História Ocean eyes secrets - Family first

Almoço de domingo

Primeira vez em família

Passei a semana inteira com um nervosismo e uma ansiedade que não permitiram que eu tivesse uma boa noite de sono — e que me fizeram contar os minutos até o dia atual. O almoço especial para Jade já tinha sido marcado e era só nisso que eu conseguia pensar.

Tentei me acalmar para não fazer nada de errado no momento — principalmente para não passar vergonha em alguma ocasião — mas quem disse que eu consegui? Era a primeira vez que eu estava passando por tal momento e isso era totalmente inédito pra mim, sendo assim, não tive como reagir diferente.

Como já falei, passei um bom tempo apenas desejando que este dia chegasse o quanto antes. E finalmente, ele chegou. Acordei cedo hoje — na verdade sequer consegui dormir direito — e enfim, depois de ajudar minha mãe indo ao mercado para trazer alguns ingredientes, eu fui ao banho.

O tempo estava frio lá fora, mas do lado de dentro não era muito diferente, já que o aquecedor não estava a funcionar bem. Então na hora de escolher minha roupa, optei por um jeans não tão novo juntamente com uma camisa simples e um casaco mais bonito.

Cantarolei no banho e depois de ir de toalha até meu quarto, comecei a me vestir. Olhei-me no espelho e pela primeira vez me vi um cara muito confiante e com um sorrisão no rosto. Depois de vestido eu usei o secador para arrumar bem minha franja caindo nos olhos e decidi passar perfume também.

Foi nesse momento que o meu celular tocou e eu vi que era Jade. Ainda era um pouco cedo — apenas um pouco — e minha mãe ainda não tinha aprontado toda a refeição. Fiquei com medo dos horários ficarem descontrolados e atendi a ligação o quanto antes para saber o que ela queria falar.

— Oi, Jade-ah. — Atendi.

— Te acordei?

— Na verdade eu sequer consegui dormir essa noite. — Corei.

— Sério?

— Pra você isso não é novidade, mas pra mim é, então isso acaba sendo mais empolgante. — Fiquei sorridente.

— Pra mim não é?

— Sei que não sou seu primeiro namorado.

— Acontece que com aquele... Acontece que ele não se dava bem com a própria família e morava sozinho, nunca participei de um almoço como o que marcamos para hoje enquanto estive naquele relacionamento.

— Sério?

— É, isso nunca me aconteceu, então não venha dizer que você é o único empolgado aqui. — Deu risadas.

— Perdão, é que eu não sabia desse detalhe.

— Tudo bem, JK. — Deu de ombros.

— Estou muito ansioso e nervoso ao mesmo tempo.

— Estarei chegando em breve e liguei para avisar. Estou no posto de gasolina abastecendo o carro, mas chego em poucos minutos.

— Eu vou me preparar enquanto isso.

— Para quê? — Deu risadas.

— Eu ainda não sei como apresentá-la aos meus pais.

— Deixa que eu me apresento.

— Pode ser uma boa ideia. — Dei risadas. — Caso eu trave e não diga nada por estar com vergonha, você pode tomar a palavra.

— Você é muito bobo. — Jade sorriu com minhas falas. — Tudo bem! Eu vou te ligar quando eu chegar, okay?

— Estarei aguardando, amor. — Corei.

— Até logo!

E foi assim que desligamos, que eu me joguei na cama e fitei o teto sendo o mais apaixonado de todos enquanto fiquei sorridente e ansioso. Eu queria ver Jade o quanto antes. Queria poder recebê-la com um beijo e queria tê-la em meus braços.

Sobre apresentá-la aos meus pais, posso dizer que eu queria fazer isso o quanto antes, mas ao mesmo tempo eu me via nervoso e tímido — ainda mais pelas reações de minha mãe, que certamente me envergonharia.

Depois de criar boas expectativas sobre a vinda de Jade, comecei a imaginar como ela estaria vestida. Pelo frio, eu sabia que ela não estaria usando um de seus vestidos de alças que lhe caíam tão bem. Mas lembrando desse detalhe, pensei que ela estaria usando suas botinhas de salto fino de sempre.

Puxa vida, mas que ansiedade...

Ainda pensando em Jade, resolvi me levantar da cama. Fui para frente do espelho e arrumei meu cabelo mais uma vez. Conferi minha roupa e enfim, fui ao andar de baixo para encontrar meus pais e falar sobre a chegada de Jade em poucos minutos.

— Falta pouco para o almoço ficar pronto! Estou fazendo um peixe maravilhoso com muitos temperos frescos e um molho picante também! Uma delícia! Será que ela vai gostar? — Disse minha mãe.

— Peixe? Ora, mas as pessoas da Rússia costumam comer frutos do mar? Será que acertaremos no prato principal? — Meu pai perguntou.

