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História O véu da magia - Os desejos das sombras


Escrita por: saavik

Notas do Autor


[BOA LEITURA]
LEIAM AS NOTAS FINAIS POR FAVOR :3

Capítulo 20 - Os desejos das sombras


Por favor, não vá ainda

Você pode ficar por um momento, por favor?

Podemos dançar juntos

Podemos dançar para sempre

Debaixo de suas estrelas essa noite

E estou tão maravilhado

Por mil asas quebradas

Mil asas quebradas

 

 

 

Haviam mudanças palpáveis e não planejadas no circo. O atual Yixing parecia diferente, engraçado, irreconhecível e adorável. Era um renascido das sombras, um soldado de guerra amputado que guarda suas medalhas que honra ao mérito na gaveta de vidro do armário bonito, mas Jongdae não estava de todo satisfeito com seus sorrisos simpáticos e galanteios puramente formais, sem qualquer tipo de chance de outro parecer. Na verdade, estava notoriamente insatisfeito e colérico com o outro que não muito se importava e continuava com suas atividades e deveres a medida do possível.  Aos seus olhos Zampano parecia um pouco diferente demais naquela manhã. Os circenses estavam quietos e nervosos, a redoma os deixavam acuados e de mãos atadas, restando assim quase nada a se fazer.

O anfitrião, na noite anterior, lhe pedira ajuda para resgatar do porão algo pudesse ser útil na próxima noite do circo. Surpreendentemente aparecera em seu quarto com um quase sorriso que parecia clamar por ajuda para conseguir ser aberto devidamente. Ele fazia um grande esforço, o que evidenciava em demasia o quanto entendeu de todas as incontáveis conversas rápidas que tiveram depois de tudo aquilo, ou talvez evidenciasse que ele também tinha suas hipóteses a respeito da volta de Yixing. Joonmyeon sempre fora excessivamente inteligente, era claro que ele sabia, sentia ou tinha certeza a respeito disto, contudo, Jongdae não tocou novamente no assunto, não pediu desculpas por algo que não havia tido culpa e tão pouco reafirmou sua inocência, apenas o ajudou de bom grado, lhe ofereceu sorrisos e risadas e, como um bom amigo, se manteve presente e reafirmou o quanto permaneceria assim sendo até que, se talvez com sorte tiver, possa tomar um lugar um tanto quando mais afundo em seu coração.

Já o malabarista, em seus dias em tons pasteis e estrelas brilhantes, mantinha-se radiante e incontável logo atrás do domador que se fazia de algum tipo mágico de cúpula de aço a frente de seu jovem, o jovem ao qual agora compartilhava um forte laço irreversível, um laço que o fazia indestrutível para a proteção do menor. Agora havia algo de mais radiante na presença de Minseok, ou talvez algo que sempre tenha estado lá sem deixar ninguém perceber de fato o que. Ele superara, superara o passado, o presente e até mesmo o futuro, tornando-se estável, sereno e impassível, perdoando o imperdoável e esquecendo o inesquecível, esquecendo-se de Obscurité e todo o mal lhe causado.

Jongdae atribuía a culpa a Yifan enquanto o próprio Minseok atribuía a culpa a sua mãe quando, na verdade, o culpado era si mesmo, com possíveis parcelas do domador que o faziam questionar até onde ia o repentino amor, ou até onde ele o levaria, e de qualquer modo, o harlequim respirava um tanto mais tranquilamente, pois não há descanso maior do que ser perdoado, perdoar a si mesmo e nunca se esquecer dos erros para que lhe sirvam de lembrete obscuro.  

Chanyeol, preso em sua bolha de confusões, criara o hábito de andar para lá e para cá em seu quarto, muitas das vezes com as pontas dos dedos das mãos pegando fogo e centelhas de chamas nas pontas dos cabelos. Algumas vezes Baekhyun lhe fazia companhia por vontade própria ou devido aos seus pedidos feitos com carinho, vontade e saudade, outras vezes Kyungsoo juntava-se a si com uma garrafa velha de vinho para uma sessão de conversas levianas ou não tão levianas e carinhos até o adormecer. O ilusionista ainda permanecia totalmente perdido em culpa e desolação por seu amado agora tão distante, esquecido e sem amor, e era em momentos como estes em que se dispunha a tudo para não enxergar jamais os olhos imensos tão marejados e perdidos.

