História Obsessão [Min Yoongi] - 32

"Acho que eu gostava da maneira

como você paralisava a dor 

Agora o dia sangra ao anoitecer

E você não está aqui para me 

fazer passar por tudo isso 

Eu abaixei a minha guarda 

E então, você puxou o tapete 

Eu meio que estava me acostumando 

a ser alguém que você amava"

                  Lewis Capaldi - Someone You Loved

(...)

Sua vida se define por quem segura a sua mão. Ou pela mão de quem você decide segurar. Já li muitos livros sobre caras como Min Yoongi, e a única coisa que aprendi foi que deveria manter distância de caras assim. Eu o odeio. Eu o odeio porque, não importa o que aconteça daqui para frente, jamais serei capaz de confiar em alguém como confiei nele. 

Esse foi o meu maldito erro.

Piedade. Aquilo era realmente piedade nos olhos de Hyunjin. Apenas uma rachadura. Uma porta aberta. 

— V-você estava grávida, S/N?— Perguntou- me Hyunjin, e eu apenas concordei com a cabeça.— Poderia…— Ele parou um instante, e eu sabia exatamente o que ele iria perguntar.— Existe alguma possibilidade desse filho ser meu? 

Eu ri e neguei. 

— Não.— Ele parecia decepcionado.— O médico disse que eu  provavelmente estava com cinco meses de gestação.  E faz algum tempo que não transamos. Min Yoongi e eu estávamos namorando  há alguns meses. 

Ele suspirou. 

— Oito meses.— Ele falou, e eu franzi as sobrancelhas. 

— Como você sabe? 

— Eu contei.— Eu ri enquanto balançava a cabeça. 

— Você é doente.— Ele rio.— Mas, nossa… estávamos juntos há oito meses? 

Ele concordou com um aceno de cabeça. 

— Para você ver o quanto ele era especial.— Ele brincou, e eu suspirei. 

— Ele era.— Eu admiti.— Mas também era um mentiroso e um criminoso maldito. 

Hyunjin rio. 

— Puta merda, S/N.— Estávamos sentados no sofá, e ele me puxou para mais perto dele.— Um mafioso? Sério? Poderia ter escolhido um advogado. 

Eu ri de suas palavras. 

— Você teria gostado disso, não é?— Eu brinquei. 

— Óbvio.— Ele franziu as sobrancelhas.— Seria um privilégio  para mim namorar uma mulher tão extraordinária como você. 

Ele levantou-se do sofá que tinha em meu quarto, e pegou o controle da televisão. Procurou a nossa playlist secreta e colocou Criminal de Britney Spears, e eu dei risada. 

— Você é patético.— Ele não me respondeu, e começou a dançar para mim. 

— Ele é um trapaceiro, ele não é bom de jeito nenhum.— Ele cantava junto de uma maneira desafinada que era estranhamente cativante. O que me fez gargalhar.— É um perdedor, ele é um vagabundo.— Ele virou-se para mim e um sorriso fino se formou em seus lábios.— Ele mente, ele blefa, ele não é confiável. Ele é um otario com uma arma. 

Ele caminhou em minha direção, e puxou-me pela mão, me fazendo ficar de pé. E eu comecei a dançar com ele. 

— Canta, S/N.— Ele rio enquanto me entregava o controle da televisão. 

— Eu sei que você disse que eu deveria ficar longe.— Eu comecei a minha performance.— Eu sei que você me falou que ele é um cão vira-lata.— Ele concordou lentamente enquanto ria da minha dança.— Ele é um cara mau com um coração podre… 

— E até eu sei que isso não é inteligente.— Ele continuou a música.— Mas, mamãe, eu estou apaixonada por um criminoso. 

— E esse tipo de amor não é racional, é físico. 

— Mamãe, por favor não chore, eu ficarei bem pondo a razão de lado, não posso negar, eu amo aquele cara. — Ele me puxou e beijou o meu rosto. 

