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História Obliviate - Uma fanfic Dramione - Capítulo VI - Incarcerous


Escrita por: daenerystico

Notas do Autor


Divirta-se! E sempre leia as notas finais. ❤️💚

Capítulo 19 - Capítulo VI - Incarcerous


Fanfic / Fanfiction Obliviate - Uma fanfic Dramione - Capítulo VI - Incarcerous

MÚSICA: Sufjan Stevens - Mystery of Love

— Quantos mortos? — Lúcio estava ainda mais debilitado do que quando eu havia o encontrado na casa dos Malfoys, quando ainda éramos fugitivos, quando Belatriz me torturou. Só que algo em sua alma estava mais puro, como eu nunca havia visto nele. — A última vez que me disseram, havia parado no terceiro.

— Dez. — Eu o respondi. Isso significava que fazia um tempo que Draco havia o visitado pela última vez.

— Quantos do mundo bruxo?

— Um. — Eu o respondi de novo.

— Três. — Ele me corrigiu, e eu franzi o cenho em dúvida. — Não devemos isolar somente vítimas diretas. Nathan Morgan também foi. E August Watson provavelmente será o próximo.

— É o que eu temo, senhor. Que existam próximos.

— Não. Você teme que você seja a próxima. Só que não é só isso, não é?! Você teme que você seja a próxima, e que o assassino seja o meu filho.

— Então eu vou ter certeza de que ele é outra vítima sua. — Ele tocou no meu ponto fraco, e eu toquei no seu.

— Minha vítima? Não há muito o que eu fazer daqui.

— Você já fez, senhor. Desde o momento que ele nasceu.

— E você é a salvação dele? — Ele me perguntou com um sorriso irônico, se aproximando mais do paredão, e concomitantemente de mim. — Pessoas não mudam.

— Exato. E quando eu entendi isso, eu soube que Malfoy nunca foi uma pessoa destinada às trevas.

— E isso foi desde quando?

— Desde que ele não conseguiu matar Dumbledore.

Eu achei que Lúcio iria explodir, mas ele abriu um sorriso e, em seguida, começou a rir. Algumas gargalhadas costumavam ser raras em Azkaban, e houve quem dissesse que ali a felicidade era extinta. Pelo menos eu soube ver que ele se mantinha lúcido.

— Porra. O garoto é bom mesmo. — Ele disse, como se estivesse me estudando e falando sozinho.

— Bom no que? — Eu questionei, confusa. — Do que você está falando?

— Pergunte a ele.

Foi a primeira vez que Lúcio parou de me olhar, e se direcionou para a pilha de livros na sua cela.

— Ele nunca me diz nada.

— Então talvez seja para você não se meter.

— Isso não é só sobre mim.

— Isso é só sobre vocês. Uma morte trouxa e o Ministério já paralisou. Duas mortes, e me aparece uma nascida-trouxa me humilhando mais do que eu já estou nessa cela...

— Eu não estou te humilhando, senhor. — Ele começou a exaltar o tom da sua voz, se aproximando do paredão.

—… Vem aqui me dizer o quanto se aproveita do meu filho, depois de me prenderem nesse inferno…

— Senhor!

— Eu te mato se você gritar comigo! — Ele bateu o seu punho no paredão e o barulho foi ainda pior do que eu imaginava.

Ele estava há centímetros de mim, com ódio, os punhos cerrados contra o paredão, esperando que esse pudesse sumir para que ele acabasse comigo. Mas ele não podia.

— Não, não mata. — Eu arrumei minha postura depois do susto, e não deixei que ele soubesse se estava me intimidando ou não. — Não me mata porque está preso. Não pode me matar e está preso, justamente porque quis me matar, e a todos iguais a mim. Talvez se lembre disso.

— E mesmo me jogando em uma gaiola, trouxas continuam sendo mortos. — Ele abaixou o tom de voz enquanto respirava fundo, a fim de manter o controle. — Pense, garota, o problema nunca foi a morte. Foi o poder. Em tempos que o Lorde das Trevas exigia ordem, transparência, justiça, aqueles que temiam a falta de poder se voltaram contra, não por empatia, mas por sede de poder. Me responda, senhorita, a guerra acabou?

