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História Obsessão Perigosa - Long fic Gdragon (REPOSTANDO) - Capítulo 31 - Vazio.


Escrita por: giglio_

Notas do Autor


Ei leitores! cês estão bem? espero que sim! finalmente mais uma atualização para gente! estou bem ansiosa para postar esse capítulo porque as coisas estão começando a andar. Assunto importante antes de lerem: essa segunda versão era para ter aproximadamente 35 capítulos mas ainda falta algumas coisinhas para acontecer e já estamos no cap 31, isso significa que provavelmente teremos mais capítulos do que o esperado. talvez a fic se feche com uns 45 capítulos + um epílogo. espero que isso não os deixe chateado! prometo dar o fim merecido que Lina e Gdragon merecem! esse capítulo é muito importante pois ele trás a reaparição de um certo personagem que apareceu no cap anterior 👀👀👀 e a presença desse personagem não foi colocada ali ato então prestem atenção aos sinais! no mais espero que apreciem o capítulo, o cap foi revisado por mim mas peço desculpas pelos erros.
ps: desculpem a demora para atualização, tô tentando trazer tudo o mais rápido que posso, mas o estágio e a faculdade tão acabando comigo, enfim, ótima leitura!

Capítulo 32 - Capítulo 31 - Vazio.


Busan, Coreia do Sul 


Por Lina Carter

4 de abril | 2019


O gosto cálido de seu beijo ainda estava impregnado em meus lábios quando acordei naquela manhã. Quis torcer para que as 24 horas passadas tivessem sido apenas um sonho mas me lembrei, de tudo, e soube que não eram. Tentei não chorar ao me erguer da cama para mais um dia de trabalho, eu já havia chorado demais na noite anterior, já havia me lamentado demais, não queria precisar fazer aquilo de novo, não queria desejar me aconchegar nos braços dele para tentar me reconstruir dos cacos que ele mesmo fizera. Mas, apesar de não querer, aconteceu do mesmo jeito, me lembrei das palavras do magnata na tarde anterior, de suas insinuações, de seu olhar duro, rude. Tudo isso veio à tona com tanta força que fui incapaz de reprimir as lágrimas de dor que saíram dos meus olhos. 


Eu não conseguia entender como tudo estava bem em um momento e no outro era como se um vendaval tivesse passado no meio de nós. Eu não conseguia acreditar na crueldade das palavras de Gdragon, não conseguia acreditar que seu sentimento de posse e seu ciúme fossem mais importantes do que meus sentimentos. Eu estava apaixonada por ele, mas será que ele também estava por mim? Será que ele entendia que meu coração já pertencia a ele? Que o pertencia desde muito antes que começássemos a ficar juntos? Era tão difícil ler todos os meus sinais? Como ele poderia pensar sequer por um minuto que eu o trairia? Como ele poderia insinuar que minha gentileza e bondade fossem apenas desejo de chamar atenção? Ele estava duvidando do meu caráter como pessoa, estava duvidando da minha honra como mulher. Ele não confiava em mim, só confiava em si mesmo, em seus próprios termos, então talvez não devesse estar comigo, talvez não devêssemos estar juntos.


Mesmo que seu arrependimento tivesse ficado claro poucos segundos após me quebrar eu não podia ignorar que ele havia agido como o seu coração mandara, eu não o perdoaria tão fácil por isso, não conseguiria. Mas também não sabia se era capaz de ficar sem ele, não sabia se era capaz de perdê-lo, por isso eu queria um tempo. 


Na tarde de ontem, quando ele me beijou, senti as lágrimas em meu rosto não porque ele estava me machucando ou porque estava sendo forçada mas porque beijá-lo, senti-lo, era mais importante do que o fato dele me magoar, o desejo por ele se sobrepujava a mágoa, se sobrepujava a tudo e mesmo depois que eu parti para longe dele e de sua nocividade senti vontade de me aconchegar em seus braços para me curar, senti vontade de estapear seu rosto lindo e arranhá-lo completamente por me magoar mas eu queria também me jogar em seu colo e beijá-lo. 


Depois que saí do escritório de Sandara eu tentei ao máximo me recompor e voltar ao trabalho, Gdragon não me procurou depois de tudo e pelo menos naquele momento agradeci por isso, eu precisava que ele respeitasse meu tempo. Mesmo assim, ao encerrar o expediente na mansão, inventando uma dor de cabeça extremamente forte sempre que alguém perguntava o motivo de eu estar tão abatida, não consegui me privar de deixar no quarto do magnata a gravata e a caneta que eu havia comprado pra ele. Não estava planejando entregá-lo depois de uma briga mas não conseguiria levar aqueles presentes de volta pra casa depois de tudo o que ele insinuara sobre o presente que eu dera a Daesung. Então deixei em seu quarto, com um bilhete, e depois parti. 


