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História Obra do Acaso - Capítulo Único


Escrita por: Ibris

Notas do Autor


Como sou pobre e não tenho dinheiro o bastante pra comprar presente agora, vou deixar essa fanfoca JiHope como um primeiro presente <3 Não consegui postar antes de meia noite de ontem, como eu queria, mas saiba que foi feita com carinho :'3 Feliz aniversário de novo, Jones, ficzinha especialmente escrita pro seu aniversário, espero que goste <33
Primeira vez escrevendo uma fic que não seja com personagens originais, então não sei se ficou muito bom. Espero que sim alskdmalsdkml
De qualquer forma, deem o fora das notas. Vão ler, andem <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Ao som do despertador, por volta das sete da manhã de uma ensolarada sexta-feira, Hoseok se espreguiçou demoradamente ainda debaixo das cobertas. Os resquícios do inverno ainda se faziam presentes, tornando a ideia de permanecer ali, se deixando abraçar pelo sono por apenas mais alguns minutinhos extremamente tentadora.

No entanto, levantou.

Nunca seriam apenas alguns minutinhos. Era um rapaz preguiçoso, sabia que se voltasse a dormir seriam no mínimo mais umas duas horas.

Alongou o corpo em um breve exercício matinal, parte de sua rotina, e então seguiu dali direto para o pequeno banheiro na primeira porta à direita após sair do quarto, seu objetivo sendo um banho quente para terminar de despertar e, logo, dirigir-se ao trabalho.

Jung Hoseok não era exatamente aquilo que as pessoas em geral classificariam como bem-sucedido; tendo perdido os pais quando ainda muito jovem, não pode terminar seus estudos e, agora, trabalhava em uma pequena floricultura a três quarteirões do apartamento onde morava para se sustentar. Mas enganava-se quem acreditava que era infeliz. Muito pelo contrário.

Hoseok adorava seu trabalho.

Nada lhe encantava mais do que trabalhar na lojinha do bairro, não apenas por gostar das flores; seu maior encanto com o serviço simples era ver o rosto sorridente de seus clientes satisfeitos. Não importava a idade, Hoseok verdadeiramente acreditava que as flores fossem capazes de trazer alegria a qualquer um, se entregues no momento certo.

E seu trabalho era mediar essa felicidade. Fossem como presentes ou pedidos de desculpas, era seu dever fazer os mais belos arranjos de flores dando o melhor de si.

Ao sair do banho, vestiu o jeans surrado de sempre, a camisa polo branca e o all star converse cano médio preto, saindo de casa logo após dar uma breve penteada no cabelo liso, arrumando os fios em seus devidos lugares.

Não sentia fome, portanto pularia o café da manhã.

Saiu tranquilo e trancou a porta do apartamento, descendo três lances de escada antes de enfim sair do prédio. Deu a volta no edifício para pegar sua bicicleta, pedalando rua abaixo em direção à floricultura.

O vento ainda frio batendo em seu rosto lhe fazia imaginar se não deveria ter levado o casaco, embora o pensamento tenha se perdido em meio a outros desconexos pelo meio do caminho.

Com pouco mais de cinco minutos já estava parando a bicicleta ao lado da loja, não tardando a entrar pela porta da frente. Kim Seokjin, o gerente, arrumava tranquilamente alguns lírios no mostruário, a atenção sendo atraída para o Jung pelo suave sino da porta.

– Bom dia Hoseok, chegou cedo.

O outro apenas sorriu de leve, buscando o avental verde para começar a cortar o caule de algumas camélias.

– Um cliente encomendou um buquê para hoje, achei melhor chegar antes do horário pra arrumá-lo.

– Hm... – Murmurou, distraído com o arranjo das flores – E você está interessado nele?

A pergunta fez com que o rapaz engasgasse, imediatamente encarando Seokjin indignado e assustado.

– P-Por que está perguntando isso?!

– É a primeira vez que você chega cedo por causa de um cliente. – Deu de ombros, sorrindo ladino para o outro. – Só tome cuidado, não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com aquele Taehyung.

Não era novidade alguma para o Kim a opção sexual do Jung, mas ele não se incomodava com isso; levava a situação de forma relativamente tranquila, enquanto não trouxesse problemas para sua loja.

– Não vai acontecer nada. – Comentou, suspirando em seguida – As flores são para a namorada, ele até pediu um cartão comemorativo.

– Então você admite que está interessado. – Seokjin afirmou, sorrindo vitorioso.

Hoseok teria respondido algo, no entanto o sino da porta tomou sua atenção de imediato, principalmente ao ver quem a atravessava.