Quando ele me perguntou, eu passei a raciocinar sobre os seus dizeres. Quando a Ordem se posicionou contra Voldemort, eu sentia que era por apoio aos trouxas e nascidos-trouxas, mas eu nunca pude saber exatamente porque homens e mulheres do Ministério escolhiam seus lados e como isso acontecia. Era por empatia mesmo?

— Me responda, senhorita Granger, que paz temos? Que paz os trouxas têm? Já parou para observar o mundo que eles vivem? Guerras, bombas nucleares, ataques entre países, fome, genocídio, holocaustos-

— O que isso tem a ver, senhor? — Eu o interrompi.

— Tudo. O fato é que você sempre imaginou que a aniquilação contra os trouxas vem sempre dos bruxos, bruxos esses que vocês imaginam com uma máscara, acordando e saltando de país em país prontos para causar uma chacina, mas em que ponto enxergamos a situação por outro ponto de vista? Quando bruxos eram caçados e torturados por trouxas, quando o medo ferveu o ódio dos trouxas, e bruxos foram cercados pela ameaça. Me diga, senhorita Granger, o que os ministérios e governos fazem com uma ameaça? — Ele se aproximou e não me deixou responder. — Eles matam a ameaça. Como mataram o Lorde das Trevas. Como matam os trouxas diariamente.

— Vocês querem matar os trouxas, não o governo.

— Então olhe para trás, minha querida. O holocausto, a explosão em Hiroshima e Nagasaki, o terremoto de Shaanxi, os atentados de 11 de setembro. Todos considerados como guerras entre países ou desastres naturais, mas quem iria acreditar que foram bruxos do governo, os considerados heróis da pátria, quem iria acreditar que os bruxos que prenderam Voldemort foram os mesmos que programaram esses ataques para eliminar os trouxas aos poucos?

— Eu não estou entendendo-

— Claro que não. Tem muito do que você não entende, e muito do que não sabe. Aposto que não sabe que meu filho presenciou a garota matando o próprio pai-

— Garota?

Dessa vez foi eu quem o interrompeu. Era uma garota. Draco mentiu, o garoto que ele achava que era o assassino não era um homem, era uma mulher.

Lúcio riu da minha confusão.

— Você não sabia que era uma garota? E dizem que sou eu que estou preso.

Eu me virei sem respondê-lo, sem encará-lo e sem me despedir dele. Eu já havia recebido o máximo de respostas que eu aguentava, e saber que o suposto assassino era uma mulher mudava tanta coisa.

— Fique longe do meu filho! — Lúcio gritou de sua cela quando eu já estava no final do corredor.

“Meu filho presenciou a garota matando o próprio pai”. Ele tinha dito que nunca mais havia a visto desde que eram crianças. Suas palavras ecoavam na minha cabeça enquanto eu me dirigia para fora do presídio onde eu pudesse aparatar.

Crac.

Quando eu apareci na minha casa, eu abri a porta e corri para o meu quarto. Por um minuto eu havia esquecido que Draco estava lá, e foi assustador encontrá-lo acordado, de frente para a porta e próximo de mim.

Ele sabia.

x

Passamos bons segundos nos encarando, na escuridão entre o meu quarto e o corredor. Eu tentava decifrar o que ele estava sentindo, mas eu não conseguia conter o que estava dentro da minha cabeça, o que me machucava, o que eu sabia, o que eu sabia dele.

Me aliviou perceber que ele não estava decepcionado, ou bravo, mas me assustou saber que ele estava desesperado. Ele se aproximou para tentar tocar em mim, e eu queria corresponder a sua tentativa, mas eu ainda precisava cutucá-lo, entender se eu estava abraçando alguém que eu podia confiar.

— Não… — Eu me afastei dele, e passei por ele até que eu pudesse entrar no quarto. Ele me seguiu com pressa.

— O que ele lhe disse?

Então ele de fato sabia que eu havia encontrado o seu pai. Talvez tivesse deixado que algum funcionário o avisasse das visitas que Lúcio recebia, ou ele sentia cada emoção, ação ou sentimento que passava por mim.

Eu não consegui respondê-lo, porque eu ainda não havia tido tempo de assimilar, então ele continuou dizendo:

— Você sempre diz que eu faço as coisas sozinho, que eu nunca falo sobre nada, que tudo é sempre envolto de mim. E aqui está você, fazendo exatamente a mesma coisa.

— Isso não é verdade-

— Você foi visitar o meu pai!

— Me desculpe… — Eu pedi quando notei que ele estava desesperado.

