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História Ódio... ou amor? - Estou a ficar demasiado simpático... e isso não é bom!


Escrita por: Kitty-Batsky

Capítulo 13 - Estou a ficar demasiado simpático... e isso não é bom!


Fanfic / Fanfiction Ódio... ou amor? - Estou a ficar demasiado simpático... e isso não é bom!

Sentia-me mal! Pessimamente mal! Acordei a meio da noite para ir vomitar à casa de banho mas mesmo depois disso não me senti melhor. De olhos abertos via o quarto a girar, de olhos fechados conseguia ver a escuridão a girar. Vi-me então numa praia que conhecia muito bem. Era onde eu tinha visto a sangue de lama pela primeira vez. E eu estava amarrado, com um monte de pessoas em volta. Velhos desdentados, homens de barba mal raspada e roupas rasgadas, mulheres magras com crianças mais magras ainda.

- Lembras-te de nós? Não sabes quem nós somos? Pergunta ao teu pai que ele deve lembrar-se...

Eu debati-me.

- Libertem-me imediatamente...eu não sei quem vocês são!

- Então eu apresento-me! Sou Thomas Inderwell, descendente de Muggles, ou sangue de lama, como deves conhecer-nos. – Começou o velho. – Era bem colocado no ministério antes de o teu pai me acusar de um crime que não cometi e agora a minha família vive na miséria.

- Eu sou Yourk, um auror aposentado. Eu sempre soube que o teu pai era devorador da morte mas nunca consegui prová-lo. – Disse por sua vez o homem que abanava uma tocha à minha frente rasgando o nevoeiro.

- Eu sou Margareth e esta é a minha filha Beatriz! Somos Muggles e o meu outro filho, meu querido Will, foi morto por um grupo de devoradores da morte, onde o teu pai estava incluído. Fui eu quem chamou o Yourk e lhe revelou toda a crueldade.

Eles começaram a andar à minha volta, acendendo mais tochas.

-Deixem-me ir embora! Eu não tenho nada a ver com isto!

- É mesmo? Então não queres exterminar-nos? Não destratas os teus colegas de origem Muggle? Não tratas pessoas como escravos?

Eu debati-me mais.

- Socorro! Alguém me ajude! Pai, eles querem fazer-me mal!

Eles apenas soltaram gargalhadas maldosas.

- Viviane, Viviane, diz-lhes que eu não fiz nada disso! Ajuda-me!

- Já sou Viviane, agora? – Perguntou uma voz conhecida. Levantei os olhos e vi a minha elfinha aparecer por entre os outros desconhecidos, vestida como empregada.

- Viviane, diz-lhes para me libertarem... eu não fiz nada!

- Lamento, Draco... mas assim estaria a mentir! Devias ter-me tratado melhor, afinal, que razões tenho para te ajudar?

Eu engoli em seco.

- Desculpa, eu nunca mais te chamo de sangue de lama, mas, por favor, ajuda-me!

- Tarde demais, Malfoy! – Despediu-se enquanto voltava costas e caminhava para longe, ficando envolta na escuridão.

Abri os olhos e a luminosidade cegou-me por instantes. Pisquei-os e senti que me tocavam a testa com alguma coisa fria. Era a Viviane! O que ela estava a fazer no meu quarto sem a minha autorização? Ainda assustado por causa do pesadelo que tinha tido, não pude deixar de lhe falar mal. Nem ao menos pensei duas vezes sobre o motivo de ela estar ali, ao pé do meu leito. A ridícula sensação de que ela, de alguma forma, tinha conseguido perceber o que eu sonhara, enchia-me de cólera.

Ela levantou-se, os olhos transmitindo uma fúria sem limites mas também alguma mágoa. Não pude, de maneira nenhuma, prever o que se seguiu. Ela discursou. Digo, literalmente discursou. Acerca de quê? De tudo! Da forma como eu a tratara, de como a insultava a toda a hora, de como eu era isto e mais aquilo, nunca mais se calava, parecia uma vassoura enfeitiçada que pinoteava de um lado para o outro. Era-me difícil segui-la até! Eu estava demasiado aterrado para reagir. Parecia que estava a viver um segundo pesadelo. Mas desta vez era bem real!

