse barulho é irritante? 

– É que... Esses assentos são tão desconfortáveis. – alegou contorcendo sua face em uma careta. Oh Sehun lançou lhe um olhar irritado, mas não obteve resultado algum. O outro continuou remexendo-se, deixando desprender de seus lábios uma risada baixa e acanhada ao ver a nítida irritação de seu mestre.  

Os dedos finos de Oh Sehun, pousaram sobre a coxa fina de Luhan, fazendo-o enfim relaxar, suspirar baixo e acomodar-se melhor.   

– Às vezes eu me esqueço do porquê estou aqui – Luhan segredou baixo enquanto ainda tinha a atenção do mágico para si. Seus lábios vacilaram e seu olhar abaixou-se até encontrar as mãos de Sehun, ainda sobre sua coxa. – Me esqueço do que senti ao te ver no palco naquela noite em Dublin... Até mesmo me esqueço de ter sentindo inveja ou vontade de ser você... Sehun, porque ainda vive em Zampano? Porque nunca achou alguém para substitui-lo e simplesmente foi embora viver uma vida normal? Em algum lugar do mundo com uma bela casa e estupendos jardins coloridos.  

– O circo... – Oh Sehun desprendeu sua atenção dos olhos brilhantes e negros de Luhan e ponderou por instantes. Acabou por sorriu caloroso e em seguida, deslizou a ponta de seu dedo sobre a poltrona da frente, desenhando espirais e rosas pequenas sobre o acolchoado, consequentemente fazendo seus falhos desenhos ganharem vida e um tom azul florescente e magnifico. – Encantar as pessoas é tudo o que eu sei fazer, é tudo o que eu quero fazer. Trazer paz e alegria em gestos tão simples para nós, mas tão grandioso aos olhos pequenos das crianças. Não sou eu quem preciso de Zampano, são as pessoas que precisam da magia... Mesmo que ainda tivesse a minha família, eu continuaria no mesmo lugar, fazendo o mesmo de sempre. O circo é tudo o que eu sou. Nunca o deixarei em vida. 

O mágico voltou a mirar os olhos brilhantes de seu pupilo, e desta vez havia um largo sorriso estampado sobre os lábios finos e chamativos, com uma fina cicatriz quase imperceptível sobre o lábio superior. Nunca se dera conta dela antes.    

Todas as palavras desapareceram da mente de ambos, foram varridas por uma inquietação descomunal. Os olhares eram trocados de modo tão caloroso que o ar parecia lhes faltar. O calor se instalava com rapidez entre os corpos até então afastados, como se fosse realmente natural, e com toda certeza deveria ser.  

Era apenas o corpo de ambos, querendo mais do que tudo, juntar-se como bem deveria acontecer. Era natural. Pertenciam-se mesmo sem conhecer efetivamente este esse fato. Pertenciam-se até mesmo antes da noite em que o mágico alegrou o público de Dublin, naquele teatro da rua ‘Nua Dóchas’, onde convidou um jovem, belo e astuto para fazer parte de Zampano. Pertenciam-se antes mesmo de dar início a tudo.  

 

Inevitavelmente as faces aproximaram-se até restar um pequeno espaço acanhado entre os narizes, e como um instinto natural, os lábios foram selados de maneira calma enquanto o mágico deslizava a palma de sua mão pelo ar de modo desajeitado, criando algum tipo de barreira invisível entre eles e os olhares curiosos e malvados. 

As mãos de Oh Sehun voltaram a tocar a pele de Luhan, desta vez pousando sobre a linha de seu maxilar e acariciando a tez macia com o polegar. As mãos delicadas e pequenas do menor pousaram sobre o colo do mágico, e surpreso demais pelo ato tão diferente de todos os outros, fechou seus olhos com força ao sentir a língua quente de seu mestre contornar seu lábio inferior, fazendo formigar o mesmo.

Fora Luhan, quem pedira passagem para um beijo que nunca lhe jamais seria negado. 

Era significantemente o seu primeiro beijo, tão diferente dos simples e rápidos, trocados com colegas de classe em intervalos na escola. Aprendera anos mais tarde que se bastavam apenas de simples selares desajeitados e sem sentimento ou importância verdadeira.  