– Seja bem-vindo!

Anunciou o gerente, rapidamente se aproximando do cliente.

O rapaz agradeceu a atenção do Kim, mas logo foi deixado à vontade e passou a observar algumas das flores expostas nas diversas prateleiras. Os olhos do Jung em momento algum deixaram de observa-lo sorrateiramente, enquanto fingia estar entretido com as plantas em sua mão.

Era... bonito. O rosto ainda contendo traços infantis permanecia quase constantemente com um sorriso suave nos cantos dos lábios, os cabelos arrumados em um estilo um tanto rebelde lhe dando um certo charme. Vestia um terno risca de giz negro, uma maleta em suas mãos.

– Precisa de alguma ajuda?

Hoseok não saberia dizer em que momento exatamente seus pés o levaram até ali, ao lado do rapaz misterioso, mas lhe ofereceu um sorriso tímido ao ter a atenção dele para si.

– Na verdade eu vim buscar um buquê encomendado por um amigo, mas achei as flores tão bonitas que resolvi olhá-las um pouco.

Sentiu um leve orgulho inflar em seu peito com o elogio, afinal, era o Jung quem cuidava de quase todas as flores. Seokjin normalmente apenas se certificava de que ele não esquecesse nenhuma delas, embora as vezes fizesse algum trabalho manual.

Como agora, com os lírios.

– E qual o nome do seu amigo? Posso verificar se o buquê está pronto.

Sugeriu, sentindo um calafrio lhe subir a espinha. Pelo canto do olho, notou estar sendo observado pelo Kim.

E o sorrisinho sugestivo que recebeu dele fez com que um leve rubor lhe subisse as bochechas.

– Min Yoongi. – Respondeu o rapaz – Ele afirmou ter vindo aqui há alguns dias, mas houve um imprevisto e vim buscar as flores em seu lugar.

O sorriso que recebeu do desconhecido o deixou atordoado por alguns instantes, voltando a prestar atenção assim que o gerente se aproximou dos dois, apoiando um dos braços em seu ombro.

Em momento algum o sorrisinho havia deixado seus lábios.

 – O buquê do senhor Yoongi já está pronto, certo? Você o estava verificando agora a pouco.

Como ele sabia disto era uma incógnita para si.

– A-Ah, sim, está. Vou busca-lo agora mesmo.

Sorriu uma vez mais e então se apressou em direção ao balcão, sendo seguido pelo rapaz de terno. Pegou o arranjo de flores que fizera e depositou ao lado da caixa registradora, anexando às flores o cartão comemorativo.

– Só preciso de um documento de identificação seu e de sua assinatura aqui.

O rapaz não hesitou em pegar a carteira no bolso da calça lhe entregando a identidade para que verificasse as informações necessárias. Assinou o papel, e então pegou as flores, ajeitando a mala em sua mão antes de se preparar para partir.

– Obrigado e.... volte sempre.

O outro o olhou pelo canto dos olhos por poucos instantes e, quase imperceptivelmente, sorriu antes de ir embora, o sino da porta anunciando sua saída.

Quase.

– Parece que o nosso cliente nem era tão interessante assim.

Comentou o gerente em um tom brincalhão, já ao lado do Jung, observando a assinatura no documento de confirmação de entrega.

– Park Jimin, então? Parece promissor.

Hoseok se perguntava se o fato de o rapaz de cabelos acastanhados ser seu superior lhe dava o direito de se intrometer desse jeito. Não que realmente se importasse.

– Você viu ele, deve ser algum empresário. Provavelmente tem todas as garotas fofas que quiser, não vai dar atenção a alguém como eu, um simples florista. Vamos nos preocupar com o trabalho.

Tentou desconversar, se afastando e indo cuidar de algumas rosas brancas. Seokjin não permitiu, é claro.

– E se ele for a sua pessoa especial, hm? Você sempre repete isso quando encontra alguém de quem gosta, por que não tentar dessa vez? Não pode se deixar perder novas oportunidades por causa do Taehyung.

Hoseok emudeceu por alguns instantes, parando o que fazia. Aquele nome ainda era um tabu para si.

Não apenas o nome. A existência de Kim Taehyung era um tabu.

Perdera incontáveis noites de sono e derramara rios de lágrimas por ele e, embora já conseguisse sorrir novamente, ainda não o havia superado.

Na verdade, nem sabia se conseguiria esquecer aquele que um dia acreditou ser o amor de sua vida.