Mas o que é que acontecera à sangue de lama? Ela passara-se completamente. Pior é que dito por ela, daquela maneira, parecia mesmo que eu cometi um monte de injustiças. E ela já se dirigia porta fora, deixando um Malfoy a ponderar no orgulho e numa necessidade estranha que crescia a cada passo dado pela sua elfa. Ou ex-elfa!

- Espera aí, volta aqui imediatamente! - Ordenei.

Não, assim não iria resultar. Com ordens não a ia trazer de volta. E, por alguma estranha razão, eu queria-a de volta.

- Viviane!

«Ela não vai voltar! Achas que só por dizeres o nome dela, ela vai voltar? Ela está furiosa contigo!» Pensei para comigo. Suspirei. A minha cabeça pesava como chumbo e tinha dificuldades em respirar. Deixei-me cair sobre as almofadas, com a cabeça voltada para a porta. Sentia-me estranhamente triste.

Então, uma cabecinha de cabelo preto e olhos dourados repletos de desconfiança assomou à porta.

- Então, o que queres?

Abri a boca algumas vezes, tentando articular a estúpida da palavrinha. Eu fizera-a voltar, e agora tinha que arcar com as consequências. Porque eu sabia qual era a única forma de a fazer ficar. Eu havia sido mau para Viviane. De verdade. E eu não entendera até àquele momento o quanto isso a magoava. E, pelas coisas que me dissera, pela forma como agia, estava-se a perceber claramente que não ia continuar a aguentar as minhas... brincadeiras. E, de repente, algumas das coisas que eu fizera já não pareciam tão divertidas. Não que eu me arrependesse de as ter feito, de a fazer perder as aulas e o sono, de lhe gritar e atormentar. Mas agora parecia-me demasiado. Quase chato.

Era uma sensação parecida com aquela que eu tivera há cerca de um ano, quando quase partira uma jarra na sua cabeça. Não fora divertido.

- Desculpa. - Acabei por resmungar. A palavra doeu-me a sair da garganta como se fosse uma cascavel viva. A quanta humilhação pode chegar um ser humano?

- O quê?

Eu bufei exasperado. A sangue de lama será surda?

- Desculpa!

- Mas porquê?

Bestial, ela está a troçar de mim. Bem, eu é que pedi isso!

- Vais mesmo obrigar-me a dizê-lo? Certo, desculpa Viviane. Eu sei que estás a tentar e sei também que cumprir as minhas ordens e lidar com a minha personalidade deve ser difícil. Devia ter-te dado mais tempo para ti própria, já que não és uma elfa doméstica cujo principal e único objetivo é servir. Sabes que gosto de te irritar mas confesso que talvez tenha exagerado.

Senti que a sangue de lama avançara e pousara uma mão sobre a minha cabeça. Eu devia estar a arder em febre, porque as mãos dela são normalmente quentes e desta vez pareciam-me geladas.

- O que estás a fazer? – Debati-me sobre o seu toque. Eu não mencionei já que não gosto quando ela se aproxima demasiado de mim?

- Estou a ver se tens febre! Estás a sentir-te bem?

- Eu estou a pedir-te desculpas e tu interrompes-me para isso?

- Draco, tu não estás bem! Poupa as palavras e descansa um pouco! Vais ver que te arrependes de tudo o que disseste ainda há pouco, isto se ainda te lembrares do que aconteceu.

De facto eu não devo estar bem. Eu devo estar louco! Eu nunca recebi tantos insultos na minha vida, nunca ninguém teve coragem de me dizer tudo aquilo na cara, e mais, eu engoli tudo e ainda pedi desculpas a uma sangue de lama. E para cúmulo, ela está a querer cuidar de mim, ao que parece, e isso está a fazer-me sentir... bem?

Sim, sim, deve ser algo bom, porque, por mais que eu a queira afastar, não me obedece o corpo. Viviane começou a medir o ritmo da minha respiração com o olhar, tentando ver o quão irregular se encontrava. Os seus cabelos parecem mais negros e os olhos mais dourados do que o normal. Que digo? É seguramente a febre que me está a deixar alucinado. Ela está igual ao de sempre.

- Acho que é melhor eu ir... - De repente, parecia desconfortável. Não furiosa, ou ferida, mas puramente incomodada. Como é que se lhe foi todo aquele fogo furioso de há momentos embora? E se... e se ela estivesse a fingir que já não estava zangada? As minhas desculpas não pareciam nem de perto, nem de longe, ao menos para mim, o suficiente. Qualquer ser humano normal não se deixaria acalmar tão facilmente.

