História Obsessão. (Sasunaru) - A conquista de Uchiha Sasuke.

Querido diário,

Quando eu anteriormente disse que tinha planos pro dia de hoje, não esperava que seriam executados dessa forma.

Na minha cabeça, eu deveria simplesmente puxar Sasuke para um canto e confrontá-lo, dizer de uma vez por todas tudo o que estava entalado dentro de mim durante todos esses anos.

Mas o que aconteceu foi exatamente o oposto.

— Ei, Naruto! Passou um furacão por você, foi?

Você já sabe que Shikamaru desde a infância sempre inventa algum motivo para me zombar, seja lá qual fosse. A partir do momento em que pisei na escola eu tive a certeza de que dessa vez não seria diferente.

Não consigo me lembrar precisamente como a nossa amizade começou. Nós dois éramos considerados os ‘’nerds’’ da nossa turma no Ensino Fundamental, o que acabou nos unindo de certa forma. Hoje em dia eu posso afirmar com toda a certeza do mundo de que não há um amigo melhor do que ele para mim.

— Ele tem razão. Por que sua gravata tá tão bagunçada? E você não penteou o cabelo hoje? – Sai perguntou, encarando. Intrometido. 

O novato do nosso grupo era alguém que eu estranhava vez ou outra. Apesar de não ter nada contra ele, o branquelo era capaz de fazer comentários extremamente desnecessários e incômodos. Era quase como se ele não entendesse o significado da palavra ‘’sensibilidade’’.

— Eu gostei do seu novo visual. Deixou você mais… – Hinata disse ao se aproximar do meu ouvido, para que apenas eu pudesse ouvi-la – Sexy.

Sorri travesso para a Hyuga, que se afastou rapidamente e soltou uma risadinha cobrindo a boca com as mãos. Depois de descobrir sobre os seus desejos mais profundos, não conseguia voltar a enxergá-la apenas como a garota certinha e a princesinha de seu clã. Era praticamente impossível.

— Calem a boca, vocês. Eu só tô cansado da rotina. – falei dando de ombros, enquanto caminhávamos pelo corredor.

— Dá pra acreditar que já estamos no último ano? – Kiba disse animado, sorrindo e olhando para os lados.

Diário, acho que já repeti isso aqui no mínimo umas quinhentas vezes. Por Deus, aquele garoto não sabe passar um perfume? Ele cheira a suor e a pelo de cachorro, provavelmente por passar o dia todo no canil em que ele trabalha. O problema é que o relógio não apontava nem as 8 horas ainda.

Por isso eu sempre preferi gatos ao invés de cachorros. São animais mil vezes mais limpos e quietos, justamente o que eu procurava em um animal de estimação. É uma pena o fato do meu pai simplesmente abominar qualquer tipo de bola de pelo.

— Pois é, parece que foi ontem o tempo em que você corria atrás da Hinata igual uma cadelinha. – Neji exclamou, falando pela primeira vez no dia.

Todos nós rimos e o Inuzuka corou violentamente. Ele não podia negar que até hoje em dia continuava tentando alcançar a aprovação da perolada. Grande coisa.

Estávamos quase chegando até a nossa sala de aula, que por irônica coincidência é a mesma do ano passado. Você tem noção de que eu vou finalmente me formar e me livrar de todo o peso que é precisar agradar o meu pai? Eu mesmo mal posso acreditar que em menos de um ano estarei longe de Konoha, cursando faculdade em outro país.

— Ah, não... – Kiba sussurrou e cerrou os dentes ao olhar para frente. Todos nós paramos como tolos ao vermos quem se aproximava.

Era simplesmente o grupo dos babacas mais temidos de toda a escola. Eles eram influentes e populares mesmo que ninguém soubesse exatamente o porquê. Todos os idolatravam e respeitavam, sem nenhum motivo aparente.

Andavam e passeavam pelo corredor como se a escola fosse deles. A loira na frente, Ino, esbanjava o seu corpo escultural vestida em uma minissaia bem mais curta do que o permitido pelas regras do colégio. Karin e Suigetsu vinham ao lado, repletos de superioridade e esbanjando arrogância para os demais.

Atrás mas não menos importante, estavam o ‘’casal do milênio’’, como eram chamados por aí. Haruno Sakura e Uchiha Sasuke, eram a dupla perfeita e a combinação para a destruição. Desde que assumiram o relacionamento uma semana antes do baile de fim de ano, seus nomes e rostos não deixam de aparecer no Twitter do Jornal da Escola.