Cheguei em casa e chorei, deixei as lágrimas consumirem meu coração e me permiti me entregar a dor, sem saber definir se estava mais triste por ele ter me dito todas aquelas coisas ou se era porque eu queria que ele viesse atrás de mim. Essa confusão de sentimentos me fez sofrer ainda mais e foi em meio às lágrimas que adormeci. Então um novo dia raiou e eu ainda podia sentir a dor consumir meus pensamentos e meu coração. Não queria ir trabalhar naquele dia, mas não podia faltar. Não fazia ideia se Sandara tinha ouvido a nossa discussão mas mesmo que tivesse o feito isso não significava nada, eu havia prometido a ela que não deixaria isso interferir na nossa relação profissional, e era isso que eu faria, mesmo que estivesse destruída por dentro.


Então me levantei e dei a outra face.


[…]


Ele não estava lá quando cheguei e se Sandara sabia de alguma coisa quanto ao que havia acontecido, ela não deixou transparecer. Então tudo o que fiz foi colocar o sorriso mais animado que eu consegui no rosto e fazer meu trabalho do melhor jeito que eu podia, tentando ignorar a ansiedade crescente a cada vez que eu ouvia a porta da frente ser aberta e ouvir sons de passos, imaginando ser ele. Em nenhuma das vezes era.


— Você está bem, Lina? Parece tão abatida… — senhora Ji comentou depois que eu a ajudei a organizar os talhestes no armário. Encarando-a de relance tudo o que fiz foi assentir, inventei uma desculpa de que estava com muita dor de cabeça e percebi com os olhos que ela não havia acreditado muito, mas não perguntou mais nada depois de minhas palavras. 


No meio do expediente Park Bom apareceu na mansão, Sandara não estava em casa e quando me ofereci para preparar um lanche enquanto a Park esperava ela rapidamente recusou. 


— Na verdade vim até aqui porque preciso de sua ajuda, vou sair para comprar alguns artigos para minha loja e Sandara deu autorização para que eu levasse você para me ajudar. Se quiser ligar para ela e confirmar pode ficar a vontade mas espero que possa me ajudar. — ela disse e eu assenti, um pouco surpresa e aliviada por poder sair dali e respirar ar puro, mesmo que fosse para ajudar a Park em suas empreitadas. 


— Tudo bem, será um prazer ajudá-la, e confio em suas palavras. Me troco ou tudo bem ir de uniforme? — indaguei, ela negou com a cabeça. 


— Não tenho nada contra seu uniforme, mas as pessoas podem ser preconceituosas, acho que vai ser mais confortável para você caso se troque. Te aguardo aqui, ok? 


Eu assenti, compreendendo perfeitamente o que ela estava dizendo. Segui em direção ao vestiário dos funcionários e antes de voltar até a Park expliquei a senhora Ji que estava saindo para ajudá-la com a compra de alguns produtos, deixei bem claro que Sandara havia permitido. 


— Vá com cuidado, criança, e tente usar esse pequeno passeio para espairecer e melhorar esse humor, não gosto de vê-la triste. — a cozinheira disse carinhosa, passando a mão em meu rosto, e eu assenti, me sentindo tocada e emocionada por aquele carinho. Por pouco não chorei.


Retornei para sala e então eu e Park Bom saímos. Seu carro estava estacionado em frente à porta, um belo cadilac num vermelho chamativo e brilhante. Arregalei os olhos em surpresa.


— Uau… — murmurei. Enquanto estravava as portas Park me encarou e sorriu. 


— Eu sei, excêntrico, perfeito pra mim. — ela disse, entrando no carro e abrindo a porta do carona pra eu entrar. Sorri e concordei, o carro rugiu abaixo de mim e eu me aconcheguei no banco de couro, colocando o cinto de segurança logo em seguida.


— Definitivamente. — murmurei, ainda sorrindo. O carro saiu da propriedade em uma velocidade elegante e logo estávamos nas ruas de Busan, indo para algum lugar que eu não fazia ideia. Mesmo assim, estar em movimento, e estar na companhia da Park, me acalmou por um tempo.


