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História Ohana - Vermelho, como o Sol


Escrita por: FleurDeLouis

Notas do Autor


Mudei a capa da fic! *-*

Capítulo 6 - Vermelho, como o Sol


As manhãs em Wahiawa eram sempre fascinantes. O Sol nascia bem em frente a maioria das residências, como uma gema gigantesca, laranja e reconfortante. O único membro da família Blanchard a apreciar tal espetáculo em Wahiawa, era o irmão mais velho, sempre.

Gaara era insone desde que se entendia por gente, suas olheiras deixavam esse fato em evidência. Contudo, sua irmãzinha também já estava desperta às cinco da manhã. Reclamava baixinho com seus próprios botões inexistentes sobre o quão irritante era usar o Diverter, traje para surfe que a deixa agasalhada e ainda vinha com o benefício de emitir sinais que repelem tubarões. Não importa se o traje é uma grande novidade da ciência, se é caro e raro, se ela é uma das poucas pessoas a ter acesso - cortesia Hyuuga, é sempre bom acrescentar -, ainda é a droga de uma traje irritante que adere ao corpo de forma pegajosa e ponto final. "Diverter... Pfffff..."

Gaara observava a mais nova resmungar carregando uma das dezessete pranchas mais a tal roupa de surf. O ruivo estava sentado à mesa, na penumbra da cozinha, esperando Elouisie notá-lo, o que não demorou tanto.

– Gaara?! - a menina acendeu a luz do ambiente e olhou admirada para o mais velho - Finalmente você chegou!

Correu para abraçá-lo aproveitando o carinho que o jovem fazia em sua nuca. Ele, por sua vez, matava a saudade do cheiro que o cabelo dela tinha.

– Eu diria que você cresceu, mas acho que já passamos dessa fase, Sakura.

– E não se passou tanto tempo assim desde que você partiu para o projeto ambiental, apenas duas semanas. É tempo suficiente apenas para sua namorada insuportável me incomodar e eu sentir saudades - sorriu impetuosa.

Edgar suspirou levantando-se e abriu a geladeira:

– Cuido de Ino depois, vou fazer seu café da manhã.

A surfista precipitou-se:

– Não é necessário, estou de saída! Vá dormir.

O jovem a olhou com curiosidade.

– Hum... Irmão... Por favor?

– Bela tentativa.

Elouisie bateu na própria testa.

– Oh, droga! Vá dormir! Eu como alguma coisa em Waikiki, juro.

– Não - Gaara também sabia ser teimoso e petulante quando queria.

– Você precisa dormir.

– E você precisa se alimentar direito. Sente-se e espere.

– Eu posso comer fora, qualquer coisa, é sério. Mas você não dorme direito, nunca. Você precisa dormir, irmão! - Ela espalmou as duas mãos sobre a mesa.

– Podemos ficar aqui a manhã toda discutindo sobre o que necessitamos, ou você pode ceder, tomar seu café da manhã e eu prometo voltar dormir assim que você sair.

– Mentiroso! Você não vai! - Ela sacudiu a cabeça freneticamente enquanto o cabelo rosa balançava.

– Você não tem como saber, Sakura-chan - ele sorriu como um felino. - Vai ter que confiar em mim.

– Hunf! Certo! Mas lembre-se que mentir para mim é tão feio quanto mentir para vovó.

– Sente-se logo, pequena resmungona - quando Gaara riu roucamente, Elouisie notou o quanto sentiu saudade dele.

Edgar a alimentou com frutas, pão integral e suco de maçã e Elouisie não poderia sentir-se mais feliz quando saiu de casa, na companhia da prancha Gregory Peck, fugindo de todo aquele amor fraternal sufocante que a abarrotava de comidas saudáveis.

Enquanto a menina Blanchard surfava em Waikiki, Gaara foi tomar conta de sua estufa nos fundos da propriedade. Mentiu para a irmã, mas sinceramente não sentia-se disposto a dormir. Melhor para as plantas que provavelmente sentiram sua falta. Colocou uma música de melodia relaxante, e começou a trabalhar. Em sua cabeça, só havia lugar para a loira com ares de fada e mentalidade de bruxa; Ino.

Sua namorada era simplesmente impossível. Seu ciúme era de outro nível, existia sempre em Ino aquele complexo de "não me deixe" que ele não conseguia controlar. Ela não sabia que ele era eternamente seu? Desde o dia em que a viu, mesmo ainda alcançando os ares da pré-adolescência, já era seu? Isso o deixava louco, mas talvez não passasse de um masoquista; porque não conseguia deixá-la, nunca.

Seus devaneios sobre Ino tiveram uma pequena pausa quando notou o meio do canteiro de 'Oha e deu-se conta de que algo estava errado.

– Sakura...