– Não estou te dizendo isso como chefe, Hoseok, e sim como amigo. Eu sei que você o amava, mas já está acabado. Siga em frente e encontre outra pessoa. É seu sonho, certo? Achar alguém com quem passar o resto da sua vida.

Não respondeu, simplesmente voltou a trabalhar nas flores à sua frente. Sabia que Seokjin estava certo, sabia de verdade, mas ainda não era capaz de aceitar.

Ainda não estava... preparado.

O resto do dia se seguiu normalmente, a floricultura como sempre tendo um movimento tranquilo. A maioria dos clientes vinham de longa data, muitos deles tendo acompanhado o crescimento do lugar.

Antes uma simples banquinha com poucas flores colhidas no jardim, agora uma floricultura bela e espaçosa, com direito a flores vindas de fora da Coreia.

Kim Seokjin tinha grande orgulho de sua loja, e com motivos.

– Hoseok, já está na hora de fecharmos. – Anunciou, retirando o avental e o pendurando em um gancho na parede.

– Certo! – Respondeu, imitando o gesto do outro.

Não levou muito tempo fechando a loja e logo já se encontrava do lado de fora, a bicicleta o aguardando para transportá-lo para casa. Seu chefe já se encontrava em seu carro, pronto para sair a qualquer momento.

– Não quer uma carona? Posso te deixar em frente ao seu apartamento.

Era uma proposta tentadora. Isso, é claro, se não precisasse ir às compras ainda naquela noite. Como só trabalhava meio expediente aos sábados, precisaria de ingredientes para o almoço.

– Eu adoraria, mas preciso passar no mercado. Fica pra próxima.

Sorriu em um mudo pedido de desculpas, vendo o Kim dando partida no carro e seguindo seu caminho. Montou em sua fiel bicicleta, carinhosamente apelidada de Ms. Hope, e se pôs a descer a rua, dobrando em uma esquina e outra em direção ao supermercado. Sendo aproximadamente seis da tarde, provavelmente chegaria em casa perto das oito.

Fez uma leve careta com o pensamento, não gostava de chegar tão tarde.

 

***

 

Acabou comprando mais coisas do que o planejado e, como consequência, o número de sacolas em suas mãos era maior do que o previsto. Ms. Hope era sempre de grande ajuda, mas, por ser uma bicicleta, carregar compras nela era algo um tanto trabalhoso.

Acabou por amarrar as sacolas no guidão, empurrando seu meio de transporte com as compras, andando o caminho de volta.

Era nessas horas que gostaria de ter um carro, até mesmo uma moto serviria.

Olhou brevemente para a bicicleta, alisando o metal com carinho, contando mentalmente o número de vezes em que ela facilitara sua vida.

Mesmo que algum dia viesse a conseguir um veículo melhor, sabia que não conseguiria se desfazer dela.

– Vamos lá companheira, tentar chegar em casa antes das nove.

Riu baixo ao imaginar o que as pessoas diriam se o vissem falando com a bicicleta.

Já caminhando a algum tempo, seus braços e pernas começavam a doer. Não era um completo sedentário, mas admitia que faltava alguma atividade que o obrigasse a se exercitar mais. Como consequência, parou um pouco para recuperar o fôlego.

Apenas cinco minutos, era o que planejava.

– Hoseok? É você?

Sentiu seu coração parar de bater por alguns segundos, tendo a sensação de que seu sangue havia congelado em suas veias.

Aquela voz era inconfundível.

Não deveria ter parado. De forma alguma.

Com passos apressados tornou a caminhar, sendo impedido de correr pelo peso que empurrava. Se arrependia amargamente de ter se deixado levar pela liquidação de sucos, pois agora o peso das caixas não o permitia aumentar a distância.

– Espera!

Seu corpo tremeu com o toque repentino, firme, e que antes ansiava para ter. A bicicleta antes em pleno equilíbrio indo ao chão em um baque surdo.

– Me solta, Kim. – Sua voz saiu trêmula, assim como o resto de seu corpo se encontrava agora.

– Hoseok, eu sei que fui um idiota, mas por favor me escuta!

O agarre em seu braço permaneceu firme.

– Não temos mais nada o que conversar, Kim Taehyung. – Decretou, a voz agora um pouco mais firme – Eu não vou te perdoar, eu não consigo!

– Não seja assim! Eu sei que a culpa é toda a minha, mas eu realmente te amo!

– ME SOLTA!

Assustou-se ao perceber que acabou por gritar, mais ainda ao ouvir o típico som de passos se aproximando rapidamente.