— Então, talvez eu tenha mentido um pouquinho para conseguir te tirar de casa. — Park começou a falar e eu a encarei confusa, esperando que continuasse. — Eu não tenho que comprar artigos para minha loja, na verdade preciso comprar apenas alguns tecidos, convidei você porque não queria fazer isso sozinha e achei que seria legal chamá-la, gostei da sua companhia. — ela concluiu e eu não consegui nem mesmo ficar brava por conta disso. O fato dela gostar de mim era mais impressionante do que qualquer outra coisa, pela primeira vez no dia sorri com sinceridade.


— Honestamente fico lisonjeada, acho que eu também preciso espairecer um pouco. Só espero que Sandara não sei incomode. — falei, sorrindo, e a Park sorriu também.


— Ela não vai, ficará apenas entre nós. — ela murmurou e eu confiei em suas palavras. Conversamos um pouco durante o trajeto, sobre o clima, sobre as coisas que ela gostava de fazer em seu tempo livre, falamos sobre o meu trabalho e sobre algumas trivialidades mas eu sentia em seu tom de voz ansioso que ela queria conversar sobre outra coisa, a cada vez que eu me demorava em uma resposta ou me prolongava demais encarando à vista que nos cercava eu sentia seus olhos em mim, ansiosa por algo. Percebi o que era quando ela desistiu de esperar e foi direta.


— Não consigo fingir costume então serei direta. Aconteceu algo entre você e Gdragon? — a sua pergunta me fez suspirar em surpresa, não fazia ideia de como ela ficara sabendo de algo, afinal duvidava muito que Gdragon tivesse contado algo a ela. Sabia que eram amigos mas ele não era do tipo que saía revelando detalhes de sua vida pessoal. Aquilo foi um choque para mim.


— Ele disse alguma coisa? — sussurrei, olhando-a surpresa. Ela negou.


— Não, mas encontrei com ele hoje de manhã, na empresa, e percebi que o humor dele está péssimo, perguntei a ele sobre você e ele foi tão ríspido que até me assustei. 


As palavras da Park me fizeram arfar.


— O que ele disse? — não consegui me conter ao perguntar.


— Disse que você não era da conta de ninguém além dele, basicamente isso. 


Suspirei e engoli a vontade de chorar. Nao consegui dizer nada por um tempo.


— Imaginei que fosse algo relacionado a você então resolvi me certificar, sinto muito por parecer intrometida mas a felicidade de Gdragon é muito importante para mim.


Então minha mente clareou em compreensão. 


— Suponho que tenha sido por isso que me chamou para sair, não porque gosta de minha companhia como disse… — sussurrei e ela rapidamente negou com a cabeça.


— Por favor, não seja tola, se eu não quisesse sua companhia não teria sequer sido gentil contigo na festa de Daesung. Fui sincera em todas as minhas palavras quando disse que queria ser sua amiga, sugerir outra coisa me ofende. 


Olhei em seus olhos e quando a sinceridade perpassou por eles senti que suas palavras eram honestas. Decidi confiar nela.


— Desculpe, só fiquei surpresa, não esperava por esss pergunta. 


Ela assentiu. 


— Sei que não, mas como disse Gdragon me pareceu muito irritado hoje e olhando agora percebo que você também não está com seu melhor humor, seus olhos estão tristes. 


Não consegui negar, algo me dizia que Park Bom sabia ler as pessoas, nunca acreditaria em nenhuma mentira que eu tentasse contar então simplesmente fui honesta.


— Bem, nós brigamos, e ele me magoou, não posso falar sobre isso, não posso entrar em detalhes, mas não sei se podemos continuar com nosso relacionamento, ainda assim fico destruída só em pensar me afastar, ele se tornou importante demais e confesso que isso me assusta, pedi a ele um tempo.


Minhas palavras pesaram no carro por um curto momento, Park Bom me ouvia com cautela, ficou absorvendo minhas palavras por um tempo até finalmente voltar a falar.


— Não tiro sua razão e respeito seu desejo de não querer dar nenhum detalhe, honestamente não quero me intrometer, só queria saber se havia acontecido algo, agora que sei espero que os dois possam chegar a uma conclusão e resolver o problema. Não quero parecer uma defensora de Gdragon mas ele mais do que ninguém sabe reconhecer quando cometeu um erro, espero que esse tempo de a ele a chance de provar isso a você. Você é boa para ele, tinha muito tempo que eu não o via tão relaxado quanto na festa de Daesung, sua presença o inspira, você o cativa, tomara que ele não seja tolo de perder isso. 


