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História Ocean eyes secrets - Trust no one


Escrita por: atlantys

Notas do Autor


Olá, meus amores! Como vocês estão? Demorei, mas finalmente apareci!
Sei que eu disse que as atualizações não virão em dias marcados, mas mesmo assim, prometo tentar ser frequente.
E aos que quiserem, eu sempre aviso algo sobre isso no Twitter: @iAtlantys
Espero que gostem do capítulo e que façam uma boa leitura!
E não esqueçam de comentar, é muito importante e não custa nada!

Capítulo 2 - Trust no one


Fanfic / Fanfiction Ocean eyes secrets - Trust no one

      As horas daquele dia se passaram rapidamente depois do que aconteceu, e quer saber? Eu sequer consegui tirar aquela imagem de meus pensamentos. Eu fiquei tão encantado com o que vi que acabei deixando tudo isso pairar em mim, o tempo todo.

       Eu já estava em casa, já tinha feito minhas tarefas e no momento, estava a arrumar a caminha de Júpiter – meu cachorro. Porém, nem isso eu consegui fazer com foco, pois aqueles olhos não saiam de minha cabeça. Aquela jovem moça, aquele oceano que ela carregava em um dos olhos...

      Como seria possível tal beleza?

       Pensei em contar aquilo a Jimin e Taehyung, porém pensei que seria melhor fazer pessoalmente. Em nosso grupo privado no Kakao, estávamos a conversar o tempo todo. Porém, eu resolvi não entrar naquele mérito. Sendo assim, guardei a cena só pra mim e me vi louco quando não consegui esquecer.

      Até que finalmente, eu voltei à escola no dia seguinte. Dessa vez, consegui chegar no horário e não voltei a receber puxões de orelha dos professores que odiavam quando tal coisa acontecia. É, eu já estava lá como eu desejei a noite toda. Porém, meu intuito era estar com meus amigos o quanto antes – mas isso, ainda não tinha sido possível.

      Já com meu celular em mãos e com o fone de ouvido guardado no bolso da calça do uniforme, fiquei apostos ao ver o horário. E então, finalmente, o sino tocou às dez da manhã. Assim que pude sair, segui pelo corredor até o lugar onde sempre nos encontrávamos, enquanto torci para que chegassem logo.

      Fiquei impaciente, é claro. Eu precisava contar a alguém sobre o que tinha acontecido e eu sabia que teria que ser aos meus melhores amigos. Fiquei olhando de um lado a outro, até que os vi caminhando em minha direção enquanto davam risadas de algo.

      – Nossa! Vocês demoraram! – Falei lhes dando uma bronca.

      – E ainda nem pegamos o lanche. – Taehyung riu.

      – Andem logo! Eu tenho algo a dizer pra vocês!

      – O que é? – Jimin puxou a cadeira e sentou.

      – Vão pegar o lanche, eu conto quando voltarem. – Falei.

      – Agora fiquei curioso. – Jimin acomodou-se na cadeira e demonstrou ao cruzar os braços, que não iria fazer o que eu sugeri.

      – Não vai querer nada? – Taehyung perguntou a mim.

      – Acho que não. – Falei.

      – Vamos juntos até a fila, sendo assim você pode contar o que pretende o quanto antes. – Disse ele.

      – Você vai? – Perguntei a Jimin.

      – Se vocês forem, eu vou.

      – Então vamos. – Levantei e fui com eles até a fila.

      Nos levantamos ao mesmo tempo e seguimos até o final da fila para pegar o lanche. Eu sabia que fazer isso tomaria todo o nosso tempo do intervalo de poucos minutos, mas se era assim que eles queriam... Eu acabei cedendo.

      – Vou me inscrever no show de talentos. – Falei.

      – Sério? – Eles falaram ao mesmo tempo.

      – Eu pensei e tomei a decisão. – Fui convicto.

      – Finalmente se decidiu e parou de não enxergar seus talentos. – Disse Jimin.

      – Não é questão de não enxergar, Jimin-ssi. – Expliquei. – Acontece que eu não me vi tão animado com o que pensei.

      – E então? O que irá fazer? – Perguntou Taehyung.

      – O que vocês me sugeriram. – Expliquei.

      – O vídeo?

      – Sim. – Assenti.

      – Bota casaco, tira casaco. – Jimin fez piada e Taehyung riu.

      – Não sei por que ainda se espantam com o meu jeito indeciso, vocês sabem que eu sou assim. – Falei.