- Ainda és minha elfa? Eu juro que te vou tratar melhor. Não vou mais agir como um ingrato...

Agora sim, eu já perdi todo o discernimento. Porque raios quero que Viviane continue como minha elfa? Eu entendo porque fiz tal acordo, há umas semanas, mas não consigo perceber porque eu estou a vender o meu orgulho para o manter. Como se fosse algo... importante. Será por causa dos olhos dela? Que me causam esse bem estar?

- Tudo bem... mas é promessa!

Ouvi a voz dela como se viesse de outro plano.

Ela tentou levantar-se mas eu puxei-a para junto de mim outra vez. Parecia que eu estava totalmente dependente. E quanto mais eu olhava nos olhos dela, repletos de mil sentimentos, mais eu perdia o controlo sobre mim mesmo e falava, mas já não sabia o que dizia.

De repente, alguém entrou no quarto, fazendo a Viviane saltar de susto. Ela recuou para um canto do quarto e madame Pomfrey avançou e começou a analisar-me os olhos e a língua.

- O que está a fazer aqui, menina? - Perguntou, a certa altura, notando Viviane ao canto do quarto.

- Nada, eu já ia...

- Espera, eu conheço-te de algum lado! – Viviane tentou fugir mas a enfermeira chefe impediu-a.- Mrs. Melmarine, volte já aqui! Mas tu és uma Gryffindor, rapariga. Será que estou errada? Não, não estou! Lembro-me quando estiveste na enfermaria. Tinhas sido ferida por um lobisomem. Vou ter que participar isto!

- Eu... eu...

- A culpa foi minha, madame Pomfrey! – Disse prontamente. Podia estar a ficar louco, mas não perdera a minha capacidade de arranjar desculpas. - Eu marquei um encontro com ela e depois não apareci. Viviane ficou preocupada e foi verificar se eu estava bem. Não se passou nada de mais! E não vai voltar a acontecer.

Esperei que a madame Pomfrey ponderasse e quase suspirei de alívio quando ela disse por fim:

- Devido aos acontecimentos vou ponderar. Afinal, se não fosse a menina Melmarine, a sua situação podia piorar. Nenhum dos seus amigos veio verificar porque estava a faltar às aulas?

- Não, só estou assim desde manhã. As aulas ainda não acabaram!

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, madame Pomfrey espetou-me uma colher com um líquido negro na boca que de imediato me amargou a língua. Eu quis reclamar, mas tudo o que saiu foram uns gorgolejos de nojo.

- E a menina não tem aulas?

- Sim, eu... devo ir andando já que está tudo bem... até mais tarde Draco.

Eu quis despedir-me dela, mas se abrisse a boca era capaz de vomitar todo o remédio outra vez. A minha garganta arranhava.

- Tome isto de manhã e ao fim do dia e vai ficar curado em pouco tempo!

«Vai sonhando velha bruxa! Nunca mais volto a meter essa porcaria na boca! Acho que prefiro ficar doente, muito obrigado!»

A manhã arrastou-se pesadamente. O tédio conseguia ser ainda mais insuportável que a dor.

Ouvi a porta a ser aberta.

- Viviane? – Perguntei, despertando da minha abstração monótona.

- Viviane?! Nem morta!

Soltei um gemido ao reconhecer a voz.

- Pansy? O que estás a fazer aqui?

- Vim ver como estás, meu Draco querido!

Eu olhei para ela carrancudo.

- Estou muito bem, não sou teu e podes ir-te embora, preciso de sossego para me recuperar!

Ela passou de melosa para furiosa.

- Mas se eu fosse aquela sangue de lama ranhosa já não me expulsavas, né?

- Ela é minha elfa, é normal eu querer que ela esteja por perto.

Ela enrugou a cara de buldogue, fingindo uma expressão chorosa.

- Puxa, eu gostava tanto que tu me quisesses por perto também, Draquinho! – Voltou ao normal e exclamou sedutoramente enquanto se sentava na berma da minha cama. – Mas já que não sou tua elfa, posso ser tua companheira, posso?

Eu suspirei frustrado.

- Pansy, não estou com paciência hoje para os teus joguinhos! Eu estou aqui quase a morrer, porque não me chateias noutro dia?