***

Esperou por Sakura na sala de estar treinando sua melhor cara severa; inutilmente, devo acrescentar. Há anos a garotinha não assustava-se com ele; na verdade, apreciava debochar de seus discursos sobre o bom comportamento feminino. Quando ela chegou, desembaraçando os cabelos molhados com os dedos e deixando o cheiro de sal ainda mais forte pela casa, Gaara pigarreou e cruzou os braços, esperando que a jovem lhe desse atenção.

– Oi! Nem tinha visto você aí – a garota não notou a suposta expressão austera do irmão e subiu as escadas. – Você devia largar essa vida sedentária e ir surfar comigo. Tudo bem que em alguns trechos a praia estava com algumas rochas, mas era só calcular o lugar certo e...

– Sakura, você mexeu nas mudas de ‘Oha?

Mesmo desconcertada pela interrupção, Elouisie sorriu ao responder:

– Sim, eu cortei um ramo.

– Podou?

– Dane-se o verbo, eu passei a tesoura na sua plantinha. Posso subir agora?

– Não até me dizer o porquê de ter podado a minha planta.

Sakura suspirou, desceu até estar próxima do irmão e jogou-se no sofá vermelho.

– Eu dei para a Sra. Uchiha, nossa nova vizinha.

Gaara a olhou como se ela tivesse dito que andava colaborando com espionagem russa, coisa que ela faria se recebesse uma proposta, e sentou-se no sofá ao lado dela:

– Você não distribui gentilezas sem ganhar algo em troca. O que você está aprontando, irmã?

– Nada especial. Apenas estou me desculpando por tratar o filho caçula dela mal – antes mesmo que Edgar pudesse sorrir em satisfação pelo bom comportamento da irmã, a Blanchard correu até o topo das escadas e gritou: - E me desculpando por planejar comer o filho dela no meu café da manhã.

– Deus! O que é isso, Elouisie?

Sua irmãzinha nem o ouviu mais.

***

Gaara dirigiu na Land Rover preta até Kaneohe, local de morada da sua tempestiva garota loira. Ele sempre parecia mais bonito quando dirigia, Elouisie também. Talvez estivesse nos genes, ou fosse algo que os dois aprenderam observando o pai ou o tio Orochimaru. Mas Gaara era o Sol no melhor do verão e quando dirigia, mostrava-se resplandecente como se o Sol estivesse no ponto mais alto.

A característica comum entre seus familiares, com exceção de Chyio-baa, era o verde dos olhos. A diferença, estava na tonalidade e o que eles expressavam. Os olhos de Sakura eram verdes-primavera, mas lembravam um lago que se desconhece a profundidade; ela poderia ser toda calor, mas seus olhos traiam o resto do corpo sendo totalmente gélidos. Igual à Sakura, Mebuki, sua mãe, tinha olhos verdes gélidos e perfurantes como estalactites, mas de uma tonalidade mais escura. Peter, o patriarca Blanchard, tinha olhos amenos como um fim de tarde. E os de Emma, a caçula, eram calmos como um dia nublado, quase sem Sol, mesmo que este estivesse presente.

Mas os olhos de Gaara, eram verdes como um fogo sagrado poderia ser. Tudo que havia de mais quente estava nos olhos dele e no resto do seu ser. Ino o amava por tudo isso.

Depois de conversar amenidades com Inoichi, pai de sua namorada, Edgar partiu em direção ao sótão, onde certamente a garota estaria costurando.

Deus, ela era tão...

Ele nem sabia dizer. Não conseguiria, na verdade.

Porque ela parecia um anjo, vestida de azul-alice e colocando as mãos em uma tira de linho branco. Seria um vestido? Ele esperava que sim. Ino comprava suas roupas em qualquer loja, mas tinha talento para fazer seu próprio vestuário. E era vestindo as próprias roupas que ela parecia uma fada, de algum conto que sua mãe nunca lhe contou. Talvez tenha sonhado com ela sua vida toda. Cabelos loiros, olhos azuis. Sorriso atrevido, dedos de pianista. Sua garota.

Sua garota, que o notou e transfigurou-se na mais horrenda bruxa, do tipo que grita as piores palavras dos mais baixos calões. Mas ele nem poderia dizer que não a amava, nem mesmo nesses momentos. Porque onde Ino estivesse, Gaara sentia que ela poderia tomar conta de tudo e esse tudo só seria sobre ela. Ela, ela, ela e sempre ela.

Por isso esperou que ela gritasse, xingasse, deixasse a maquiagem escorrer – sabia que ela o culparia por isso depois -, soluçasse e o olhasse, meio selvagem, meio boneca de porcelana, até que ele pudesse dizer:

– Eu estou aqui.

E ela sabia o que aquilo significava e rezava todos os dias que fosse eterno.

Eu estou aqui para sempre.


Notas Finais


Triste, né?


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