Deixei as palavras da Park me consumirem por um tempo, eu mais do que ninguém queria que aquilo acontecesse, queria ser capaz de saber lidar com as coisas que haviam acontecido entre nós mas não fazia ideia se conseguiria.


— Honestamente espero o mesmo, Park Bom, porque também me sinto uma pessoa melhor quando o tenho do meu lado. — fui sincera e quase chorei ao sentir o peso das palavras dele ecoarem em minha mente como facadas. Park percebeu meu desconforto, percebeu que eu estava no limbo, no sofrimento.


— Vai dar tudo certo, nenhum relacionamento alcança o êxito logo no começo, vocês ainda tem um longo caminho a percorrer. — sussurrou ela, e agradeci quando acrescentou. — Agora chega de conversa triste, vamos fazer desse passeio uma coisa incrível tanto pra mim quando para você.


Sorri de leve diante de sua animação, esperava do fundo do coração que suas palavras se tornassem realidade, eu precisava me animar, e contava com minha nova amiga para isso. 


(…)


No fim, Park Bom só precisava passar em uma loja de tecidos do centro para encomendar cortinas novas para sua sala de estar. Quase ri quando ela disse ser terrivelmente indecisa para escolher peças para casa, afirmara ter um excelente senso de moda mas para assuntos domésticos era uma negação, a ajudei a escolher os melhores pares de cortinas e como recompensa ela quis me comprar alguma roupas e acessórios mas eu neguei todos, disse que fazia aquilo sem intenção alguma de receber algo em troca. 


Ela me chamou de rabugenta mas não insistiu em me dar mais nada, ela entendia meu ponto de vista e o respeitava. Mesmo assim, quis pagar nosso lanche da tarde em uma cafeteria famosa do centro e isso não tive como recusar. Estava sem carteira e com fome. Comemos torta de limão em uma doceira famosa e tomamos chá de maçã, foi uma tarde agradável e divertida e por um momento consegui me distrair dos pensamentos melancólicos que me levavam de volta à Gdragon. Contudo, esses pensamentos voltaram quando seguimos de volta para o carro e Park manobrou para partir de volta para a mansão. 


Percebi, naquele momento, que Gdragon estava sempre em meus pensamentos.


— Espero ter conseguido animá-la com essa tarde. — Park Bom disse sorrindo e eu assenti, retribuindo o esticar de lábios que ela me ofereceu. Apesar de tudo eu tinha gostado e muito de estar com ela.


— Conseguiu, sim. Muito obrigada por isso, vou me lembrar desse momento com muito carinho. Principalmente da sua indecisão para itens domésticos … — falei, não me contendo ao fazer piada. Ela gargalhou e eu me juntei a ela. Conversamos um pouco durante o nosso retorno e quando finalmente chegamos ela não desceu do carro para entrar comigo na mansão.


— Diga a Sandara que venho visitá-la ainda essa semana,  preciso mesmo de um banho depois dessa tarde. Espero que você possa descansar, e que fique bem. Se precisar de algo me ligue. — ela disse depois que eu desci de seu carro e me despedi. Assenti, me sentindo contente com nosso momento juntas. 


— Direi a ela e mais uma vez obrigada por hoje, foi muito bom. Vou me lembrar quando eu precisar de você. — a respondi, sorrindo. Nos despedimos mais uma vez então ela se foi, me deixando um instante sozinha antes de retornar para a mansão. 


Assim que adentrei a mansão fui surpreendida por Sandara acompanhada de vários papéis sobre a mesa enorme de centro. Me perguntei do que se tratava toda aquela bagunça de papéis mas antes que eu pudesse externar meu pensamento a própria Sandara me explicou.