Ela levantou-se e saiu do quarto sem uma palavra.

«Hum... até que não foi muito difícil livrar-me dela!»

Eis que ouço a porta a abrir-se de novo e pensei: «Sabia que estava a ser fácil de mais...»

Mas não era Pansy a rapariga que entrou no quarto. Não era outra senão a minha elfinha. Mas ela vinha acompanhada de um remédio... MUGGLE. E fez-me um ultimato. Ou bebia o remédio da madame Pomfrey, ou o dela. Por um lado, sei que tudo o que vem da raça dos Muggles é completamente inútil. Por outro lado... o remédio da enfermeira chefe cheira a excrementos, sabe a peixe podre e queima a garganta como ácido. É assim... não consigo imaginar algo pior. E foi isso que me compeliu a cometer o ato mais corajoso da minha vida toda. Tomei aquela porcariazinha do povinho sem magia.

Quando lhe tomei o gosto fiquei surpreso. É delicioso... fantástico! É doce mas não é enjoativo! É fresco mas não gelado ao ponto de incomodar a garganta seca da febre. É claro que fingi que não gostava porque senão iria dar razão à Viviane e ela ia ficar com aquele ar vitorioso que só eu posso ter. E, de qualquer maneira, deve ser ineficaz.

Entreguei-lhe o remédio e esperei que ela o levasse, mas ela pousou-o em cima da secretária.

- Bebe sempre que te sentires mal! Não há assim uma dosagem, porque é um remédio caseiro. Draco... posso falar com o Robin? Ele é meu amigo e está magoado comigo porque pensa que eu ando a evitá-lo. Por favor...

Ora, mas é muita lata! Ela não pensa que eu vou deixá-la falar com aquele banana perdedor, pois não? Eu sei muito bem que ele anda de olho nela e essa coisa de a Viviane não gostar dele cheira-me um pouco a esturro. É notável o afeto com que ela fala daquele ruivo. Será só mesmo amizade? Mas se eu recusar o pedido dela... que justificação plausível posso dar? Nenhuma, e assim ela não iria ficar nada satisfeita!

- Está bem, mas nada de ficar de namorico com ele, ouviste? Se eu sei que estás a desperdiçar tempo aos beijos com rapazes, vais ouvir-me, percebeste?

- Sim, meu amo!

E saiu aos saltinhos toda alegre. Primeira vez que ela me chama de amo sem usar aquele tom irónico. Deve ser progresso, algum passo eu acertei no meio de toda esta confusão.

Olhei para o remédio com cobiça. Não tinha comido muito, a velha bruxa tinha-me posto quase em dieta. Recordei as palavras de Viviane: «Não há assim uma dosagem, porque é um remédio caseiro.»

Peguei no pote e virei-o. Em poucos segundos estava completamente vazio.

 

Apesar do remédio que realmente me fizera sentir melhor, não conseguia dormir, tinha dificuldade em respirar. Algo brilhou dentro da caixa de jóias, devido a um raio de luz que, de alguma forma, entrara no quarto escuro. Tirei o medalhão da caixa e examinei-o com minúcia. Era realmente muito simples, mas muito, muito bonito. Como é que o pai da Viviane tinha dinheiro para comprar um medalhão de ouro e a deixara a ela e à família na miséria? Alguma coisa aquela menina não me contou...

Passei os dedos pelo V gravado, a inicial do nome dela. Balancei o medalhão de um lado para o outro. Era estranho... eu gostava do medalhão. Se alguma jóia desaparecesse da caixa, eu nem sequer repararia, apesar de algumas peças apontarem para um valor de milhões de leões...

Mas se o medalhão desaparecesse, eu iria notar de imediato! E o mais incrível... iria sentir falta!

Se não é pelo valor económico, que tipo de valor é esse?


Notas Finais


Draco consegue ser engraçado com toda a sua teimosia! Diz que não gosta de remédio Muggle, mas tomou o pote inteiro! E quanto ao medalhão... Draco está afeiçoado a ele porque o lembra de certa «elfinha». Valor sentimental!

Música capitular – You`re the reason (Victoria Justice)

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Até ao próximo capítulo: Draco e Viviane sempre nas provocações (mas já com menos discussão, pelo que é muito melhor), Pansy cruza-se com Viviane (vai dar rixa, não podem perder).


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