— Ela é russa, mas já vive aqui há um bom tempo. Certamente já está muito bem acostumada com a culinária de nosso país.

— Tomara que esteja. — Meu pai riu.

— Compramos suco de frutas e também refrigerante.

— Ótimo! Obrigado por terem se empenhado tanto, saibam que isso é realmente importante pra mim! — Falei corado.

— Eu faria isso e muito mais, meu amor! Não precisa agradecer! — Minha mãe apertou minhas bochechas.

— Ela chega em quantos minutos?

— Poucos. — Falei. — Estava abastecendo, mas já está perto.

— Estou ansiosa!

— E eu também! — Meu pai respondeu.

Depois de ficar mais ansioso ainda depois de ouvir as expectativas de meus pais, fiquei contando os minutos para que Jade chegasse. Andei de lá pra cá na sala de estar até que eles se juntaram a mim novamente.

Minha mãe avisou que a comida já estava pronta e que em breve poderíamos comer. Depois de tudo arrumado, os dois ficaram sentados no sofá da sala enquanto eu ainda aguardava Jade. E foi quando meu celular tocou que eu já fui direto para a porta de entrada antes mesmo de atender.

Chegando lá, surpreendi Jade saindo do carro depois de ter estacionado. Fiquei ali na porta aguardando sorridente e notei que assim que ela saiu de perto do carro, estava carregando algo nas mãos. Era uma caixa pequena e ela trazia com cuidado.

— Finalmente! — Lhe recebi com um abraço muito apertado por estar com saudades.

— Demorei tanto assim? — Perguntou abraçada comigo.

— Eu estava muito ansioso para sua chegada. — Corei.

— Eu também estava contando os minutos para te ver. — Me beijou.

Tive meu momento ali fora com Jade enquanto estava com a garganta seca de tanta ansiedade. A beijei, lhe dei um belo abraço e depois disso, pude reparar em como ela estava vestida.

Jade usava aquelas botinhas que eu tanto achava que combinava com ela. Usava uma jaqueta, por dentro estava vestindo uma blusa florida e usava jeans com rasgos no joelho. Estava cheirosa, maquiada e o melhor de tudo, sem a lente no olho azul.

— O que é isso? — Perguntei quando ela me entregou a caixa.

— Eu passei na confeitaria perto de minha casa e comprei uma torna para a sobremesa, não queria chegar de mãos vazias.

— Oh, mas não precisava... — Corei.

— Espero que todos gostem. — Assentiu sorridente.

— Obrigado! — Concordei. — Agora vamos entrando! Meus pais estão nos aguardando!

Estendi a mão para Jade e assim entramos juntos em minha casa. Ainda com a caixa na mão, fui andando na frente e foi nesse momento que ao ouvir meus passos, Júpiter se aproximou. Veio correndo em minha direção, mas ao ver Jade, ficou desconfiado.

— Oh! Você tem um cachorro! — Jade sorriu.

E nesse momento, Júpiter ficou apenas fitando Jade como se ela fosse uma impostora. Parou perto de mim como se fosse me defender e sequer deu atenção a Jade. Demonstrou realmente que estava sendo ciumento.

— O nome dele é Júpiter!

— Que nome legal. — Ela riu. — Olá, Júpiter!

— Eu acho que ele está estranhando. — Falei ao ver que Júpiter sequer deu atenção a Jade.

— Você não vai falar comigo? Hum? — Jade abaixou-se e ficou na mesma altura que Júpiter enquanto o chamou com a mão.

— Isso é só por agora, daqui a pouco já está brincando contigo. — Dei risadas ao ver que Júpiter apenas cheirou as mãos de Jade e não quis mais saber de nada. — Venha, vamos indo!

Fui entrando com Jade enquanto Júpiter ainda estava analisando-a. Segurei ela pela mão enquanto que com a outra eu segurei a torta e enfim, chegamos até a sala onde meus pais estavam conversando e assistindo tv.

— Nossa convidada chegou! — Falei me aproximando enquanto meu rosto ardeu de vergonha.

Nesse momento, quando chamei a atenção de meus pais, os dois olharam em nossa direção ao mesmo tempo. Jade corou junto comigo, mas certamente estava mais calma. Meus pais sorriram e minha mãe foi a primeira a cumprimentá-la.

— Esta é a Jade. — Falei sorridente. — Minha namorada.

— É um prazer conhecê-la! — Jade segurou a mão de minha mãe e logo curvou-se para cumprimentá-la.

— O prazer é todo meu, Jade! Fico muito feliz em finalmente poder conhecê-la! — Minha mãe corou. — Me chamou Meyang.

— Eu também fico muito feliz em conhecê-la, Sra. Jeon.