O piromaníaco ainda mantinha os mesmos sentimentos, ainda persistente como a audácia de um menino que ouvia a mãe pedir calma e paciência, embora a cada novo dia se torne ainda mais palpável sua saudade do vidente, seu primeiro amor tão distante e ferido por suas próprias atitudes e palavras, e ainda o ilusionista, o circense a qual verdadeiramente nutria um forte e arrebatador amor, o circense que ainda vagava machucado por seu único amor que agora se esquecera de si e resolvera amar novamente.

Jongin mantinha-se contente quase que o tempo inteiro, continuava ocupado com suas novas técnicas de dança e teatro e dedicava grande parte de seus dias para praticar com seu baralho de târo e aperfeiçoar seu até então desconhecido poder mágico, o qual usava como desculpa para passar mais tempo ao lado do vidente e menos tempo com o ilusionista que, desde a pequena desavença com Baekhyun, parecia se esforçar cada vez mais para ter um pouco mais de sua atenção e carinho. Kyungsoo não lhe parecia ruim, um tanto estranho talvez, mas ainda alguém bom e perdido, e embora seus beijos naquela noite estranha e estrelada tenham sido bons em demasia, ainda assim continuava perdido e sedento pelos lábios de Baekhyun.

E o vidente, a cada dia um pouco mais aturdido, tinha o coração ainda em processo de reparo pelo mimico insistente que ao menos cogitava a possibilidade de deixar de se esgueirar pelo seu quarto tarde da noite para se aconchegar sobre sua cama, se infiltrar por debaixo de seus lençóis, lhe agarrar o tronco e acariciar a pele macia de seu abdômen, enfiando as pernas entre as suas quando seu estado de sono lhe permitia somente se aconchegar contra o corpo maior, nunca conseguiria somente manda-lo embora. Jongin era provocante e decidido, lhe tocava casualmente onde não deveria tocar e, falsamente sem intenção, chegava perto o bastante para roçar seus lábios aos semelhantes, deixando o menor sem reações e pronto para beijos lentos e sorrisos de canto.   

O atirador de facas nunca era visto, sempre que procurado pelos circenses era encontrado em seu quarto fazendo anotações com montanhas de livros ao redor, ou construindo algo grande com peças douradas. Sempre que questionado respondia estar ocupado demais, e verdadeiramente estava, mas não o bastante para se ausentar de maneira tão avassaladora. Era preocupante, o que resultava em um mágico sempre à espreita, observando e lhe oferecendo ajuda com o intuito de não o deixar tão sozinho, embora as ofertas sejam sempre recusadas da maneira mais educada possível. Zitao parecia estar tornando-se alguém irreconhecível.   

E dentro desta cúpula de desarranjo os únicos verdadeiramente felizes eram o mágico e seu pupilo, o domador e seu malabarista.    

 

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Os desejos das sombras II: A liberdade vem pelas mãos do domador

 

– Eu gostaria de cozinhar algo com as frutas do jardim. Eu tenho uma boa visão do jardim quando estou na cozinha. O anfitrião fez um ótimo trabalho com elas, parecem saudáveis e saborosas. É realmente uma pena não podermos ir até lá.

– Eu espero que essa redoma vá embora logo, não a aguento mais. – Minseok lhe lançou um sorriso meigo e acariciou suas bochechas em um ato carinhoso.

– Não vai demorar muito.

– Como sabe disso?

– Eu sinto.

O domador estava prestes a mudar de assunto, prestes a dizer um inexplicável “eu te amo” mas mordeu sua língua a tempo. Isso assustaria o menor.