Caímos na cama rindo, e ouvimos alguém limpar a garganta. Olhamos para frente, e Jungkook estava encostado no batente da porta , tentando segurar a risada. E quase na mesma hora, começou a tocar  My Oh My de Camilla Cabello. 

Eu olhei para Hyunjin e ele concordou com um aceno de cabeça. 

— Eles dizem que ele gosta de uma curtição.— Eu cantei e levantei da cama, indo em direção ao Jungkook.— Aí, minha nossa.— Eu o puxei pelo braço e ele começou a dançar comigo.— Que ele ganha vida quando dá meia-noite. Toda noite. 

Hyunjin se juntou a nós dois, e pegou o controle da minha mão. 

— Minha mãe não confia nele.— Hyunjin cantou, rindo.— Ai,minha nossa. Que ele tá’ aqui só por uma coisa, mas eu também tô’. 

— Sim, ele é um pouco mais velho.— Eu sorri de lado.— E usa uma jaqueta de couro preta.— Eu o puxei  pela jaqueta de couro  que ele estava usando.— Tem uma má reputação.— Jungkook ria sem parar.— Hábitos insaciáveis. 

— Ele estava dando em cima de mim.— Hyunjin puxou ele de perto de mim.— Só uma olhada e eu perdi o ar. 

Jungkook entrou na nossa onda. 

— Sim. Eu disse: “se você me beijar eu posso até deixar isso rolar.— Cantou Jungkook enquanto ria.— Juro pela minha vida que tenho sido uma boa garota. Mas essa noite eu não quero pagar de santinha.

Eu ri. 

— Muito bom.— Eu falei.— Você foi incrível, Jungkook. 

Ele sorriu. 

— Você também, Hyunjin.— Olhei-o e ele piscou para mim. 

Nos sentamos no sofá, e tentamos controlar as nossas respirações descompensadas. 

— O que te trás aqui, Jungkook?— Eu perguntei, e ele respirou fundo. 

— Hobi pediu-me para vir te buscar. 

Eu franzi as sobrancelhas. 

— Por que?— Eu perguntei.— Já fazem três semanas que não nos vemos. O que ele ainda quer de mim? Ele não está feliz por eu finalmente ter deixado Min Yoongi em paz? 

— Não é isso, senhora.— Jungkook falou.— Min Yoongi está precisando de você. Hobi disse que você é a única que pode ajudá-lo. 

Eu neguei. 

— Eu não posso ajudá-lo.— Eu afirmei.— Eu peço desculpa, mas eu não consigo concerta-lo. 

Ele abaixou a cabeça. 

— Se não ajudá-lo, podemos perder ele, S/N.— Disse Jungkook.— Já fazem três semanas que ele não sai do quarto. Que ele não come, e nem nos deixa ajudá-lo. Min Yoongi tem crises de pânico, crises de ansiedade e problemas para dormir. E nós temos certeza de que ele só bebe o tempo todo. 

Eu permaneci em silêncio. 

— Não parecia que você está preocupado agora à pouco.— Hyunjin falou, franzindo as sobrancelhas.— Quando estava dançando e cantando com a gente. 

— Eu só quis me distrair um pouco.— Disse Jungkook.— Não estamos num bom momento, Hyunjin. 

— Tudo bem.— Eu falei.

— Você vai?—. Perguntou Jungkook, e eu concordei com um aceno de cabeça. 

— Por que, S/N?— Perguntou Hyunjin.

— Porque eu entendo o que ele está passando.— Eu admiti.— Se eu sou a única que pode ajudá-lo agora, então é isso que farei. 

Hyunjin suspirou. 

— Eu odeio aquele idiota, mas reconheço o quanto ele ama você.— Disse Hyunjin decepcionado.— Você tem razão. Se pode ajudá-lo, faça isso. 

— Então… podemos ir?— Jungkook perguntou, e eu concordei com um aceno de cabeça. 

— Só vou me trocar.— Eu falei.— Você pode me esperar lá em baixo. 

— Ok.— Disse Jungkook, saindo do quarto e fechando a porta. 