— Oh, por favor! Me chame apenas de Meyang! Ou então se quiser, pode chamar de Yang, é como as pessoas me chamam. — Sorriu.

— Tudo bem, Yang! Como quiser! — Jade assentiu e concordou.

— E este é o meu pai. — Estendi a mão em sua direção.

— Olá, Jade! Me chamo Jibaek!

— É um prazer conhecê-lo! Fico muito feliz! — Jade novamente segurou suas mãos e curvou-se para cumprimentá-lo.

— É tão bonita quanto Jungkook nos disse. — Minha mãe fofocou.

— Obrigada! — Me fitou enquanto descobriu que eu tinha falado muito sobre ela aos meus pais.

— Sente-se e fique a vontade! — Disse minha mãe sorridente.

— Jade trouxe uma torta para a sobremesa!

— Sério? — Meu pai se animou.

— Eu não quis chegar com as mãos vazias, então trouxe uma torta de morango frescos e bastante cobertura por cima. — Ela falou.

— Uau! Adorei! — Minha mãe comemorou.

— Eu vou guardar lá na cozinha. — Falei e logo deixei Jade com meus pais na sala.

Meu coração estava disparado e eu não sabia como esconder o tremor que eu tinha nas mãos. Deixei a torta ali em cima da mesa ainda dentro da caixa e por um tempo, respirei fundo. Tentei me acalmar e então, voltei para a sala.

Passei perto de meus pais e logo me sentei perto de Jade. Assim que fiz isso, automaticamente Jade segurou minha mão e logo entrelaçou nossos dedos. E sem demora, todo aquele assunto que eu imaginei, se iniciou.

— E então, será que podem nos contar um pouco sobre como se conheceram? Sobre como tudo aconteceu?

— Ah, mãe... — Corei.

— Nos conhecemos na praia. — Jade falou sem demora. — Jungkook e eu nos vimos pela primeira vez depois de um de seus ensaios fotográficos.

— Verdade? — Minha mãe animou-se.

— Sim, ele tinha acabado de fotografar o mar e as paisagens também. Eu tinha notado ele de longe, mas só reparei mais nele quando ele veio para perto de onde eu estava.

— Tinha reparado em mim? — Arregalei os olhos.

— Me chamou a atenção ver uma pessoa fazendo o que você fazia. Então eu não tive como não olhar por um tempo.

— Uau... — Meu pai sorriu ao ver minha timidez.

— Não foi logo depois disso que nos falamos. Demorou um pouco, mas logo Jungkook fez questão de se aproximar mais. Falamos sobre suas fotos e até marcamos uns passeios. Confesso que eu fiquei desconfiada ao ver o interesse dele, mas depois isso foi se perdendo e assim eu passei a ver tudo com mais clareza.

— Desconfiada foi pouco, você ficou muito medrosa comigo. — Dei risadas ao falar assim.

— É que sempre fui muito insegura e realmente eu tinha medo. Eu desconfiava das intenções das pessoas, então nunca fui muito de confiar facilmente.

— Mas isso passou. — Sorri pra ela.

— Sim, hoje em dia não sou mais como eu era. E foi conforme fui confiando em Jungkook que fomos nos aproximando. Nos tornamos amigos depois de muitas idas e vindas e agora estamos aqui.

— Eram amigos e se apaixonaram? — Meu pai falou.

— Eu posso ter tentado não deixar isso acontecer, porque eu realmente não pretendia ter um relacionamento agora. Mas acontece que Jungkook chegou e eu acabei mudando de ideia, seria impossível resistir a ele. — Ela me fitou.

— Que vergonha... — Corei e todos riram de mim.

— Demorou muito tempo, mas acabou acontecendo. Jungkook e eu fomos nos conhecendo melhor e começamos a sair juntos, sendo assim fui ficando mais confortável com sua presença e acabei... Me tornando sua namorada. — Sorriu Jade.

— Pra falar a verdade, sempre desconfiamos que ele estava namorando escondido. Ou então, que estava saindo com alguém. Mas ele sempre fugia do assunto e nunca tínhamos uma confirmação. — Minha mãe riu.

— Pra mim a confirmação foi quando Jungkook apareceu usando um gorro cor de rosa.

— E eu me fiz de boba fingindo que acreditei em sua resposta. — Minha mãe riu.

— Neste dia Jungkook esteve em minha casa. Eu estava me sentindo não muito bem, então ele foi me visitar. Mas estava doente, então acabou que fui eu quem cuidou dele e no final, trouxe ele para casa. — Jade disse.

— Ahhhh, Jungkook! Mas você é mesmo um mentiroso, não? — Minha mãe riu.

— Ainda não era hora de falar. — Corei por demais.

— Combinamos que tudo ficaria só entre nós. Eu não queria que tudo evoluísse precocemente por causa de pessoas que ficariam sabendo ou não, então decidimos viver isso a dois.