Eram cobiçados e invejados apenas por serem perfeitos. E merda, como eram.

A garota de cabelo rosa andava agarrada ao braço de seu namorado, enquanto o mesmo parecia extremamente desinteressado enquanto mexia em seu celular.

— Peraí... eles estão vindo para a nossa direção? – A Hyüga perguntou, levemente assustada. Era o que parecia.

Não sabíamos como reagir. Afinal, após todos esses anos sendo do mesmo ano que eles, jamais havíamos trocado uma palavra sequer.

Mesmo que eu pudesse passar uma semana descrevendo, você jamais entenderia como Sasuke estava ridiculamente gostoso naquela manhã, diário.  Ele vestia uma jaqueta preta rasgada por cima do uniforme e seus fios pretos estavam minuciosamente penteados e arrumados. Andava desleixado, o que o deixava ainda mais irresistível aos meus olhos.

Desgraçado.

Quem permitiu que ele tivesse toda a beleza voltada justamente a ele?

Se houvesse ao menos uma pessoa que competisse com o Uchiha naquele quesito dentro da escola, talvez eu fosse um pouco menos obcecado por ele e por todos os seus detalhes. Mas não existia alguém ao seu nível.

— Shikamaru... Eu vou dar uma festa sexta, de abertura das aulas. – Ino se aproximou desinteressada, enquanto procurava alguma coisa dentro da sua bolsa imensa.

Arregalei os olhos e encarei Hinata, que estava extremamente corada e com as mãos suando.

— Não fique se vangloriando, o meu pai me obrigou a te chamar – a loira puxou no mínimo dez pulseirinhas roxas de dentro do seu equipamento e o entregou. – Você pode levar os seus amiguinhos, tanto faz.

Sim, é isso mesmo que eu acabei de escrever.

Eu e aqueles idiotas havíamos acabado de ser convidados para a festa de abertura das aulas de Yamanaka Ino. O quão irreal isso parecia?

— Você tem certeza disso, Ino? – a ruiva dizia entre risadas, debochando de toda a situação.

— Já disse que o meu pai mandou. – as duas se entreolharam e sorriram.

— Quanta imbecilidade. – o loiro de cabelos longos revirou os olhos, riu sarcasticamente e começou a andar em direção a outra sala. – É só entregar essa merda e pronto.

Sakura nem ao menos fez questão de olhar em nossos rostos. A garota tentava incansavelmente sibilar alguma coisa no ouvido de seu namorado, que em momento algum a correspondeu.

Quando estavam todos se virando para ir embora, sem querer ou não, enquanto eu os encarava, Sasuke subiu o seu olhar abruptamente em minha direção. Nossos olhares se cruzaram e eu fiz questão de não desviá-lo nem por um segundo. Instigado pela minha reação inusitada, o Uchiha continuou me olhando fixamente.

Aqueles olhos negros e profundos. Eu provavelmente sonharia com isso a noite.

O nosso contato apenas foi interrompido quando a Haruno o puxou para longe, fazendo-o virar de costas. Chacoalhei a cabeça, desacreditado do que havia acabado de acontecer, assim como todos os meus outros amigos.

— Parem com isso. Vocês sabem que nossos pais são melhores amigos, não é como se eu fosse próximo dela ou algo assim. – Shikamaru dizia enquanto nos entregava aquelas pulseiras.

Ele agia como se aquilo fosse qualquer coisa. Apesar de nunca ter frequentado nenhuma, eu sabia exatamente como aquelas festas funcionavam. Consequência de não ter nada para fazer nos finais de semana a não ser stalkear todo mundo nas redes sociais.

Desde que estavam no nono ano, aqueles garotos frequentavam as festas dos alunos mais velhos e costumavam ser amigos da Akatsuki, que até o ano passado era a ‘organização’ dos mais descolados na escola. Sasuke havia puxado o legado de rei que possuía o seu irmão, Uchiha Itachi.

O Uchiha mais velho era tão superestimado quanto o mais novo. Ambos nasceram uma família de advogados de elite,  extremamente ricos e respeitados por toda a região. Os bastardos haviam literalmente sido criados em um berço de ouro. Com tudo garantido.