— Que bom que chegou, já ia ligar para Park te trazer de volta. Preciso da sua ajuda. — ela disse, logo me convidando a me juntar a ela. O fiz de bom grado. — Nos próximos dias haverá um evento muito importante para a elite social coreana. É um baile de máscaras para comemorar a independência industrial da Coreia do Sul, todos os políticos, empresários influentes e pessoas poderosas estarão presentes. O comitê de organização do evento convocou formalmente algumas pessoas para auxiliar na produção desse baile e eu fui uma das selecionadas para ajudar na produção do evento. Por isso venho andando tão atarefada esses últimos tempos, alguns dias atrás, quando pedi, para você ir levar alguns documentos na empresa de Gdragon, eu estava tendo uma reunião com o comitê, no momento nossa maior dificuldade é selecionar o buffet que irá servir o evento, como já conheço o restaurante em que você trabalha e sei da competência do mesmo resolvi sugerir vocês como opção principal mas há algumas opiniões diferentes entre os organizadores então haverá uma pequena seleção, alguns dos membros do comitê vão visitar os restaurantes que estão sujeitos a escolha, para um teste, então estou te contando isso porque quero que o Ambrosia seja escolhido. Todos os restaurantes que estão na mira receberão um e-mail nos próximos dias mas já estou te adiantando porque quero dar-lhes vantagem, quero que se preparem e quero que você, especialmente, me mantenha informada sobre como andam as coisas, preciso muito de sua ajuda, posso contar contigo?


As palavras de Sandara me deixaram atordoada e surpresa mas fiquei muito feliz por ser capaz de ajudar em um evento tão enorme e grandioso como o que ela estava descrevendo. Fiquei ainda mais feliz por ela se lembrar do Ambrosia, Jin ficaria radiante quando soubesse, todos no restaurante ficariam. Honestamente manter a mente ocupada com trabalho seria perfeito para não pensar em Gdragon. E não sofrer no processo.


— Vai ser um prazer ajudar, Sandara. E garanto que o restaurante ficará lisonjeado, prometo que tudo será tratado com a mais pura descrição. — informei, sorrindo leve mas animada com a perspectiva de ajudá-la. Ela sorriu também, parecia aliviada.


— Não faz ideia de como fico feliz em ouvir isso, é importante demais ter você do meu lado nessa empreitada, principalmente por ser um talento nato na cozinha e também por conhecer como ninguém as pessoas e a excelência do restaurante em que trabalha. 


Mais uma vez me senti lisonjeada, não sabia dizer mas tive a impressão de que aquele grande evento seria um divisor de águas não apenas para Sandara, mas para mim também. Restava saber de que forma. 


O restante do dia passou depressa e quando finalmente terminei meu expediente fiquei feliz por poder ir para casa e poder descansar. Eu precisava especialmente de um banho quente e uma boa noite de sono para aplacar todo meu cansaço. Me despedi dos funcionários da mansão e depois parti para a noite fria que se aproximava de Busan. Durante o dia não recebi nenhuma mensagem ou ligação de Gdragon, ele havia tentado me ligar na noite anterior mas fora sua única tentativa de falar comigo. Eu não o vira na mansão e honestamente fiquei aliviada por não precisar lidar com seus olhos escuros e intensos, mas parte de mim ainda necessitava que ele me procurasse, necessitava que ele me pedisse desculpas e me colocasse contra seu peito, parte de mim queria que ele se arrependesse, mas eu sabia que isso não aconteceria, não era do seu feitio. 


Pensei nas palavras de Park mais cedo, que talvez aquele tempo fosse necessário para que pudéssemos resolver nossas diferenças, não sabia se isso seria possível mas esperava que sim, não queria perder o que estávamos começando a construir. Peguei o transporte público e não tardei a chegar em casa. Cumprimentei o porteiro com uma mesura gentil quando passei pela recepção mas antes de subir pelo elevador para o meu andar ele me parou no meio do caminho. 


— Senhorita Lina, chegou uma encomenda para você hoje, como é uma encomenda um tanto quanto grande pedi para que o entregador deixasse diretamente na sua porta, mas chegou com um cartão então aqui está. — ele disse e então me entregou um envelope prata, notei o símbolo da Made Company e não demorei a descobrir que se tratava de um presente de Gdragon. Senti meu coração sair pela boca, quase como se pudesse saltar da minha caixa torácica, agradeci o recepcionista pela gentileza e depois surrupiei o cartão com pressa, pegando o elevador rapidamente logo em seguida.


Não contabilizei quanto tempo demorei pra chegar ao meu andar mas quando finalmente o fiz meu coração se afundou ainda mais dentro do meu peito. Na porta de meu apartamento estava um enorme pacote retangular, embrulhado em papel pardo, ao lado desse pacote tinha também três enormes sacolas pardas e dentro de cada uma delas havia um vaso com pequenas sementes, olhei o nome de cada uma do lado de fora. Quase chorei ao me dar conta de que eram as sementes das minhas flores favoritas. Tulipas, rosas e amores-perfeitos


No dia anterior, enquanto estava com o jardineiro da mansão, comentei com ele que um dos meus maiores sonhos era cultivar minhas flores favoritas naturalmente mas que eu nunca tive a chance ou a oportunidade para isso estando na Coreia, sementes naturais dessas flores eram caras e eu não podia me dar ao luxo de gastar com isso enquanto tentava economizar, não fazia ideia de como mas sabia que Gdragon havia descoberto isso e então resolvera me presentear com tais coisas. 