— Fizeram muito bem. — Meu pai falou. — Realmente tem sempre alguém para se meter na vida dos outros, não é?

— Realmente. — Minha mãe concordou.

— Estivemos juntos por outras vezes, mas decidimos manter tudo em segredo. Era no nosso tempo, então nós decidimos tudo. Mas agora como tudo evoluiu, decidimos contar a vocês antes de falar abertamente com todos. — Explicou Jade. — Então não briguem com Jungkook, isso foi um acordo nosso e por isso ele não lhes contou nada.

— É brincadeira, não vamos nos zangar com isso. — Meu pai riu.

— E falando sobre você, Jade, o que faz da vida?

— No momento eu trabalho como babá, mas em breve eu pretendo reiniciar meus estudos na universidade para me forma em enfermagem. Eu tive de abandonar esse sonho, mas pretendo recomeçar mais uma vez.

— Uau! Tomara que consiga voltar! Ter estudos hoje em dia é essencial para ter uma estabilidade financeira.

— Sim, eu penso nisso. Meu emprego como babá não é pouca coisa, eu ganho bem e consigo manter o que eu tenho. Mas tenho vontade de ter uma profissão e eu gosto de estudar, então em breve espero estar na faculdade novamente.

— Estaremos juntos, não é? — Perguntei.

— Seria ótimo se estudássemos na mesma universidade. Eu me sentiria muito feliz com essa ideia. — Jade corou.

— Vocês vão conseguir! Se vocês se esforçarem, certamente conseguirão alcançar o que pretendem!

— E ainda estão novos, ainda há tempo para correr atrás dos sonhos! Quantos anos você tem, Jade?

— Tenho vinte e um.

— Com carinha de dezoito. — Falei.

— Realmente. — Meu pai concordou.

— Pretendo voltar aos estudos, mas pretendo continuar trabalhando. Eu gosto do que faço e mesmo que eu acabe ficando sem tempo, eu quero conseguir encarar esse desafio.

— Muito bom! É isso mesmo! — Minha mãe concordou.

— Você usa lentes de contato, Jade? — Perguntou meu pai.

— Uso, mas hoje não estou usando.

— Não? — Ele a fitou de perto.

— Meus olhos são assim mesmo, pois eu sofro de uma anomalia chamada heterocromia. Tenho os olhos de cores diferentes desde que nasci, porém ele era puxado para o verde. Minha mãe me chamou de Jade por causa disso, mas quando foi mais tarde a cor foi mudando e ficou puxado para o azul.

— Sim! Jade lembra muito o nome de um mineral! — Meu pai falou.

— Jadeíta, não é? — Disse minha mãe.

— É esse o meu nome, Jade é só apelido. Mas como sou russa, meu nome tem uma pronúncia e grafia diferente da de vocês aqui.

— Seu nome é Jadeíta?

— Jhadeyit Dmitriyev. — Falou.

— Eu jamais conseguirei falar com esse sotaque! — Meu pai riu.

— Uau! Bem diferente! — Disse minha mãe.

— Eu costumava usar uma lente castanha em meu olho azul para que não chamasse atenção, pois eu odiava quando me olhavam diferente por isso. Mas essa foi uma das coisas que Jungkook me ajudou a superar, pois todos os dias ele dizia o quanto meus olhos eram bonitos. — Confessou.

— E finalmente eu fiz Jade acreditar nisso. — Sorri.

— É muito bonito! Puxa vida! É um tom de azul muito forte!

— Jungkook costumava dizer que eu tinha o oceano inteiro dentro de meu olho esquerdo. — Me fitou. — Eu acreditei nisso e comecei a me sentir especial por tal coisa.

— É incrível! — Meu pai falou.

— E desde quando você mora aqui, Jade? Jungkook disse que você veio da Rússia.

— Há uns três ou quatro anos.

— Tem cidadania?

— Não é cidadania, mas acabei me tornando residente. Eu consegui isso quando comecei a trabalhar e a morar aqui. Depois de muitas comprovações e com a minha matrícula ativa na universidade, eu tive uns benefícios.

— Isso é muito bom! — Minha mãe disse.

— E eu não penso em voltar mais para a Rússia. Talvez para visitar meus pais e meus irmãos e irmãs, mas mesmo se fosse assim, eu pretendia trazê-los para cá um dia ao invés de voltar.

— E por que não pretende voltar?

— Eu gosto daqui e me acostumei. Realmente eu me encontrei por aqui e não me vejo longe deste lugar.

— Entendo. — Disse meu pai.

— Bom! O que acham de adiantarmos o almoço por agora? Hum? Continuaremos conversando depois que já estivermos de barriga cheia! — Minha mãe disse e nós assentimos.