— Eu não quero suas desculpas, você não me fez nada, eu quero saber o que há de errado-

— Você não me disse que era uma garota.

Eu o interrompi enquanto me apoiava sobre minha cômoda e esperava pela resposta dele, mesmo que não houvesse muito o que responder. Eu não sabia o que eu queria, eu só o queria, e eu não sabia que era tão complicado.

Draco deu um longo suspiro, e ele estava pronto para começar a falar, mas eu o interrompi de novo:

— O que eu quis dizer é que… Não que você deva me dizer nada… Esse é o ponto, você não me deve nada, eu que sou metida a investigadora, eu que sou metida a alguém que quer fazer o melhor de tudo, e eu não sei nem por que eu estou tão brava e triste-

— Ela se chama Delphini. Como eu disse, era filha de uma amiga da família.

De novo. Ele estava se abrindo para mim de novo. E eu de novo estava presenciando o quanto se abrir para mim o incomodava, doía. Eu doía tanto assim para ele?

— Você viu ela matando o próprio pai. — Eu comentei depois que ele havia ficado em silêncio.

— Sim. Isso é um pouco do que eu disse sobre você me odiar se eu te contar tudo o que eu fiz, mas eu quero contar, oh, como eu quero ser sincero com você sobre tudo, Hermione. Só que eu tenho medo.

— Eu não vou te odiar, Draco.

— Por quê?

— Porque é impossível.

Quando eu terminei de dizer, ele passou alguns segundos cabisbaixo, como se estivesse tentando suportar o sentimento de uma dor, uma decisão muito difícil de tomar, ou como se ele não soubesse o que fazer.

Depois que ele respirou fundo, ele finalmente me olhou nos olhos e me ofereceu sua mão. Eu poderia ter temido, ou até recusado, mas medo nenhum vinha para mim quando se tratava dele. Eu confiava nele, e isso poderia ser a minha dádiva, ou a minha ruína.

x

Havíamos desaparatado em um restaurante de comida chinesa que eu chutei também ser trouxa. O estabelecimento parecia muito maior por fora do que por dentro, e a luz ambiente fazia tudo parecer extremamente complicado de enxergar. Havia tanto burburinho que eu entendi por que Malfoy havia escolhido ali: raramente alguém do mundo bruxo enxergaria ou escutaria alguma coisa.

E ele havia acertado. Já era noite, e eu estava faminta, então logo que nossos pratos foram servidos, ele começou:

— O Ministério existe para te proteger, mas eles nunca te dizem o que acontece quando você investiga demais. Não temem os trouxas, e escondem tudo deles. Sempre foi tudo sobre como os trouxas odiavam e temiam os bruxos, os caçavam e os matavam, e foi daí que o efeito contrário surgiu: Eram bruxos odiando trouxas; bruxos odiando nascidos-trouxas, e todos aqueles que não tinham o sangue puro bruxo.

“Voldemort tinha uma ideia diferente de dominação. Se tratava do poder não só sobre os trouxas, mas sobre os bruxos fracos em si. Grindelwald também. Só que o Ministério foi mais longe. Não precisavam de alguém sentado em um trono, castigando-os e escravizando-os. Eles só precisavam do caos, e um bando de trouxas sedentos por dinheiro e poder para brigar pela culpa. E é muito mais simples”.

“Um bruxo com uma varinha enfeitiça soldados e pilotos e os ordena a atacar uma base americana em Pearl Harbor, boom, dois mil trouxas mortos, mais de dois países em conflito e nenhum bruxo ferido. Já te disseram que com menos de dez bruxos você consegue criar uma explosão ainda maior que a bomba atômica? Um obscurus é o suficiente para devastar uma cidade. E sempre a culpa vai para o trouxa, porque trouxas não conhecem os bruxos, não conhecem magia, então o que mais teria causado essas atrocidades?”.

— Qual é o seu ponto? — Eu perguntei, com menos fome do que antes.

— E se os Ministérios e governos bruxos, em conjunto, tivessem proporcionado pelo menos a maioria das tragédias que aconteceram no mundo, a fim de distrair ou extinguir os trouxas?