      – E como será? Já tem alguma ideia? – Perguntou Taehyung.

      – Tenho. – Falei e logo vi a imagem da jovem moça voltar aos meus pensamentos. – E isso aconteceu depois que eu voltei da praia ontem a tarde como disse a vocês que faria.

      – Então quer dizer que gostou da ideia das ondas? – Jimin sorriu quando lembrou de sua sugestão.

      – Ou então, gostou da ideia das paisagens. – Disse Taehyung.

      – A ideia que eu decidi aceitar foi a de ter uma modelo. – Falei um tanto corado. – Um foco, um referencial nas cenas.

      – E como isso aconteceu? – Jimin me fitou risonho quando lembrou o quanto eu sou tímido.

      – Eu encontrei uma moça bem jovem na praia pouco antes de eu ir embora. – Falei enquanto a fila andou e nós nos aproximamos. – E foi ao vê-la, que fiquei simplesmente encantado e vi nela a inspiração que eu precisava.

      – Encantado? – Perguntou Jimin.

      – Inspiração? – Perguntou Taehyung.

      – Ela é simplesmente incrível de tão bonita. – Falei corado.

      – E você a cobiçou? – Jimin riu.

      – Apenas como foco para o meu vídeo destinado ao show. – Falei envergonhado enquanto desviei o olhar.

      – Me engana que eu gosto. – Ele riu, junto a Taehyung.

      – E o que tanto te atraiu na tal pessoa?

      – Taehyung, ela simplesmente tem uma beleza singular. Tem uma feição européia ou americana e certamente é estrangeira.

      – E por acaso ela é a primeira estrangeira que você vê por aqui? – Perguntou Jimin.

      – Ela é diferente. – Falei pensando na moça. – E sabe o que mais me deixou admirado? Ela tem heterocromia!

      – Hetecromatia? – Perguntou Taehyung.

      – Heterocromia! – Expliquei.

      – E o que é isso?

      – Ela tem cores diferentes nos olhos.

      – Ela tem os olhos vermelhos? Ou tipo... Roxo? – Perguntou Taehyung, sempre entendendo tudo ao contrário.

      – Não é uma cor diferente do normal. – Expliquei. – Trata-se dos olhos terem cores diferentes e não iguais como o nosso.

      Nesse momento, vi que Taehyung e Jimin simplesmente pareciam não entender o que eu queria dizer. E foi ao notar isso, que eu decidi pegar o celular, abrir o Google e lhes mostrar uma foto real de uma pessoa com tal anomalia.

      – Uau! – Taehyung ficou chocado.

      – Isso é real? – Perguntou Jimin.

      – Sim, é uma mutação que acontece na pigmentação dos olhos.

      – Que incrível! É realmente muito curioso! – Disse Taehyung, passando o celular para Jimin.

      – Tem certeza de que não é um daqueles edits?

      – Tenho, Jimin-ssi. – Expliquei. – Eu já sabia que isso era possível, porém nunca conheci alguém que realmente tivesse essa diferença nos olhos.

      – É muito bonito, puxa vida! Em foto eu já fiquei impressionado, imagina ver isso cara a cara. – Disse ele.

      – E os olhos dela são de que cor?

      – O da direita é castanho e o da esquerda é completamente azul feito as águas das praias em Dubai. – Expliquei.

      – Incrível! – Disse Taehyung.

      – E então? Você falou com ela sobre o show? Chegaram a conversar ou algo do tipo? – Jimin perguntou sorridente.

      – Não. – Falei.

      – Não? – Taehyung ficou espantado.

      – Eu apenas a vi. – Confessei.

      – Ah, eu não acredito, Jungkook! – Jimin riu. – Você não falou nada com ela? Não a cumprimentou?

      – Ela apenas perguntou se o lugar ao meu lado estava livre e só o que eu fiz foi confirmar quando resolvi sair. – Falei.

      – Que idiota. – Jimin riu.

      – Eu fiquei impressionado com o que vi, simplesmente perdi as palavras e acabei perdendo a oportunidade. – Falei arrependido.

      – Perdeu mesmo. – Disse Taehyung.

      – E agora? Como fará para vê-la outra vez?

      – Eu não sei. – Falei desconsertado.

      – E mesmo assim, você irá fazer a inscrição no show de talentos contando com essa pessoa que você sequer conheceu? – Perguntou Jimin.

      – Eu farei de tudo para encontrá-la novamente. – Falei mesmo não acreditando em minhas palavras.