— Sim, vamos! Estou morrendo de fome! — Meu pai respondeu.

— E eu quero experimentar a torta o quanto antes! — Falei.

E foi depois desta breve conversa que finalmente fomos até a cozinha. Chegando lá, Jade se ofereceu para ajudar a servir, porém minha mãe dispensou já que ela era a visita. Nos sentamos depois de tudo pronto e enfim, começamos a fazer nossos pratos.

A primeira a elogiar o peixe feito por minha mãe foi Jade e isso fez a Sra. Jeon ficar muito alegre. Realmente estava muito bom e temperado, estava uma delícia que até fez meu pai e eu repetirmos e comermos de novo.

Nos servimos do suco e também do refrigerante quando já estava mais gelado. Conversamos enquanto isso e posso dizer que tudo estava bem agradável. Meus pais se preocuparam muito se Jade tinha gostado da comida e ao ver isso, fiquei feliz por eles estarem se dando bem com ela.

E finalmente, fomos à torta que Jade comprou. Dessa vez ela mesma se impôs a nos servir e logo que eu peguei os pratinhos, ela foi cortando os pedaços e foi nos entregando. E eu, fui o mais bobo ao ver a interação de minha namorada com meus pais.

O doce estava muito bom e eu fiquei doido para poder comer de novo. Meus pais também elogiaram e até perguntaram onde Jade havia comprado. Conversamos sobre isso depois que ela falou o nome da confeitaria e enfim, chegou a hora da louça.

Meus pais decidiram fazer isso juntos e disseram que poderíamos ficar a vontade com o tempo que tínhamos. Jade e eu ainda insistimos em ajudar, mas eles dispensaram. Sendo assim, decidi levar Jade para conhecer um pouco mais de minha casa.

Segurando em suas mãos, voltamos a sala e então, fomos até as escadas. Júpiter esteve nos acompanhando o tempo todo e ainda estava avaliando Jade. Lhe mostrei o pouco que tinha no segundo andar e depois de uma bela visão da sacada, eu decidi que queria mostrar a ela o meu quarto.

Quando abri a porta, o primeiro a entrar foi Júpiter — que foi direto até sua casinha e ficou ali desconfiado. Ainda segurando a mão de Jade, adentrei ao cômodo e logo fiquei olhando enquanto ela olhou cada canto do meu cantinho.

— É sempre tão organizado assim? — Sorriu.

— Eu tendo. — Corei.

— Me parece aconchegante no frio.

— Sim, aqui fica muito bem aquecido.

— Confesso que não esperava menos de seu quarto. Imaginei quase igual ao que ele é de verdade.

— Imaginou que seria assim?

— Com tons de azul nas paredes e com muitos artigos de videogame também, além de ter esses quadros de fotos.

— Se eu pudesse, cobriria a parede inteira com as melhores fotos que tenho, mas isso ficaria bem caro e eu não conseguiria faze. — Sorri.

— É uma boa ideia para decoração. — Sentou-se na beirada de minha cama. — Ei, e você? Quando vai vim me cumprimentar, hum?

— Ele está tímido. — Falei quando olhei Júpiter.

— Traga ele até aqui, nós temos que conversar antes de fazer amizade. — Disse Jade.

E depois disso, eu fui até a casinha de Júpiter. Ele se animou em ter minha companhia e logo veio para fora de sua casa, mas voltou a ficar desconfiado quando eu o peguei no colo e o levei até Jade.

Falei com ele que estava tudo bem e que ele deveria se comportar. Ainda com ele no meu colo, me sentei na cama ao lado de Jade e assim, ela foi se aproximando ao fazer carinho nele. Passou a mão por suas orelhas e logo estava fazendo carinho em seu focinho.

Aos poucos, bem como eu imaginava, Júpiter foi cedendo. Jade foi insistente e ela foi muito carinhosa com ele. Aos poucos foi falando e conversando com meu filhote enquanto ele já estava mais calmo e enfim, ele foi ao colo dela.

Ver Jade brincando com Júpiter também foi uma das coisas que eu sempre quis ver. Já em seu colo, meu filhote ficou encarando-a como se prestasse atenção no que ela dizia e isso me deixou sorridente. Falei pra Jade pedir a ele sua patinha e quando ele a obedeceu, até ela se animou.

E assim fizeram amizade.

O bobão do Júpiter não aguentou aos carinhos e as insistências de Jade e logo já estava querendo lamber seu rosto. Os dois ficaram ali em cima da cama e logo já estavam brincando juntos.

— Não sabe o quanto estou feliz...

— Eu posso dizer o mesmo. — Ela disse.

— Eu ainda não acredito em tudo que houve, ainda parece que é um sonho de tão surreal que isso parece pra mim.

— Lembra do que eu falei sobre tempo?