Aquela pergunta me assustou porque era absurda demais para analisar, só que aos poucos ela foi ganhando vida. Primeiro de Lúcio, e agora de Draco…

— Você está me dizendo que o Ministério hoje-

— Não. — Ele me interrompeu. — Pelo menos não até hoje. Eu não acredito que isso tenha ficado assim até hoje. Só que antes eu desconfiava que dentro do governo ainda existia um interesse em continuar com essa política, mesmo que viesse de um pequeno grupo de pessoas, uma máfia-

— Como você sabe?

— Porque Delphini me disse que estava sendo perseguida por esse grupo.

Ele respirou fundo e bebeu um gole do que antes eu achei que fosse água, mas agora aparentava ser saquê. Então ele continuou:

— Depois que brigamos quando éramos crianças, meus pais não quiseram que ela nos visitasse mais. Só que anos depois, quando Voldemort estava no auge da guerra, uma pessoa havia nos denunciado um nascido-trouxa de uma família de bruxos. Tivemos que acompanhar Voldemort e quando chegamos, lá estava ela, entregando o próprio pai trouxa. Ela mesmo o matou, na nossa frente.

“Voldemort se surpreendeu quando ela revelou que não queria fazer parte dos comensais ou seguidores. Uma coisa que não contavam é que, exceto pelos seguidores mais próximos, Voldemort aceitava qualquer um que não quisesse segui-lo, desde que não lutasse contra. Só que ela queria algo em troca. Voldemort havia dito que uma simples vida trouxa não o faria lhe obrigar a fazer favores a ela, mas a surpresa veio como um choque, tanto para nós quanto para Voldemort: Sua mãe havia sido responsável pela libertação de Bartolomeu Crouch Jr, e não Bartô Crouch. Em seu julgamento, ela foi responsável por declará-lo inocentado. Disse que acreditava que, depois da “morte” de Voldemort em 1981, todos haviam direito de uma segunda chance. Ela só não sabia que ele seria o pivô para o renascimento de Voldemort. O caso foi tão polêmico que o Ministério precisou abafar e desde então só diziam que Bartô ajudou-o a fugir, e que Voldemort o procurou para ajudá-lo a voltar”.

— O que aconteceu com a mãe dela?

— Morta, pelo marido. Ele foi um dos motivos pelo qual Delphini pegou desgosto pelos trouxas, e ainda mais, os odeia. Um relacionamento abusivo entre o seu pai e sua mãe resultou no dia que ela se matou. Por isso ficou tão fácil para Delphini entregar o próprio pai e matá-lo.

“Dias depois ela acompanha a guerra, entrega o pai e consegue não só a atenção de Voldemort, como um favor”.

— O que ela pediu?

— Controle do Ministério. Só que de maneira passiva. Ela não queria ser Ministra, nem uma autoridade, ela só queria informações, acessos, acessibilidade com todos de lá dentro. Ninguém nunca soube o porquê, nem Voldemort.

— Mas agora você sabe. E só você. Por quê?

— Porque eu fui o único que, depois de todo esse tempo ela procurou.

Eu engoli seco, mas não o interrompi porque ele tinha muito mais para me dizer.

— Ela havia me dito que tinha conseguido. Ela me explicou sobre um grupo interno e infiltrado no Ministério, com o objetivo de tomar controle dos trouxas através da aniquilação. Criavam catástrofes e tragédias que eles acreditavam serem resultados de guerra, ameaça entre eles, desastres naturais. A maneira como o Ministério da Magia e os outros corpos mágicos de outros países mantinham contato com os governos trouxas e recebiam permissão para entrar em ação.

“Então ela me disse que precisava fugir, até que pudesse informar alguém para que lhe desse proteção. Disse que fazia um mês que estava no Brasil, mas que teve que fugir naquele dia e a única pessoa que lembrou foi de mim”.

— Até que um tempo depois o Ministério veio te procurar.

— Não. — Ele soltou uma risada fraca e verdadeira. — Eu fui procurar o Ministério. — Ele de repente passou a procurar algo nos bolsos. — Quando você é alguém como, viveu algo como eu, você aprende a não confiar em ninguém.

Draco levantou na altura dos olhos um frasquinho com um líquido que eu reconheceria até de longe. Veritaserum.

— Se algo desse errado eu tinha que tomar cuidado. Enquanto ela estava na minha casa, eu a ofereci uma bebida e algo de comer para se acalmar, e foi a única coisa que me permitiu misturar com a poção.