Ainda em choque peguei todos os presentes e coloquei para dentro de casa, após abrir a porta do apartamento. Ascendi as luzes, deixei minha bolsa sobre a mesa de centro e fechei a porta atrás de mim com um estrondo. Primeiro ajeitei as sacolas com os vasos de flores e as sementes sobre a mesa ampla de jantar, que estava vazia. Depois peguei o pacote retangular e o abri, soltei um arfar surpreso quando vi do que se tratava. Era o quadro As Meninas, que ele havia arrematado por 1 bilhão de reais no leilão beneficente algumas noites atrás. Engoli em seco, eu não lembrava do quanto era lindo. Fiquei encarando a peça por longos segundos. 


Com os olhos cheio de lágrimas decidi ler o bilhete que Gdragon havia escrito. Abri o envelope e quando meus olhos voaram para as primeiras palavras de sua pequena carta senti como fosse o próprio magnata a pronunciá-las. 


Gostaria de poder dizer que avisei, avisei que eu era diferente e que não sabia como fazer as coisas do jeito certo, mas isso não mudaria nada e eu estaria sendo hipócrita. O fato de ser incapaz de ser o cavalheiro branco que você espera só me faz querer você ainda mais, só me faz querer mostrar todas as nuances de um desejo intenso, perigoso, caótico e abrasivo. Não quero desistir de você, não vou desistir de você, não sou tão fácil de afastar quanto pensa e vou ter a chance de provar isso. Você me pediu um tempo e eu vou te dar isso, ficarei alguns dias na minha cobertura, até lá espero que pense no que dizer para mim quando olhar em meus olhos, porque quando eu resolver que esse tempo acabou vou buscar você e então você vai dizer tudo o que tem a dizer na minha cara. Os presentes são seus, para usá-los como quiser, espero que goste das flores, perguntei ao jardineiro quais eram suas favoritas e ele disse tulipas, rosas e amores-perfeitos. Odiei o fato dele saber sobre suas flores favoritas e eu não mas vou me certificar para que eu seja o único a te presentear com elas daqui em diante. Quanto ao quadro bem, já estava na hora de você o receber, decore sua sala até que possa enviar para sua mãe, vou gostar de ver ele pendurado na sua sala de estar. Fique bem e me amaldiçoe durante o tempo que quiser, espero que quando eu olhar em seus olhos de novo seja capaz de arrancar um sorriso seu ao invés de lágrimas.


Ass, Sr. Kwon


E todo aperto que senti no peito se transformou em lágrimas que escorreram pelo meu rosto, não sabia se o odiava ainda mais por sua arrogância e postura possessiva diante daquele bilhete ou se me arrastava de volta para ele. No fim desejei fazer as duas coisas. Olhei para todos aqueles presentes e pensei que não me incomodaria em não ganhá-los, porque não tê-los significaria que Gdragon estaria ali, do meu lado. Engoli em seco, deixando o bilhete sobre a mesa assim como os vasos de flores e o quadro importado e lindo. Fiquei um tempo apenas encarando-os, sentindo as palavras do magnata vazarem para dentro da minha cabeça e coração, como fizeram na noite anterior.


— Como pude me apaixonar por você? — foi o que susussurei baixinho antes de dar as costas para tudo aquilo e seguir para o meu quarto. Eu ainda precisava de um banho e de uma boa noite de sono, mesmo que eu soubesse que no final era com Gdragon que eu sonharia. 


(…)


Dois dias depois

6 de abril | 2019


Quando entrei no restaurante para trabalhar na manhã de sábado, a primeira coisa que fiz foi procurar Kim SeokJin. Eu havia prometido a Sandara que iria ajudá-la com os preparativos do evento que aconteceria nos próximos dias e iria comprimir minha promessa, ela queria que o buffet fosse escolhido para servir o evento e se isso acontecesse seria ótimo para o nosso currículo, provavelmente nos tornaríamos referência como estabelecimento. Ficaria feliz de proporcionar isso aos meus colegas de trabalho. Adentrei à sala de Kim Seokjin e quando ele me recebeu de bom grado expliquei-lhe detalhadamente o que Sandara havia me dito. Ele ficou em choque, depois exultante, depois em choque de novo. Por fim desatou a rir e me abraçou, grato.