— Você não é gentil assim, S/N.— Disse Hyunjin.— Está fazendo isso porque o ama. 

Eu respirei fundo.

— Não é?— Ele insistiu. 

— Hyunjin…— Eu engoli o choro.— Eu só não quero perdê-lo. 

Ele deu um sorriso triste. 

— E não deve.— Ele falou.— O pouco tempo que passei conversando com aquele idiota, pude perceber o quanto ele é louco por você. E faria qualquer coisa por você. 

— Mas ele me magoou muito.— Eu falei.— Não é como se eu estivesse indo lá para reatar o nosso relacionamento. Somos tóxicos um com o outro. 

— Não são.— Assegurou-me ele.— Vocês só não amam de um jeito bonitinho. 

Eu ri. 

— De um jeito bonitinho?— Ele rio, como se tivesse lembrado  de algo. 

— Vocês amam de um jeito egoísta.— Ele continuou.— E eu admiro isso. Eu amo você, mas não aceito que ame outro cara. Aquele idiota mente, fingindo que não sente nada por você porque acha que você pode ser feliz com outra pessoa. Aquele papo de que ele ama de um jeito egoísta, que não quer que você seja feliz com outra pessoa, que só pode ser feliz com ele, era a maior mentira de todas. 

Eu suspirei pesadamente. 

— É impossível mudar as pessoas que estão convictas do que são.— Eu falei.— Eu devia tortura-lo da mesma forma que ele me torturou  com suas mentiras, mas não consegui. Mas isso não quer dizer que eu o perdoo pelo que fez comigo, Hyunjin. Só estou tentando ajudar. 

— Você o ama.— Ele afirmou.— Você está fazendo isso porque o ama, S/N. Pare de mentir para si mesma. 

— Isso não basta.— Ele me encarou.— Eu posso muito bem sobreviver sozinha. 

— É só te fornecerem o material de leitura adequado.— Ele completou minha frase,e eu ri. 

— Você me conhece como ninguém, Hyunjin. 

— E é por isso que eu sei que você ainda ama ele.— Eu revirei os olhos, e ele rio.— Faça o que o seu coração manda pelo menos uma vez na vida, vadia. Eu estarei aqui para apoiar você. Como sempre estive desde que éramos crianças. 

Eu dei um sorriso triste e assenti. 

— Eu quero ter um filho com o homem que eu amo um dia.— Eu falei.— Mas se ele não quiser, eu vou ter um com você. 

Ele rio. 

— Prometo que vou ser um bom pai.

— Então eu já vou indo.— Eu falei, e ele concordou com um aceno de cabeça.— Ainda vai estar aqui quando eu voltar?

Ele assentiu.

— Ótimo. Então arrume o meu quarto.— Ele rio. 

— Pode deixar. 

Eu desci para a sala, e encontrei Jungkook sentado no meu sofá. Quando ele me viu, levantou-se rapidamente e deu um sorriso triste.

— Desculpe a demora, Jungkook.— Ele balançou as mãos desdenhosamente. 

— Não tem problema. O importante é que você decidiu ir vê-lo. 

Eu sorri fraco. 

Quando chegamos à mansão de Min Yoongi, encontramos Jung Hoseok sentado no sofá da grande sala de estar. Ele olhou para mim esperançoso e levantou-se abruptamente. 

— Você veio, criança.— Ele parecia feliz em me ver.— Suponho que Jungkook já lhe contou o motivo de eu ter pedido que viesse aqui.

— Sim.— Eu assenti.— Eu já estou sabendo.

— Me desculpe por pedir isso.— Disse Jung Hoseok.— Depois de tudo o que fiz para você, mas você é a nossa única esperança, S/N. 

Eu concordei com um aceno de cabeça. 

— Não se preocupe. Você só queria proteger sua família, e eu admiro muito isso. 

Antes que ele pudesse proferir mais alguma coisa, eu saí da sala e caminhei em direção ao quarto do Min Yoongi. E Jung Hoseok me acompanhou até lá. Tentei abrir a porta, mas estava trancada.

