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História Obscure. - Infiltrado


Escrita por: SoniaG

Notas do Autor


Tive problemas, mas agora prometo uma maior regularidade e esclarecimentos, obrigada pela paciência.

Capítulo 8 - Infiltrado



 

“Vão para o diabo sem mim
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo
Porque havemos de ir juntos?”
(Álvaro de Campos) 

 

-... Saiba como fica o tempo...
 
- Aposto que será frio.
 
O homem disse olhando para a TV. Seus lábios entraram em contato com liquido quente presente em sua caneca.
 
- Você reclama muito do frio, Ed.- um jovem disse observando a cara de desgosto do seu colega.
 
- Será que é pedir demais uns dias quentes de verão?
 
- Estamos nos encaminhando para o inverno, então acho um tanto complicado .
 
O homem mais velho revirou os olhos diante do comentário do mais jovem. Depois sua atenção se voltou para a sequência de televisores que estavam posicionados um pouco acima de sua cabeça.
 
Era possível ver os prisioneiros em suas celas. Todos estavam encolhidos em suas camas.
 
- Vagabundos! Olhe só para eles dormindo tranquilamente. Devíamos deixa-los lá fora para congelar.
 
- Você ás vezes tem pensamentos bem sádicos, sabia?
 
- Você ainda é jovem , Arturo. Não teve tempo para perceber que estamos lidando com monstros. Veja aquele por exemplo. Apontou para o monitor. Atacou uma mulher recentemente, se a agente não tivesse encontrado os dois, ela certamente estaria morta agora.
 
- Fala do gravador?
 
- Gravador?
 
- E assim que o chamam. Parece que ele jamais se esquece das vozes que ouve.- riu ao dizer.
 
- O lado bom é que ele nunca vai esquecer o tom em que sua sentença foi dita. – os dois riram.
 
- Veja, parece que está acordando.
 
Viram o homem se mexer sobre a cama. Ele parecia despertar de um pesadelo. Seus pés chutaram o cobertor.
 
- Temos um maluquinho. – o jovem disse.
 
- Talvez ele esteja lidando com seus fantasmas, suas culpas certamente o perseguem à noite. -Deu as costas para os monitores, soprou um pouco de ar quente entre as mãos .- Darei uma volta, conferir se tudo está no lugar.
 
- Ok. Pode trazer um pouco de café pra mim?
 
- Você está ficando folgado garoto.
 
Saiu ajustando a arma na cintura. Andou tranquilamente pelo corredor vazio. Recebeu acesso para seguir até as celas. Fazia essa mesma ronda há dez anos, conhecia cada pequena mancha existente no chão frio e opaco. Começou seu assobio, chegou diante da ultima sequencia de grades que davam acesso as celas. Aguardou a liberação, mas ela não veio.
 
- Estou esperando, Arturo.
 
- Acho que estamos com problemas elétricos, Ed. – recebeu a resposta, em seguida uma oscilação evidenciou o problema.
 
- Usarei os cadeados para isolar a área.
 
- Como nos velhos tempos.
 
- Muito engraçado. Que tal ser comediante?!
 
Não houve resposta, apenas um apagão total. A luz se foi fazendo o homem puxar sua lanterna de forma rápida.
 
- Estou voltando Arturo. – mais uma vez silencio. – Arturo? – tentou mais uma vez o comunicador. – Ótimo, agora essa porcaria deu defeito.
 
Fez o caminho de volta. A temperatura parecia ter caído ainda mais, talvez a escuridão realmente tivesse esse poder de mandar o calor para longe. Não tardou a encontrar o caminho que o levava para a sala, em poucos minutos sua mão já estava sobre a maçaneta.
 
- Quando digo que precisamos vê melhor esses cabos ninguém me dá ouvidos.
 
 Pegou novamente sua caneca de café, tomou um longo gole do líquido presente, mas o sabor que tomou conta de sua boca certamente não era o que ele esperava.
 
- Que merda é essa? – seu paladar e olfato logo responderam sua indagação. Era sangue o que tinha em sua boca, cuspiu diversas vezes, mas o gosto parecia grudado em sua língua. Levou a lanterna até o recipiente, a repulsa lhe revirou o estômago. Boiando junto ao sangue havia um par de olhos. Tombou para traz. – Meu Deus... Arturo?– só então começou a registrar a ausência do colega. Levantou a lanterna com a mão trêmula. – Arturo? ...ARTURO?
 
A luz que saia da lanterna seguiu lenta ao entrar em contato com pés do jovem policial. Ed seguiu até ele, mas sabia que a forma como o corpo estava jogado sobre a cadeira significava apenas uma coisa. Já não escondia as lagrimas. Seguiu até o amigo de forma cambaleante. Deixou sua mão sobre o ombro dele, virou o corpo devagar, sentiu seu estomago revirar com força. Arturo estava desfigurado, seus olhos antes azuis deram lugar a dois buracos fundos. Estava paralisado, horrorizado demais para se mexer, mas o som de passos logo o fez ficar alerta.
 