“De começo eu fui lhe questionando coisas que ela me responderia verdadeiramente sem perceber. Até que eu teria que tomar cuidado nas últimas perguntas, porque a última teria que me dar detalhes de tudo, e eu também tinha que me preparar caso ela me atacasse”.

“Só que ela percebeu cedo demais. Ela me atacou dentro da minha casa e eu consegui me proteger, mas o impacto foi tão forte que eu desmaiei, e quando eu acordei eu fui atrás dela, mas ela já havia fugido”.

“Então eu corri para o Ministério e disse que eles estavam prestes a salvar milhares de vidas se eles me deixassem confirmar alguns fatos. Com a ajuda deles eu encontrei os poucos documentos que sobraram da era de Voldemort. Delphini passou anos lá dentro, e não encontrou nada, nada. Nenhum grupo, nenhuma conspiração”.

“Eu ofereci ao Ministério as informações que eu havia coletado das respostas que ela me deu com a poção, e dias depois eles me disseram que um ataque estava pronto para acontecer em Beslan, no extremo sul da Rússia, e tudo o que eu lhes havia fornecido indicava que havia uma bruxa parecida com Delphine suspeita de estar envolvida no caso, se eles não tivessem chegado antes para impedir”.

“O caso é: Delphine não estava fugindo desse grupo misterioso. Ela estava tentando encontrá-lo, e nada havia sido mais desapontante do que acreditar que eles não existiam. Então ela estava tentando criá-lo. Ela só não imaginava que teria eu para impedi-la”.

— Por que ela o considerou? — Eu perguntei, com medo da resposta.

— Ela precisava de alguém que a ajudasse, e ela sabia que eu a ajudaria. Ela sabia que eu salvaria a vida dela, não importa o porquê.

Essas últimas palavras quase se fecharam na traquéia de Draco, e isso me preocupou. Ele estava quase chorando.

— Por quê? — Eu perguntei, mas ele não me respondeu de imediato. Ele estava tremendo. — Por que, Malfoy?

Ele me ignorou uma segunda vez, então eu teria que ajudá-lo a me responder.

— Não foi esse favor que ela queria de Voldemort, não é?!

— Foi. — Ele pigarreou antes de finalmente dizer algo. — Mas não o único, nem o principal. Ela queria um voto perpétuo. Comigo. Na testemunha de Voldemort, dos meus pais, de todos os outros comensais.

— O que ela o fez prometer?

— Que eu nunca deixaria ninguém matá-la. Se eu não cumpro, eu morro.

Isso era complicado demais, porque colocava Draco e todos em uma posição de que, independentemente do que acontecesse, ninguém poderia matá-la.

— Mas na época era muito mais fácil eu oferecer minha vida para qualquer coisa. — Ele continuou.

— Por quê?

— Porque eu mal tinha motivo para querer viver. Agora…

Draco encostou sua mão em cima da minha e me fez querer chorar. Chorar pela história, pela situação, por ele em si, pelo tanto que eu o amava.

Só que os meus pensamentos acabaram sendo distraídos pelo homem que estava na mesa atrás da nossa. Quando eu percebi, ele estava me encarando com um sorriso malicioso.

Eu tentei disfarçar, mas Draco notou o meu incômodo e se virou para tentar entender para onde eu estava olhando. Eu achei que o homem fosse disfarçar, mas ele continuou nos olhando, mesmo quando Draco se virou para olhá-lo.

— Algum problema? — Draco perguntou.

— Eu é que pergunto. — O homem disse, com uma voz que me parecia estranhamente conhecida, mas a luz ambiente me impedia de enxergá-lo melhor. — Eu é que pergunto se a sua presença não está incomodando a senhorita.

— Estamos perfeitamente bem. — Draco respondeu.

— Eu prefiro escutar pela boca desse lindo anjinho.

Eu não consegui vê-lo direito, mas eu consegui ver o quão nojento era o olhar dele sobre mim. Eu também senti Draco enfurecer, porque sua mão estava apertando a minha e ele não parava de olhar o homem.

Quando Draco ameaçou respondê-lo, o homem o interrompeu de novo:

— Eu não acredito. Eu não havia reconhecido. Você é Hermione Granger. A amiga de Harry Potter.

— Adeus, senhor. — Eu disse ao homem, tentando virar Draco para mim.

— E você. — Ele apontou para Draco. — Você é Draco Malfoy. O comensal da morte. Achei que vocês odiavam nascidos-trouxas.