      – Você disse que ela tinha feição estrangeira. – Disse Taehyung. – E se ela for uma turista? E se estiver de malas prontas para voltar de onde veio?

      – Bem observado. – Disse Jimin.

      – Não acredito que seja assim. – Falei. – Ela sabia falar o nosso idioma e quando eu a encontrei, ela tinha nos braços uma criança com feição asiática.

      – Uma criança com feição asiática? – Perguntou Taehyung.

      – Ela parecia ter acabado de buscar a menina no playground e ao sentar-se no banco onde eu estava, ela colocou nos pés da pequena a sua sandália. – Expliquei.

      – Eu ainda não acredito que você perdeu a oportunidade de ao menos ter se apresentado a ela. – Disse Jimin. – Ao menos poderia tê-la cumprimentado.

      – Nem o nome dela você sabe? – Perguntou Taehyung.

      – Nem isso. – Lamentei.

      – E mesmo assim, você fará a inscrição no show contando com a garota que você só viu uma vez na vida? – Jimin me fitou.

      – Eu farei o possível para encontrá-la outra vez. – Falei, novamente não colocando fé em minhas palavras.

      – Boa sorte! – Disse Taehyung, quando nossa vez de pegar o lanche chegou.

      Não gostei da reação de meus amigos, eu pensei que eles se alegrariam pela minha decisão e pelo acontecimento. Em partes, isso aconteceu. Mas logo depois, eles desconfiaram sobre tudo aquilo dar certo de fato, quando eu sequer tomei uma atitude para iniciar tudo que seria necessário.

      Fiquei um tanto chateado por terem acabado com minha animação, mas me dei conta de que eles estavam certos. Eu devia ter falado com ela ou ter iniciado algum assunto. Porém, só o que eu fiz foi ficar nervoso e sair de perto quando ela chegou.

      Seria ela uma turista? Estaria de malas prontas para voltar de onde tinha vindo? Ela morava perto da orla? Quer dizer, ao menos ela morava em meu país? Como será que ela se chama? Será que era natural de qual outro continente?

      E foi ao pensar nisso, que eu acabei ficando desanimado de vez. As cenas ainda estavam em minha mente, mas ao pensar nas chances de tudo aquilo acontecer novamente, fiquei decepcionado. Eu sabia que seria difícil, ou então, impossível.

      Voltando às aulas, assim que o pouco tempo que tínhamos de intervalo acabou, eu tentei me distrair. Jimin e Taehyung foram para suas respectivas salas e quando me vi sozinho em frente a uma folha cheia de equações e exercícios de cálculo, decidi fazê-los e parar de pensar na tal moça.

      Até que naquele mesmo dia, antes de dormir, toda a história veio à tona mais uma vez. Eu poderia ficar o tempo todo sem lembrar, mas era só eu deixar minha mente vazia, que a jovem moça aparecia por ali com seus olhos tão bonitos para me fazer admirá-la mesmo que a distância.

      Com Júpiter ao meu lado, em cima do colchão, eu comecei a pensar. Lembrei de seus olhos tão diferentes e de beleza única. Lembrei do castanho escuro que parecia tão cheio de mistérios, enquanto o azul cristalino trazia a tona uma luz sem fim.

      Sua expressão séria também voltou aos meus pensamentos. Sim, eu sequer consegui ver seu sorriso quando lhe dei o lugar para que ela se sentasse com a criança. Só o que fiz foi vê-la e ouvir sua voz, pois mesmo lhe fazendo uma gentileza, ela não sorriu.

      Sua seriedade me inspirou. Seus olhos me deixaram intrigados por serem tão bonitos e revelarem tão pouco. Sua expressão neutra, me deixou cego ao admirá-la. E foi ao lembrar de todos os detalhes que eu vi em pouco tempo em sua face, que eu voltei a ficar sonhando acordado se um dia tivesse a chance de fazer dela, a minha modelo.

      Foi então que eu decidi voltar aquele lugar mais uma vez. Justamente naquela praia, naquela praça e naquele trecho da beira-mar. Aquilo tudo ainda me parecia impossível de acontecer, mas a vontade de pensar o contrário foi maior. Sendo assim, eu quis tentar.

      Ao vê-la com a criança naquele playground, pensei que poderia ser um costume das duas estarem ali. Era à tarde, um horário em que o sol já estava fraco e se escondendo aos poucos. Parecia um momento perfeito para dar a criança um momento de lazer, sendo assim, pensei que eu poderia estar certo.