É claro que dinheiro não era única coisa que definia a importância de alguém dentro daquele colégio. A Academia é uma das escolas mais caras de todo o Japão, constituída somente por clãs valiosos e por alunos que no futuro se tornarão pessoas importantes para o país, portanto qualquer um ali também era rico, e como. 

— Aquele que estava com eles, vocês também viram o mesmo que eu? – Hinata perguntou tímida, e ao mesmo tempo foi respondida pelo seu primo.

— Sim. É o Deidara, da Akatsuki.

A minha cabeça deu uma volta imensa naquele momento. Diário, você se lembra? É o garoto da detenção do ano passado. Como eu poderia não tê-lo reconhecido?

— Isso significa que ele... Vai fazer o terceiro ano com a gente? – o Inuzuka perguntou, o que me fez revirar os olhos.

Por mais que fossemos grandes amigos, não poderia deixar de exaltar a burrice do meu amigo. Não que eu estivesse tentando me colocar como superior, mas em situação alguma eu faria uma pergunta idiota daquela.

— Se ele está aqui agora, isso quer dizer que sim. – Neji respondeu, estranhamente pacífico.

Eu já sabia que o loiro não costumava levar os seus estudos a sério, estava estritamente explícito quão encrenqueiros eles eram pelo simples fato da Akatsuki praticamente inteira ter frequentado quase todas as detenções e suspensões no ano anterior. Do mesmo jeito, eu não poderia adivinhar que algum deles repetiria de ano.

Sorte a nossa ele não ter ficado na nossa sala. É óbvio que ele faria parte do grupinho dos populares e jamais daria bola novamente para um zero à esquerda como eu.

Estava calado como de costume. A essa hora da manhã o meu cérebro não funcionava nem mesmo com os meus amigos, e todos eles sabem que eu sou muito melhor em me comunicar a distância do que pessoalmente.

O sinal tocou e as aulas começaram. Para ser sincero, nada de importante aconteceu. Apesar de estar disposto a uma mudança, não começaria já totalmente diferente, estava planejando isso aos poucos.

E a oportunidade de ir até aquela festa me ajudou muito.

Tentei me focar nas aulas e não pensar em todas as possibilidades que poderiam acontecer naquela sexta-feira.

Respira, Naruto. Ainda é segunda, seu idiota.

Sasuke definitivamente estaria lá. E se ele está em um lugar, poderia afirmar com toda a certeza que estaria rodeado tanto pela sua namorada irritante quanto por diversas garotas – e garotos – que o cobiçavam. Eu precisava fazer a diferença, tomar finalmente uma decisão e uma atitude sobre tudo aquilo.

Se eu continuasse reprimindo todo esse desejo dentro de mim... Eu enlouqueceria.

— Eu acho que eu nem vou nessa tal festa. – Shikamaru nos disse na saída da escola, dando de ombros.

Muitas vezes eu tenho vontade de socá-lo por ser tão desinteressado sobre tudo.

— É claro que você vai. – afirmei enquanto passava a mão pelos meus fios loiros.

— Não sei, preguiça – ele rebateu, e eu sabia que se não interviessem ali, começaríamos uma discussão. Daquelas bem infantis, onde apenas ficaríamos entre ‘’Não vou’’, e ‘’Você vai sim’’.

— Mas praticamente só você foi convidado de verdade, não dá pra ir sem você! – Hinata olhou em seus olhos e fez a sua cara fofinha, que era convincente o suficiente para que qualquer um aceitasse os seus pedidos instantaneamente. Manipuladora. — Por favorzinho, Shika... – a Hyüga segurou em suas mãos e sorriu.

— Tá, tá bom. Mas não foi só porque você pediu.  – O que foi que eu disse? Facilmente controlado.

— Ei, eu vou precisar dormir na casa de um de vocês – falei olhando diretamente para o Nara e para o Inuzuka, sabendo de imediato que seriam os únicos lugares onde eu seria permitido dormir.

O meu pai, como estou cansado de te dizer, é o cara mais rigoroso com horários que eu conheço. Desde que a minha mãe ainda estava viva, eles nunca deixaram eu ficar na rua até mais tarde e sempre se preocupavam muito com quem eu andava por aí.

—Vocês podem dormir na minha. Hina... Você vem também? – Kiba disse envergonhado, praticamente ao convidar a garota para dormir em sua casa também.

— Bobinho. Tá cansado de saber que o meu pai nunca deixaria. – Ela sorriu docilmente.