— Ele está trancado há três semanas.— Disse Jung Hoseok.— Não sabemos mais o que fazer para tirá-lo daí. 

— Min Yoongi é tão patético.— Pela primeira vez em oito meses,eu consegui arrancar uma risada de Jung Hoseok. 

— Faça o que achar melhor.

— Min Yoongi?— Eu o chamei, mas não obtive nenhuma resposta.— Você está acordado? 

Ele permaneceu em silêncio. 

— Por que está fazendo isso?— Eu suspirei.— Não pode crescer e parar de ser um garotinho mimado? 

Ele estava tão mal que não conseguia nem responder as minhas provocações. Coisa que nunca aconteceu durante todo esse tempo que eu passei com ele. Ele tinha resposta para tudo. 

— Eu sou louco. Não posso ficar perto de você.— Ele respondeu finalmente, e eu suspirei aliviada. Pelo menos ele ainda estava vivo. 

— Quem disse que você é louco, Min Yoongi?— Eu perguntei, tentando não chorar.— Eu não te acho louco e o Jung Hoseok não te acha louco. 

Min Yoongi provavelmente estava encostado na porta. Então, Jung Hoseok e eu nos abaixamos um pouco para ouvi-lo melhor. 

— Sim, vocês acham.— Ele estava com a voz de choro.

— Não achamos. Eu acredito em você, Min Yoongi. 

Eu estava falando a verdade. 

— Eu acredito que você não fez nada de errado e que você me ama com todas as forças. 

— Está mentindo, S/N.— Ele gritou.— Você me odeia agora. 

— Mas quer saber? Não é justo eu não poder ver você agora.— Eu falei, e não consegui mais conter as lágrimas.— Então me faça um favor. Quero que saia daí e converse comigo. 

— Eu quero ficar com a minha mãe, S/N.— Ele falou, e eu arregalei os olhos.— Mesmo sabendo que para onde eu vou só encontrarei o desgraçado do meu pai. Eu não posso fazer você feliz, eu não estou feliz, então eu deveria dar um fim nisso, não é? 

— Não.— Eu gritei.— Eu vou cuidar de você. 

— Vocês não entendem.— Ele falou.— Vocês não podem confiar em mim. Vocês não entendem. 

— Você está errado.— Eu assegurei.— Posso não entender tudo que acontece com você agora. Mas eu te entendo. Está ouvindo? Você só precisa sair daí e falar comigo. 

— Não posso, S/N.— Ele fungou.— Eu tenho que fazer uma escolha. E eu sei que não posso fazê-la feliz, então não posso escolher você.

— Deixe-me cuidar de você.— Eu disse entre os meus soluços.— Eu vou fazer você melhorar. 

Ele rio fraco.

— Você não pode me consertar.— Ele afirmou.— Ninguém pode fazer isso. Vá embora. 

— Você está certo.— Eu falei.— Você precisa. Tem que fazer uma escolha.

— O que está fazendo?— Jung Hoseok olhou-me apreensivo, e eu balancei a mão desdenhosamente. 

Lágrimas escorriam dos meus olhos sem parar. 

— Você precisa, Min Yoongi.— Ele permaneceu em silêncio.— Você tem que escolher. E eu estou implorando do fundo do meu coração, por favor, me escolha. 

Ele não respondeu. 

— Abra essa porta, saia e me escolha, por favor. — Eu implorei, tentando parar de chorar.— Você é muito especial e cuida de todas as pessoas à sua volta. E quer saber, Min Yoongi? Preciso de você mais do que sua mãe.— Ouvi ele fungar.— E Jung Hoseok Também. 

— Isso não é verdade.— Disse Min Yoongi. 

Eu não podia vê-lo, mas sabia que naquele momento, ele estava chorando como nunca chorou antes. 

— É sim.— Eu assegurei.— Minha vida começou quando te conheci, Min Yoongi. Você nunca desistiu de mim, então nunca vou desistir de você. Então, por favor, Min Yoongi. Pelo amor de Deus, venha aqui fora e me escolha. Por favor.