      A vontade de conseguir concluir tudo que eu planejei foi tão grande, que eu comecei a pensar em teorias. Pensei que ela poderia morar ali perto, pensei que ela poderia gostar de estar ali e pensei que seria um momento de lazer pra ela assim como para a pequena menina.

      É, eu poderia estar certo.

      E foi ao decidir voltar lá outra vez, que eu decidi deixar meus amigos fora disso. Dizer a eles que eu ainda considerava possível toda aquela ideia que claramente era utópica, seria uma piada. Eles realmente pensariam que era uma tolice – e de fato, parecia ser – mas para não acabar me desanimando mais, eu resolvi fazer o que eu queria sem ter opiniões.

     Resolvi esperar o dia seguinte chegar, e voltei ao local apenas quando as mesmas condições começaram a se concretizar. Fui quando já era à tarde, fui até a mesma praia e até o mesmo lugar. Fiquei perto daquele banco e ali, eu fiquei a olhar tudo a minha volta.

      Fiquei tanto tempo ali, que notei aos poucos o anoitecer. Sentado no mesmo lugar, perto de minha bike e com minhas câmeras na mochila que eu levava nas costas, eu pensei que já era tarde. Sequer tirei algumas fotografias, fiquei com medo de perder a chance de ver a moça mais uma vez, então acabei perdendo a tarde inteira ali – e sem sucesso.

      Fiquei um pouco frustrado. Sim, levemente. Mas minha vontade de continuar fazendo aquilo foi maior, e eu não pensei em desistir. Algo me dizia que aquela moça junto com a criança, costumava estar ali variadas vezes. Algo me dizia que elas frequentavam aquele lugar. E sendo assim, uma hora eu conseguiria.

      Já no segundo dia, ainda sem comentar com meus amigos sobre minhas tentativas, eu voltei à beira-mar. Dessa vez, para não ficar totalmente sem fazer nada, eu comecei a usar minha câmera. De longe, foquei as lentes no mar e ali eu tentei fazer belas imagens que depois de editadas, eu as transformaria em belos papéis de parede para computador.

      Mas, outra vez tudo foi em vão. As fotos ficaram ótimas e as edições melhores ainda, novamente eu não consegui ver a tal moça ou mesmo a pequena criança que estava com ela. Mas, a vontade de insistir ainda era maior. E enquanto fosse assim, eu continuaria tentando.

      Tentei sete vezes, ao todo. Alguns dias eu cheguei mais cedo, outros eu cheguei mais tarde. Alguns dias eu fiquei perto do mar, outros eu fiquei mais perto da praça. Alguns dias eu usei minha câmera para fazer belas fotografias, outros eu apenas não tirei os olhos daquele playground, enquanto fiquei com esperanças.

      Mas em todas essas vezes, eu me frustrei.

      Eu estive tão empenhado em conseguir tal coisa, que simplesmente me vi obcecado por aquele encontro. Aqueles olhos não saiam de minha mente e aquela voz também não. Comecei a me ver hipnotizado por aquela moça, mas de nada isso adiantaria.

      Teria ela voltado ao seu país? Estaria ela sem condições de voltar àquele lugar por aqueles dias? Será que estaria bem? O que teria acontecido?

      Aqueles questionamentos foram me deixando perturbado, e eu só consegui deixá-los de lado quando peguei no sono. Minha procura por aquela moça foi tão intensa, que quando me dei conta, eu já não estava mais pensando em nada que não fosse isso. Eu realmente me sentia acorrentado naquela história, e foi assim que mesmo depois de tantas frustrações, eu decidi voltar à beira-mar.

      Com minha câmera em mãos, voltei a focar nas ondas. Já sem o tênis e com os pés diretamente na areia, eu fiquei ali enquanto por algumas vezes, eu voltava a olhar o playground. Tentei pensar que eu estava ali apenas pelas fotografias, mas nem eu consegui acreditar nisso.

      Passei duas horas ali na orla. Tirei as fotos, fiz alguns rascunhos sobre o vídeo que eu ainda tinha esperança de poder fazer e depois comecei a ver pela tela da câmera, as imagens que eu tinha feito.

      Já estava ficando tarde e um vento frio bagunçou as folhas de meu caderno de anotações – além de fazer o mesmo com meu cabelo. Sem esperanças, resolvi desistir mais uma vez. E foi ao guardar minha câmera, que resolvi colocar meus tênis.

       É, mais uma vez não deu.