Por falar em pai rigoroso, tem também o pai da Hinata. Puta que pariu, esquece o que eu disse. Se o meu pai é chato com essas coisas, o velho Hyüga era mil vezes pior. Ele odiava as amizades da filha, principalmente por ser a única garota entre o nosso grupinho.

— Por que vocês estão tão apressados? A festa é só na sexta. – Neji disse, com razão. Estávamos parecendo criancinhas, provavelmente devido a nunca sermos chamados para festas daquele tamanho. O mais velho também não era fã de aglomerações ou de curtição, e provavelmente só iria porque poderíamos.

— Eu vou só para pegar a Ino. – Sai disse, sorrindo. Como eu já disse, esse garoto é estranho. Como ele solta uma coisa dessas do nada?

— Vai sonhando. – Kiba sorriu de lado, debochado. Não o julgava, eu também não colocava muita expectativa naquilo.

— Está duvidando, por acaso? – o branquelo o olhou enquanto cruzava os braços.

— Tudo bem...  Então até amanhã. – fui o primeiro a me despedir antes que eu presenciasse uma briga entre dois idiotas.

Passei a tarde toda estudando a matéria que havia sido dada, o meu pai estava no trabalho então aproveitei o silêncio absoluto para relaxar fazendo alguns cálculos.

Desocupado e totalmente entediado, decidi largar os meus estudos e procurar alguma diversão no meu celular e acabei percebendo que eu ainda não tinha uma conta propriamente minha no twitter. Eu possuía uma conta anônima, o @user101003 apenas para espionar algumas fofocas de vez em quando sem que ninguém soubesse. Mas a conta não seguia ninguém e não havia seguidores, o que significava que eu poderia começar do zero.

Hm... o usuário. Simples, seria @uzumaki_naruto. Até que criar uma conta não é tão difícil como eu imaginava.

Coloquei uma foto de perfil que eu havia tirado alguns dias atrás, na frente do espelho. Não era nada demais, mas ao mesmo tempo era uma das únicas fotos em que eu não vestia aquele uniforme horroroso da escola. E de capa, apenas uma foto preta sem contexto.

— Biografia... Que coisa ridícula. Por que eu estou fazendo isso mesmo?

Perguntei a mim mesmo enquanto continuava com aquilo. Nunca fui fã de redes sociais ou de me expor muito, mas estava certo de que me integrar nas redes sociais era uma coisa importante para começar com a minha mudança.

‘’flawless’’ – foi a minha decisão final. Era o nome da minha música preferida, que também era da minha banda favorita: The Neighbourhood.

Música, ironicamente era uma das únicas coisas que me proporcionaram algum tipo de lazer desde que eu era pequeno. Apesar de ser eclético de certa forma, as músicas dark e indie rock sempre foram o meu ponto fraco.

Agora... quem eu seguiria? 

Comecei a vasculhar quem seriam os indicados a partir da minha localização. Eram vários rostos conhecidos, tendo em vista o quão minúscula era Konoha.

Iniciei por seguir Hinata, Sai, Shikamaru, algumas garotas da minha sala como Temari e Tenten, e quando percebi já estava seguindo Sakura e até mesmo Uchiha Itachi.

Segui sem medo e sem hesitar todos os membros da Akatsuki e alguns garotos que já estavam na faculdade, como Hatake Kakashi. Era impressionante a quantidade de seguidores que todos tinham, mesmo seguindo pouquíssimas pessoas.

Foi ao seguir essa linha que finalmente o encontrei sem ao menos procurar.

@sasukeuchihx. Esse era o seu usuário ali.

— Vou deixar para procurar mais sobre você depois, Uchiha Sasuke.

Mais uma vez voltei a falar comigo mesmo. Acho que todas aquelas tardes sozinhos em meu quarto estavam começando a me fazer mal.

Segui o usuário sem ao menos passar pelos seus tweets antes. Afinal, eu teria muito tempo para isso depois.

Agora, eu tinha outra coisa em mente. Precisava começar a pensar sobre aquela festa e antecipadamente considerar tudo o que eu faria ou falaria, todas as coisas que me fariam chegar até ele.

Diário, você sabe exatamente do que estou falando. Aqui e hoje, coloco em prática o plano: A conquista de Uchiha Sasuke.

Uma coisa eu posso prometer a você: eu não vou desistir até que eu o cumpra.

E eu jamais volto atrás de minhas promessas.

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