– Eu acho que ele já deixou claro que vocês não têm mais o que conversar.

Reconheceu a voz de imediato, sentindo a mão do recém-chegado pousando delicadamente em seu ombro, apertando de leve.

– E quem exatamente você pensa que é? – Taehyung claramente irritou-se – Isso é um assunto entre eu e ele.

– Park Jimin, advogado. Posso processá-lo por assédio e agressão física agora mesmo se não o deixar em paz.

O Park puxou de seu bolso um cartão de negócios e mostrou para o Kim, o que pareceu ser o suficiente para que ele largasse Hoseok. Permaneceu por um tempo sem saber exatamente que decisão tomar, mas não tardou em virar as costas e ir embora.

Não sem antes encarar o Jung com um olhar significativo de “Eu ainda vou voltar para terminarmos esse assunto”, obviamente.

Quando se viu sem a presença de Taehyung, Hoseok não conseguiu se manter de pé. Seus músculos repentinamente perderam as forças e seus joelhos se dobraram, apenas não indo ao chão por ter sido amparado pelo Park.

– Está tudo bem? – Questionou, incerto – Quem era aquele cara?

– Um ex-namorado. – Respondeu, respirando fundo em seguida – E-Eu estou bem, não se preocupe. Só... um pouco abalado...

Tentou se firmar novamente, falhando miseravelmente. Jimin em momento algum se mostrou alterado, ajudando-o a se colocar de pé.

– Desculpe por isso, não precisa se dar ao trabalho – Forçou um sorriso, tentando tranquilizar o outro – Só me deixe ali, no chão mesmo, logo mais eu dou um jeito de ir pra casa.

Sentiu um olhar reprovador vindo do advogado, embora não tenha compreendido bem o motivo de recebe-lo.

– Não vou larga-lo desse jeito. Espere aqui um instante, vou trazer o carro; eu lhe deixo em casa.

O Park o soltou ali, sumindo de vista em meio à escuridão de uma esquina logo abaixo de onde estavam, e o Jung aproveitou o momento para reerguer a bicicleta e arrumar as compras.

Agradeceu mentalmente pelo preço dos ovos ter subido, se os tivesse comprado agora estariam esmigalhados.

Já se preparava para retomar sua caminhada quando o carro preto parou ao seu lado e a porta foi aberta, aguardando que entrasse. Olhou brevemente para o interior do veículo e, lá estava, o mesmo sorriso suave adornando o rosto levemente infantil que vira pela manhã.

– Eu lhe deixo em casa.

Não conseguiu dizer não.

 

***

 

– Então esse Taehyung tem te perseguido por todo esse tempo? Por que não chama a polícia? – A voz do Park soara levemente intrigada, sua atenção dividida entre a pista à sua frente e Hoseok.

– Eu não quero causar problemas a ele... – Murmurou, mirando um ponto aleatório na paisagem através da janela – Eu sei que o que ele me fez foi algo cruel, mas não acho que ele mereça ir preso por isso.

Hoseok se sentia mais... leve. Após aceitar a carona do advogado acabou por começar a contar a ele alguns de seus problemas, entrando no assunto principal, Kim Taehyung, mesmo que inconscientemente. Não apenas queria, precisava desabafar aquilo para alguém e Park Jimin havia se mostrado um ótimo ouvinte.

Contou a ele tudo, desde o início.

Taehyung não fora um homem qualquer, ao menos não para o Jung. Haviam se conhecido pouco depois de ele perder os pais em um acidente de carro, aos treze anos, o Kim sendo o único a consolá-lo durante todo o tempo até que enfim superasse a perda. Diferente de Hoseok, Taehyung vinha de uma família abastada e não hesitou em custeá-lo durante o tempo em que procurava emprego, aprofundando ainda mais os laços de amizade que os unia.

Com o tempo a amizade acabou evoluindo para algo a mais, se tornando em um relacionamento amoroso que perdurou por muito tempo. Tempo demais. Hoseok com seus dezoito anos e Taehyung com dezesseis, qualquer um que os visse diria ser o par perfeito; não havia brigas ou discussões, os dois pareciam estar sempre em perfeita harmonia. A diferença de idade em nada interferia, o mais novo se mostrando sempre atencioso e cuidadoso para com o Jung.

No entanto, a verdade era outra.

Por trás de toda a atitude carinhosa, as mentiras começaram a se acumular. De início dizendo serem coisas relacionadas à escola, e então saídas com amigos dos quais sequer havia ouvido falar.

Hoseok logo começou a desconfiar.