 

A boca de Oh Sehun movia-se com lentidão exagerada e deliciosa, enquanto sua língua deslizava cavidade adentro, procurando o contato da semelhante e perdurando o momento por segundos prazerosos e intermináveis. O menor alcançou com sua mão os ombros estreitos do mágico e, em um ato involuntário, trouxe o corpo do mesmo para mais perto, desejando mais e mais da tão boa essência que misturava-se com a sua própria em um beijo lento e caloroso, repleto de gostos doces e mãos explorando a pele macia e coberta.  

Era como girar e girar de braços abertos, sentir a energia fluindo dentro de suas veias e então cair, zonzo demais para manter-se em pé. Inebriado de sensações que vão além de qualquer denominação ou compreensão. Era algo que não se bastava de palavras, mas sim de sentimentos, o mais puro deles.  

 

Quando os lábios foram finalmente afastados, o mágico deslizou sua mão até os fios lisos e finos dos cabelos da nuca de Luhan e ali acariciou enquanto aproximava as testas, não satisfeito em ter quebrado o contato, mas satisfeito o bastante por ter sido retribuído. E ao contrário do que pensava, Luhan sorriu, sem acanho ou um mero sinal de vermelhidão sobre as bochechas, apenas um sorriso sincero e repleto de jovialidade que o pertencia majestosamente.    

– Crises existenciais, sabe, você ainda terá muitas outras... Mas talvez ajude pensar em tudo o que é bom. Tudo o que é bom, e o quanto disso você alcançar estando comigo, em Zampano. – o mágico disse baixo ao voltar a desenhar espirais e flores mal feitas, mas desta vez sobre o braço desnudo de Luhan, que assim como o desenho sobre o assento a frente, tomou vida e reluziu mais uma vez em um azul florescente extraordinário e brilhante.  

Inconscientemente e tão lento quanto poderiam assimilar, os ombros se encostaram  e os olhares satisfeitos e cansados foram voltados para a paisagem janela a fora. Inquietos pelos lábios ainda dormentes e necessitados, e sem dizerem palavra alguma, ambos respiraram fundo e fecharam seus olhos, prontos para entregarem-se a calmaria e pensamentos inquietos, mas sutis o bastante para continuarem semeando a paz passional.  

O clima era de uma leveza sobrenatural, com uma paz tão profunda que trazia sorrisos bobos aos lábios sem qualquer motivo aparente. Não ficou claro quanto tempo permaneceram ali, sentados e quietos desfrutando do terno contato de ombros se encostando minimamente e mãos com dedos quase entrelaçados em um mar de carinho e paixão oculta, apenas esperando o maquinista do trem finalmente colocar-se a postos e os levar para longe, mas tudo parecia estar parado. 

O liquido amarelado e morno dos bules de chá não caiam como deveriam dentro das xícaras de porcelana em carrinhos de vendedores ambulantes daquele trem. As pessoas não se movimentavam como deveriam, tudo parecia estar em câmera lenta. Bastou que Sehun desprendesse sua atenção de Luhan para poder enxergar a situação a sua volta.

O mágico deu uma boa olhada a sua volta, franziu seu cenho e estalou seus dedos em busca da normalidade, mas esta não se seguiu, ao contrário, a lentidão se tornou ainda mais devagar. Em outras palavras, tudo parou completamente.  

– O que aconteceu? – o menor perguntou confuso.  

– Venha... – o mágico agarrou a mão de seu pupilo e com ele rumou para saída do trem, analisando cada face imóvel que via pela frente. – Acho que teremos de voltar do modo convencional. – Luhan assentiu, apertou seus dedos contra os alheios e fechou seus olhos enquanto era engolido, juntamente a Sehun, por uma densa fumaça negra que acompanhava uma ventania poderosa, que girou ambos no ar, sem fazê-los separarem-se ou até mesmo cambalear.

A ventania era forte, mas os deixavam sobre o mesmo lugar, mudando somente o cenário. E em um piscar de olhos, já estavam sobre o piso de madeira do trailer velho, com todos os circenses a sua volta, com exceção do mímico, que horas antes havia saído com Cosmos, o mais novo odiado de Zampano.    

– Onde está Jongin? – Luhan perguntou baixo a Sehun ao notar cada face circense ali.


Notas Finais




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