Yifan vagava pelo casarão ao lado de Minseok, conversando sobre tudo e todas as possibilidades que teriam depois que retomassem os espetáculos. Tinha planos de oficializar sua união com a benção dos astros em uma bela comemoração, contudo, guardava segredo a respeito disso. Possuía receio pelo pouco tempo em que tinham decidido ficar juntos. Minseok era vergonhoso e recluso e, com toda certeza, recusaria seu pedido. Mas se esperasse um pouco mais, poderia obter um lindo sim.

Quando chegaram ao segundo andar, o maior calou o outro com um selar simples sobre os lábios e agarrou as mãos pequenas, andou apressado e enfiou-se em um quarto vazio com o malabarista, que esboçava um semblante confuso.

– O que pretende fazer, Yifan?

– Eu quero te mostrar a vista daqui. Você conhece este quarto?

– Não, na verdade eu nunca o vi, e já vim diversas vezes ao segundo andar para treinar no quarto dos desejos.

– Este quarto é como o quarto dos desejos também. Ouvi Sehun dizer que o vidente criou este quarto para os seus pais. – sorriu largo. – Eu consegui vir aqui uma vez sozinho, a vista é linda, você precisa vê-la também, e sentir toda a vibração que tem aqui – aproximou seus lábios da audição do mesmo – Não se zangue comigo, e nem chore, só quero que sinta – colocou a mão grande sobre o peitoral do malabarista, sentindo seu coração acelerado. – Bem aqui. – sem deixar de segurar a mão de Minseok, o levou até a janela. – É uma pena que não possamos sair de Zampano ainda, gostaria de te levar para ver o que há de melhor em Oslo.

Minseok mordeu seus lábios olhando a vista, apertou a mão que segurava a sua e entrelaçou seus dedos aos alheios, passou então a sorrir a sorrir com um brilho bonito e resplandecente no olhar.

– Isso é lindo, Yifan. Acho que nunca recebi algo tão bonito.

O maior aproximou-se vagarosamente, beijou a testa pequena e envolveu seus braços ao redor da cintura do malabarista.

– Mas eu não te dei nada… Ainda.

– Eu adoraria ir até o jardim. Olhe só as petúnias, as fadas estão se divertindo como nunca já que agora o jardim é todo delas.

Yifan riu contido, puxando Minseok para um abraço apertado, tirando-o de perto da janela. Um pouco mais ao longe vinha uma grande carta, um correio dourado. Afiada como uma lança cortava as nuvens e se aproximava cada vez mais. Yifan encostou-se a parede rindo junto a Minseok e esperou a carta dourada pousar sobre a palma de sua mão estendida.

– Um correio dourado?

– Sim, mas não faço ideia de onde veio.

– Está endereçado a você?

O domador olhou com mais atenção o envelope reluzente e passou seus dedos sobre as letras negras impressas ali. Lá estava seu nome completo e verdadeiro, o nome difícil de ser pronunciado que sua mãe o dera ao nascer. Do outro lado não haviam remetentes, mas em letras vermelhas e dançantes estava escrito “Dos Astros.” Yifan voltou a olhar então seu nome escrito em uma caligrafia bonita.

– Então este é o seu nome? – espiando sobre o ombro largo, Minseok perguntou.

– Sim…

– Vá em frente e leia, eu estou curioso.

O domador abriu a carta com cuidado, como se esta pudesse rasgar ou se desfazer a qualquer momento.

“Caro domador, nos estamos contentes com seu desempenho e sua agilidade. Não estamos surpresos ao ver que finalmente encontrara seu ligne mesmo depois de tanto tempo ao lado de Zitao, o atirador de facas. Informamos lamentamos profundamente tê-los mantido presos a redoma por tanto tempo, no entanto, isto era mais do que necessário. Desejamos felicidades e magníficos espetáculos. “

– A redoma não existe mais?!

– O que? – entreolharam-se boquiabertos.

Bastou pouco menos de cinco segundos até ambos saírem correndo pela escada, passando pelos corredores gritando e avisando todos os que estavam escutando. De mãos dadas abriram a porta principal e correram até os jardins. O motivo das risadas altas e os tropeços fora a agora inexistência da cúpula transparente. Estavam enfim livres, caídos sobre os jardins um, um ao lado do outro.