Na época trabalhando como garçom em um bar da região em que morava, acidentalmente flagrou o namorado adentrando o lugar com pessoas que nunca havia visto, todos, com exceção do próprio Kim, parecendo estar prestes a entrar em coma alcoólico.

E então, em dado momento da noite, aquilo que mais desejava ser mentira aconteceu:

Não ouviu de segundos ou terceiros, viu com seus próprios olhos a traição.

Ah, aquele momento jamais saiu de sua mente. Tinha vinte e dois anos, mas nem isto o impediu de sair correndo do lugar chorando como uma criança.

Depois disso cortou os meios de comunicação com o outro, trocando de número de celular e largando tudo o que tinha ali; emprego, casa, tudo.

Mudou-se para o endereço em que se encontrava agora, começando a trabalhar na floricultura logo em seguida. Agora com seus vinte e quatro anos, já estava mais do que habituado ao estilo de vida que levava, apesar de que Taehyun facilmente descobriu seu endereço e telefone novos, passando a tentar contatá-lo com alguma insistência.

Não demorou até que chegassem a casa pertencente ao Jung, que se permitiu sorrir largamente para o Park ao descer do veículo.

– Agradeço pela carona, e... por me ouvir. Muito obrigado. – Sorriu novamente, fazendo uma breve reverência em respeito.

– Você não me disse seu nome.

Sentiu um leve rubor tomar conta de seu rosto, se perguntando como havia contado tanto sobre sua vida e se esquecido de algo importante como o próprio nome.

– Jung Hoseok.

Por alguns instantes pensou ter visto um sorriso mais largo no rosto do advogado, mas não podia ter certeza.

Provavelmente era só a sua imaginação.

– Até breve, Hoseok.

E então viu o carro partir, desaparecendo de vista aos poucos.

 

***

 

O sábado amanheceu um pouco mais frio do que o dia anterior.

Seguindo seu ritual diário, o Jung desligou o despertador responsável por acordá-lo, levantou da cama, fez seus alongamentos e então seguiu para o banho, se preparando para mais um dia de trabalho.

Mesmo jeans, uma camisa branca, all star e, desta vez, um casaco cinza por sobre os ombros.

Saiu de seu apartamento, desceu as escadas, pegou a bicicleta e então se dirigiu para a floricultura.

Ao chegar foi recebido pelo gerente, mas não respondeu, indo diretamente cuidar de preparar algumas tulipas para um buquê. Os acontecimentos da noite anterior rondando em sua mente incansavelmente, distraindo-o.

Só voltou a si quando Seokjin tocou em seu ombro, chamando sua atenção.

– Hoseok, está deixando o caule curto demais! – O repreendeu – O que aconteceu? Está muito distraído.

Ponderou por alguns instantes se deveria realmente dizer ou não, o olhar inquisidor do outro lhe encorajando.

– Eu... encontrei com o Taehyung. E com o Jimin.

Por algum motivo o Kim não pareceu tão surpreso. Na verdade, parecia estar um tanto... animado?

– E...? – Incentivou.

– Taehyung disse que ainda me ama, eu fiquei nervoso e Jimin que estava passando por perto na hora fez com que ele fosse embora e então me levou pra casa.

Resumiu o máximo que pode, se perguntando se seria o suficiente.

– Hm... – Murmurou, o mesmo sorriso sugestivo do dia anterior voltando a adornar o rosto do gerente. – E qual sua opinião sobre o Park?

– Ele é um cara legal. – Deu de ombros, voltando a mexer nas tulipas.

Kim Seokjin não pareceu satisfeito com a resposta.

– Apenas legal? Nada mais? Só isso?

Aquilo estava começando a ficar estranho.

– Você está interessado demais em saber minha opinião sobre ele, Jin. Sabe da algo que eu não sei?

Ergueu uma sobrancelha em suspeita, vendo o outro rapidamente se ocupar com um par de rosas vermelhas. Algo estava realmente estranho ali, mas o sino da porta anunciava que não era hora de se preocupar com isso.

Um cliente havia chegado, dando início ao expediente.

 

***

 

As semanas foram se passando preguiçosamente, aos poucos transformando-se em meses.

E, diferente da forma como o tempo parecia se arrastar, a amizade entre Hoseok e Jimin surgiu de modo extremamente rápido e inexplicável; no início o Park aparecia na floricultura com alguma frequência e, com o tempo, aproximou-se mais do Jung.