— Sim.

— Agora estamos no momento certo em que tudo deveria acontecer. E é por isso que tudo está se acertando como desejamos.

— Eu acredito nisso, realmente foi a melhor coisa a se fazer.

— Fomos pacientes e fizemos tudo com calma, fomos nos aproximando e resolvendo as coisas com a maior plenitude. Agora aqui está a nossa recompensa, que é essa felicidade toda.

— Eu não quero nunca mais me afastar de você. Eu quis enfrentar tudo isso, pois eu sabia que daria certo, então agora que tenho você do meu lado jamais quero me afastar.

— Não vamos nos afastar, eu prometo a você. E prometo corresponder a todos os seus sentimentos também.

— Eu amo você, Jade.

— Eu amo você, Jungkook.

E depois disso um beijo foi inevitável. Eu realmente estava muito feliz e alegre com a situação, ter Jade ali comigo foi especial e eu quis aproveitar o momento para lhe dar um pouco de afeto. E foi bem nesse momento que Júpiter se viu totalmente enciumado com isso.

Ele latiu quando Jade pôs a mão no meu rosto para me beijar e isso acabou nos fazendo dar risadas. Não esperávamos este tipo de reação nesse momento, então acabou que nos desconcentramos e fomos dar atenção ao ciumento.

Depois disso continuei conversando com Jade, até que minha mãe nos chamou para a sala novamente. Disse que tinha algo a mostrar, então Jade e eu voltamos para perto deles junto com Júpiter.

Chegando lá, vi minha mãe rodeada por álbuns de fotografias — e isso era bem o que eu pensei que ela pretendia fazer. Chamou Jade para perto e logo as duas se animaram ao verem como eu era quando pequeno.

Morri de vergonha.

Eu realmente me achava uma criança muito esquisita ao ver aquelas fotos e isso me deixava um tanto inseguro. Meus dentes eram grandes e meus olhos mais puxados, por isso sempre me chamaram de coelho no infantil. Mas isso não impediu as duas de me acharem a coisa mais linda.

Jade foi passando as fotos que minha mãe lhe deu até que chegou um momento que eu corei de vez. Foi uma foto de quando eu tinha quatro ou cinco anos e eu estava tomando banho. Estava pelado e estava sorridente.

— Mãe! Mas o que é isso?! — Arregalei os olhos.

— Qual é o problema? — Ela riu.

— Não veja isso, Jade!

— Ora, mas em algum momento ela vai ver, não é?

— Mãe! Minha nossa! Eu não acredito nisso!

— Não seja bobo, Jungkook. Não tem problema nenhum e eu estou gostando de ver suas fotos quando era mais novo.

— Nossa, mas hoje é o dia da vergonha mesmo.

— Você ainda tem o mesmo sorriso de agora. — Ela me fitou.

— De coelho. — Dei de ombros. — É, eu sei.

— Sorriso de alegria. — Disse Jade e eu corei.

— Veja só! Essa foi de seu primeiro dia de aula! — Minha mãe me mostrou.

E mesmo estando contrariado, eu me juntei a elas. Júpiter ficou com meu pai deitado no sofá enquanto minha mãe, Jade e eu estávamos olhando as fotografias. Morreram de amores por minhas fotos ainda pequeno e deram risadas de algumas em que eu parecia engraçado.

Até que a tarde foi chegando e a sessão de fotos acabou. Minha mãe ofereceu um lanche a todos nós e Jade se prontificou a ajudar. A cada vez que eu via as duas interagindo eu morria de amores e ao ver Jade bem e a vontade, eu queria gritar de alegria.

— Ela parece uma menina legal. — Meu pai falou quando estávamos sozinhos na sala.

— Ela é demais. — Corei.

— Parece responsável e muito centrada.

— E além disso é muito preocupada com o bem estar de todos. Sempre se preocupa e sempre faz seu melhor para agradar os demais.

— Ela parece com você. — Sorriu. — Com todas essas características ela lembra você.

— Tem razão. — Corei de novo.

— E além disso é muito bonita.

— É uma princesa...

— Fico feliz em te ver tão alegre, filho.

— E eu fico feliz por terem me apoiado.

— Para a sua alegria, sua mãe e eu sempre faremos tudo.

— Obrigado, pai. — Corei e o cumprimentei.

Fiquei ali com ele enquanto as duas passavam um tempo fazendo um café e também batendo uma massa de bolo de chocolate. Ouvi a risada de Jade junto ao que minha mãe falava e depois de um tempo, resolvi me juntar a elas.

Chegando lá, fiquei perto do balcão e ali eu apoiei os braços enquanto fiquei apenas admirando as cenas. Jade e minha mãe estavam conversando e isso me deixou totalmente apaixonado. Minha felicidade era tamanha que eu sequer falei nada, apenas as fitei.