- Quem está aí? – Apontou a lanterna.
 
- Eu sei de todos os seus pecados, Ed. – ouviu o sussurro mórbido. 
 
- Apareça!
 
- Sei dos seus segredos obscuros, das camas onde se deita... Sei sobres eles. 
 
Olhava para todos os lados tentando descobrir de onde vinha a voz.
 
- Eh...mentira.
 
- Sabe que não estou mentindo. Nós dois sabemos da sujeira embaixo do seu tapete.
 
-APAREÇA!
 
O homem girava pela sala, apontando a lanterna e sua arma em todas as direções.
 
- ONDE VOCÊ ESTÁ?-Silêncio...
 
- Eu sempre estive aqui. – Sentiu o hálito quente em sua nuca.
 
Não houve tempo para reação, o que conseguiu registrar foi apenas a dor de algo afiado rasgando seu corpo por dentro.
 
- Que o Senhor tenha misericórdia de você Ed. 
 
 
 
 
 
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O dia estava radiante, o sol brilhava soberano, as folhas estavam renovando seu verde, e o ar puro enchia seus pulmões. Sentou-se sobre a toalha estendida na grama. Olhou para cima vendo o céu azul sobre sua cabeça.
 
- Mamãe... – Olhou para o lado se deparando com o filho. Ele estava com uma enorme bola nos braços. – Venha jogar comigo.- ela sorriu para ele.
 
- Estou indo querido.- Tentou levantar, mas seu corpo parecia pesado demais.
 
- Venha mamãe.
 
- Eu não consigo me mexer.
 
Via o filho ficar cada vez mais distante, cada vez que se mexia sentia seu corpo afundar na grama.
 
- Nathan...
 
Jogava os braços para o alto, o lindo céu azul se tornou cinza, os raios de sol viraram gotas grossas de chuva,  o calor deu lugar ao frio, ela sentia seus ossos congelarem enquanto a terra se abria para engoli-la viva.
 
- Socorro... – o grito parecia preso em sua garganta.
 
O afundar ficou mais rápido, até ser puxada totalmente para dentro, se viu dentro de um buraco úmido, escuro e exalando podridão. Sentiu uma enorme vontade de chorar. Seus pulmões começaram a queimar, sentiu a terrível sensação de ficar sufocada. Começou a tossir freneticamente, sentia-se perdendo os sentidos, mas em meio a escuridão notou dois pequenos pontos luminosos, pequenas fontes de luz, um fraco brilho esverdeado que logo quebrou toda a escuridão e o medo.
 
- Piper... – a voz lhe trouxe conforto imediato, todo o medo fora embora. – Piper, acorde!
 
De repente o calor voltou a surgir em corpo.
 
- PIPER. – sentiu seu corpo ser puxado para frente. Piscou diversas vezes ao se ver sentada na cama. – Piper... Você está bem?
 
Ainda confusa olhou para Alex que está ajoelhada em sua frente. A morena estava com uma expressão preocupada.
 
- Você está muito fria. – disse ao tocar na mão tremula . – Por que não ligou o aquecedor ? – Levantou pegando o cobertor sobre a cama, envolveu rapidamente o corpo de Chapman.
 
Piper recebeu com surpresa o calor extra vindo do cobertor e também do corpo de Alex que a abraçava por trás.
 
- Diga alguma coisa, Chapman.
 
- Estou com frio.
 
- Isso é óbvio. A temperatura caiu muito, e você aparentemente não quis usar o aquecedor.- Piper ficou em silencio novamente. – Andou tendo pesadelos?
 
- Um ou outro.
 
- Quer falar sobre isso?
 
- Não.
 
O silencio mais uma vez tomou conta do ambiente. Alex permaneceu um bom par de minutos ao lado de Piper, a loira nem sequer percebeu o momento em que seu corpo entrou novamente em contato com o colchão. Também não viu a forma como Alex ajeitou seu travesseiro , nem quando a morena cuidadosamente pôs mais uma coberta sobre seu corpo, mergulhada em seu sono agora aparentemente tranquilo a loira não viu o sorriso que surgiu nos lábios de Alex quando a mesma se imaginou dando um casto beijo em sua testa.
 
Ao abrir os olhos horas depois dos acontecimentos da madruga, Piper não sabia exatamente do que lembrar, sentia-se apenas muito confusa . Olhou para o teto cor de creme, mexeu-se de um lado para o outro algumas vezes, resolveu então se levantar. Tomou um rápido banho quente, vestiu-se, penteou o cabelo e se pós para fora do quarto. Parou no meio do corredor sentindo o cheiro de café. Fechou os olhos por um breve momento aproveitando o aroma.
 