— Senhor, por favor- — Eu tentei impedi-lo de continuar falando, mas ele me interrompeu.

— Só que você mal conseguiu matar Dumbledore. Duvido que consiga matar uma sangue-ruim.

Eu previ que a qualquer momento Draco sairia do controle, e esse foi o estopim para ele se levantar, só que ao invés de atacá-lo com algum feitiço, Draco avançou e jogou o homem no chão. Antes que ele pudesse fazer qualquer besteira, um raio de luz nos interrompeu logo atrás das mesas, mas só eu notei.

— Quem é você? — Draco perguntou, com ódio e desespero nos olhos.

— Eu… Espera… O que está acontecendo? O que eu to fazendo aqui? — De repente o homem havia mudado sua postura, parecia que tinha acabado de acordar enquanto Draco estava em cima dele.

Eu só tive tempo de notar que o raio de luz era um flash vindo da direção de um outro homem com uma câmera fotográfica, e nesse momento todos do restaurante estavam nos olhando.

— Todos se acalmem. Voltem para os seus lugares. — Um terceiro homem se levantou de uma mesa mais escondida, apontando para a gente. — Vocês dois, larguem esse homem. Venham comigo.

x

— O nome disso é mídia. Confundem bruxos e inocentes, e os pagam para distorcerem história, assim eles têm material influente. — Disse o homem que havia nos chamado no restaurante. — Aquele provavelmente era um nascido-trouxa, hipnotizado por algum feitiço para te irritar e para você atacá-lo para que eles tirassem a foto da cena.

Estávamos eu, Draco e ele do lado de fora do restaurante, em um beco da saída de emergência onde nós conseguiríamos conversar. Havíamos descoberto que seu nome era Isaac Green, e que ele trabalhava para o Ministério no departamento de cooperação internacional em magia.

Quando Draco o escutou, ele bufou em um suspiro árduo.

— Merda.

— Draco Malfoy, visto atacando um bruxo nascido-trouxa em plena investigação de uma série de mortes de trouxas. Eles só estavam esperando que você caísse na armadilha deles. — Isaac se virou para mim. — E eles aparentemente já sabem de você, garota. Vão te usar para atacá-lo.

— Eles não farão porra nenhuma com ela. — Draco o interrompeu.

— Draco! — Eu gritei, a fim de tentar acalmá-lo.

— Vou usar meu conselho de sempre, criança. Fujam. — Isaac disse para mim. — Você é a isca perfeita para seja lá quem estiver fazendo isso. E se não essa pessoa, não vai demorar muito até as autoridades colocarem Draco como culpado para acalmar a população.

— Eu não vou fugir. — Draco o respondeu.

— Então aprenda a ter controle. Você não pode sair por aí atacando qualquer um que te insultar-

— Eu não o ataquei porque ele me insultou. Ataquei porque ele insultou Hermione, e por esse motivo achei que ele estivesse com… O assassino.

Draco respirou fundo antes de pensar em revelar coisas que não devia. Eu queria tanto conseguir protegê-lo, livrá-lo daquela nuvem negra que nunca o deixava.

— Fique em casa hoje, garoto. — Isaac terminou dizendo. — Eu preciso voltar ao Ministério. Vou ver o que consigo descobrir desse jornalista e se há jeito de abafarem o ocorrido de hoje.

— Obrigada, senhor Green.

Eu terminei dizendo ao homem indo embora uma vez que Draco ainda estava absorto por tudo o que tínhamos passado. Eu também fiquei me perguntando a coincidência de um funcionário do Ministério estar no exato restaurante trouxa que estávamos, mas acabei me distraindo ao ver Draco também se direcionando para ir embora. Eu logo segurei a sua mão e o impedi.

— Hey…

— É melhor você ir para casa. Já está anoitecendo. — Ele me disse, sem olhar nos meus olhos. Ele estava se fechando de novo para mim, e eu via o quanto aquilo havia o ferido.

Eu sentia a ternura e a preocupação em sua voz, mas odiava quando ele se fechava para mim.

— Me deixe ficar essa noite com você. — Eu pedi, mas ele não me respondeu. Eu sabia que ele queria negar. — Por favor…

Eu me aproximei, tentando convencê-lo aos poucos e ele por fim me abraçou.

— Me desculpa. — Ele pediu, com um choro na voz.