É, e isso foi até que tudo ficou pronto. Jade preparou biscoitinhos com creme enquanto minha mãe fez o café. Ajudei a levar as xícaras até a sala de estar e ali nos juntamos novamente para mais uma refeição.

Júpiter não saiu de perto de Jade — que estava a dar-lhe migalhas — enquanto eu sequer me afastei dela. Ainda admirado com tudo, aproveitei o momento e juntos, fomos comer o que as duas prepararam com tanto cuidado para nós.

Ao final, levei tudo sozinho de volta à cozinha. Meus pais foram para a varanda de trás fazer planos para o jardim que pretendiam construir enquanto eu fiquei sozinho com Jade na sala, e assim, começamos a ver um filme.

Deitei-me no sofá e apoiei minha cabeça em seu colo. Ela também sentiu-se a vontade ali e assim ficamos juntinhos. Não larguei sua mão em nenhum momento e assim, fiquei massageando-as aos poucos enquanto curti sua presença.

— Está dormindo?

— Não. — Despertei de um cochilo.

— Ah, ta. — Riu.

— O que foi?

— O filme acabou e eu estou vendo que já está ficando tarde.

— Oh... Não diga que já tem que ir, por favor!

— Amanhã cedo eu tenho que buscar Wonju para começar todas as tarefas novamente, Jungkook. E você sabe que eu não posso me atrasar.

— É que... Não tivemos muito tempo a dois enquanto esteve aqui, pensei que ainda teríamos...

— Antes de ir eu posso pensar em me render a uns beijos lá fora, será que te parece uma boa ideia?

— Vamos ficar lá fora um pouco? Mesmo? — Me animei.

— Vamos, mas não posso demorar tanto.

— Tudo bem, eu entendo.

— Chame seus pais, pretendo me despedir.

Nesse momento, eu não demorei a realizar o desejo de Jade. Fui ao jardim e lá eu avisei que Jade já estava de saída. E enquanto eles ainda iriam vir, fui ao meu quarto rapidamente, peguei algo no guarda roupa e guardei no bolso do jeans.

— Oh! Mas você já vai, Jade?

— Está cedo!

— Eu preciso ir, é que amanhã eu preciso acordar cedo para trabalhar e não posso me atrasar.

— Oh, que pena...

— E quando você volta? Hum?

— Em breve, eu espero. Na próxima vez podemos sair todos juntos para irmos a um restaurante, pode ser uma boa ideia pra vocês?

— Ótimo! Vai ser muito bom!

— Podemos marcar sim. — Assentiu meu pai.

— Foi um prazer conhecer vocês! — Jade curvou-se.

— Digo o mesmo, Jade! Não sabe o tamanho da minha alegria!

— O prazer foi nosso, Jade! Fique a vontade para aparecer sempre que quiser, está bem?

— Obrigada! E obrigada pelo almoço! Eu adorei!

— Que nada! — Disse minha mãe.

— Boa noite a vocês! Até breve! — Acenou.

— Até breve, Jade! Dirija com cuidado!

— Boa noite! — Acenaram de volta.

—Tchau, garotão! Eu adorei você! — Jade afagou Júpiter enquanto ele ficou animado com seu carinho.

E depois disso,nós fomos ao lado de fora. Novamente segurei as mãos de Jade e aos poucos, ainda conversando, fomos nos aproximando de seu carro ali parado.

— Eu gostei muito de Júpiter.

— Mesmo?

— Eu gosto de bichinhos, porém nunca tive. Como trabalho muito, não sei se teria tempo de cuidar. Mas mesmo assim sempre quis ter.

— Posso te presentear com um filhote caso Júpiter seja papai.

— Mas gosto de gatos.

— Sério?

— Sim, eu prefiro gatos a cachorros. Eu gostaria de ter qualquer um dos dois, mas se pudesse escolher, escolheria um gatinho.

— Miau.

— Oh, meu Deus! — Me abraçou e colou comigo ali ainda na frente de minha casa.

— Eu não poderia perder a piada. — Corei.

— No caso eu quero outro gatinho, porque já tenho um.

— Ficarei com ciúmes.

— Não darei motivos pra isso... — Beijou-me.

— Gostou do dia de hoje? — Perguntei a ela enquanto estávamos encostados em seu carro.

— Eu amei! Pensei que tudo daria certo, mas jamais teria imaginado assim! Fiquei muito feliz mesmo!

— Eu também, Jade. Ainda bem que tudo deu certo e que estamos assim tão contentes juntos. — Corei.

— Acho que seus pais gostaram de mim.

— Com certeza, eles amaram.

— E me desculpa por ter falado coisas sobre você já ter ido em minha casa outras vezes, notei que eles não sabiam.