— Pelos deuses Lina! Isso é uma notícia maravilhosa, imagina se a gente consegue a oportunidade de servir esse evento? Nosso restaurante seria lembrado para sempre, com certeza isso aumentaria nossa popularidade, seria muito bom para nós! — ele disse e eu assenti, também empolgada pela felicidade dele. 


— Sandara me disse que precisamos ser discretos mas alguns organizadores pensam em fazer uma visita nos restaurantes que estão mais aptos a desempenharem esse papel, então precisamos estar preparados. 


Jin assentiu sob minhas palavras e pediu para que eu explicasse novamente as palavras de Sandara. O fiz com a maior clareza de detalhes possíveis e quando terminei ele parecia ter compreendido como tudo iria funcionar. 


— Certo, o que temos que fazer é estabelecer uma boa estratégia, precisamos propagar a imagem do restaurante nesses dias que vão seguir, temos de marcar presença e chamar a atenção. Podemos organizar algumas promoções e exibições de pratos novos, desenvolver eventos que coloquem o Ambrosia nos holofotes, e temos também que pensar cuidadosamente na apresentação de pratos antes que os organizadores venham nos visitar. Vou montar um cronograma mas já adianto que será um trabalho árduo, ainda assim, caso a gente consiga, vai ser um passo muito importante em nossa carreira e garanto que vai mudar muita coisa para todos nós.


As palavras de Jin me animaram, nos últimos dois dias eu estava me sentindo triste e para baixo, não recebera nenhuma visita de Park Bom e nenhuma notícia de Gdragon, ele havia feito como prometido e sumido da mansão, não mandara mais nenhum presente além dos que estavam cuidadosamente guardados em minha casa, o quadro pendurado no alto da televisão e os vasos com as flores sobrepostos no parapeito da janela da cozinha, tudo estava quieto e silencioso, me lembrava do dia em que eu comecei a trabalhar para si, onde cada passo, cada abertura de porta, era uma expectativa maior em vê-lo, mas não aconteceu. Ele não apareceu e eu continuei presa em minha própria tristeza, indecisa sobre o que faria.


No fim, ter muito trabalho e com o que me preocupar no restaurante me ajudaria a esvaziar a mente. Fiquei grata.


— Sei que vamos conseguir, tenho certeza disso. — falei para Jin, saindo de meus devaneios e prestando atenção no novo desafio a nossa frente. Ele sorriu e me abraçou de novo. Soube, ali, que estava grato. 


— Vamos trabalhar duro para isso. 


E de fato iríamos.


Depois de conversar com Jin mais um pouco a respeito do grandioso evento eu finalmente comecei o meu trabalho naquele dia. Me troquei e assumi meu posto no balcão de pedidos rápidos. Naquele sábado em especial o restaurante não estava tão cheio então pude usar meu tempo para organizar algumas bebidas e itens que estavam fora de lugar nas gavetas elegantes do balcão, só percebi que alguém havia entrado no restaurante quando escutei o tamborilar de dedos sob a madeira do balcão escuro. Me aprumei rapidamente esbanjei um sorriso gentil para o rapaz elegante que estava à minha frente aguardando para ser atendido. 


A pele branca como marfim contrastava perfeitamente com os cabelos tingidos de um forte tom de vermelho, aquilo me chocou por um momento, nunca havia visto alguém com o cabelo daquela cor. Vestido em um terno tão vermelho quanto seus cabelos o rapaz à minha frente aparentava ter uns 28, 29 anos, mas algo em seu comportamento me dava a impressão de que havia visto e feito muitas coisas para alguém de sua idade. Afastei o pensamento e rapidamente me foquei em atende-lo.


— Olá senhor, o que gostaria de pedir? — indaguei formalmente, ainda segurando o sorriso leve, ele me retribuiu e eu percebi que seus olhos castanhos escuros se espremiam em linhas finas enquanto sorria, sua expressão parecia a de alguém verdadeiramente astuto. 


— Olá, senhorita. Agradeço a formalidade mas não sou tão velho assim para ser chamado de senhor, pode usar o tom informal se preferir. — ele disse, retribuindo meu cumprimento. Nunca havia recebido um pedido assim de nenhum outro cliente do Ambrosia, aquilo me desarmou, me fazendo retirar o sorriso do rosto e transformá-lo numa expressão passiva. Talvez aquele rapaz estivesse interpretando minha gentileza de forma errada.