      Já pronto para ir embora, arrumei minha mochila nas costas depois de ter vestido meu casaco. Tentei arrumar meu cabelo com as mãos, mas desisti pelo vento insistente. Aproximei-me da faixa de pedestres enquanto esperei a luz verde acender para os que iriam atravessar e foi nesse momento que, quando fitei o que tinha a minha frente, que fui invadido por uma sensação de euforia.

      Eu vi a garotinha asiática no playground.

      Ainda sem poder atravessar a rua tão movimentada, eu fiquei a olhá-la de longe ainda sem acreditar. Era ela, eu tinha certeza! Estava a brincar perto da gangorra e parecia feliz – só não mais do que eu ao vê-la finalmente.

      Comecei então a procurar a jovem moça a qual eu tanto desejei encontrar. Olhei de lá pra cá enquanto senti meu coração acelerar. Fiquei com boas expectativas, até que vi a garotinha indo na direção dos bancos – longe dos brinquedos. E foi quando eu segui com os olhos para ver aonde ela iria, que finalmente eu me vi satisfeito após tanto esforço.

      Lá estava ela.

      A que tinha o oceano no olho esquerdo.

      O semáforo exibiu a luz verde para os pedestres e assim que os veículos pararam para deixar eu e mais algumas outras pessoas passarem, eu fui rápido. Segurando as alças da mochila, eu andei depressa até lá. Porém, quando me vi perto, pensei que não seria uma boa abordagem a que eu pretendia.

      Pensei em ser discreto ao me aproximar lentamente. Pensei em atravessar a rua e seguir a outro lugar. Pensei em fitá-la de longe antes de tudo, e foi aí que eu me convenci de que era a melhor opção. Sentei-me perto do playground e de longe, eu comecei a observá-la.

      Ela tinha os cabelos presos dessa vez. Usava sapatilhas, uma saia jeans e uma blusa de manga comprida por cima. Seu look era em tons claros e o que lhe dava destaque, era suas madeixas tão escuras feito seu olho direito.

      Ela estava sentada de um jeito arrumado e comportado. Tinha em mãos algo que parecia uma agenda, ou mesmo um caderno para anotações. Ela estava escrevendo com uma caneta fluorescente enquanto a menina brincava. E foi essa cena, de paz e tranquilidade no seu momento de escrita, que eu fiquei a observar sorridente ainda de longe.

      Era tão bonita...

      Pensei em fotografá-la, porém ao pensar melhor, concluí que isso seria demais. Eu não poderia fazer isso sem que ela permitisse, então logo acabei deixando a câmera onde ela estava. Sentado naquele banco, eu não tirei os olhos dela enquanto senti-me tão inspirado a ponto de escrever-lhe um poema.

      De repente, ela fechou o tal caderninho. Prendeu a caneta que usava entre seus arames e logo pegou seu celular. Conectou o fone no ouvido e antes de escolher um vídeo para assistir – pelo jeito que virou o celular – ela olhou a garotinha nos brinquedos.

      Vendo que estava tudo bem com a pequena, ela voltou seus olhos à tela de seu aparelho. Ficou ali focada no que estava a assistir e mesmo assim, eu continuei a observá-la de longe. Até que nesse momento, algo me chamou a atenção.

      Ouvi um choro de criança.

      Ao ouvir aquele som, olhei diretamente ao playground e quando fiz tal coisa, me deparei com a tal garotinha. Ela estava no alto de um escorrego e parecia ter medo. Certamente subiu as escadinhas, mas na hora de descer, perdeu a coragem.

      Ela estava fazendo bico e olhava para o chão tão longe dela demonstrando um medo de altura. Ficou paralisada e parecia pedir ajuda a tal jovem moça, mas ela infelizmente estava com os fones no ouvido e olhando para o celular.

      Ao ver a garotinha com medo, sem pensar duas vezes eu fui até lá. Arregalei os olhos e assim que pensei que ela poderia cair, eu voei até ela. Estendi os braços em sua direção e logo ela demonstrou a mim com o seu olhar, que realmente tinha medo. A tomei de cima daquele escorrego e logo eu a envolvi em meus braços, segurando-a no colo.

      – Não chore, bebê! Está tudo bem! – Sorri pra ela.

      – Estou com medo! – Foi o que ela disse de forma embolada ao agarrar em meu pescoço num abraço de alívio.

      – Não tenha medo! Veja só, eu peguei você! – Sorri.

      – O que você está fazendo? – Ouvi uma voz desesperada.

      Olhei para trás de uma vez e foi nesse momento, que eu vi a tal moça. Ela estava se aproximando de mim outra vez e ao ver-me com a pequena nos braços enquanto ela chorava, acabou entendendo tudo errado.