Hoseok descobriu ser dois anos mais velho que Jimin, o Park tendo vinte e dois anos, e também descobriu que moravam a apenas poucas quadras de distância. Frequentavam as mesmas aulas de dança nas tardes de domingo, em turmas distintas, e tinham um gosto para filmes extremamente parecido.

A aproximação foi quase imediata, principalmente depois que Seokjin o enxotou da floricultura em uma sexta-feira em que o advogado apareceu ali, mandando que saíssem juntos logo de uma vez e ameaçando demiti-lo se continuasse a vadiar durante o expediente.

Sentia que, se dependesse de seu gerente, seu casamento com Jimin já estava agendado.

E começava a achar que não era uma ideia ruim.

A campainha tocando o fez despertar de seus pensamentos, indo abrir a porta e se deparando com um Jimin sem o terno pela primeira vez. Usava uma simples camisa de manga longa branca e uma calça moletom, um sorriso largo adornando seu rosto.

– Está pronto?

– Só preciso pegar minha carteira, celular e chaves.

Voltou para a estreita cozinha onde estivera pensando em coisas aleatórias e catou os itens mencionados, voltando para onde o Park se encontrava.

Sendo um sábado, depois de muita insistência por parte de Seokjin para que tirasse uma folga, haviam combinado de ir juntos durante a tarde a um parque de diversões recém-inaugurado não muito longe dali.

– Vamos.

Chamou, descendo as escadas de dois em dois degraus e seguindo até o carro estacionado ali perto. Olhou na direção em que Ms. Hope estava apoiada, sorrindo tristemente para a bicicleta.

Se ela fosse um ser vivo, estaria se sentindo trocada, definitivamente.

– Hoseok?

Ouviu o advogado chama-lo e logo entrou no carro, esperando que o Park fizesse o mesmo e os levasse até seu destino.

Porque, obviamente, o Jung não sabia dirigir.

Devido a um longo engarrafamento inesperado, quando chegaram ao parque já anoitecia. As luzes coloridas brilhando por todo o lugar, assim como as músicas típicas tocando em conjunto dos gritos de diversas pessoas.

Se Hoseok fosse escolher uma única palavra para descrever a noite, seria perfeita. Jimin não apenas se manteve sempre ao seu lado, fazendo suas vontades, como também se mostrou protetor nos brinquedos mais “radicais” ou assustadores. Também mostrou um lado divertido e brincalhão que em nada se assemelhava a sua pose sempre séria quando trabalhando.

Admitia que havia gostado de conhecer um novo lado do Park.

A volta para casa foi tranquila, silenciosa, tendo apenas o som dos pneus correndo sobre o asfalto como trilha sonora até o momento em que o veículo parou em frente ao prédio do mais velho.

Não apenas o Jung, mas o advogado também desceu do carro com o intuito de acompanha-lo.

– Espero que tenha gostado. – Comentou, em seu rosto o sorriso suave que tanto encantava o florista.

– Eu me diverti bastante.

Silêncio se seguiu por longos segundos, embora ambos parecessem ter algo que quisessem dizer.

Prestes a se despedir e subir em direção ao seu apartamento, Hoseok congelou em seu lugar ao sentir o calor emanando dos nós dos dedos do Park roçando suavemente em sua bochecha, em um carinho sutil.

Não sabia exatamente como reagir, sentindo o nervosismo atingi-lo em cheio naquele momento. Sequer percebeu quando exatamente o advogado segurou seu queixo, aproximando os rostos gradualmente até o ponto onde o ar expelido através da respiração de ambos se mesclava.

E então, sentiu os lábios tocando os seus.

Um beijo casto, calmo, não passando de um simples selinho, mas que causou um turbilhão de sensações que Hoseok já não sentia há tempos.

Uma mistura de vergonha e desejo, uma pitada de nervosismo e as velhas borboletas no estômago.

Sentia-se.... vivo.

O singelo contato teve seu fim após o que pareceu uma eternidade, o mais novo depositando alguns beijinhos estalados nos lábios do outro antes de enfim se separar.

– Te vejo depois? – Indagou esperançoso, sem saber ao certo o que esperar como resposta.

– Sim...

Sorriu daquele jeito que deixava Hoseok com uma expressão boba no rosto, como se pudesse passar o tempo inteiro apenas o admirando e, com uma última olhada, entrou no carro e se foi deixando um florista corado e sem jeito para trás.

No dia seguinte, nada além do ocorrido na noite anterior passava na mente do Jung. Na verdade, uma única coisa além disso conseguia se esgueirar entre seus pensamentos.

Sua situação com Taehyung.