– Mágico, venha ver. – O maior o chamou quando este apareceu na janela da cozinha, surpreso e boquiaberto.

– O que foi que você fez, Yifan?

– Eu não sei… – ainda segurando firme a carta, sorriu olhando os olhos castanhos de Minseok.

 

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Os desejos das sombras III: O resultado de todos os bons ensinamentos.

 

Luhan aprendera a usar um outro tipo de força, e passara a treinar sua nova habilidade com muita frequenta no porão. Ele colocava seus dedos sobre sua têmpora e arrastava o tanque cheio d’água para lá e para cá. Um pouco antes de Sehun chegar, estava prestes a levanta-lo por mais de cinco centímetros do chão, o que era de fato um grande feito.

– Vejo que você aprendeu mais um dos meus truques. – o mágico anunciou depois de descer as escadas e se fazer presente ali.

Sehun mantinha um brilho diferente no olhar, algo que se assemelhava a curiosidade. Ele encostou suas costas ao tanque e pôs-se a observar Luhan.

– Isso é parecido com levitar, não é?

– Sim, como conseguiu?

– Eu li um de seus livros. O achei sem querer na estante do nosso quarto. – se aproximou do outro, sorrindo e sendo embalado pelo sorriso acolhedor e gentil que se apossou dos lábios do mais alto.

– Andou estudando?

– Bastante.

– Vamos começar então com o truque do tanque? Temos mais duas lições até você estar pronto.

– Deveríamos esperar um pouco mais, já que a redoma ainda nos impossibilita de sair e fazer os espetáculos.

– A redoma se foi, não me pergunte como – levantou as mãos em irônica rendição. – O culpado é Yifan.

O sorriso de Luhan iluminou todo o cômodo, lançou luzes incandescentes por entre os corpos ali e fez o rosto do mágico se iluminar.

– Então...

– Isso quer dizer que temos pouco tempo até o seu show.

– Mas eu não estou totalmente pronto – desesperou-se. – Eu ainda preciso aprender muito e-

– É por isso que estou aqui, relaxe Luhan.

O mágico relaxou seus ombros, recitou um verso que Luhan mal pode compreender e estendeu sua mão a cadeira mais próxima, vendo-a levitar sem dificuldade alguma.

– O segredo está nas palavras, saiba escolher muito bem os feitiços que usa.

– Como posso saber quais são bons?

– Praticando. Agora, deixe-me prender suas mãos para treinarmos no tanque, tudo bem?

Luhan aquiesceu e colocou seus braços para trás, Sehun lhe algemou e tocou o tanque com seus dedos, transformando a água gelada de antes em uma água morna e agradável. O jovem subiu pela pequena escada até estar no topo, deu um grande pulo e entrou no tanque. O cronometro foi iniciado e os segundos rodaram enquanto o mágico assistia a seu pupilo realizar perfeitamente o seu truque. Luhan se saira perfeito, terminara o truque com pouco menos de cinco minutos e sairá de lá encharcando o piso de madeira.

– Vejo que finalmente conseguiu, meus parabéns.

– Obrigado, mas acho que posso ser ainda melhor. Vamos tentar de novo... – após se enxugar com uma toalha oferecida pelo mágico, colocou sua mão para trás e foi algemado novamente.

E mais uma vez o cronometro foi iniciado.

 

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Os desejos das sombras IV: Posso confiar em você novamente?

 

– Joonmyeon?

A voz do outro lado da porta o alertou, Joonmyeon deu um salto sobre a cadeira e afastou de si os livros de magias que havia pego emprestado de Jongdae. Pisando lentamente e coçando os olhos abriu a porta, para então dar de cara com um Harlequim sorridente em sua porta com um belo cartaz de sua próxima apresentação. O harlequim o visitava periodicamente para saber como estava, era bondoso. Lhe trazia doces e também as refeições quando se recusava a se juntar aos outros. Transformava-se aos poucos em alguém bondoso e atencioso.

– Vejo que está preparado para a volta ao picadeiro.