— Cala a boca.

Quando eu terminei de abraçá-lo com toda a força que eu tinha, eu nos aparatei para a casa dele.

Eu o queria, mas eu sempre o queria, meu corpo precisava dele e eu sentia que ele precisava de mim.

— Oh, baby. — Ele sussurrava entre beijos e suspiros enquanto passeava a mão no meu corpo ainda na sua sacada.

Draco estava desesperado, faminto, sem rumo, e tudo isso refletia em seus olhos, suas ações quando estava comigo, quando queria me foder até o fim do mundo chegar. E eu queria respondê-lo, eu queria ser aquilo que ele precisava.

Eu abri a porta da sacada enquanto o puxava para dentro do seu quarto, isso depois de ele ter tirado metade da minha roupa.

Havia sido uma das noites mais pesadas que havíamos tido, e uma das transas mais emocionais, mas era onde nos purificávamos, nos movíamos a uma bolha só nossa que nos fazia querer ficar lá para o resto da vida.

Não importava o que fosse acontecer, tínhamos aquela bolha e ela seria nossa necessidade sempre. Sempre precisaríamos um do outro, e sempre escolheríamos um ao outro.

Apesar disso, eu nunca conseguiria oferecer mais felicidade do que aquela que Draco conseguia absorver. Isso eu já sabia, porque eu sempre via o quão fácil era quebrar essa barreira e transformar sua esperança em uma incógnita. Bastava uma palavra, um momento, uma lembrança e ele já estava assim, cabisbaixo, fechado, machucado. Eu sentia no seu coração. Me deixe ajudá-lo. Eu conseguiria?

Disso eu não sabia, mas eu sabia que uma parte de mim já estava o fazendo, que uma parte de mim era o estopim para ajudá-lo, para trazer de volta a felicidade que ele merecia ter, porque enquanto eu o aninhava em meus braços para que pudéssemos dormir, ele aproximou seu nariz do meu pescoço e, de olhos fechados sussurrou:

— Eu te amo.

x

Uma dose de felicidade em meio a tanto caos destacava que nem vinho em água. Era o que a esperança costuma fazer quando você acha que não tem mais como ser dar certo. E comigo tinha dado certo, e eu nunca estive tão feliz por isso. Tê-lo em meus braços, acordar no seu abraço e presenciar a suavidade da sua alma enquanto ele dormia. Era um momento vulnerável de Draco que eu tinha a honra de poder ver. Seu rosto ficava tão tranquilo dormindo, mesmo quando ele deixava os seus lábios se separarem um pouco para permitir respirar pela boca, e um ronquinho muito baixo se transformava em um dos meus sons favoritos.

E quando os seus olhos se abriam pela primeira vez, se acostumando aos poucos com a claridade, e era quando seu olho chegava ao extremo da profundidade. De começo era um sofrimento no meu coração ver que o seu primeiro olhar do dia expressava medo, talvez porque Draco tivesse um histórico de meses e anos que ele dormia sem saber se acordaria no dia seguinte para morrer, sem saber se acordaria no dia seguinte para matar, e esperar que o perigo o acompanhasse onde quer que estivesse. Só que logo em seguida, quando o seu olhar me assimilava, ele sorria e voltava a soltar a respiração que havia segurado logo depois de ter acordado.

— Bom dia.

Ele buscou a minha mão e a levou nos lábios para um beijo.

— Hey. Você está bem?

— Só um pouco atrasada. — Eu apontei para o relógio no quarto dele.

Era segunda, e precisávamos trabalhar.

— Será que dessa vez o Shacklebolt te demite?

— Eu espero que não.

— Eu espero que sim. Ai eu posso ter você por mais alguns segundos.

Draco se sentou sobre a cama e me derrubou a fim que eu deitasse com ele.

Depois de algumas risadas, eu o convenci a me deixar sair para conseguir chegar na minha casa a tempo de me trocar e ir direto ao Ministério, já que havíamos combinado de nos encontrarmos à noite depois do jantar porque ele estaria até tarde da noite no estágio do St. Mungus.

Eu tentei ser prática na hora de me arrumar, mas eu ainda precisei tomar banho, tomar café e limpar e arrumar as coisas do Bola de Neve, tarefas práticas que não me tomaram tanto tempo até que eu pudesse me direcionar para o local de trabalho, só que imprevistos sempre tendem a me surpreender, e quando eu desaparatei no saguão do Ministério, parecia que alguém já estava me esperando.