- O que está fazendo? - Levou a mão ao peito, seu coração bateu enlouquecido.
- Que susto, Alex!
- Você estava parada aí com os olhos fechados, fiquei curiosa.
- Não ouvi você chegando, precisa ser sempre tão silenciosa?!
- Acredito que sim. - a morena respondeu com um leve sorriso. - Está com fome?
- Um pouco.
- Você está sempre com um pouco de fome ou sem ela.
- Ando sem apetite. - seguiram conversando até a cozinha.
- Poucas coisas me tiram o apetite, e mesmo que me tirem preciso comer assim mesmo, no meu tipo de trabalho é importante ter sempre forças.
- Gosta do que faz? - indagou enquanto Alex enchia sua caneca de café.
- Gosto das consequências do que faço.
- O que isso significa?
- E apenas um lema pessoal Chapman.
- Quando perdeu sua irmã... Bem, demorou muito até levar uma vida normal?
- Eu não tenho uma vida normal, Piper, tecnicamente saio por aí procurando por psicopatas. - o tom de Alex arrepiou a loira. Percebendo o desconforto nos olhos azuis, a morena tratou de encher um prato com torradas e bacon.- Espero que goste de bacon.
- Sim, obrigada. Não vai comer? - perguntou ao ver Alex ir em direção ao corredor.
- Preciso tomar um banho antes, não precisa esperar por mim, fique a vontade. - disse sumindo logo em seguida.
 
Piper então começou a comer com certa voracidade, a comida estava de fato deliciosa, ela tinha vontade de lamber a ponta dos dedos toda vez que levava um pedaço de bacon a boca. Tomava os últimos goles de café quando o som estridente rompeu o silêncio da casa. Levantou e parou diante do aparelho sem saber se devia atender ou não, por fim decidiu.
 
- Alô?
- Alex, venha imediatamente para o departamento, as coisas estão horríveis por aqui, dois de nossos homens foram mortos, assim como o tal de Gravador, alguém transformou o departamento em um verdadeiro açougue, não deixe que Piper saiba por hora.... Alex? Você está me ouvindo?
A loira devolveu o telefone ao gancho, ela reconheceu a voz agitada de Parker, mas ele não parecia saber que era ela do outro lado da linha.
As informações eram absorvidas por ela. Outro ataque havia acontecido, e mais pessoas haviam morrido, e o pior estavam tentando esconder isso dela. Levantou-se em um rompante. Pegou as chaves do carro e saiu sem deixar aviso.
Seguiu diretamente para o departamento de polícia, queria vê as coisas de perto, saber sem meias palavras o que de fato tinha acontecido, entender a razão dessa super proteção lançada sobre ela. Contornou a rua que levava ao prédio cinza, mas para sua surpresa a rua estava interditada. Carros estavam amontoados aos montes, pessoas surgiam de todos os lados.
 
- O que é isso.? - disse ao sair do carro.
Populares apareciam como por passe de mágica, pareciam se multiplicar diante de seus olhos. Um falatório totalmente sem nexo surgia, era impossível entender qualquer coisa por alto.
Andou abrindo espaço entre a multidão, precisava chegar mais perto do departamento, talvez conseguisse encontrar Walter.
- Com licença. - pedia para um e outro.
-... Foram feitos em pedaços... Cortaram até a garganta do pobre homem.... Um amontoado de membros, foi o que fiquei sabendo.
 
Piper ouvia pedaços de conversas, muitas beiravam o absurdo.
 
Com muita dificuldade conseguiu se aproximar da entrada, porém uma verdadeira barreira de policiais parecia se levantar diante dela.
 
- Fique longe, moça! - disse um homem de expressão fechada.
- Preciso falar com o agente Walter.
- Ninguém entra e ninguém sai do departamento.
- E...
- Eu disse que ninguém entra e ninguém sai!
- Deixe ela passar, Josh. - a voz grave de Alex fez Piper dá um salto. - Ela está comigo. - sentiu a mão da morena envolver seu braço com certa força, ela parecia irritada.
O homem abriu caminho para que as duas entrassem. A loira tentou se livrar do agarre de Alex, mas os dedos dela seguraram com mais força. Seguiram pelo corredor, até que a morena a conduziu para dentro de uma sala.
 
- Nunca mais faça isso!
- Isso o que? - se fez de desentendida.
- Chapman, eu sou responsável por sua segurança, não entende que não posso deixar que nada aconteça com você.
- Parker ligou disse que havia ocorrido outro ataque, e que você não devia me contar nada
- Isso é para sua segurança! Será que é incapaz de entender isso? - a morena disse levando a mão ao cabelo.
- Eu só quero entender o que está acontecendo, tudo isso é sobre Nathan, Richard e eu. E minha vida misturada nisso tudo.
-As coisas vão muito além de você, seu filho e seu marido.
- Me diga o que é tudo isso então, Alex?- se aproximou da morena. - Por favor, me diga o que é tudo isso.- A morena suspirou longamente.

 – Temo que você tenha se tornado um tipo de obsessão, uma presa a ser cassada incansavelmente. Seja quem for Piper, irá te perseguir, e não vai parar até que você esteja morta. – Piper sentou- se, colocando  os braços sobre a mesa, levou as mãos até os cabelos, afundando os dedos entre os fios. 
- Para todos os efeitos eu já estou morta, Alex. Tudo que eu quero é que ele venha tentar me enterrar, porque será nesse momento que eu o levarei junto comigo. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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