– Na verdade, o mágico me deixou encarregado de anunciar o fim da redoma, ao que parece o domador foi o responsável.

– O que? – Jongdae entrou no quarto, sentou-se sobre a cama sem cerimonias e pôs-se a sorrir vendo seus livros espalhados pela mesma e pela pequena mesa de madeira ao lado do guarda-roupa.

– A redoma, ela-

– Eu sei o que quer dizer, só estou surpreso. Eu pensei que demoraria um pouco mais, até comecei a costurar um traje, já que não poderíamos sair, mas eu não sou um bom costureiro. Comprei o meu na loja de antiguidades da Madame Lory, em Londres, já que conheço pouco sobre magia e não sei fazer viagens do tempo. Quanto tempo temos até o próximo espetáculo?

– Duas semanas, mas você não precisa se preocupar com isso. Você poderia ter me pedido, ou ao mágico.

– Eu não incomodaria.

 

Jongdae sorriu largo, levantou-se da cama e beijou a testa do anfitrião. Não era prepotente a ponto de achar que achar que poderia reconquistar a confiança e a amizade de Joonmyeon com uma simples ajuda, mas era esperançoso o bastante para achar que, com aquilo, ele se sentisse mais aberto a lhe pedir ajuda sempre que necessário. Queria isso, queria que o anfitrião contasse com sigo e até mesmo precisasse de si.

Sorrindo travesso, abriu a porta do armário do domador e encontrou seus quatro trajes de gala para espetáculos. Os tirou dali e os acomodou sobre a cama.

– Tem um jeito muito fácil de fazer isso.

– Qual?

– Os Qaleuns. Eles fazem qualquer tipo de trabalho que quisermos. Basta ordenar.

– O-Ordenar? Eu acho que isso não serve para mim, eu detesto isso… Não os faça de empregados Jongdae. – o harlequim sorriu gentil, aproximou-se um pouco mais do outro.

– Você não gosta? – indagou com a voz mansa, vendo o outro acenar positivo.

O maior levou sua destra até o maxilar alheio e o acariciou ali, vendo Joonmyeon o olhar com ternura.

– O outro jeito e me deixar fazer – sussurrou.

Os trajes suspenderam-se no ar e ficaram imóveis, a primeira gaveta da cômoda de madeira foi aberta e de lá saíram linhas, agulhas, fitas métricas, alfinetes e tesouras que fizeram por si só o trabalho de costurar e remendar todos os quatro trajes. É claro que não ficariam como novos, mas o harlequim ainda providenciaria um novo para Joonmyeon, quando este concordasse em visitar londres consigo. Aquele ali lhe serviria por mais dois ou três espetáculos.  

– Eu aceito ir com você a loja da madame Lory, Jongdae.

– Vejo que andou lendo e aprendendo - pegou seu livro “O dom da clarividência” que estava sobre a cama e riu baixo.

– Estou aprendendo com o melhor.

– Obrigado... – estendeu suas mãos para o anfitrião e o observou com olhos atentos até vê-lo segura-las firme.

De mãos dadas, uma forte luz verde e incandescente irradiou de suas palmas e fez coçar as mãos de Joonmyeon, mas este não as soltou e permaneceu segurando firme enquanto laços verdes giravam ao seu redor como fortes vendavais de recortes e pequenas tiras de pano. Quando a luz se dispersou por entre seus corpos, estavam em Londres, bem em frente a loja fina e requintada da Madame Lory.

Quando Jongdae recolheu suas mãos para entrarem, Joonmyeon sentiu falta do calor das palmas de suas mãos, mas manteve-se em silêncio e concordou quando o mesmo disse para entrarem na loja. E tão logo se viu preso entre duas atendentes que lhe tiravam as medidas e lhe mostravam bonitos ternos de gala. Assim que entrou em um provador para experimentar o primeiro torno, saiu sorridente observando sua imagem refletida no espelho. O terno era simples, risca de giz e sem cortes nas costas.

– Este está bonito? – perguntou a todos, as atendentes sedentas pela venda sorriram e concordaram, mas Jongdae torceu seu nariz.