— Rony?

Eu quase havia ido de encontro a ele quando sai da rede porque raramente costumavam barrar as entradas do saguão nos dias comuns, mas aquele não era um dia comum. Um dia com Rony no Ministério não seria um dia comum.

Diferente do que eu achava, Rony não estava esperando eu chegar. Ele foi pego de surpresa quando eu o vi, mas ele não pareceu tão assustado quanto eu, só mais alegre ao se virar e me ver. Sendo assim, ele se aproximou e me abraçou.

— Oh, eu senti tanto a sua falta.

— O que está fazendo aqui? — Foi a única coisa que eu soube responder, só que eu sabia que havia algo de estranho.

O saguão estava mais agitado do que no dia que Ellen Thompson morreu e foi noticiada, mas parecia que estava mais no controle. Eram só pessoas curiosas que fofocavam entre os funcionários enquanto uma porcentagem bem alta de aurores fazia presença ali dentro, inclusive Rony.

— Recebemos uma missão em campo, pela primeira vez. Cooper nos instruiu a acompanhar a prisão do assassino da marca negra.

O assassino da marca negra. Ele estava se referindo a…

— Espero, o que? — Eu perguntei, assustada.

— Eu achei que íamos falhar. Harry ficou em choque quando o viu, porque até estarmos lá Cooper não havia dito nada, mas eu já sabia que ele era suspeito. Eu não sei como ele ainda não havia sido preso antes.

— Ele? — Eu insisti. Se estivéssemos falando da mesma pessoa, era uma mulher, não um homem.

— Sim, o assassino de todas as mortes dos trouxas no qual você tinha nos falado.

— Descobriram quem é? — Eu perguntei.

Eu estava completamente confusa enquanto Rony parecia alegre demais, e eu deveria estar, só que nada fazia sentido.

— Sim, descobriram. E você vai ficar tão chocada quanto Harry, ou tão feliz quanto eu.

E foi quando eu vi.

Havia pelo menos uns oito aurores em volta do acusado, todos afastados pelo menos um metro e com as varinhas erguidas enquanto atravessavam o saguão. Da ponta de suas varinhas um cordão quase transparente ia até o acusado e o rodeava como se fossem cordas de ar o prendendo. Só tinha uma pessoa o segurando nas mãos e o acompanhando, e eu percebi que era Harry, tão assustado e preocupado quanto eu.

O acusado estava cabisbaixo e rendido, com as mãos abraçando o seu corpo enquanto as cordas quase penetravam sua pele. Eram muitas. Ele estava submetido até o momento que ele tirou os olhos do chão e me encarou, e foi quando ele arregalou os olhos e ameaçou falar algo.

Incarcerous!

Um dos aurores reforçou o feitiço, mas dessa vez na direção dos lábios do acusado a fim de mantê-lo quieto quando a corda de sua varinha tampou sua boca, mas eu não havia conseguido escutar o que ele havia dito. Eu não conseguia escutar nada, e eu parecia estar tão presa e imobilizada quanto ele. Porque eu estava.

O homem acusado, ali preso, o homem que estava seguindo para julgamento, o homem que eles haviam prendido, que Rony e Harry haviam sido mandados para prender. Esse homem era Draco Malfoy.


Notas Finais


Olá, lindos Dramioners! Vamos lá:

— Eu to com muuuuito medo desse capítulo ter ficado MUITO confuso, da história não estar sendo clara, então por favor, se você ficou com dúvida me avisa para eu tentar explicar o que acabou não ficando tão claro! :(
— Também peço desculpas pelo atraso na postagem, eu havia reforçado que eu estava beeeem complicada em relação a tempo, e eu também achei que esse episódio acabou ficando um pouco mal escrito, eu gostaria de ter desenvolvido um pouco mais, então me perdoem desde já. :-/
— Para quem gosta de acompanhar a história com as músicas, o que vocês estão achando das escolhas?
— Eu gostaria de dizer que o nome Delphini não foi uma coincidência na escolha, mas realmente acabou sendo. Não tem ligação com A Criança Amaldiçoada, mas fica a critério de vocês se quiserem imaginar. Hahahahaha

Muito obrigada mais uma vez por continuarem acompanhando e escrevendo, e mil desculpas novamente. ❤️💚


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