— Perdão, senhor, mas aqui somos instruídos a tratar os nossos clientes formalmente, de forma respeitosa. Infelizmente não posso tratá-lo por outra maneira. O que gostaria de pedir? — falei, meu tom não fora grosso mas já não era mais tão gentil quanto quando começamos aquele diálogo. O rapaz pareceu não se abalar, ao invés disso assentiu uma vez com a cabeça numa expressão condescendente.


— Certo, tem razão. É que estou muito tempo fora da Coreia do Sul, tinha me esquecido de como a formalidade é importante por aqui. — ele disse, assumindo uma expressão séria mas ao mesmo tempo compreensiva. Quando ele disse isso percebi que de fato seu sotaque tinha algo de carregado, como se ele tivesse passado tempo demais sem falar coreano e agora estivesse voltando aos poucos. Ao mesmo tempo notei que havia um grande traço da língua europeia em seu tom, algo como italiano ou espanhol. Obviamente não o perguntei para confirmar, não era da minha conta. — Bem, meu nome é Lee Kawan, então pode me tratar por senhor Lee. Gostaria de um copo de 500ml de capuchinho de caramelo com café amargo, pode adicionar ao pedido dois pedaços de torta de pêssego caramelizada com mel, tudo para levar por favor. — ele concluiu e eu assenti, anotando tudo. Percebi que ele me observava com certa atenção notável enquanto eu anotava seu pedido e por um momento aquilo me desconcertou, ele não estava sendo invasivo, ainda não, mas seus olhos de algum jeito pareciam pesados demais para mim. Terminei de computar o pedido e avisei que ficaria pronto em poucos minutos. Preparei seu café, consciente de seus olhos na minha nuca, e embrulhei os dois pedaços de torta que havia pedido, colocando tudo na sacola elegante do restaurante logo em seguida. Quando me virei para entregá-lo percebi que havia se inclinado sobre o balcão e agora se encontrava perto demais entre o limite considerado normal. Quase arfei surpresa com o modo como seus olhos me encaravam ansiosos. 


— Estou ansioso por essa torta e esse café tem muito tempo... — ele disse, retornando a posição normal e voltando a sorrir, não tive reação nenhuma senão assentir e lhe entregar seu pedido, lhe informei o valor e ele pagou em dinheiro. Quando o entreguei o troco, senhor Lee alargou ainda mais o sorriso.


— Obrigado, senhorita, o atendimento foi excelente e eu não poderia estar mais feliz por ter parado justamente aqui no meu primeiro passeio de volta para o país. Vou me lembrar desse lugar e, com certeza, vou lembrar de você. 


As palavras dele tinham um tom de expectativa estranho que não consegui desvendar. Só consegui assentir, ainda atordoada por aquele diálogo.


— Só fiz o meu trabalho, senhor Lee. — murmurei, tentando parecer educada e não assustada. Ele sorriu mais uma vez.


— Ah, com certeza você fez, e o fez brilhantemente. Voltarei mais vezes e espero que se lembre do meu nome quando eu retornar. Não se esqueça.


Ele transformou o sorriso em uma expressão séria e então, após pronunciar essas palavras, ele finalmente partiu. Fiquei estagnada por um momento, tentando entender o que fora tudo aquilo. De fato, aquele homem era estranho. No fim voltei à mim: provavelmente nunca mais o veria então não havia motivo algum para me sentir estranha com aquele diálogo. Era só é uma pessoa excêntrica, nada demais. 


Suspirei, voltando a organizar os itens do balcão de pedidos rápidos, e em menos de um minuto o rosto do tal Lee Kawan havia sumido da minha memória, dando espaço para o único rosto que importava: o de Gdragon.


Notas Finais


+ um capítulo concluído! espero que tenham gostado! foi um cap bem parado em relação as interações dos nossos personagens principais mas ao mesmo tempo necessário para a gente entender como foi que a Lina ficou depois de tudo, ela tá criando amizades novas e isso é importante então colocar a Park Bom foi uma escolha inteligente nesse sentido. Agora sobre o personagem “novo” que entrou… o que vocês acham que ele vai aprontar??? e esse baile de máscaras hein… será que vai dar certo!? só lendo pra gente descobrir haha! me contem nos comentários sua opinião d não deixem de salvar a fic na biblioteca pra receber as atualizações! giglio ama vocês! até o próximo ❤️✨


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