– É simples demais para Zampano.

As atendentes se entreolharam e sorriram tímidas quando Joonmyeon pediu algo mais sofisticado. E certamente conseguir quando entrou no provador com um belo traje negro, exatamente igual ao que possuía em casa. Com um corte em V nas costas e um caimento perfeito.

– Como estou? – perguntou especificamente ao harlequim.

– Perfeito... perfeito como sempre.

– Levarei três desses, um preto, um cinza e um creme.

– Mais alguma coisa? – a atende perguntou dirigindo-se mais para Jongdae do que a Joonmyeon.

– Só isso.

E quando saíram, já na calçada segurando as sacolas, voltaram a Zampano da mesma forma que haviam chegado ali.

 

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Os desejos das sombras V: Um brinde as boas amizades.

 

Luhan estava sentado sobre a grande mesa no jardim, ao lado de Kyungsoo e Minseok que juntos desfrutavam dos pêssegos doces e deliciosos. O mágico estava em seu escritório com o domador, Yixing e o vidente, preparando tudo para o grande e novo espetáculo. Tao e Jongin estavam na sala de estar degustando os novos doces para o circo que o mimico fizera o pedido e buscara em uma delicatesse refinada logo após a redoma ir embora. O harlequim e o anfitrião estavam em algum lugar que circense algum quis saber ao certo.

– Você parece mais radiante, Luhan. – Kyungsoo notou.

– E estou, em breve farei minha segunda apresentação e definitivamente saberei se o circo é realmente um lugar para mim.

– E você ainda tem alguma dúvida?

– É claro! Olhe só para vocês. São perfeitos e brilhantes em tudo o que fazem e sempre que me ponho a pensar nisto chego a conclusão de que sou apenas uma palha esperando ser incendiado para brilhar da mesma forma que todos em Zampano.

– Você é tão brilhante quanto nós.

– Não se sinta inferior. – Minseok interferiu. – É tão bom quanto nós, o mágico realmente fizera uma boa escolha. Você apenas precisa desabrochar.

Luhan sorriu contido, tomou um grande gole de seu copo de suco de amora e colocou-se a falar sobre assuntos levianos, para logo após voltar a falar sobre os espetáculos. Estava nervoso, ansioso e amedrontado.

– Vocês fazem alguma ideia de como será a apresentação de vocês?

– Eu só tenho certeza de que terei de trazer o melhor dos espetáculos que já dirigi até agora. Sinto-me esgotado com o que aconteceu a Jongin e, sinto que dessa maneira, poderei trazer de volta todas as boas lembranças que ele tem de mim. – Luhan segurou a mão do ilusionista sobre a mesa e transmitiu-lhe calor e compaixão.

– Ele se lembrará, Kyungsoo. – Minseok assegurou.

– Escute, Sehun tem um grande caderno de feitiços sobre a cômoda de seu escritório. Eu o folheei algumas vezes e pude ver o feitiço certo. Chama-se memento recordare. Você já tentou?

– Eu nunca tinha ouvido falar dele antes.

– Isso não me cheira bem – Minseok enfiou uma fatia grande de pêssego na boca e focou-se em sua mastigação.

– Não posso tirar o livro de lá, o mágico não me permite ler ou tocar em seus livros secretos, mas posso fazer uma anotação e dar a você. Creio que ele não irá notar se eu apenas o tirar de lá por alguns segundos.  

– Isso seria muito amável de sua parte. – o jovem sorriu e piscou alegre.

– Entrarei no escritório quando a lua estiver no alto do céu, Sehun dorme mais pesado a essa hora. Quando terminar, jogarei a anotação por debaixo de sua porta. É arriscado demais mantê-la em meu quarto e eu não quero problemas com o mágico.

– Obrigada Luhan. – Kyungsoo lhe beijou a mão.  

– Não vá se meter em confusões. – com uma fatia de pêssego nas mãos e outra sendo mastigada, Minseok pediu com a boca cheia.

O jovem riu baixinho e lhe deu um peteleco pelos maus modos.