— Que nada, está tudo bem. — Sorri.

— Eu amo você, sabia disso? Eu amo muito você e vou te cuidar com todas as minhas forças!

— Eu também amo você, meu bem! E jamais poderia estar mais feliz do que estou agora ao me tornar seu namorado!

— Finalmente... — Me abraçou.

— E falando nisso... Tenho uma coisa pra você.

— Uma coisa pra mim?

— Pode fechar os olhos?

— Ai, meu Deus...

— Pode confiar, sei que vai gostar. — Corei.

— Tudo bem. — Fez o que eu pedi.

Nesse momento, Jade fechou os olhos. E eu, imediatamente fui com minha mão até o bolso traseiro de minha calça e peguei ali o anel que eu tinha comprado pra ela. Tirei-o de dentro da embalagem, peguei a mão de Jade enquanto ela ainda não enxergava e nesse momento, coloquei aquele bonito anel em seu quarto dedo.

— Pode olhar agora. — Falei sorridente e com expectativas.

E foi nesse instante, que assim que viu aquele anel, Jade levou as mãos até a boca. Com os olhos arregalados, ela me fitou surpresa como se não esperasse por isso e eu, fiquei muito alegre ao ver que ela gostou.

— Meu Deus!

— A pedra não é de fato uma Jade, mas é verde e eu a escolhi para fazer uma homenagem. — Falei corado.

— Eu... Eu não sei nem o que dizer! Meu Deus! — Falou animada e totalmente surpresa.

— Gostou?

— Eu amei! Eu amei, Jungkook! Puxa vida, mas que surpresa linda! Eu estou chocada! — Falou eufórica.

— Você me deu o colar e eu quis te dar um presente também.

— Que lindo... Puxa vida, que coisa maravilhosa! Eu amei! Muito obrigada!

— Eu que agradeço por tê-la em minha vida, Jade.

— Obrigada, Jungkook! Obrigada mesmo! Eu amei de verdade! — Se jogou em meus braços.

— Acho que já pode começar a me chamar por um apelido carinhoso e não pelo nome. — Corei.

— Obrigada, amor! Eu adorei!

— Amor... Quem diria! — Dei risadas.

— Este é o presente mais lindo que já ganhei! Puxa vida!

— É um anel de compromisso. Eu queria poder dar algo melhor a você, mas em breve eu sei que conseguirei fazer isso.

— Não precisa se preocupar, sabe que o meu melhor presente é você e esse sorrisinho que eu tanto adoro.

— Agora será que eu ganho os beijos que eu pretendia? Hum?

— Todos que quiser! — Ela se aproximou.

E foi nesse momento que finalmente eu ganhei todos os beijos que eu queria. Primeiro eu fiquei preocupado em não passar vergonha na frente de Jade com meus pais, mas depois disso, só o que eu queria era um tempo a sós com ela.

Eu mesmo a beijei e poder tomar a iniciativa era bom. Segurei-a pelo rosto enquanto seus braços me rodearam a cintura e foi assim que eu pude finalmente sentir aquele gosto bom de cereja que vinha de seus lábios.

Jade me beijou com vontade e apaixonadamente. Dediquei todo o meu amor a ela enquanto fazíamos isso e posso dizer que foi a melhor parte do meu dia poder estar com ela para alguns carinhos e beijos.

Após mordiscadas nos lábios e do encontro de nossas línguas, apenas nos abraçamos. Abriguei Jade em meus braços e assim ficamos sozinho e em silêncio apenas aproveitando a companhia um do outro.

— Agora eu tenho que ir, está ficando tarde.

— Quando nos vemos de novo?

— Ainda não sei, mas pode ter certeza que assim que possível eu virei até aqui para raptá-lo, quem sabe assim não assistimos a um filme ou vamos fazer um lanche.

— Combinado! — Assenti.

— Obrigado pelo dia maravilhoso que me proporcionou!

— Eu que agradeço por estar comigo nisso tudo!

— Eu te amo, meu bem!

— Eu amo você, minha princesa!

Nesse momento, eu a abracei e a ergui tirando seus pés do chão. Depois disso e depois de mais alguns beijos, infelizmente tivemos que nos separar. Abri a porta do carro pra ela e enquanto isso, vi Jade colocando o cinto e ligando o motor.

— Dirija com cuidado!

— Pode deixar! Boa noite, amor!

— Boa noite, minha linda! — Enviei um beijo.

Acenei depois que Jade fez o mesmo e então, ela teve que ir embora. Olhei até que seu carro sumiu do meu campo de visão e então, resolvi voltar para o lado de dentro de minha casa. Cantarolando e sorridente, entrei e a primeira coisa que eu fiz foi me jogar no sofá ainda com uma euforia a flor da pele...

Enquanto me senti o cara mais feliz do mundo.