Depois do beijo, não conseguia chegar a outra conclusão que não fosse o fato de estar perdidamente apaixonado pelo advogado, provavelmente desde antes daquele incidente.

Talvez desde o dia em que colocou seus olhos em sua expressão tranquila e em seu sorriso, no dia em que ele havia aparecido pela primeira vez na floricultura três meses antes.

Por isso não conseguia se conformar com a sua situação com o Kim, ponderando sobre o que deveria ser feito para resolvê-la.

A única solução que surgia em sua mente era conversar com ele, embora soubesse que não fosse ser algo muito agradável.

Com um suspiro longo pegou o celular e agilmente discou o número que ainda sabia de cor, não demorando a ouvir a voz que reconheceria em qualquer lugar.

Hyung?

Ignorou a forma carinhosa utilizada pelo outro, sem perder tempo com enrolações ou formalidades.

– Precisamos conversar. Quando está livre? – Foi curto e objetivo, não gostaria de gastar muito tempo com aquilo.

Pode ser agora mesmo, se quiser. Estou em um bar perto da floricultura onde você trabalha.

– Estou indo aí, então.

Encerrou a chamada e então saiu de casa, pegando sua bicicleta e seguindo na direção indicada pelo outro. Não havia muitos bares perto da floricultura, seria fácil encontra-lo.

Desceu a rua e não demorou a enxergar seu local de trabalho, fechado por ser um domingo, passando a procurar com os olhos a silhueta do Kim. Taehyung sinalizou com um aceno quando viu a conhecida bicicleta e seu dono parando em frente ao bar, entrando e escolhendo uma mesa.

– Hoseok, eu...

– Taehyung, me escute. – O outro então ficou em silêncio, uma expressão ansiosa em seu rosto – Eu... encontrei alguém.

Embora tenha tentado se manter firme, a expressão do Kim tremulou.

– Eu sinto muito, mas não existe mais chance de haver “nós” novamente. – Sua voz soou séria, convicta – Eu realmente te amei e nós poderíamos ter dado certo se aquilo não tivesse acontecido. Mas agora... eu não consigo me ver com outro além dele. Você me entende?

– É aquele advogado?

Surpreendeu-se, pra não dizer assustou.

– Como você...

– Eu te conheço, Hoseok. – Sorriu fraco – Eu meio que senti que algo assim pudesse acontecer. Acho... que vim me preparando pra essa notícia desde aquela noite. E também... acho que eu mereço. Sei que te fiz mal naquele tempo, você merece alguém melhor.

Sentiu como se um peso enorme estivesse sendo removido de seu peito naquele momento, e se permitiu sorrir de leve e segurar as mãos do Kim nas suas, como se tentasse lhe transmitir alguma força.

– Eu realmente sinto muito, Tae. – Viu um suave sorriso surgir na face do outro ao usar o apelido antigo.

No entanto, não estava psicologicamente preparado para o que viria a seguir.

Entrando no lugar como um touro enfurecido veio o Park, encarando a cena que se desenrolava com um brilho confuso e irritado. O Jung sequer teve tempo de dizer algo, foi bruscamente puxado e arrastado até o carro preto com o qual já estava acostumado.

– O que estavam fazendo juntos?

Por mais que controlasse o tom de voz, era visível que estava furioso com o que havia visto. Seriam ciúmes?

Por algum motivo a possibilidade fez com que o florista se alegrasse.

– Resolvendo nossas pendências.

Aquelas três palavras soaram como uma marreta atingindo os ouvidos do advogado, que destravou o freio de mão, mudou a marcha e pisou no acelerador. Ao menos não havia muito movimento, por ser um fim de semana.

– Vai voltar com ele? Depois de tudo o que ele te fez?

Ele havia entendido errado.

– Não! – Se apressou em dizer – Eu só fui encerrar essa história de uma vez, dizer que não podemos mais ficar juntos.

Pode ver o outro relaxar um pouco, embora ainda estivesse visivelmente incomodado.

– E por que não?

Por curiosidade acabou decidindo perguntar, olhando o florista de esguelha.

– Por que agora eu tenho você.

Silêncio. Um silêncio mortificante, pois aquelas palavras não eram exatamente algo que o Park estivesse preparado para ouvir. Parou o carro no estacionamento de uma loja de conveniências qualquer e encarou o mais velho por longos segundos, como se quisesse confirmar o que havia ouvido.

– O que disse?

Apenas por precaução.

– Que agora eu tenho você – Baixou o rosto, sentindo o calor subir até suas orelhas – E-Eu acho... que gosto de você...