– Não irei, fiquem tranquilos.

– Está é minha última cartada, pararei de tentar se isto não funcionar.

– Vai funcionar! – Minseok e Luhan disseram juntos, em solidariedade.

 

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O desejo das sombras VI: Feitiços lançados a meia noite

 

Luhan esgueirou-se por entre a penumbra e em pé ante pé saiu de seu quarto onde o mágico descansava entregue a Morfeu. Seus pés não causavam barulho algum no assoalho, pois enfeitiçados estavam para sua fuga noturna e travessa. Precisou ordenar aos Qaleuns que se fizessem cadeira para que conseguisse subir até o topo do armário de Sehun, mas o fez aos sussurros enquanto Sehun dormia e ressonava baixinho. Antes de colocar suas mãos no livro antigo, olhou para trás por uma última vez o tomou em mãos e o abriu sobre a cômoda. Agarrou o primeiro papel amassado que vira pela frente e transcreveu o feitiço nele, após isto colocou o grande e velho livro de volta em seu lugar, do mesmo modo que Sehun o havia guardado. Depois de descer cauteloso da cadeira a qual um servo Qaleun havia se transformado, a primeira coisa que fizera fora abrir a porta do quarto, deixando o cômodo para ir em direção ao ilusionista.

Kyungsoo o esperava com os braços cruzados fora de seu quarto, tão desesperado e ansioso que mal conseguira pregar os olhos em paz durante a noite.

– Conseguiu? – perguntou assim que o viu se aproximar cauteloso pelos corredores.

– Aqui está. – sorriu entregando o pedaço de papel amassado com sua bela caligrafia.

– Obrigado Luhan – o abraço apertado sem pensar muito, era a primeira reação involuntária que tinha em muitos anos. – Não sei nem mesmo como agradece-lo.

– Não se preocupe ilusionista, espero que sua situação se resolva.

Com um beijo deixado sobre sua testa, Luhan voltou ao quarto e deitou-se sobre sua cama observando as estrelas do lado de fora de usa janela. Acordou somente no dia seguinte, com o mágico lhe acordando para mais um dia de treinamento.  

Já Kyungsoo, este não contentou em ir para o seu quarto. Esperou até que Luhan estivesse devidamente embalado em seu sono para ler atentamente os requisitos de seu feitiço e rumou até os jardins, onde o feitiço deveria acontecer. Para que o feitiço tivesse êxito, deveriam ser entregues aos deuses duas coisas pessoais, uma de cada amante junto a cinco tipos de flores e alguns copos de água.

O ilusionista sentou-se a grande mesa nos jardins e começou a preparar. Usou o anel de Jongin que carregava sempre consigo em seu pescoço, o qual ganhara logo após cinco meses de convivência e sua própria pena, a qual usava para escrever cartas especiais. Juntou-se tudo a pétalas de rosas, orquídeas, damas da noite, magnólias e hortênsias. Primeiro mergulhou as flores em dois copos de água e retirou todo o seu suco, para então, com esta água perfumada, banhar os objetos.

 – Que venha a mim o que é de mim, que seja entregue tudo o que não é meu e que volte a ter lembranças aquele que tudo viveu. – disse alto para os céus, para os deuses.

Kyungsoo guardou a infusão em uma pequena garrafa de vidro e enterrou todos os objetos e os resquícios das flores em um canto afastado do jardim. Agora bastava que Jongin tocasse nesta água perfumada para se lembrar, o que certamente não seria difícil.  

 

 

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Os desejos das sombras VII: A clareza de suas palavras

 

Mesmo àquela hora da manhã, perto das cinco quando o sol estava muito próximo de aparecer, Baekhyun sequer havia pregado o olho. Não estava em seu quarto e muito menos no quarto de Jongin, este dormia serenamente sem sequer fazer ideia do que se passava em Zampano.

Baekhyun estava um pouco mais distante do que isso, no quarto de Chanyeol depois de muito tempo sem ao menos olhar os olhos do mesmo. O piromaníaco havia batido em sua porta cerca de quinze minutos atrás e o chamado para finalmente conversar.