      – Ela estava... – Tentei falar.

      – Tire as mãos dela agora! – Ela aproximou-se de vez.

      Ora, mas espere aí? Onde estava o azul de seus olhos que eu tinha visto da última vez? Como era possível que seus dois olhos estivessem castanhos? Como... Mas eu jurava que eles eram de cores diferentes!

      Ao olhar em seus olhos, fiquei sem palavras. Eles estavam diferentes, porém iguais. Os dois estavam escuros e o azul cristalino não estava mais ali. O mistério do olho direito que sempre foi castanho, tomou conta do esquerdo. E sendo assim, eu me vi louco ao pensar que aquilo tudo foi algo de minha imaginação quando confirmei as cores iguais e escuras.

      – Solte ela agora! – Ordenou.

      – Não se confunda, eu apenas...

      – Vem, meu amor! Vamos embora daqui! – Ela tomou a menina de meus braços de uma só vez.

      – Não é o que está pensando! Ela estava a chorar, porém não foi por algo que eu fiz! – Fiquei transtornado.

      – Nunca mais se aproxime dela, está me ouvindo? – Berrou, me deu as costas e se foi.

      – Eu só queria... Ajudá-la. – Falei em baixo tom quando vi as duas indo embora as pressas.

      Oh, não! Mas como tudo aquilo pôde dar errado? Eu esperei tanto por aquele momento e agora... Tudo foi estragado por um mal entendido. Ela me olhou furiosa, tomou a menina de meus braços e sequer deixou-me explicar que eu apenas tinha ajudado ela quando teve medo.

      Perplexo, eu fiquei sem fala ali em pé, perto do playground. Eu fui tão cuidadoso ao me aproximar. Eu esperei tanto tempo por aquele momento e quando aconteceu, eu pensei na melhor forma de cumprimentá-la. Porém, houve um mal entendido tão forte que eu me senti a pior pessoa do mundo ao pensar que ela teve mais pensamentos sobre eu e a pequena.

      A fitei até que a perdi em meu campo de visão. Minha vontade foi de ir até ela, contar o que houve – que certamente ela não viu – e lhe explicar que nada do que ela pensou era verdade. Mas fiquei sem reação e ela se afastou tão rapidamente, que eu não tive chances.

      Senti um amargo na garganta ao vê-la correr de mim. Puxa vida, eu não tinha feito nada... Não machuquei a pequena e não lhe fiz nenhum mal. Ela chorava antes e eu apenas quis ajudá-la, mas a cena que ela viu, lhe fez pensar tudo ao contrário.

      Fiquei completamente triste.

      Só depois de um tempinho, eu voltei à realidade. Chateado e um pouco frustrado, eu voltei ao banco onde eu estava sentado antes e comecei a lamentar. Eu tinha me esforçado tanto para encontrá-la outra vez... Por que tudo tinha que dar errado?

      Fiquei de cabeça baixa e com o olhar perdido, até que fitei o banco em que ela estava outra vez e simplesmente... Arregalei os olhos ao ver algo bem ali.

      Seu caderno de anotações.

      Antes que outra pessoa fizesse isso, eu fui até lá e o tomei em minhas mãos. E foi ao olhar a capa lilás com estrelinhas amarelas coladas, que eu pude entender que não era simplesmente um caderno de anotações. Aquele ali, tratava-se de seu diário.

      Poderia ter sido aberto por mim, na curiosidade. Mas eu pensei que seria um grande erro. Olhei a capa, a caneta de cor gritante e olhei os adesivos ali colados. Era tão bonito... Assim como ela.

      Resolvi guardar seu pertence comigo. Repudiei a ideia de folhá-lo e por saber que era dela, eu quis guardar com todo o carinho. Eu pretendia devolvê-lo a ela o quanto antes, sendo assim, finalmente poderia tentar uma conversa.

      Coloquei o diário dentro de minha mochila junto com minhas câmeras e após isso, fui até minha bike para ir pra casa. E foi durante o caminho inteiro, que eu pedi aos céus para poder reencontrá-la mais uma vez – e o quanto antes.


Notas Finais


E então, meus amores? O que acharam? Sei que ainda está no início da história, mas queria saber sobre as expectativas de vocês! Me contem, eu vou adorar ler! Sempre gosto de interagir com vocês!
Até breve! Prometo que tentarei não demorar tanto a voltar aqui! Um beijo! ♥


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