O advogado não pensou duas vezes antes de deslizar seus dedos pela bochecha direita do Jung, erguendo seu rosto. Quando Hoseok se deu conta, a proximidade excessiva já se fazia presente, o espaço restante entre as bocas sendo quebrado por um movimento de Jimin, que os uniu pela segunda vez.

Mas agora não mais em algo suave, e sim em um beijo afoito e apressado, urgente.

Tendo o Park depositando leves mordidas em seu lábio inferior, o florista não pode evitar entreabrir os lábios e não demorou até que aprofundassem o ósculo, as línguas explorando, conhecendo e mapeando cada milímetro do espaço dentro das bocas. A pressa foi dando lugar a calmaria e, quando o ar se fez necessário, beijos estalados foram depositados por ambos antes de enfim abrirem algum espaço, buscando recuperar o fôlego.

– Seja meu, Hoseok. – Murmurou Jimin, encostando as testas – Meu e de mais ninguém.

Um largo sorriso serpenteou no rosto do mais velho, os lábios levemente inchados.

– Só se você também se tornar só meu.

Foi a vez do Park sorrir.

– Temos um trato.

 

***

 

Seokjin nunca havia visto um Hoseok tão radiante como ele estava naquela manhã de segunda-feira. Se antes ele parecia feliz quando cuidando das plantas, agora ele quase era capaz de enxergar uma aura brilhante e colorida ao seu redor, com passarinhos azuis voando e cantarolando por perto.

– Aconteceu algo bom? – Indagou, embora tivesse uma boa noção do que deveria ter acontecido.

– Aconteceu algo ótimo! – Respondeu, borrifando um pouco de água em uma planta – Eu e Jimin, nós...

Seu rosto então tomou um tom levemente rubro, o que foi o bastante para que o gerente entendesse a situação por completo.

Um sorriso de orelha a orelha se estendeu em seu rosto.

– Eu não disse? Sabia que aquele Park Jimin estava destinado a você assim que coloquei meus olhos nele.

O sino tocou antes que o Jung pudesse dizer algo, o advogado atravessando a porta e automaticamente desenhando um sorriso largo no rosto do florista.

– Eu vim aqui...

– Não precisa inventar uma desculpa. – Interrompeu o gerente – Hoseok, pode tirar o dia de folga. Aproveite bem com o seu novo namorado.

Não houve qualquer contestação, Hoseok simplesmente agradeceu, pegou suas coisas e saiu porta à fora acompanhado do Park.

Agarrado ao braço do novo companheiro, Hoseok se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Não costumava acreditar em destino ou qualquer coisa do tipo, mas não conseguia enxergar o homem ao seu lado como algo além de um presente.

E pensar que por um simples acaso, meramente por ter decidido levantar naquela manhã de segunda-feira, agora havia encontrado aquele com quem pretendia dividir sua vida. Era algo engraçado, do seu ponto de vista.

Embora as coisas talvez não houvessem sido tão naturais assim...

Após a saída de ambos, Seokjin se dirigiu até o balcão e buscou o telefone, discando agilmente uma sequência de números.

Um toque, dois.

Jin?

– Eu disse que não tinha nada com o que se preocupar, Yoongi.

Deu tudo certo, então?

– Estão parecendo um casal de cisnes. E você me deve duzentas pratas.

...

– Eu sei que você está aí, não adianta fingir o contrário. – Um sorriso maroto adornava seu rosto – Meus planos são perfeitos, não havia a menor chance de falha. Conheço o Hoseok como a palma da minha mão, fazê-lo se apaixonar pelo Park foi como tirar doce de criança.

Como tinha tanta certeza?

– Tenho meus contatos. Sabe o número da minha conta bancária, deposite lá. Vou desligar agora, tenho outra ligação pra fazer.

Certo. Até outra hora.

Colocou o fone no gancho e então retirou de novo digitando outra sequência de números. Desta vez não precisou esperar.

– Taehyung?

O que quer? Não estou muito bem agora. Se for sobre aquilo do endereço do Hoseok, não preciso mais.

– Não é isso. Tenho um amigo que conhece alguém que talvez você vá se interessar...


Notas Finais


E é isso <33 Erros, coisas sem muito nexo e qualquer aberração que encontrarem nesse texto, culpem o sono. São quatro horas da manhã, não preguei o olho ainda :'3

Não foi revisado porque não to mais aguentando, vou tentar fazer isso amanhã.

De qualquer forma, espero que tenham gostado ao menos um pouco. Se puderem, deixem um comentário e façam um autor feliz <3


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