– Eu gostaria de ter uma conversa com você, se não se importar. –  Chanyeol começou, esfregando as mãos às coxas por tanto nervosismo.

Com um semblante surpreso e confuso, Baekhyun o seguiu prontamente. Não poderia recusar, há dias em que se via querendo esta conversa mais do que tudo. Quando entrou no quarto do maior, colocou-se sentado sobre a cama do mesmo e o assistiu colocar-se de joelhos bem diante a si. Seus batimentos se aceleraram com a visão, sua mente o forçava a se lembrar da última vez que o vira assim e isto fazia o ar faltar em seus pulmões, Chanyeol ainda era como uma perdição para si.  

– Eu quero o seu perdão, Baek...

– Você já o tem a mais tempo do que imagina. – dissera baixo e tranquilo, voltando a ter o controle de si mesmo aos poucos.

– Não só isso... Eu quero que tenhamos de volta aquilo que tivemos, toda cumplicidade, toda amizade, todo o amor.

– Você me tem na palma de suas mãos, mas como ficará então sua questão com Kyungsoo?

– Sabe... nós tivemos algo muito bonito, mas acabou tão rápido quanto um piscar de olhos. Ele me procura pra falar de Jongin e eu o aceito de braços abertos.

– Eles se reconciliaram, eu vi em minhas cartas. Pode acontecer a qualquer momento...

– Isso é muito bom, mas e quanto a nós?

Chanyeol se levantou, fazendo assim surgir fogo no brilho de seu olhar e pequenas figuras encantadas de fogo em seu cabelo, lembrando a Baekhyun a maravilhosa noite que passaram juntos a tempos atrás.

– Você ficou muito bom com o fogo.

– Eu andei treinando – deu de ombros. – Você não faz ideia das coisas que tenho aprendido; feitiços, magias, encantamentos. Kyungsoo tem me ajudado muito com isso, estou cada vez melhor.

Baekhyun levantou-se e pôs-se a sua frente, o olhou sorrindo e acariciou seu rosto agora corado e cheio de vida.

– Percebo uma grande mudança em você. – Chanyeol colocou as mãos em sua cintura e o fez recuar até estar novamente sentado sobre a cama.

– Já estava mesmo na hora. – disse antes de selar seus lábios aos alheios em um beijo calmo e lento.

 

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Os desejos das sombras VIII: Quando suas mãos finalmente tocam as minhas

 

Kyungsoo estava debruçado sobre a mesa da sala de estar à espera de Jongin. Agora não se passavam das dez da manhã, mas alguns circenses já haviam passado sorrindo por si, em especial harlequim e anfitrião, o vidente e o piromaníaco.

Chanyeol estava todo sorrisos, o cumprimentou calorosamente enquanto Baekhyun apenas lhe lançou um largo sorriso como se dissesse que agora tudo estava bem. Uma parte de si se alegrou como nunca ao saber que ao menos os dois haviam se acertado definitivamente. Jongin ficaria chateado, mas era sua parte reconquista-lo e fazê-lo voltar a se lembrar dos bons momentos vividos juntos. 

 O mimico parecia ainda estar em seu quarto, dormindo como sempre fazia até as onze da manhã. O ilusionista deixou escapar um suspiro e pôs-se a apertar o vidro com o feitiço. Não teria escolha, assim que o visse passar por si o iria parar e lhe entregar como um bom amante faz antes de dar o último adeus.

Levantou-se sem muita paciência e colocou-se a andar em direção ao quarto do mais novo. Ao chegar, bateu a porta e esperou pela voz rouca do moreno dizendo “espere um pouco.”

Quando Jongin abriu a porta e deu de cara com Kyungsoo, seu cenho se franziu.

– O que faz aqui?

– Eu não tenho escolha Jongin... – disse rápido, sua mão direita abriu a tampa da garrafa de vidro e, em um impulso, jogou todo o liquido ali presente no rosto de Jongin. 


Notas Finais


O próximo capitulo é o último, preparados?
mereço comentários?


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